Slide Away escrita por letter


Capítulo 5
Capítulo IV


Notas iniciais do capítulo

O capítulo a seguir embora um tanto parado é muito importante para o desenrolar dos acontecimentos, enjoy! Leiam as notas finais, ok?



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       Eu via uma jovem Hermione se aconchegar aos braços de um jovem Draco e levar seus lábios aos ouvidos do loiro ao sussurrar: “me faça esquecer esta guerra, me leve pra longe”. Draco abria um sorriso presunçoso e os lábios de Hermione saiam de perto dos ouvidos do jovem Draco e iam em direção aos seus lábios. Um caloroso beijo unia os dois. Mas quando ambos se afastavam um do outro, não eram Hermione e Draco que acabaram de se beijar, era uma pessoa idêntica a mim e Scorpius Malfoy – eu me recusava a pensar que era eu a pessoa idêntica a mim. O pensamento era mais nauseante que o sonho por si só.

       Eu não acordava sobressaltada, meus olhos abriam vagarosamente e a imagem do sonho grudava e minha mente, e por lá ficavam pelo resto da noite, me impedindo de voltar a dormir.  

       Por fim criei um hábito de passar parte da madrugada sentada no Salão Comunal, imersa em pensamentos enquanto observava a chama da lareira se extinguir. Naquela noite não foi diferente, a lareira estava praticamente extinta quando paços descendo as escadas do dormitório me puxaram de volta a realidade. Com a pouca luz fornecida pela lareira praticamente apagada, eu apenas via uma pequena silhueta vindo em minha direção, mas ao longe consegui distinguir com um sorriso que se tratava de Hugo – não havia mais ninguém em Hogwarts que dormia com uma cueca boxer do rei leão a não ser meu irmão.

       - Hey – cumprimentei, enquanto ele se jogava no sofá ao lado da poltrona e murmurava qualquer coisa inteligível, julguei que ele havia perdido o sono também – Como estão suas aulas? – perguntei para jogar conversa fora.

       Hugo balbuciou qualquer coisa.

       - Normalmente o quarto ano é fácil – respondi.

       -... não posso... não é certo – balbuciou ele – Lily... minha prima

       - Vocês estão brigados? – perguntei curiosa – Sempre que encontro um dos dois, estão separados – Lily Potter, era para Hugo o que Albus Potter era pra mim, e como eu e Al, eles dois não se separavam por muito tempo.

       -... minha prima – murmurou ele de novo.

       - Vocês estão ficando mais velho, tem de dividir o outro com os amigos... Mas tudo bem, eu divido o Albus com o Malfoy e ainda sim continuamos de certa forma juntos.

       -... não posso...                

       - Claro que pode Hugo – rebati – E você não tem muito que reclamar, pois dividi a Lily com seus próprios amigos, não com um Malfoy da vida – bufei – Se não bastasse dividir Albus com o Scorpius, tenho que dividir meus pensamentos com Scorpius.

        -...não é certo...

       - Sei que não – suspirei – Mas... Desde que as aulas começaram... Não sei, é complicado – Hugo se virou no sofá – É estranho ficar com ciúmes da mamãe por alguém que ela namorou antes do papai? Ou julgar ela por isso?

       -...não...é...certo...

       - Não, acho que não. Mas isso está me incomodando mais do que me deveria, acho que porque ela nunca me contou, ou contou para o papai. Isso é errado? Ela não nos contar? Mesmo que tenha ficado no passado?

       -... não posso.

       - Sei que você não pode julgar, mas é nossa mãe... O que eu não quero admitir é que isso me incomoda porque se trata de um Malfoy, e eu não suporto essa raça deles. Mas por favor, não conte a ninguém isso que eu lhe contei não, teríamos problemas dentro da família – pedi.

       -... minha prima... Lily é minha prima...

       - Hugo? – chamei-o me erguendo da poltrona e indo até ele. O pobrezinho pegou no sono no meio de nossa conversa, deveria estar exausto. Dei lhe um beijo de boa noite na testa e subi para o quarto, conversar com Hugo me fez entender o que realmente me incomodava e me mostrou que eu teria de conseguir lidar com isso. Hugo embora mais novo sempre me escutava, e sempre que eu precisava conversar com alguém para entender a mim mesma, ele estranhamente vinha até mim, como se soubesse que eu precisava. Nunca me julgava, apenas me escutava. E todas às vezes depois de conversarmos, ele pegava no sono, o que era bem compreensivo já que meus assuntos sempre o entediavam, mas ele nunca dizia isso para não me fazer me sentir mal, e nunca voltava a mencionar o assunto, fingia que não havíamos conversado. Ele sabia como guardar um segredo.

 -

       “31 de dezembro de 1996 – 01 de janeiro de 1997

       “Feliz ano novo diário... Ou não tão feliz assim. Talvez nós devêssemos comemorar o fato de que ainda estou viva, enquanto com a ascensão de Voldemort muitos outros não têm essa sorte. Mas o ano começou há apenas algumas horas e... Ah diário... Quando o relógio ia bater meia noite eu subi para a Torre de Astronomia, relembrando o natal com meus pais, e desejando que o ano realmente valesse à pena. Mas como valeria? Há mais de um mês que Rony não se desgruda de Lilá Brown e realmente machuca vê-lo com ela, e me sinto horrível por me preocupar com isso enquanto uma guerra está se iniciando. Terei de começar o ano vendo-os juntos... E Harry não larga aquele estúpido livro de poções do qual eu tenho certeza que há algo errado... Droga, diário! O que realmente pretendo falar é que Malfoy também passou o ano novo na escola. Ele está aprontando uma, mas... antes de ir para Torre de Astronomia passei pelo segundo andar, e quando passei ao lado do banheiro da Murta que Geme, ouvi alguém chorar. E não era o típico choro da Murta, era... Era algo no mínimo desesperado, e... era Malfoy. Draco Lucius Malfoy estava chorando.

       “Ele realmente esta agindo estranho desde o inicio do sexto ano, mas eu nunca pensei no assunto, Harry sempre menciona o fato de achar que ele fora transformado em Comensal da Morte, e... Maldição!

       “Por algum motivo fiquei ao seu lado até que parasse de chorar. Eu vi a marca negra em seu braço, e isso me desconcertou, mas não saí de lá, e por fim ele cansou de me atingir com palavras. Ficamos calados, e quando eu já desistia de pensar em algo para dizer, ele começou a falar:

       “O lorde das Trevas irá me matar ao final do ano letivo” – suas palavras não passavam de um sussurro quase inteligível.

       “Por que ele faria isso?” – eu perguntei.

       “É esse o destino de todos os Comensais que não conseguem cumprir suas missões” – talvez minha cara deva ter lhe dito algo, pois ele soltou uma fria gargalhada e acrescentou – “Corre e conte ao Potter que ele estava certo, sou um Comensal e estou trabalhando para o Lorde das Trevas dentro de Hogwarts”

       “Não vou contar nada a ninguém” – Draco levantou os olhos para mim, ainda marejados, tão surpreso quanto eu pelo que eu tinha dito – “Ele não vai te matar, Draco” – prometi sem saber ao certo porque. Vê-lo tão vulnerável foi como vê-lo pela primeira vez. Não o Draco Malfoy que tinha orgulho de ser sangue-puro e de estar ao lado de Voldemort, mas apenas um garoto muito jovem para carregar um peso que não suportava.

       “Por que está fazendo isso, Granger?” – perguntou ele.

       “Estou me perguntando à mesma coisa, Malfoy”

       Fechei o diário de Hermione com um pesado suspiro. Eu não sabia ao certo o que pensar depois daquele fragmento. Minha cabeça girava diante daquilo. Eu ainda não tinha tanta certeza porque aquilo me incomodava. Hermione tinha todo o direito de ficar com qualquer um antes de se comprometer com Rony, mas de alguma forma aquilo me parecia errado... E ao mesmo tempo tão certo.

       Um mês lendo metade de seu diário ela me mostrara que as implicâncias suas com Ronald, se superavam apenas com as implicâncias suas com Draco. E verdade seja tinha, a linha entre o amor e ódio é tênue de mais para se separar. E quando se aproximaram em seu sexto ano ambos estavam quebrados a sua maneira, e viram um no outro uma forma de se concertarem.

       - Rose! – um Albus animado de mais puxou uma cadeira ao lado de minha mesa ao canto da biblioteca e se sentou – Uau, que cara é essa?

       - Fiquei acordada noite passada lendo – dei de ombros –O que foi?

       - Nada, quer dizer, vamos dar uma festa ilegal na casa dos gritos no fim de semana e eu queria te intimar a ir – respondeu ele dando de ombros.

       - Intimar?

       - Eu disse para Dominique que iria usar Imperius em você para te obrigar a ir, mas depois de ela dizer que a Sonserina me corrompe e que eu estava me transformando em uma verdadeira cobra sugeriu que eu te chamasse ou intimasse formalmente – respondeu ele revirando os olhos de forma como se isso fosse obvio de mais para eu não conseguir deduzir sozinha.

       - Podemos ser expulsos – alertei.

       - Rose, Minerva não expulsaria metade da escola.

       - Irá metade da escola? – perguntei assombrada.

       - Umas cinquenta pessoas no máximo... Mas cinquenta pessoas, metade da escola, da tudo na mesma – Albus deu de ombros, e eu descobri naquele momento que números não eram o seu forte.

       - Vou pensar no caso – respondi sinceramente.

       - Pense bem, não quero ter de usar Imperius em você, segundo a Dominique vai corromper minha alma – tive de rir junto com ele por um segundo – E você tem de parar de ler um pouco e pensar em dormir, está com cara de que se piscar não vai mais abrir os olhos – avisou ele se levantando e saindo de perto. 

       Eu reparava o brilho que resplendia em volta de Albus enquanto o observava se afastar, causado pela lua, e só então me dei conta de que a lua estava a pino. Sentindo um enorme peso cair sobre meus ombros, levantei o relógio de pulso até meus olhos, e assombrada, me dei conta de que já era quase meia noite.

 -

       Diferente de quase toda minha família ingressada em Hogwarts, eu não estava no time de quadribol, isso se devia ao fato de minha coordenação motora não funcionar de maneira apropriada. Devido a isso desci aos tropeços as escadas que davam direto para as masmorras, e ao chegar ao último degrau minhas pernas se entrelaçaram, como se atingidas por um feitiço, mas não foram – era a penas o resultado de eu tentar correr.

       Eu apertara bem as pálpebras uma contra a outra quando tive certeza de que iria beijar o chão, porém antes disso senti meu corpo ser erguido por uma mão que apertava o meu braço.

       - Eu... Eu tropecei – balbuciei sentindo meu coração trombadinha de encontro ao meu peito. 

       - Yeah, foi o que pareceu – me coloquei de pé, pronta para agradecer o meu salvador de me poupar de alguns hematomas, quando minha visão se fixa em Scorpius Malfoy.

       - Me desculpe – pedi ainda assustada com o possivel encontro com o piso de mármore.

       - Estou acostumado com todos caindo aos meus pés – disse ele, porém sua voz não demonstrava qualquer sinal de humor.

       - Não por isso, por esquecer-me da hora e te obrigar a fazer a patrulha sozinho.

       - Tudo bem – rebateu ele. Pesquisas feitas por trouxas constataram que quatro segundos é o tempo estimado que um silêncio se tornar constrangedor, e em minha cabeça eu já estava calculando dez segundos, quando meus olhos correram até meu braço e percebi que Scorpius ainda o segurava. Scorpius acompanhou meu olhar, se dando conta do constatado e se afastou parecendo atordoado, olhando para os lados – Tudo bem – repetiu ele, mas dessa vez parecia falar por si mesmo. Scorpius se curvou e agarrou um livro caído ao chão, e apenas quando ele já se levantara e o segurava com ambas as mãos eu percebi que se tratava do diário de Hermione, que eu não vira escapulir de minhas mãos durante o eminente tombo.

       Nos olhos de Scorpius eu via o assombro. Há algumas semanas atrás descobri que Hyperion carregava consigo um livro idêntico ao diário de Hermione, porém a diferença estava nas iniciais da capa que se remetia ao nome de seu pai. Passei noites em claro jurando a mim mesma que eu não vira aquilo, e que fora apenas reflexo. Admito que até aquele momento eu tinha esquecido da possivel existência do mesmo diário escrito por Draco, mas ao ver os olhos de Hyperion eu tive a certeza de que não fora minha imaginação.

       - Isso é meu – falei por fim recobrando os sentidos e arrancando o diário das mãos de Scorpius.

       - Isso é...? Não pode ser – murmurou ele ainda fitando o diário em minhas mãos.

       - Hyperion... – eu comecei a falar, mas logo me interrompi, o que eu iria dizer? Mas por fim não foi preciso dizer nada. Scorpius dera as costas para mim, e saiu andando com as mãos na cabeça. 


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Notas finais do capítulo

Bom pessoal, o próximo capítulo será postado na sexta-feira a tarde, e eu posso adiantar que ele é um dos meu preferidos, então que tal ao menos 10 reviews até lá? Espero que tenham gostado do capítulo, e não deixem de comentar, por favor. Beijos ♥