Slide Away escrita por letter


Capítulo 7
Capítulo VI


Notas iniciais do capítulo

Começando a semana com um capítulo novinho :D Admito que eu não iria postar por agora, porém em agradecimento a linda recomendação da Biaa Black Potter eu estou postando, espero que gostem. Muito obrigada Biaa ♥



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Quando adentrei a biblioteca e caminhei até o canto mais afastado de olhos curiosos, foi me segurando ao pensamento de que em seis meses eu seria um homem morto. Puxei uma cadeira de madeira de frente à uma Hermione Granger que fitava a lua nascendo pela vidraçaria. Quando ela se virou com os olhos confusos para mim, repeti mentalmente que uma vez que se iria para o inferno, eu poderia muito bem acrescentar mais um pecado a minha lista.

Eu estava prestes a abrir a boca quando vi que os olhos questionadores de Granger estavam vermelhos e marejados. O que raios aquele filhote de Weasley havia aprontado novamente? Não consegui deixar de me perguntar.

– Bichento morreu – murmurou Hermione sem que eu dissesse uma palavra e voltou a olhar a janela. Bichento era uma bola de pelo tão laranja quanto o cabelo do Weasley, que perseguia Granger castelo acima, castelo abaixo. Eu já tive a infelicidade de tropeçar no gato várias madrugadas seguidas, e não lamentava nem um pouco a sua morte, mas ao ver desterro nos olhos da Granger desejei poder fazê-lo viver – Desde que Ronald se fundiu com Lilá Brown, e Harry decidiu morar no gabinete de Dumbledore, Bichento tinha sido meu único amigo e agora... – Hermione balançou a cabeça e se virou para mim – O que você quer de mim Malfoy? – eu podia ver que ela se esforçou para soar rancorosa com a última frase, mas sua voz falhou por um momento, e uma lágrima escorreu pelas bochechas rosadas.

– Você não está sozinha – decidi que apuraria o significado de minhas palavras mais tarde, e coloquei minhas mãos sobre as mãos da Granger, tentando entender por que barbas de Merlin estava fazendo aquilo.

– Weasley – chamou Hermione.

– Malfoy – a corrigi ofendido por me confundir com o traidor do sangue.

– O que? – Hermione ergueu as sobrancelhas – Já amanheceu Weasley.

Eu iria corrigi-la de novo, por me chamar de Weasley e por falar que amanheceu, afinal, a lua estava se erguendo no céu apenas agora.

Mas abrir os olhos e me deparei com uma vastidão de azul tão claro quanto o céu ao amanhecer, que formava os olhos de Scorpius Malfoy.

Pisquei algumas vezes me levantando de uma cama extremamente dura, que me causaria fortes dores nas costas mais tarde, e enquanto me lembrava por que eu estava em um quarto completamente destruído com Scorpius Malfoy, que me dei conta de que eu sonhei que era Draco Malfoy.

– Já amanheceu Weasley – repetiu Scorpius.

Seus cabelos dourados sempre bem penteados e no lugar estavam completamente bagunçados e embaraçados. Suas vestes estavam amarrotadas, e seus olhos estavam enfeitados por fundas olheiras.

– Já amanheceu – disse ele novamente.

– Entendi filho – falei tentando colocar os cabelos no lugar. E só quando Scorpius fez uma careta ao me ouvir, que entendi o que havia feito. Por reflexo levei ambas as mãos à boca e senti meus olhos se arregalarem. Eu tinha plena noção de minhas bochechas e orelhas estavam ficando avermelhadas.

– Você me chamou de filho? – perguntou ele, semicerrando os olhos. Como se sonhar que eu era Draco Malfoy não bastasse, eu tinha que acordar com seu espírito no corpo e chamar Scorpius de filho.

– Por Merlin... – murmurei levantando os olhos para o céu, que se fazia completamente visível pela falta de teto que havia no quarto – Pegamos no sono.

– Sério Weasley? – perguntou Scorpius fingindo assombro – Uau, que bom que chegou a essa conclusão.

– Não começa Hyperion – pedi – Estamos muito encrencados.

– Weasley e suas conclusões obvias, o que nós meros mortais seríamos sem elas? – Scorpius pegou sua capa jogada na cama, e ambos os diários no meio dela. Tentei não pensar no fato de que dormimos lado a lado, e o segui até a porta do quarto.

Eu ainda estava grogue por ter sido acordada de uma maneira tão abrupta, que mal percebi que Scorpius se petrificou na porta do quarto após tê-la aberto, e me esbarrei de uma maneira nada agradável nele, para começar bem o dia.

Eu já podia ouvir o “olha por onde anda Weasley” e me preparava psicologicamente para ignorar, mas Scorpius não disse nada, e por um segundo eu realmente pensei que ele estivesse petrificado.

– Tudo bem Hyperion? – perguntei, não me referindo ao esbarrão, e sim a ele estar parado. Dois paços me colocaram ao seu lado, e me senti tão petrificado quanto ele.

Do outro lado do corredor, parado entre a porta e o quarto de frente, estavam Nina Del Febvre, segurando as sandálias nas mãos e com os cabelos e roupas totalmente fora do lugar, ao de lado de... Albus.

– Vocês dois... – começou Albus um tanto estupefato. Seus olhos esmeraldas pareciam que iriam saltar das órbitas a qualquer momento, tamanho seu susto ao nos ver, e eu não duvidava que os meus estivesse diferentes.

– Não é nada que você está pensando Al – apressou Scorpius a dizer.

Os olhos de Albus correram de mim para Scorpius, e minha cabeça girava entre o fato de ter passado a noite ao lado de Scorpius, sonhado que era seu pai, e me deparar com meu primo e a namorada de Frank Longbottom saindo de um mesmo quarto.

– Certo, acredito se acreditarem – sugeriu Albus.

Nina parecia à beira das lágrimas e eu não sabia o motivo, e apenas me mexi do lugar quando Albus e ela voltaram para o quarto e fecharam a porta.

– Anda – disse Scorpius se apressando em direção a escada que rangia mais a cada degrau. Eu não sabia se me sentia mais aliviada ou mais aflita ao encontrar o segundo e o primeiro andar coberto por estudantes dormindo. Foi uma tarefa extremamente difícil andar por sobre eles sem esmagá-los com meus pés.

– Não devemos acordá-los? – sussurrei para Scorpius.

– Vai ser pior meia centena de alunos correndo pelos gramados do castelo ao amanhecer. Deixem que acorde um por um – relutante tive de concordar com ele.

A passagem que ia do alçapão da casa dos gritos até o salgueiro lutador nunca pareceu tão apertada quanto ter de atravessar ela ao lado de Scorpius. Nossos corpos ficaram mais próximos do que eu teria escolhido.

Andamos apressados pelo gramado do castelo e quando passamos pelo hall de entrada ambos estávamos arfando. Ali nos separávamos. Ele descia para as masmorras, eu subia para as torres.

– Tente não ser pego – falei me virando para ele.

Scorpius sorriu ironicamente.

– Fujo para Hogsmeade todos os fins de semana e em seis anos nunca fui pego – falou ele cheio de si.

Eu estava prestes a abrir a boca para recriminá-lo, quando um guincho que se dizia voz preencheu todo o hall de entrada.

Alunos fora da cama!

Olhei envolta assustada e vi um pequeno velhote usando roupas de colorido berrante e também um chapéu em forma de sino, flutuando no ar. Pirraça, o poltergeist que morava em Hogwarts.

Alunos fora da cama! – repetiu ele num berro.

– Droga – praguejou Scorpius, e a próxima coisa que vi foi ele agarrando meu braço e puxando escada a baixo. Eu podia ouvir o guincho estridente de madame nora, a gata do zelador próxima a nós, e sabia que em questão de segundos o zelador Filch estaria no hall de entrada, pronto para nos dar uma detenção.

Alunos fora da cama! – a voz de pirraça agora estava longe, mas ainda assim continuávamos correndo, eu temia que Scorpius soltasse a minhas mãos, e com minha boa coordenação motora eu fosse ao chão – Correram para as masmorras!

– Os fins justificam os meios – murmurou Scorpius.

– O que? – perguntei confusa, deixando de olhar para trás para fitá-lo, e percebi que uma porta trancada liberou um pequeno “clack” e se abriu. Scorpius acabara de dar a senha para entrar no Salão Comunal da Sonserina.

Eu nunca havia entrado ali de verdade, apenas esperava Albus do lado de fora, e quando a porta trancada se abria eu tinha um rápido vislumbre de como era o Salão Comunal da Sonserina. Mas agora eu estava sendo puxada para dentro, e me vi totalmente absorta com o Salão.

Era bastante luxuoso, mais do que eu imaginava, diziam que Salazar Slytherin era um dos bruxos mais ricos na época da fundação de Hogwarts, isso justificava todo o luxo. O salão comunal Sonserino era uma longa sala com paredes de pedra e lâmpadas verdes circulares pendendo do teto. Por estar abaixo do lago de Hogwarts, suas janelas não proporcionavam a luz do dia ou da noite, mal havia janelas, apenas um enorme vidraçaria que tomava conta de toda a parede do lado leste, uma maravilhosa visão para o fundo do lago de onde se via um grupo de sereianos tendo uma pequena discussão, o lago fazia uma luz verde penetrar o Salão.

Havia estatuetas de serpentes a cada canto, e colunas de mármore por todo o lugar. Tapetes de veludo verde cobriam o chão, e enormes sofás de couro negro ficavam espelhados. Eu duvidava que havia brigas para ver quem sentaria próximo a lareira, como havia no Salão Comunal da Grifinória. Quando vi as enormes prateleiras que sustentavam uma coleção de renováveis livros que enfeitavam os arredores da lareira eu me vi desejando pela primeira vez ser aluna da Sonserina. Naquele momento entendi porque Albus era tão feliz, e porque todos os Sonserinos eram tão cheios de si.

– Rose? – chamou Scorpius fazendo eu voltar a mim.

– Hum? – perguntei ainda absorta no Salão Comunal.

– Rose!

– Que foi? – perguntei o olhando.

Scorpius não segurou o riso que lhe escapou da boca enquanto balançava a cabeça.

– Entendo que achei que incrível. Provavelmente maior que a casa de sua família – supôs Scorpius pensativo – Meu pai dizia que todos os Weasley dormiam em um mesmo cômodo.

– Seu pai não diria isso – hoje em dia Draco Malfoy era um ser quase sociável, que se permitia cumprimentar tio Harry e tomar uma taça de Hidromel toda vez que levava Scorpius na casa dos Potter, ou ao contrario.

– “Dizia” – repetiu ele mostrando ambos os diários em suas mãos para comprovar seu argumento. Não era segredo que o jovem Draco adorava humilhar os Weasley, Potter e Granger. Embora em quase todos os casos fossem palavras jogadas foras.

– Qual a punição por eu estar em seu Salão Comunal se me pegarem? – perguntei.

Scorpius balançou a cabeça:

– Nenhuma, acho, as garotas de outras casas que eu trago nunca foram pegas.

Por qualquer motivo eu preferia não ter ouvido aquilo. Mas era de conhecimento geral que Scorpius Malfoy era mais mulherengo do que se podia dizer.

– Certo... – murmurei um tanto desconfortável.

Scorpius me devolveu o diário de Hermione, e se jogou em um dos sofás murmurando:

– Informações de mais para uma vida – pela segunda vez no mesmo dia fui obrigada a concordar com um Malfoy.

– Por que esconderam o relacionamento? – perguntei me sentando desconfortável em uma poltrona, imaginando quantos bruxos das trevas se sentaram ali.

– Meu pai era um Comensal na época, ter qualquer tipo de relação com uma sangue ruim que não significasse sua morte depois disso poderia ter significado tortura pelo resto de seus dias.

– Nascida trouxa – corrigi-o um tanto ofendida, afinal se tratava de minha mãe.

– Que seja.

– Será que eles se gostavam? Digo... Para valer? – Scorpius fitava as lamparinas verdes, e deitado deu de ombros no sofá.

– Isso não importa agora.

– Acho que não – uma parte de mim queria acreditar que não se gostavam, por meu pai. Mas outra parte sabia que se Hermione não gostasse de verdade de Draco, não teria arriscado o que arriscou apenas para viverem um romance.

– Isso não vai mudar nada entre a gente, certo? – perguntou Scorpius – Digo, vamos continuar nos odiando como sempre nos odiamos, não vamos?

– Ainda mais agora que sei que poderíamos ter sido irmãos – afirmei.

– Pensar na possibilidade é até mais nojento que ver Albus gargalhando de boca cheia.

E pela terceira vez eu estava concordando com Scorpius Malfoy, esperava apenas não fazer disso um hábito.

– Não vamos voltar a falar desse diário, ou voltar a lê-lo, combinado? – sugeri

– Mais do que combinado. Se precisar, topo fazer um Voto Perpétuo.

Voto Perpétuo era um juramento que um bruxo faz a outro, em troca de sua vida pelo pedido selado.

– Obrigada, mas não.

Talvez se Scorpius acreditasse que podeíamos continuar vivendo como se nunca tivéssemos descoberto o segredo entre nossos pais, eu também poderia acreditar. Apenas torcer que para dali pra frente aquilo não interferisse mais do que interferiu em minha vida.


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Notas finais do capítulo

Peço desculpas pelos possíveis erros ortográficos, pois não está betado ainda, mas enfim... Espero que tenham gostado do capítulo *-* Quero muito saber o que acham que vai acontecer de agora para frente. Por favor, não deixem de comentar, favoritar, recomendar, isso realmente incetiva :3 Um grande beijo.