Em Perigo escrita por bianoronha


Capítulo 30
PARTE II - Capítulo 1 – Fora de mim


Notas iniciais do capítulo

Vamos iniciar uma nova jornada?
Parte II veio com tudo para ganhar nossos corações.

Por favor, opiniões nos comentários! Recomendações e comentários me dão forças para escrever, não esqueçam!

Boa leitura =)



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Respirar doía. Não era um leve incomodo, estava doendo de forma absurda. Sem conseguir enxergar nada, ouvia vozes ao longe, um peso enorme pressionando meu peito e algo em meu rosto. Me sentia sufocando aos poucos, sem nenhuma força.

 

Abri meus olhos lentamente, vendo tudo absolutamente embaçado. As lembranças voavam por minha mente. O que teria acontecido?

 

Lembrava de ouvir um tiro. Vozes altas. Passos apressados. Choro, muito choro. O restante era só um apagão.

 

“Por Deus, ela acordou” Era a voz de Alice trazendo alívio ao meu coração. Ela estava viva. Agradeci aos céus. “Chamem um médico, rápido”

 

 

Mais passos, gritos e choro. Me parecia que tinham algumas pessoas no quarto, que não conseguia identificar. Meus olhos ainda fechados, lutavam contra a claridade. Minha cabeça doía muito, e a confusão fatalmente me alcançava. Onde eu estava? Meus amigos estavam bem?

 

Senti alguém movendo meu rosto, tocando em meu pulso.

 

“Os sinais vitais estão excelentes, o reflexo também” Ouvi suspiros aliviados. “É questão de tempo até recobrar a consciência” A vontade era de gritar que eu estava consciente, mas minha voz simplesmente não saía e a máscara em meu rosto não ajudava em nada. “Vai precisar de calma para assimilar tudo, então, conversem com calma quando acordar”

 

O meu coração afundou. O que eu precisaria assimilar? Alguém estava machucado? Sabia que Alice estava bem, sua voz ali do meu lado. Mas e Edward? Jaz? Emm?

 

“Seus batimentos estão acelerando” Alguém poderia avisar o maldito médico que estava a ponto de ter uma síncope. Pensei em Liz e Gabe, eles estariam bem, não estariam? “Está nervosa, os efeitos das medicações estão passando, isso gera muita confusão” Ouvi passos em minha direção.

 

 

“Bella, sou eu, Alice” A voz era suave e acariciava meu coração. “Estamos bem, Bella, estamos todos bem” Respirei fundo, sentindo a calma invadindo meus sentidos. “Está tudo bem, minha amiga, acorde com calma, estamos ansiosos para ver você” Senti uma lágrima escorrer por meu rosto, sentindo a mão dela segurar a minha, ouvindo um fungado. Ela também estava chorando, obviamente. Não sabia o que tinha de fato acontecido, mas saber que estavam todos vivos, era profundamente tranquilizador.

 

Abri os olhos com dificuldade, vendo a silhueta de Alice. Não sei se foi a calma que me atingiu aos poucos, mas senti novamente o sono me atingindo e tudo estava escuro novamente.

 

“Ali-ce” Sorri, entre a máscara. “Graças a Deus, você está bem”

 

Ela gargalhou, apertando ainda mais minha mão.

 

“Estou maravilhosa, Bella” Deu pequenos pulos, comemorando. “Você está acordada, garota, não sabe como estou aliviada”

 

A porta escancarou, e minha mãe voou por ela”

 

“Meu Deus, Isabella, você está acordada” Ela chorava de forma descontrolada, seguida por minha avó, que estava emocionada, mas de forma contida. “Tive tanto medo, tanto medo de perder você” Ela me abraçou, sendo exortada pelo médico a ter cuidado. “Desculpa, é que nunca senti tanto medo na vida” Se ajoelhou ao meu lado.

 

Fora as enfermeiras e o médico, não conseguia ver mais ninguém. Não conseguia vê-lo.

 

 

“O que aconteceu?” Olhei diretamente para Alice, que me encarava ainda segurando minha mão.

 

 

“Isabella, sou Bernardo, seu médico” Ele olhava profundamente em meu rosto, sério. Não era dele que queria explicações. “Acredito que tudo esteja muito confuso, mas preciso atualizar você de tudo que aconteceu, você terá bastante tempo para assimilar as coisas, então vá com calma” Sorriu em minha direção. “Você sofreu um acidente grave em um assalto, lembra de algo?”

 

 

Encarei Alice, que apenas me devolvia o olhar. Então era essa a versão contada: um assalto.

 

“Não lembro de nada, para falar a verdade” A voz saia grave e baixa, sentindo minha garganta latejar com o esforço.

 

“É normal, na maioria das vezes o nosso cérebro não armazena memórias traumáticas, e particularmente no seu caso, houve um impacto forte na cabeça, o que fatalmente acentua a situação” Ele apontou para minha mãe. “Você reconhece essas pessoas?”

 

“É minha mãe e minha avó” Respondi, estranhando a pergunta. “Porque não saberia”

 

“Bella, você ficou dois meses desacordada” Arregalei os olhos com a fala de Alice. “Os médicos preferiram deixar o coma induzido, para que seu corpo se recuperasse”

 

“Meu corpo?” Perguntei tentando digerir, sentindo o olhar pesado de minha mãe, cheio de tristeza.

 

“Isabella, a situação foi bastante...” O médico explicava com cuidado. “...violenta, eu diria, você infelizmente foi atingida por um tiro na perna direita, que passou bem próximo a uma artéria, o que foi praticamente um milagre, pois poderia ter tirado sua vida”. Arqueei meu rosto, para tentar ver sentindo dor em todo meu corpo com o movimento. Encontrei uma perna totalmente enfaixada.

 

“Você também quebrou quadro costelas, e provavelmente está sentindo bastante dor, mas estão cicatrizando muito bem, e logo estarão totalmente recuperadas”. Isso explicava a dor ao respirar, e eu lembrava vagamente de ser golpeada por Steve, o que tinha causado as lesões. “Eu sinto muito por tudo isso” O médico parecia bastante dedicado.

 

Alice não falava nada, com a cabeça baixa. Minha mãe chorava ao meu lado.

 

“Estou feliz por estar viva, e o que importa é que logo estarei bem” Tentei me sentar, sentindo um gemido escapar com a dor em meu joelho.

 

“O ideal nesse momento é manter a perna imóvel” As enfermeiras me ajudaram a ficar sentada, movendo a posição da cama com um controle. “Tentaremos de todas as formas trazer os movimentos de volta”

 

“Como assim trazer os movimentos de volta?” Senti meu coração afundar novamente.

 

“O tiro atingiu o músculo e acabou dilacerando o tendão do joelho, então, andar será um novo desafio” Ele me encarava com pena. “Felizmente aqui temos os profissionais mais capacitados de Londres, então as cirurgias foram incríveis, então acredito que teremos excelentes resultados com a fisioterapia”

 

Eu estava sem o movimento da perna. Tinha passado por mais de uma cirurgia. Estava desacordada há dois meses. Não via Edward em lugar nenhum. O desespero me atingiu, me fazendo perder o ar e senti que tudo girava ao meu redor.

 

“Calma, Bella, tudo vai ficar bem” Alice apertou minha mão, e minha avó olhava a cena, de longe, sem falar uma palavra sequer. “Ele disse que tem ótimas chances de melhora”

 

“Eu vou andar de novo, doutor?” Encarei com desespero.

 

“Não posso mentir para você, Isabella, existem chances de sequelas, tudo depende de como será a reação do corpo às cirurgias e reabilitação”

 

“Que tipo de sequela?” Sentia meu coração bater como louco.



“Bella...” A voz de Alice era só um sussurro.

 

 

“Que tipo, doutor?” Minha voz era só um sussurro.

 


“É possível que perca a força da pisada, e precise de auxílio para caminhar, mas não é uma certeza, tudo depende da recuperação”.

 

Senti lágrimas rolarem por meu rosto. Como voltaria ao cartel desse jeito? Será que voltaria a andar? Onde estava Edward?

 

“Não é momento para desespero, Bella” Alice segurou meu rosto. “Você venceu o pior, está viva” Lágrimas também rolavam por seu rosto. “Você é Isabella Swan, consegue qualquer coisa quando quer, esqueceu?”

 

Não, não era bem assim. Estar ali era o sinal de que a missão teria falhado, e era minha culpa. Nada tinha acontecido como esperado e agora estava ali, na cama do Hospital, sem ter certeza de absolutamente nada.

 

 

“Vai conseguir, Bella, eu sei que vai” Abracei Alice, enquanto ouvia minha mãe chorar.

 

“Vou tentar, vou dar tudo de mim” Alice assentia, ainda no abraço.

 

“Estarei aqui, Bella, para assistir você conseguir” O médico sorria ao longe.

 

 

“Esse é exatamente o pensamento, em breve o fisioterapeuta virá conhece-la, e tenho certeza que a recuperação será excelente” Sorriu para mim, encarando depois a minha mãe. “Talvez seja melhor a senhora tomar algo para se acalmar” Deixei a risada escapar, vendo que o jeito dramático de minha mãe também era notado pelo médico.

 

“Calma, mãe” sorri, me sentindo culpada de pensar primeiro em meus amigos e não me preocupar em como minha mãe teria se sentindo nesses meses. “Vou conseguir” Uma onda de esperança me alcançava aos poucos. Não poderia entregar os pontos.

 

“Eu sei, querida, eu sei” Enxugava as lágrimas. “Desculpe, é só muita emoção, acho que um café com bastante açúcar vai me ajudar” Caminhou até a porta, sendo seguida por minha avó, que parou aos pés da minha cama, segurando meu rosto. Alice automaticamente tensa.

 

“Estou muito feliz em te ver acordada, não sabe o quanto” Ela me encarava profundamente. “É hora de repensar o futuro, Bella, e fazer decisões melhores a partir de agora” Encarou Alice com desdém. “Se possível não demore muito, ela precisa descansar”

 

Saiu batendo a porta, sem me dar tempo de responder.

 

“Sua avó é bem durona” O médico brincou, sorrindo para mim. “Vou deixar vocês a sós, qualquer coisa é só me chamar” Declarou para Alice, que agradeceu.

 

Nós estávamos sozinhas agora e a imensidão das lembranças me atingiram.

 

“Alice, por Deus, o que houve? Como estão todos?”

 

“Bella, estão todos bem, a verdade é que ninguém se machucou, ele só machucou você” Falou com revolta, sentando na beirada da cama. “Jaz e Emm vem aqui todos os dias, mas tiveram que ir ao Cartel ontem para organizar as coisas, foram dois meses muito intensos”

 

“Edward também vem?” Senti que Alice travou.

 

“Então, acho que tem sido muita coisa para assimilar, depois que... tudo aconteceu, ele se fechou, quase não tem falado, está muito introspectivo” Declarou com decepção. “Perdão, Bella, queria tanto que estivesse aqui para vê-la, mas tenho certeza que virá em breve, ficará muito feliz em te ver acordada”.

 

 

A realidade me atingia aos poucos. Certamente Edward estava decepcionado comigo. A missão não tinha funcionado. Eu era um verdadeiro fracasso. Agora estava ali, deitada, dando trabalho a todos.

 

 

“Ele está decepcionado comigo, Alice?” Sentia o desespero me atingindo. “Sei que falhei, mas tentei com todas as minhas forças...”

 

 

“Não fale besteira, tudo bem?” Me interrompeu. “Se alguém precisa se desculpar, somos nós.” Ela me abraçou. “Nós que falhamos com você Bella, nós que falhamos.”

 

 

 

Versão de Alice:

 

 

 

Caminhei entre os corredores do Hospital, sentindo meu coração vibrar. Meu coração era um misto de sentimentos. Bella estava viva, e isso fazia tudo girar dentro de mim. Senti o celular tocar em minha bolsa. Emmet.

 

Atendi, mas não consegui falar nada.

 

“Jura que é verdade? Ela está acordada?” A voz gritava no telefone, quase me causando perda de audição.

 

 

“Eu juro” Senti uma gargalhada escapar. “Ela está bem, reconheceu todo mundo, minha amiga acordou Emm” Lágrimas voltaram a escorrer. Não tínhamos como descrever a preocupação que sentimos em cada dia que passava e ela permanecia ali. A cada cirurgia e procedimento para salvar sua perna, sem sabermos se o golpe em sua nuca tinha causado alguma sequela. Eu só queria sentar ali mesmo e chorar por horas. O alívio que me atingia era o melhor sentimento do mundo.

 

 

“Ah meu Deus, eu não acredito” Gritos e coisas caindo no chão, gargalhei novamente. Sentindo que outra voz logo surgiria.

 

 

“Alice, me fala, ela realmente lembra de todos?” Era Jaz, com sua voz uma oitava acima, cheio de ansiedade. Um sentimento tão atípico de ver nele.

 

 

“Sim, perguntou de vocês, falou o nome de cada um, ela está bem Jaz, podemos finalmente respirar” Ele fungou e soube que ele também chorava.

 

 

“Como ela reagiu a tudo?”

 

 

“Melhor do que esperava...” Respirei fundo, lembrando da expressão de desespero ao ver a perna naquele estado. “No início ficou em pânico, mas logo disse que se esforçaria para melhorar, sabe que aquela teimosa não deixa nada vencê-la” Ele gargalhou.

 

 

“Sim, é capaz de discutir até com os médicos” Falou entre risos. “No final do dia vamos vê-la”

 

 

“Devolve esse telefone, Jaz” Ouvi Emmet gritar ao fundo.

 

 

“Ele já sabe, Jaz?” Sabia de quem estava falando.

 



“Contamos para ele, mas nenhuma expressão ou reação, continua envolvido com as missões mais imbecis do mundo, fingindo que não tem que lidar com toda essa merda” Havia rancor na voz de Jaz.  Rancor e a culpa que todos nós carregávamos.

 

 

“Estou chegando e conversamos melhor” Desliguei o telefone pensando em cada dia daqueles dois meses.

 

 

Lembrar do fatídico dia da missão me causada um sentimento de pânico que tomava conta de mim por completo. O plano, milimetricamente calculado, tinha ido por água a baixo. Nada tinha funcionado e isso só demonstrava nosso amadorismo diante do nível de maldade de Carlisle. Entrar naquele quarto e ver Isabella rodeada de seu próprio sangue, vendo a vida indo para longe aos poucos, sem saber o que aconteceria.

 

 

Sentei em um banco, próximo a saída. Era desesperador pensar que por questão de horas não a perdemos. Conseguir ter reflexo para ligar para helicóptero que nos aguardava, adiantando o horário. Só não imaginava que íamos às pressas ao Hospital mais próximo. Isabella passou por uma longa cirurgia para que pudéssemos, depois de três dias de desespero, leva-la de volta para longe.

 

 

Consegui contato com Tiziano, que ficou responsável pelas crianças. Apesar de ter muitas questões pessoais, ele era a única pessoa que poderia contar naquele momento. Eu nunca esqueceria a visão que tive, ao entrar na sala de espera da cirurgia. Edward agachado no chão, todo sujo de sangue, estático, sem falar uma palavra sequer.

 

 

Ajoelhei em sua frente, tentando acalmá-lo, mas sua visão estava longe. Ele não via nada, era pura escuridão. Não tinha restado nada. Segurei seu rosto em minhas mãos, abraçando seus ombros.

 

 

“O que vou fazer se ela partir, Alice?” Ouvi sua voz em sussurro. “Porque fiz isso? Porque expus vocês aos meus caprichos?” Ele murmurava mais para si, do que para mim. Emmet e Jaz ouviam, sentados na cadeira, sem expressar uma palavra. “Eu fiz toda essa merda, é culpa minha tudo isso”

 

 

“Nós entramos nisso com você, Ed” Lágrimas rolavam sem minha permissão. “Vamos até o fim juntos”

 

“Não era para ser assim” Ele chorava compulsivamente. “Esse não deveria ser o fim”

 

 

Não, nós não tínhamos a menor ideia do que aconteceria. Nossa amiga estava entre a vida e a morte. Não tínhamos alcançado os capangas de Carlisle, e sequer sabíamos quanto Bella tinha conseguido feri-lo. Ele tinha finalmente morrido? Ou seria para sempre um fantasma em nossas vidas?

 

 

Espalhei minhas mãos pelo rosto, querendo recomeçar novamente. Todos nós estávamos exaustos. Jaz afundado em trabalho, Emmet sem vitalidade e Edward em um canto reservado de seu próprio ser. Será que cada um de nós conseguiria enfrentar os desafios de seguir em frente?

 

 

Estávamos quebrados, cada um em seus pedaços. A missão completamente destruída. Isabella tentando lutar por sua recuperação física e todos nós com o emocional em pedaços. Ainda tinha Edward... que sinceramente não sabia como ajudar.

 

 

Caminhei até o carro pensando que precisava compartilhar a notícia com ele, precisava leva-lo ao Hospital. Isabella despertaria o melhor nele, como sempre fez. Precisávamos nos reconstruir. Não sabia exatamente como isso aconteceria, mas tinha certeza que se fizéssemos juntos, seria muito mais rápido.

 

 

Avancei para o Cartel, reconhecendo o caminho, que agora parecia tão sem vida para mim. Estacionei o carro em uma das vagas e subi para a sala de controle, encontrando Emmet e Edward, analisando a tela. Emmet correu até mim, abraçando com forme, me levantando do chão.

 

 

“Vencemos mais uma, estou tão feliz” Dei algumas tapinhas em suas costas.

 

 

“Vamos, ela quer muito ver vocês” Notei que Edward não se moveu. Jaz entrou na sala, carregando um punhado de flores.

 

 

“Pensei que ela poderia gostar” Deu de ombros, sorrindo.

 

 

“Genial, ela vai adorar” Dei palminhas. “Vamos?” Eles saíram pela porta, lançando um último olhar para Edward, que não se moveu.

 

 

Boa sorte. Emmet mandou, ao fechar a porta.

 

 

“Sabe que ela também está esperando você, não sabe?” Encostei meu corpo na parede, sabendo que teria uma longa guerra pela frente. “Não está feliz que ela acordou?”

 

 

“Não brinque com isso, Alice” Virou para mim, com os olhos inchados. “Você sabe que era tudo que eu queria”

 

 

“Então é isso, levante a bunda e vá encontra-la” Expliquei de forma enfática, buscando convence-lo.

 

 

“Você sabe que não é tão simples” Negou, passando as mãos nos cabelos. As olheiras fundas denunciavam sua apatia. Foram dois meses sem uma palavra dita. Cada dia, afundando em bebida e trabalho. “Digo o que quando chegar lá? Me desculpe por quase perder a perna por uma missão imbecil?”

 

 

“Não foi sua culpa, Edward”

 

 

“Sim, Alice, foi minha culpa, incluí vocês todos nisso e a responsabilidade disso me destrói um pouco mais a cada dia” Segurou o rosto em suas mãos. “Não consigo mais lidar com toda essa merda, Alice, estou destruindo tudo ao meu redor”

 

 

“Sabe que ela não vai aceitar isso, ela quer ver você e só vai parar quando conseguir” Eu andava de um lado para o outro. “Não é só você que está lidando com toda essa merda, então, pare de ser um menino medroso e assuma isso, vá lá e faça ela achar que vai conseguir superar tudo isso”

 

 

“E o que mais, Alice?” Gritou, nervoso. “Trago ela para cá e continuo fazendo com que ela arrisque a vida todo santo dia, é isso? Ele bateu no monitor, derrubando tudo o que estava na mesa. “Esse é o final feliz dela?”

 

 

“Se for isso o que ela quer, sim” Dei de ombros. “Deixe que ela decida, Edward”

 

 

“Eu deixei, Alice, e veja onde estamos” Lágrimas pesadas rolavam por seu rosto. “Só ela está naquela maldita cama, e estou aqui, pateticamente saudável, então não venha me dizer que não tenho razão ao querer ela longe de toda essa bagunça”

 

 

“Quer saber?” Ri, incrédula. “Foda-se, você não é uma criança e não sou sua babá, cansei de tentar fazer você ver, então, decida o que quiser, mas quando a perder, não vou dizer que sinto muito”

 

 

“Acredite, conheço a sensação de perdê-la” Murmurou para mim. “Não vou passar por isso de novo. O melhor nesse momento é que ela fique longe de mim, Alice, nunca mais deixarei que meus planos a machuquem”.

 

 

“Você é só mais um idiota, simples assim” Bati a porta com força, encontrando Jaz e Emm do outro lado, apoiados no parapeito da sacada.

 

 

“Que imbecil” Jaz falou alto, descendo as escadas com raiva.

 

 

Segurei o braço de Emmet, que me guiou na escada, compartilhando do sentimento de exaustão. Estava tão cansada. Eram dias dormindo no Hospital, vendo aquele idiota que chamo de irmão todos os dias na porta do Hospital, dentro do carro, sem conseguir entrar. Quanto tempo ele se culparia? Nunca deixaria que a vida fosse simples?

 

 

Já era difícil demais lidar com as consequências de Isabella, agora teríamos que lidar com as inseguranças de Edward. Era muito cansativo. As vezes me perguntava se de fato não seria melhor para Bella estar longe de toda aquela loucura, pelo menos no início. De uma coisa eu tinha certeza: não aliviaria para ele. Já estava na hora dele lidar com as consequências de suas escolhas.

 

 

Entrei no carro, sentindo toda a tensão pairar no ar. O que diríamos para Bella?

 

 

“Bem, vamos colocar um sorriso no rosto, pois é disso que ela precisa agora” Virei para olhar, e Jaz ensaiou um sorriso tão falso, que me fez gargalhar. “Não vou nem comentar, viu?”

 

 

Arranquei o carro, já me sentindo melhor só de estar com eles.

 

 

Versão de Isabella:

 

 

O fisioterapeuta definitivamente me irritava. Com aqueles milhões de testes e perguntas. Na verdade, depois que Alice saiu do quarto, prometendo voltar mais tarde, o local simplesmente foi invadido por profissionais de todo tipo: neurologista, ortopedista, fisioterapeuta e até um psiquiatra. Isso sem contar os diversos curiosos cheios de perguntas para o mais novo milagre do Hospital.

 

 

Minha cabeça ainda pesava duas toneladas, mas já conseguia respirar facilmente sem a máscara de oxigênio, e com as medicações de hora em hora, eu era uma mistura de sonolência com confusão. Entretanto, sabia muito bem quem faltava chegar, e me sentia ansiosa a todo momento que a porta abria. Ele tinha que vir.

 

 

Assimilar tudo o que tinha acontecido era assustador. Só em pensar que eu tinha dormido por dois meses, e que poderia não ter acordado, o pânico voltava a atacar minha respiração. Eu estava apavorada. Tinha tanto medo de não voltar a andar novamente, que só em pensar, minha perna voltava a latejar. Mas ficaria tudo bem, certo? Sempre ficava. Não poderia aceitar sem antes lutar. Precisava recuperar meus movimentos. Se eu me dedicasse, conseguiria.

 

 

Mas aquele fisioterapeuta só falava em ir com calma. Só queria começar o mais rápido possível, para voltar ao Cartel, para saber tudo o que tinha acontecido com Carlisle. Alice tinha dito que não conseguiram encontra-lo. Fitei minhas mãos, com a lembrança vívida de ter enterrado um canivete em seu peito. Meu coração acelerou e senti que estava suando. Sabia que aquela lembrança não era nada agradável. Só precisava que meus amigos chegassem, para que eu pudesse tranquilizar finalmente meu coração com a certeza de que eles estavam inteiros.

 

 

Foi após a aplicação de alguns injetáveis, que ouvi a porta abrir e o rosto de Alice surgir, animado. “Garota, trouxe visita, não são das melhores, mas...” Alguém escancarou a porta, correndo em minha direção, assustando a enfermeira.

 

 

“Bella, caralho!” Ele se ajoelhou ao lado da minha cama, me abraçando.

 

 

“Senhor, por favor, cuidado com a força e com as palavras, você está em um Hospital” A enfermeira olhou carrancuda para ele, que nem se moveu. Gargalhei, sentindo seu abraço de aço ao meu redor.

 

 

“Também senti sua falta, Jaz” Brinquei, e todos paralisaram.

 

 

“O que?” Ele segurou meu rosto em pânico. “Bella, pelo amor de Deus, quem sou eu?” Soltei uma gargalhada ainda maior. “Você está me tirando, não acredito” Alice gargalhou comigo. “Você é cruel, garota”

 

 

Jaz veio mansinho, caminhando em minha direção. Não falou nada, mas notei seus olhos emocionados. Ele estava aliviado.

 

 

“Jaz, precisava te ver, graças a Deus vocês estão bem” Abracei seus ombros. Com todo o cuidado, não me apertou para não me machucar. “Precisava ver vocês para sentir que revivi” Falei em seu ouvido.

 

 

“Não sabe o quanto estou feliz em te ver acordada” Me encarou com os olhos marejados. Notei que faltava uma quarta pessoa e a porta já estava fechada. Resumindo: ele não veio.

 

 

“Ele não vem, certo?” O clima pesou e a tensão se instalou. “Tudo bem, eu entendo, tem muita coisa no Cartel” Notei que Jaz revirou os olhos, enquanto deixava as flores em um vaso ao lado da minha cama. “É muito para assimilar”

 

 

“Não releve a imbecilidade dele, por favor” Jaz afirmou, caminhando até a janela. “Isso me dá ânsia”

 

 

“Menos, Jaz” Alice se chateou, enquanto a enfermeira ouvia atenta. “Ela acabou de acordar, deixe falar o que quiser”

 

 

Sim, tentava amenizar o clima péssimo afirmando que estava tudo bem, mas no fundo sabia que não estava. Sabia o quando Edward poderia esconder-se em si mesmo e nunca mais voltar à superfície novamente e isso me apavorava. Sentia que tinha pequenos vislumbres dele, mas nunca o tinha por completo, o que me deixava extremamente ansiosa. Sabia que teria que lidar com todos aqueles sentimentos, mas talvez não lidar com tudo isso no primeiro dia fosse de fato a melhor opção. Aliás, não queria que me visse daquela forma, deitada, descabelada, sem condições de levantar.

 

 

Em breve estaria de pé e voltaria a ser a Bella que todos conheciam.

 

 

Era questão de tempo.

 

 

“Ouvi falar nos corredores, que se tudo ocorrer bem, os médicos darão sua alta em duas semanas” A enfermeira tentando quebrar o clima. “Mas de vez em quando, pode ir até o jardim do Hospital para pegar um ar, os pacientes adoram”

 

 

“Seria maravilho, posso ir agora?” Ela sorriu.

 

 

“Acredito que hoje não seria um bom dia, ainda fará alguns exames mais tarde, então é bom aguardar mais uns dias” Revirei os olhos, já me sentindo entediada. “Me chamo Beth, e você pode me chamar sempre que quiser dar uma volta por aí, será nosso segredo” Passou um zíper nos lábios, jogando a chave fora.

 

 

“Isso será muito gentil, Beth” Alice sorriu, enquanto Beth finalizava o acesso em meu braço.

 

 

“Pronto, agora não precisará de um novo furo todo dia”

 

 

“Meu braço agradece” Fiz joinha e ela se despediu de todos.

 

 

“Bem, agora que Beth foi embora, podemos pedir a pizza?” Emmet passou as mãos na barriga. “Tive que subir escondido e todo esse esforço me deu fome”

 

 

“Aparentemente está fora do horário de visita, mas subornamos a Beth” Gargalhei, pensando que meus amigos eram completamente loucos.

 

 

“Ok, pode ser de calabresa?” Alice começou a discutir com Jaz sobre o sabor da pizza, apenas apreciava a cena de ver meus três amigos vivos, com saúde. Ali, sabia o valor daquele momento.

 

 

Mas o coração permanecia pesado: sabia que havia uma quarta pessoa para conversar e fazer isso não seria nada fácil.

 

 

 

*

 

 

 

Era exatamente meia noite quando Beth expulsou todos do quarto. Minha mãe tinha ido em casa para trocar de roupa, mas logo voltaria. Senti a imensidão do quarto e de toda a solidão dos últimos dias. Analisei minha perna, sentindo que ela latejava bastante. Não mencionei na frente dos meus amigos, mas assim que saíram, pedi que Beth injetasse algo que me fizesse sentir melhor.

 

 

Ela retornou ao quarto com a medicação e agradeci aos céus, a dor era enlouquecedora. Ela verificou a temperatura, e achou melhor fechar as cortinas para evitar que a claridade da manhã atrapalhasse meu descanso. Nesse momento notei que analisava o lado de fora com curiosidade. Olhei meu celular, nenhuma mensagem. O coração afundou mais um pouco.

 

 

“Acho engraçado isso” Levantei o rosto, tentando entender o que ela via. “Todo santo dia ele está aqui”

 

 

“Ele quem?” Perguntei sem entender sobre o que ela falava.

 

 

“O mascarado da moto” Deu de ombros. “No início os seguranças ficaram preocupados e mandavam ele sair, mas é absurdamente insubordinado” Meu coração falhou uma batida, como assim um mascarado na moto? “Só queria entender o que ele vem fazer aqui, pois nunca entra”

 

 

Sentei, com desespero, sentindo minha costela latejar.

 

 

“Me deixe ver” Chamei com as mãos. “Vamos, me leve até a janela, por favor”

 

 

“Que?” Virou em minha direção, ainda distraída, se assustando com minha animação. “Mas você não pode descer da cama ainda”

 

 

“Por favor, não dá para empurrar a cama?”

 

 

“Até dá, mas dá um trabalho danado e...”

 

 

“Rápido, Beth, pelo amor de Deus” Gritei, trazendo-a para a realidade. Ela correu em minha direção, obedecendo.

 

 

“Você é louquinha de pedra, não é?” Gargalhou, arrastando minha cama o mais próximo da janela.

 

 

“Sim, acredite, nem foi pelo baque na cabeça” Ela fazia força, me empurrando. Alguns minutos se passaram, até que eu conseguisse ver com clareza, mas era apenas um vulto, indo em direção à saída. Era tarde demais.

 

 

Mas eu sabia, tinha absoluta certeza que conhecia aquela moto. Não poderia ser coincidência. Era ele.

 

 

“Droga, ele foi embora” Ela encarava atrás de mim. “Não se preocupe, ele com certeza vai voltar amanhã”

 

 

E dessa vez eu só queria que Beth estivesse certa.

 

 

Deitei novamente, sentindo a frustração me atingir. Não tive muito tempo, pois o médico entrou no quarto para fazer novos testes comigo. Era só o inicio de uma noite bem exaustiva.


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Notas finais do capítulo

Ok, parte II começando e você sem comentar e recomendar a história? Pode isso?

Corre lá e faz um comentário pra fazer essa escritora feliz, tá? Aproveita e indica a história para sua amiga que gosta de ler, vai que ela se apaixona por esse casal tanto quanto a gente?

No mais, estou mais uma vez aqui com vocês e quero muito levar esse história até o fim. Também estou com ideias para uma nova história, o que acham?

Seria uma mais curta para nos "relaxar" de toda a tensão de EP kkkkkk
Pensando em postar semanalmente um capítulo de cada, o que acham?

Conversem comigo nos comentários, ok?
Um beijo!

Instagram: @bianoronha



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