Em Perigo escrita por bianoronha


Capítulo 29
Capítulo 29 - Ponto final.


Notas iniciais do capítulo

Eu nem acredito que após tantos anos chegamos ao final da primeira parte.

Espero que gostem, e lembrem: tem segunda parte e ela é uma das minhas favoritas!



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Não precisei de muito tempo para chegar até a porta da suíte presencial, do elevador avistei a figura estática de Vitoriano, um monumento em busca da proteção de seu dono, absolutamente patético.

 

A previsão óbvia era ser levada ao lugar de segurança do Carlisle, sendo completamente imprevisível. Jaz monitorava todos os andares do prédio, e o sistema de câmeras estava a sua disposição. Ele sabia que Carlisle não estava na suíte presidencial, mas em dois andares abaixo, o que previa a possibilidade de que Vitoriano me transportasse até o local que o mafioso realmente estava.

 

Demorou apenas meio minuto para que me notasse, mantendo a expressão de desprezo quando cheguei mais perto, nenhum movimento, era quase como se eu fosse insignificante.

 

“Volte para o elevador, o encontro não será aqui” Bingo! Jaz era absolutamente assertivo em suas convicções. Entrei no elevador minúsculo, sentindo a presença dominadora ao meu lado, que preenchia o local. Apertou o botão que nos levaria a dois andares abaixo. Sorri internamente, tão previsível.

 

Um barulho ensurdecedor se alastrou pelos andares do prédio, aumentando em proporção, fazendo meu ouvido zunir. Um solavanco desesperador parou o elevador, sendo minha visão invadida por uma escuridão completa. Era um apagão total. Senti meu coração acelerar, sem conseguir ver um palmo a minha frente, ainda sentindo a presença imóvel do segurança ao meu lado.

 

“Ah céus, é um blackout” Tentei demonstrar insegurança de uma moça indefesa ao capanga, sem deixar meus amigos preocupados. “Espero que não demore, escuridão não é o meu forte, Deus me livre”

 

“Porra, que merda é essa?” Edward soou autoritário. “Dê um jeito nisso, Emm” Era possível ouvir uma série de digitações em teclados, provavelmente Jaz e Emmet tentavam ligar novamente as máquinas.

 

“Bella, continue firme com o plano, isso já será resolvido” A voz de Alice soava reconfortante em meus ouvidos. Em menos de minutos, mais um solavanco, e a luz voltou, fazendo com que o elevador voltasse a se mover. Senti respirações aliviadas em meu ponto de contato, notando que as luzes do painel do elevador permaneciam desligadas, apesar de não ter mais escuridão no local.

 

“Caramba, acho que quebrou o painel dos andares” Encarei Vitoriano para testa-lo, mas ele ainda parecia inerte como uma pedra. “Baita prejuízo para o Hotel, né?” As informações eram soltas através de monologo, para que pudessem ter as informações completas sobre as movimentações. “Que bom, chegamos” Soletrava tudo para que Edward tivesse a exata precisão do que acontecia.

 

Desci em um andar que parecia extremamente silencioso, sem movimentação alguma. Estranhei a falta de movimentação, sinceramente, parecia algo abandonado demais para alguém como Carlisle. Caminhei até a última porta que tinha uma cor verde clara, em tons bem simbólicos e elegantes, sendo esta aberta por Vitoriano. O frio me consumia, como se eu estivesse caminhando para o meu desastre pessoal. Aquela missão era um inferno pessoal, sabia bem disso.

 

Adentrei o espaço com cuidado nos passos, ajustando a postura, com firmeza. Estava bem ciente do revólver em minha perna esquerda e a faca amolada na direita. O plano seguiria firme até o fim e qualquer imprevisto seria resolvido.

 

Carlisle estava de costas para a porta, apoiado dramaticamente no parapeito da suntuosa sacada da suíte presidencial. Era notável que não se falava em economia quando o assunto era ele, o local era puro luxo, com detalhes em ouro, pinturas nas paredes e um enorme bar à disposição, mas ainda assim, parecia vazio demais, talvez até escuro. Entrei tímida, tentando algum contato visual. O coração se manteve congelado, sem mantendo o personagem.

 

Lentamente o alvo virou-se em minha direção, movendo o corpo lentamente, como se observasse um animal em exposição, com curiosidade. Meu coração falou uma batida. Os olhos eram tão frios, que senti meu corpo inteiro arrepiar, enquanto sentia a presença constante de Vitoriano do outro lado da sala, vidrado em mim. Não havia mesa de jantar ou nada parecido, era apenas uma enorme sala com um sofá luxuoso e algo que parecia uma porta que dava acesso ao restante do cômodo. Estranhamente desconfortável e atípico.

 

“Soube que queria me ver” Soltei as palavras tentando um primeiro contato, sentindo o ponto absolutamente silencioso em meu ouvido, e uma sensação enorme de solidão que me invadia aos poucos. “Não costumo negar pedidos como os seus” Analisei o local pensando em como iniciaria o contato, mas ele permanecia em silêncio, imóvel me analisando.

 

“Ligue esta merda, Emm, ou juro que não responderei por mim” Eu entendia, que de alguma forma algo estava muito errado ali, eu sentia isso em minhas veias, como se tudo estivesse cuidadosamente arquitetado. O apagão com certeza teria afetado outras partes do plano, mas eu precisava me manter firme. O sucesso da missão inteira dependia exclusivamente de mim. Não podia ser dominada pelo medo.

 

“Onde eles estão, Emm?” Agora era a voz de Jaz. “Não aparecem em câmera alguma”.

 

“Então” A voz grave de meu alvo soou, eu precisava focar e deixar que o desespero me deixasse funcionar. “Pensei que você que estivesse à minha procura” Um sorriso debochado acompanhou a afirmação e meu estômago parecia contar uma pedra muito pesada que só afundava. “Notei seus olhares”

 

“Sei admirar um bom partido” Desenvolvi o personagem, caminhando pelo cômodo, tocando algumas decorações, sentindo todo meu corpo tremer. “Você parece ter bom gosto e é exatamente por isso estou aqui” Sorri em sua direção, enquanto permanecia taciturno e enigmático.

 

“E você, Hadassa? Costuma ter bom gosto?” Me fitou com interesse. “Seleciona bem suas opções?”

 

 

“Ah, como tenho” Gargalhei de forma exagerada, notando que o alvo se sentia mais confortável, vi de canto de olho que Vitoriano caminhava lentamente para o outro cômodo, ponto para mim. “Estou aqui, não estou?”

 

 

“Voltou, Bella, estamos com acesso a tudo novamente” A voz de Emm soou me tranquilizando. “Mas espera, cadê a câmera do quarto?”

 

 

“Porra, Emmet, cadê a maldita câmera?” Edward gritou com desespero. “Ela não está em lugar nenhum, onde está o quarto dele?”

 

“Está na tela, mas eles não estão lá” Emmet parecia ainda mais angustiado. Mantive a calma, era importante naquele momento que nada saísse errado. Mas as fichas foram caindo aos poucos: nada tinha sido coincidência. O apagão, o elevador que parecia mais rápido que o normal, o andar silencioso. Eu não estava na suíte presidencial. Não estava em dois andares abaixo.

 

“Não sei se poderei concordar com você” Sorriu de forma assustadora. “Porque não tira o ponto de comunicação para ficar mais à vontade?”

 

Meu coração congelou, ele sabia.

 

Vi da outra porta Vitoriano surgir novamente para a sala e para a minha surpresa com mais dois integrantes: Eva e Steve.

 

“Talvez você queira saber um pouco mais sobre mim, Hadassa” Carlisle cantarolou, enquanto Vitoriano caminhou até a porta de entrada, trancando. “Ou devo te chamar de Isabella?”

 

Foram milésimos de segundos para assimilar tudo, e não consegui raciocinar de forma rápida, pois tudo aconteceu ao mesmo tempo: Eva voou em minha direção, gritos de Alice soaram em meus ouvidos, e a voz autoritária de Edward informando para ir ao plano de emergência. Isso segundos antes do ponto ser arrancado de mim.

 

Eu estava por mim mesma agora, completamente distante de meus amigos.

 

Imediatamente Eva lançou um sorriso para mim, arrancando a arma de minha perna. “Desculpa, amiga” Piscou.

 

É claro que ele sabia. É claro que em todos esses dias estava com sua equipe nos monitorando. Ele tinha feito o caminho inverso. Ele tinha articulado tudo muito mais cuidadosamente do que nós e caímos como patinhos em sua armadilha reversa.

 

“Sabe, querida, eu até tentei ignorar você e seus amigos, mas confesso que as várias tentativas de contato começaram a ficar tão interessantes, que achei divertido todo esse teatro” Gargalhou, recebendo minha arma das mãos de Eva. “Acho interessantíssimo sua presença aqui, esta noite, pois tinha algum tempo que alguém não me intrigava tanto como você”

 

 

“Você é patético, assim como pensei que fosse” Vitoriano estava a ponto de rosnar e levou imediatamente as mãos para sua arma, quando recebeu a negativa de Carlisle. “É exatamente quem pensei que fosse”

 

 

“Ah, eu já não posso dizer o mesmo, Isabela” Passos lentos em minha direção. O meu corpo inteiro suava, cansado, extraindo tudo que eu tinha. “Sua coragem estúpida é exatamente o que disseram sobre você, e talvez um pouco mais” Me analisava como se fosse um objeto. “Você é absurdamente intrigante, mas infelizmente caiu na conversa de Edward”

 

 

Perguntas voavam por minha mente: como ele sabia que Edward estava vivo? Eva e Steve sempre foram capangas dele? Ele sempre soube que estávamos lá?

 

 

“Não fale o nome dele” Gritei em seu rosto, enquanto Vitoriano chegava um pouco mais perto, pronto para atacar. Eva e Steve a postos logo depois.

 

 

“É inacreditável que após tantos anos ele continue me procurando, por meses e meses esqueci de sua existência, mas ele permanece abastecendo esse sentimento patético” Sorriu novamente. “Isso é típico de gente franca, sabia? Movida por emoções, tendo como combustível a burrice” nesse momento seus passos me alcançaram e em um movimento rápido, ele agarrou meu pescoço, me fazendo sufocar. “Me entregando de graça seu ponto fraco” Eu estava sufocando, sabia disso. O ar fugindo, quase inalcançável, quando ele me soltou de repente e caí com força no chão.

 

 

“É por isso que sempre estarei um passo à frente” Ver aquele homem, que deveria ter sido um exemplo para Edward, ali, caçoando do filho que abandonou, após destruir a família, fez surgir uma potência tão grande dentro de mim, que tudo em mim passou a ser puro ódio. Eu era toda a escuridão que habitava em Edward por todos aqueles anos. O sentimento de revolta, de fazer dar certo e de principalmente, de fazer justiça, me fizeram ficar muito consciente do canivete que ainda estava escondido em minha perna. “Não perca seu tempo com essas baboseiras, Isabella, está aqui, ariscando sua vida por um idiota que sequer consegue te proteger” Balançou a cabeça em negação, com desprezo. “Chega a ser patético”

 

 

Eu sabia que teria que arriscar tudo, inclusive minha vida. Era tudo ou nada. Não poderia desistir ali.

 

 

Foi quando senti uma pancada em minha cabeça enquanto ainda estava sentada, uma dor muito forte me atingiu e vi que era Steve que tinha me golpeado com um pedaço de madeira, por trás. Minha vista escureceu, mas lutei contra a necessidade de cair no chão e contra a sonolência que de pronto me alcançou. Carlisle ainda bem próximo de mim, agachou, para debochar próximo ao meu rosto contorcido em dor.

 

 

“Agora me obrigaram a fazer algo que não gosto” Passou a mão em minha cabeça, simulando um carinho. “Terei que machucar você para mandar o recado ao seu namoradinho” Deu de ombros, como se estivesse decepcionado. “É uma pena enorme, pois você me parece de grande utilidade, só errou ao escolher o lado errado.”

 

 

Outro golpe, dessa vez nas minhas costas. Senti a dor se arrastar por todo meu corpo, ouvindo o som de ossos quebrando e uma dor aguda passou a pulsar em minha costela, dificultando minha respiração. Carlisle permanecia agachado em minha frente, apreciando o momento sem uma expressão sequer, em absoluto silêncio. Do outro lado da sala, o olhar de Eva cruzou o meu, e por segundos notei que ela sofria em me ver naquela posição. Eu tinha apenas alguns segundos para pensar. Em breve eu perderia a consciência e provavelmente morreria nas mãos de Carlisle, caso meus amigos não me encontrassem a tempo. Teria que tentar: agora era o meu momento. Resolveria aquela situação de uma vez por todas.

 

 

Os fatos aconteceram nessa ordem: Carlisle levantou virando-se de costas para mim, enquanto Steve voava novamente em minha direção. Em uma fração de segundos, alcancei o canivete em minha perna e me lancei sobre Carlisle, ainda tendo tempo de ver seu olhar de choque em minha direção, alcançando seu peito com força, enfiando a lâmina até o fim. O choque ultrapassou seu rosto, mas não tive muito tempo para contemplar, pois ouvi os disparos da arma de Vitoriano em minha direção, me derrubando e gritos distantes.

 

 

A última cena que vi foi o rosto de Steve me golpeando mais uma vez, depois disso eu apaguei.

 

 

 

 

*

 

 

 

 

No momento em que houve o blackout, tínhamos convicção de que algo estava errado. Não estava no plano, pois o Cassino inteiro ainda tinha energia e somente o setor de hospedagem estava prejudicado. As minhas mãos tremiam, e sentia todo o meu corpo dormente. Sim, sabia todos os riscos e que todos eles eram exclusivamente minha responsabilidade. Eu era o arquiteto daquela missão, meus subordinados estavam apostando tudo por mim. Se aquela merda não funcionasse, sabia que aquilo me mataria, de várias formas possíveis.

 

 

“Porra, Emmet, cadê a maldita câmera?” Gritei, sentindo o pânico me alcançar. Nenhum de nós estava calmo, o plano não poderia falhar. “Ela não está em lugar nenhum, onde está o quarto dele?”

 

 

“Está na tela, mas eles não estão lá” O plano desmoronava aos poucos, eu sabia disso encarando a tela absolutamente parada. Era uma gravação, uma maldita gravação. Eles sabiam. Tinham sido mais rápidos. Encarei Jasper sentindo meu coração a ponto de explodir e vi em suas feições que ele também tinha entendido: nós estamos absolutamente fodidos.

 

 

“Não sei se poderei concordar com você” Ouvi aquela voz demoníaca destruindo cada fragmento do meu ser. “Porque não tira o ponto de comunicação para ficar mais à vontade?”

 

 

“Talvez você queira saber um pouco mais sobre mim, Hadassa? Ou devo te chamar de Isabella?”

 

 

Os gritos de Alice preencheram o ambiente. O suor invadiu meu rosto, e notei que minhas mãos tremiam. Os malditos sentimentos de desespero e angústia me invadiram em uma proporção absurda, e simplesmente não consegui me mover, estava estático, sentindo absolutamente todo o peso do mundo sobre mim.

 

 

“Rápido, precisamos agir” Emm pegou algumas armas, entregando uma delas em minhas mãos, que pareciam moles de mais para ter precisão. “Caralho, você precisa reagir, vamos encontra-la” Foi com aquele grito que meu corpo despertou: precisava encontra-la. Ainda poderíamos acabar com tudo aquilo da melhor forma. “Para de gritar, que inferno” Emm jogou outra arma nas mãos de Alice, que tentava usar uma técnica de respiração para voltar a si. Era um cenário de horror.

 

 

Meu Deus, se algo acontecesse com Isabella, se alguém tocasse nela... eu não sabia do que seria capaz.

 

 

“Encontrei” A primeira vez que ouvi a voz de Jaz no tumulto, ele estava agarrado ao mapa do Cassino, tremendo, mas sem perder sequer um minuto de precisão. “Esse é o único local sem câmeras, só pode ser aqui” Apontou para uma sala curiosamente perto do Deck em que estávamos no dia anterior.

 

 

Simplesmente não conseguia acreditar em toda aquela merda. Em tudo que eu tinha feito com eles, em todo o risco que eu tinha causado. Por Deus, era absolutamente culpa minha.

 

 

Movi meus pés, que pareciam fincados ao chão e repassei o plano de emergência: era atuação de toda a equipe no resgate de Bella. Não tínhamos tempo.

 

 

“Você é patético, assim como pensei que fosse” Ouvi a voz dela distante no ponto.

 

 

Por Deus, Isabella, não fale nada. Por Deus, aborde essa missão patética. Por Deus, apenas ganhe tempo para que possamos te alcançar. Era minha oração enquanto corríamos para o local. Se existia um Deus, eu só pedia para que ele poupasse a vida dela. Por tudo que era mais sagrado, deixe ela viver.

 

 

“Vai dar certo, Edward” Ouvia a voz dela distante em minha mente. “Vou até o fim”

 

 

Sentia que estava delirando, sabia que as vozes se confundiam em minha mente. Um misto de memórias voava por minha mente.

 

 

“Precisa se recompor, porra” Jasper gritou no fone, enquanto subíamos as escadas, me dando um escorão. O impacto me assustou, quase me derrubando. “Se você desistir agora, não vou te perdoar” Jaz via a vida se esvaindo e a minha esperança morrendo.

 

 

Estava desesperado, sentia que nada mais fazia sentido, toda aquela porcaria de missão, eu tinha baseado a minha vida no plano de vingança e em alguns segundos, parecia que nada mais valia a pena. Só queria voltar ao dia anterior e levar todos ao cartel em segurança. “Ela merece isso, que você acredite que vai dar certo”

 

 

“Nós vamos sair vivos desse caralho, ou eu não me chamo Edward Cullen”

 

 

Foi a última frase que falei antes de ouvir os disparos. Senti meu sangue congelar e não ouvi mais nada depois disso. Confusão. Desespero. Ânsia.

 

 

Não sei se foram segundos, minutos ou horas até chegarmos na frente da porta do quarto.

 

 

Ela estava aberta.

 

 

Isso era um péssimo sinal.

 

 

Rastros de sangue por todo lugar.

 

 

Um corpo no chão.

 

 

Não era qualquer corpo. Era Isabella.

 

 

Meus amigos invadiram o local, que estava vazio. Eles tinham conseguido fugir. Só restava Isabella quase sem vida, com a respiração pesada, lutando bravamente para viver.

 

 

Meus joelhos cederam e cai ao seu lado, segurando seu rosto, minhas mãos tremiam e faltava o ar em meus pulmões. Senti a minha vida inteira voar por meu rosto, enquanto ouvia ao longe a voz de Alice gritando no telefone com alguém.

 

 

Jasper estava em pé ao meu lado. Imóvel, sem falar uma palavra sequer.

 

 

“Isabella, por Deus, Isabella” Abracei seu corpo que se moldava facilmente em meus braços sem qualquer resistência, sangue escorria de sua perna e senti ela gemer de dor. “Por favor, por mim, por favor, não durma, por favor”

 

 

“Ed...” A voz dela saiu fraca, e seu rosto em uma mistura de dor e sangue, estava contorcido. Sentia as lágrimas escorrerem descontroladas por meu rosto, sabendo que aquela cena me destruiria para sempre. “Me desculpa, eu nã-ão... eu não...”

 

 

“Por Deus, Isabella, por Deus, você precisa ficar acordada”

 

 

Encostei minha testa na sua, pedindo aos seus que não a levassem de mim. Éramos um emaranhado de sangue, lágrimas e suor quando os paramédicos invadiram o local, carregando o corpo dela para longe. Jaz e Emm seguiram desesperados, acompanhando os médicos. Levantei com a ajuda de Alice, sabia que precisava reagir, mas simplesmente não conseguia. Ouvia a sua voz distante gritando algo para mim, mas não conseguia distinguir, as palavras não chegavam em meus ouvidos. O choro era descontrolado e não vi nada a minha frente.

 

 

Não lembro a ordem exata, qual caminho fizemos ou quem me ajudou a caminhar, mas em questão de minutos, todos nós estávamos em um helicóptero, e eu apenas conseguia ver o corpo imobilizado de Isabella, com oxigênio, ouvindo uma oração distante feita por Emmet, enquanto Alice chorava sem parar.

 

 

Jaz estava imóvel, segurando a mão de Isabella.

 

 

Eu não me atrevi a segurá-la. Não tinha esse direito, sabia que não tinha.

 

 

Independente do acontecesse no final daquele dia, não conseguia respirar, sentia algo pesado dentro de mim, um sentimento de solidão, a sensação de que tudo estava por fio. A cena repetida milhões de vezes, a voz falha de Isabella tentando se desculpar por não ter concluído a missão era como um milhão de facas invadindo a minha alma. Eu estava absolutamente morto por dentro e toda aquela merda estava sob meus ombros.

 

 

Entre as orações de Emmet e o silêncio absoluto de Jaz, eu tinha apenas uma certeza:

 

 

Após aquele dia as coisas nunca mais seriam iguais.


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Notas finais do capítulo

Nem acredito. São anos e anos com esses personagens em mente e sou muito grata por todas que acompanharam até aqui. Sim, esse é o final da primeira parte, mas confesso que a segunda, é a minha favorita. Esses personagens ainda vão passar por muita coisa e espero que estejam aqui comigo para acompanhar.

Por favor, deixem comentários, é realmente importante pra mim.
Obrigada a todas que comentaram, vocês não sabem o alívio que é receber esse amor de vocês.

Um beijo ♥
Bia Noronha.



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