Paixão Pós-morte escrita por RoBerTA


Capítulo 19
Terceira Noite


Notas iniciais do capítulo

Oi pessoas lindas! ^^ Vocês viram que tragédia no meu nome no nyah?! Era para ser xXRoBeXx, mas o enter é um pária, e causou um RoBeX. Caramba, parece SEDEX. >< Fora essa tragédia, boa leitura ^^
Se gosterem, deixem review ^^ (vai que cola)



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 A gravidade parecia ter me abandonado, e a sensação que eu tinha, era de estar flutuando. Perdido no tempo e no espaço. Sem saber o porquê de estar caminhando, no meio do nada, sendo a lua minha única companheira. E as estrelas. Sim, as estrelas que sempre pareciam me deixar sem folego. Eu podia olhar para elas, e permitir que meus pés me guiassem, enquanto eram guiados pela voz.

A voz...

Ela era tão próxima de mim, e de uma forma bizarra éramos ligados. Eu sentia isso, quando a ouvia, ou sentia ela se aproximar, sorrateiramente.

Meu corpo passou a ficar mais pesado, e só então descobri que estava chovendo. Uma chuva fina que pouco a pouco se tornava forte, cujos pingos passaram a ser incessantes e grossos, e era só isso que sentia no momento.

Volte, meu lado racional gritava. Avante, a voz sussurrava.

Em meio a toda minha confusão interna, o sussurro importância ganhou, calando o grito que sucumbiu a inexistência.

Embora desconhecesse o percurso, conhecia o destino. Meu corpo parou abruptamente em frente a um prédio imenso. Mas não um prédio qualquer, claro que não. Era o prédio onde meu pai trabalhava. Ele podia chama-lo tranquilamente de primeiro lar, que não estaria mentindo.

Por mais que devesse, não consegui ficar surpreso quando vi meu próprio pai, saindo do prédio, acompanhado de uma loura alta, quase de sua altura. Eles riam como se nada mais importasse, e fiquei me perguntando se ele sabia do meu sumiço de curto prazo.

Meu corpo se pôs atrás de uma árvore, enquanto meu pai a levava até a porta de um carro, ambos embaixo de um guarda-chuva, abraçados. Após ele abrir a porta do passageiro para ela, a beijou nos lábios. Em seguida fechou a porta e se dirigiu para a porta do motorista. Uma lágrima se misturou em meio à chuva enquanto os observava partir.

Viu só, Felipe? Você não pode confiar em ninguém, além de mim. Só eu me importo contigo. Só eu posso garantir a sua felicidade. Só eu jamais mentiria. Vê a verdade agora?

Queria poder responder, juro que queria, mas não podia. Embora o corpo fosse meu, eu só tinha controle sobre meus pensamentos no momento.

Vamos, tem mais.

E novamente eu fui. Foi com uma leve surpresa que percebi que estava voltando para casa. Mas não entrei, meu corpo deu a volta na casa, se postando em frente a uma árvore, que dava na janela do quarto de meus pais.

Comecei a subir, mesmo nunca ter subido em árvore nenhuma na vida. Que a verdade seja dita, eu não era muito fã de alturas altamente altas.

Uma farpa entrou no meu dedo da mão direita, mas fui obrigado a ignorar a dor. E quando um galho agarrou a manga do meu casaco, que só agora percebi ser ainda do uniforme da escola, meu braço imediatamente se lançou para trás, batendo em outro galho na tentativa de se livrar da manga presa. Percebi, com horror, que estava agindo igual a uma marionete, cujos movimentos eram tão artificiais, que nem pareciam humanos.

Parei em frente à janela, e vi minha mãe lá dentro, estirada na cama, chorando. Sua tristeza era praticamente palpável. Minha mãe nunca chorava, nem quando quebrou o braço esquerdo, ao cair da bicicleta.  

É sua culpa. Você a faz sofrer. Seu pai a faz sofrer. E ambos não percebem, enquanto ela disfarça, por vocês. Egoísta, é isso que você é.

Não! Eu queria gritar, mas novamente não podia. Queria não ser mais capaz de ouvir suas palavras, mais dolorosas que a farpa no meu dedo.

Desci da árvore, me deixando levar. Desistindo de tentar lutar com seja lá o que estava acontecendo comigo.

Sem perceber, parei em frente à casa da Gabriela. Ela estava deitada na grama, olhando para a lua. Então percebi que a chuva havia cessado, mas o ar se mantinha úmido. Novamente ela possuía aquele olhar perdido, igual à primeira vez que a vi.

Ela também sofre por sua causa. A garota está apaixonada por você. Embora tente, não consegue se desvencilhar desse sentimento. E você insiste em ignora-la. Culpado, de novo.

A voz não mente. Disso eu sabia, mas ela podia estar enganada, certo? Gabi não podia gostar de mim dessa forma, éramos amigos! Nada mais. Eu teria percebido, se fosse verdade.

Não, eu não minto. E tampouco me engano. Eu sei mais do que você pode imaginar. E como podia perceber, se tudo que via era Manuela?

Mentira. Mentira. Mentira.

Eu repetia na minha mente sem parar, tentando transformar uma mentira em verdade. Meu fracasso foi épico.

Mas me esqueci de tudo que estava pensando, quando parei em frente ao cemitério, iluminado pelo luar.

Quando passei do portão, senti um frio incomum. Meu corpo seguiu em frente, chegando aos túmulos, onde tudo era branco. Tentei não entrar em pânico quando de repente, todas as velas no local se acenderam. A luz bruxuleante de todas elas formavam desenhos sinistros nas sombras que produziam.  O próprio fogo era sinistro, anormalmente alongado. Ao longe um relâmpago cortou o céu, completando o cenário de filme de terror.

Meus passos se tornaram lentos, como areia numa ampulheta. O tempo parecia se esconder em cada sombra no caminho, ate eu cegar finalmente em frente a um tumulo. Mas não um tumulo qualquer.

Era onde o corpo de Manu descansava.

E agora, percebe? Percebe o ser egoísta que é? Se você realmente a amasse, a libertaria, a deixando ir. Ela não pertence mais a esse mundo, e sofre aqui. Mas está presa a você. E você não a deixa ir. Mas existe um forma de consertar tudo isso. Uma forma de fazer feliz aqueles que prejudicou. Tudo que precisa fazer, é ir.

Ir? Ir aonde?

Então percebo. Percebo como quase morri na Primeira Noite. E embora não lembre, quase morri também na Segunda Noite.

E a voz era quem sempre armava isso.

Ela me queria morto, entendi. E foi pra isso que ela voltou, hoje. Só não sabia se iria sobreviver. Uma paz anormal se apoderou de mim, enquanto sentia meus pés se moverem sem a minha permissão.

Enquanto adentrava em meio às árvores, me lembrei de um colega dizendo que havia um penhasco ao norte do cemitério. E era para lá que estava sendo conduzido.

Não senti medo por estar prestes a morrer, apenas lamentei não ter me despedido de quem amava.

Quando estava na beirada do penhasco, fui capaz de fechar meus olhos, e deixar que a brisa noturna se despedisse de mim.

Realmente sinto muito, mas é o único jeito. Certas pessoas simplesmente não deveriam sequer ter nascido, muito menos estarem aqui. Mas não acabou, ainda não.

- Felipe! Não!

O encanto foi quebrado, e meu corpo voltou a ser meu, enquanto sentia a voz me abandonar e meu pescoço se virou.

Manuela estava lá, parada. Quase me esqueci de como se respirava de tão feliz que estava em revê-la.

Depois fiquei pasmo, quando a observei melhor.

Ela estava de cabelo amarrado, calça jeans e tênis! Eu nunca pensei que a veria sem vestido alguma vez na vida.

Corri na sua direção, ciente que ela estava diferente de uma forma que eu nem era capaz de compreender, e que eu não seria capaz de toca-la.

Parei na sua frente, enquanto minha respiração formava nuvenzinhas de vapor.

- Você precisa voltar para casa! Agora! Ou se não ela vai voltar, e nem eu serei capaz de para-la.

- Ela quem? – perguntei pela enésima vez.

Por um instante, pensei que não fosse responder, enquanto seus olhos adquiriram uma sombra sinistra. Na verdade, eu preferiria que ela não tivesse respondido, mas quando o fez, o mundo parecia ter sido pausado, e o próprio ara parecia agarrado e preso no tempo.

- A Morte.


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Notas finais do capítulo

Ok, eu sei que isso vai parecer chantagem emocional, mas não é! Então, se vocês derem uma passadinha nessa fic http://fanfiction.com.br/historia/281952/Desavencas_As_Avessas , eu prometo postar outro capítulo do Amor à 19ª vista. Ok, isso é chantagem emocional...