Paixão Pós-morte escrita por RoBerTA
Notas iniciais do capítulo
Nossa, postei rapidinho dessa vez ^^ Vou tentar não demorar mais tanto. Enfim, boa leitura e desculpe os erros, se tiver ^^
- Acorda! Vamos, levanta daí!
Com muito esforço abro os olhos, e a primeira coisa que vejo é a lua, que parece estar caindo. O que me faz pensar que já é noite. Noite? Lua? Estrelas?! Caramba, o que estou fazendo aqui, deitado no chão, no meio do nada, de noite? Olho para a garota, que esta me fitando de forma preocupada. Nossa, ela é bonita. Bem maneiro essas cores diferentes no seu cabelo. Mechas, é, acho que é esse o nome.
- Quem é você?
- Ta tirando uma com a minha cara? É isso? Como assim quem sou eu?!
- Ei, não grita! Vai acordar os morcegos.
Ela me olhou com um ponto de interrogação na cara.
Suspirei para a falta de conhecimento dela.
- Morcegos são maus. Eles podem chupar nosso sangue e nos matar de hemorragia.
- Ta legal, agora eu to preocupada.
Tento me levantar, mas volto a cair de cabeça no chão.
- Alguém pode me explicar o que to fazendo aqui, nesse chão cheio de mactérias?
- Mactérias?
- É, micróbios mais bactérias, sacou?
Ela me dá um bofetão na cara, o que me faz pensar que ela precisa visitar a Dra. Marcy imediatamente.
- Ei! Por que você me bateu?
- Para ver se teu cérebro volta pro lugar. Mas parece que você não tem cérebro.
- Obrigado pela parte que me toca.
- De nada.
Ficamos nos encarrando, eu com uma dor de cabeça ridícula, e ela de forma preocupada. Praticamente posso ouvir as engrenagens de seu cérebro funcionando, tentando descobrir o que fazer comigo.
- Ok, quem é você?
- Gabriela, seu estúpido.
- Ó!
Ponho a mão na minha cabeça, que começa a latejar. Aos poucos as lembranças vão voltando. Gabi é minha amiga, ou mais ou
menos isso. Foi ela quem disse pra todo mundo que eu era gay. Uma blasfêmia da pior espécie, com certeza. E ela é a melhor amiga da...
Manuela!
A lembrança me atinge como um tapa na cara, mais violento até do que o de Gabriela.
Levanto com alguma dificuldade, e ela me ajuda a não cair.
- Que horas são?
- Devem ser umas oito horas da noite.
Avá que é da noite. Tsc, tsc, tsc. Depois quem não tem cérebro sou eu.
- Sua mãe está super preocupada. Ta toda gambada te procurando.
- Gambada?
- É, o povo sabe. Tipo, moradores locais.
- Hnm. E meu pai? Você o viu?
- Acho que não. Aliás, sua mãe é um doce.
- Eu sei. Mas como você me encontrou?
Ela vai me ajudando a sair daquele nada, enquanto posso ver algumas pessoas na rua, através dos galhos das árvores, chamando meu nome.
- Intuição.
Hoje é o dia. Uma resposta mais interessante que a outra. O que me faz lembrar... Sibila! Sinto um arrepio que nada tem a ver com o tempo, enquanto recordo da mulher. Paro, obrigando Gabriela a parar junto.
A voz! Foi ela quem me fez desmaiar!
Quando tento lembrar qualquer coisa sobre as quase oito horas que estive vegetando em estado vegetativo, a dor de cabeça volta.
- Você está legal?
Não.
- Sim.
-Ótimo, vamos então.
Ela volta a me puxar como se eu fosse um saco de alpiste.
- Será que eu vou receber alguma recompensa por te encontrar? – ela parece pensativa.
- Que bela amiga, já pensando nos prós do meu estado lamentável.
- Sim, sim, anda.
Ela me empurra, e percebo que a rua em que estou não é muito longe da minha casa.
- Aquela é minha casa. – ela aponta para uma casa azul céu.
- Eu perguntei?
Recebo um tapa em resposta.
Quando estamos na metade da rua, a gambada, como diz Gabi, se amontoou a minha volta.
- Lipe, meu Lipe! Ó meu Deus, eu fiquei tão preocupada contigo! – Lauren pula em mim, quase quebrando minhas costelas com seu abraço de parasita. A para! Ela ta chorando! Não creio nisso.
- Ô sua loira de esquina, larga ele.
Gabriela da um chega pra lá nela, que a fuzila com os olhos. O que a pobre Lauren não sabe, é que em matéria de fuzilamento, Gabriela é campeã.
Pra sorte da elegância, que estava prestes a fugir e ser substituída pelo barraco, minha mãe chega e me abraça de forma amorosa. Agora eu fico aqui pensando, o que é que precisa acontecer para meu pai se lembrar que existo? Sim, porque parece que sumir por oito horas não é nada demais para ele.
- Eu quero ir para casa mãe.
Ela não me interroga nem nada do tipo, querendo saber onde estava. Apenas concorda e agradece por todos que a ajudaram a me procurar. No fim, sobra apenas eu, minha mãe, a Gabi e a Lauren no meio da rua.
- Bom fofo, segunda a gente se vê. Me liga. – ela faz um gesto de telefone e tasca um beijo no meu rosto. Eca, to me sentindo melado.
Minha mãe ergue as sobrancelhas pra mim.
- To pensando em me benzer.
Ela rola os olhos, mas posso ver como está feliz. Passa o braço sobre meus ombros, enquanto Gabi fica ali, parada e sozinha.
- Acho melhor eu ir também.
Ela já está indo em direção à sua casa quando um impulso toma conta de mim.
- Espera!
Ela para e se vira para mim.
A luz fraca do poste acima dela projeta sombras em seu rosto. Mesmo assim pude ver seus olhos. Estão carregados de dor e tristeza que não sou capaz de compreender, quanto mais tentar ajuda-la.
Faço a única coisa que posso no momento.
Vou até ela e dou um abraço. Num primeiro momento ela fica imóvel, mas depois corresponde, e sinto suas lágrimas molharem minha camisa.
- Vai ficar tudo bem, eu prometo.
Acabo de descobrir que sou o garoto das promessas. Aquele que promete o mundo pras pessoas, mas é incapaz de dar um jeito na própria vida.
- Você não pode me ajudar. Mas mesmo assim obrigado.
A brisa noturna carrega suas palavras até mim. Pisco os olhos, enquanto a vejo entrar na sua casa, mas não antes de me olhar uma última vez. Um último olhar de adeus.
- Vamos filho?
Até aquele momento havia me esquecido que minha mãe também estava li, nos observando. Concordo e me aconchego no calor de seu abraço.
Enquanto caminhamos rumo ao nosso lar, as sombras parecem se esticar, querendo me tocar. É com muita dificuldade que me convenço que estou delirando, e sombras não se movem por alguém.
- Você está bem?
- Não – sou incapaz de mentir para ela.
- Talvez devêssemos marcar uma consulta antes.
- Não. – dessa vez minha negação sai cansada, e minha voz parece de um velho. Sinto com se tivesse mil anos e o peso do mundo sobre minhas costas. Luto contra o impulso de fechar as pálpebras e tirar um cochilo ali mesmo, no portão de minha casa.
- Onde você estava?
- Dormindo.
Ela franze o cenho para mim.
- Dormindo? Onde?
- No aconchego de seu abraço.
Agora nem eu sei o que estou falando. Aposto que fui picado por uma arranha naquele chão imundo, e agora estou delirando.
- Daquela garota, a Gabriela?
Dou uma risadinha sem graça.
- Gabriela é apenas uma amiga. Agora boa noite, mãe. Estou com sono e preciso dormir.
Me desvencilho de seu abraço, e entro na casa destrancada. Sinto o peso de seu olhar nas minhas costas, mas ignoro. Sua confusão é praticamente palpável. Ela nunca sabe como lidar com meus problemas. Às vezes tenho até pena dela.
Quando entro no quarto, a janela está aberta, e o luar banha o quarto, quase me fazendo esquecer o sono. Quase.
Me jogo na cama, sem me importar com a roupa que estou vestindo.
Meus olhos estão fechados, e é como se alguém tivesse posto mel neles. A cama parece areia movediça, me paralisando e me guiando rumo à inconsciência.
Felipe, meu menino. Preciso que faça algo por mim. Vamos, levante. Você será muito bem recompensado...
E que venha a Terceira Noite.
E dessa, algo me diz que não vou me esquecer.
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E aí, o que acharam?