Point Of View: Annabella Stewart.

Odeio o cheiro de hospitais. Odeio a decoração de hospitais. Odeio ter que vir pra hospitais. Odeio o que acontece quando estou em hospitais.

Minha última lembrança de um lugar como este não foi das melhores.

Desde o momento em que chegamos não obtivemos nenhuma informação. Niall estava em choque e Liam não falava conosco, apenas tentava tranquilizá-lo. Enquanto isso, estamos todos aqui na sala de espera do St. Lawrence. Eu, Harry, Eleanor, Louis, Danielle, Daisy – uma tia de Jade – e Perrie. Eu não sei muito bem o motivo dela estar aqui, mas isso não importa. Ela parece estar bastante abalada com tudo isso, não disse uma palavra desde que chegou.

- Bell... – ouvi a voz rouca de Harry bem próxima ao meu ouvido. – Você tá bem? Tá gelada, pálida. – disse me apertando mais ainda. Estávamos abraçados.

Balancei a cabeça negativamente. Esse lugar chega a me dar ânsia de vômito.

- Preciso de ar puro. – sussurrei.

- Vamos. – disse ele se levantando, me levando junto enquanto segurava uma de minhas mãos. – Querem alguma coisa pra comer? Não comeram nada até agora. – perguntou.

- Traz alguma coisa pra mim. – Eleanor pediu. Observei Perrie se levantando.

Ele assentiu e então fomos andando até à lanchonete do outro lado da rua.

Chegamos lá e vimos Perrie saindo apressada, com um pote pequeno de sorvete.

- Por que não me pediu pra trazer? Não precisava vir até aqui. – Hazza perguntou.

- Não precisava, mas mesmo assim, obrigada. – respondeu e então continuou seu caminho.

- Estranho... – comentei. – Ela geralmente não é educada conosco. Harry assentiu concordando.

Ficamos em silêncio por alguns segundos enquanto procurávamos algo pra enganar o estômago.

- Não gosta de hospitais? – perguntou ele enquanto pegava uma garrafa pequena de refrigerante.

- Odeio. – falei e dei um suspiro cansado logo em seguida. Tudo o que eu mais queria agora é ir pra casa, mas... Ah meu Deus! Dei um pulo assim que me lembrei, fazendo a garrafa quase escorregar de sua mão.

- O que houve? – me olhou com os olhos arregalados.

- Preciso avisar à minha avó. – respondi e saí da lanchonete.

Point Of View: Perrie Edwards.

Cheguei ao St. Lawrence pouco tempo depois de Daisy me ligar. Por enquanto só ela, Niall e Liam estavam lá.

- Como ela tá? – perguntei assim que os avistei.

O irlandês me olhou com os olhos vermelhos, as lágrimas não paravam de escorrer. Senti logo a ardência em meu nariz.

Não, não vou chorar. – pensei.

- Ele disse que ela tem poucas horas. – respondeu Liam com a voz quase falhando. Parecia que ele também havia chorado. – Estão fazendo o possível pra reverter o quadro. Ela... – ele não pôde terminar a frase. – Desculpa, eu... – o interrompi.

- Tudo bem. – disse e fui me sentar ao lado de Daisy, nos cumprimentamos e então o silêncio tomou conta do local. Apenas o choro de Niall o quebrava, Liam lutava contra as lágrimas. Assim como eu.

Minutos depois a sala de espera foi enchendo. Percebi que me encaravam confusos, na certa não se lembravam de que um dia eu e Jade fomos melhores amigas. Por mim continuaria assim, pra sempre. Até que nossos corações parem de bater.

Talvez depois disso.

Estranho né? Eu não sou assim há muito tempo... Eu não sei, eu... Apenas mudei. Mudei pra sobreviver, pra não ser pisada naquele inferno mais conhecido como escola. Pode não parecer, mas se você não assumir uma postura rígida e se impor, eles acabam com você. Verbalmente na maioria das vezes, as pessoas não prestam. Aprendi isso desde cedo.

– Querem alguma coisa pra comer? – a voz de Harry despertou-me de meus devaneios. – Não comeram nada até agora. – eu sabia que ele não estava se referindo a mim, então me levantei dali. Precisava comer.

[...]

– Não precisava, mas mesmo assim, obrigada. – respondi do mesmo modo que Harry me fizera a pergunta. Gentilmente.

Saí de lá com a brisa londrina em meu rosto, parece que quando as coisas dão errado o frio resolve ficar pior né. Só pra dar mais drama nisso tudo.

– Merda. – resmunguei enquanto me sentava no meio fio da rua.

Isso aqui é pouco movimentado pra um hospital. – pensei.

Peguei a colher de plástico que viera junto com o sorvete e peguei uma boa quantidade.

– Que se dane também. – legal, agora eu falo sozinha. E de boca cheia. – minha mente me sacaneando. Era só o que faltava. Continuei ali no meio fio, comendo sorvete no frio e chorando. Mas que dia perfeito né.

Point Of View: Annabella Stewart.

- Não. Uhum. Ok. – esta sou eu falando com a minha vovó linda no celular. Pois é, ela tá dando a louca achando que me machuquei. – Uhum. Não vó, não fui eu. Uhum. Uhum. Ok. Tchau, te amo. – depois de longos 5 minutos de perguntas (que ela não deixou eu responder), finalmente consegui desligar o celular.

- E agora essa porcaria aqui também acabou, legal hein. Que lindo isso. – ouvi alguém resmungar ao longe.

Decidi ir até lá ver quem era.

A pessoa bufou. Fui me aproximando lentamente, mas não pude ver quem era. Culpa do Styles.

- BOO! – o filho de uma cabra saltitante chegou de mansinho pra me assustar. Hm, acho que irei me vingar agora mesmo. Fiquei imóvel. Ouvi risos da parte dele, continuei sem me mexer. – Bella? – arrá! Começou a ficar preocupado. – Bella, o que aconteceu? Me desculpa, eu não queria... Bella? Por favor, fala comigo! – quase senti pena dele agora. – Bella... – murmurou enquanto me abraçava. – Desculpa por te assustar, ok? Agora fala comigo. – pediu. Awn, é uma fofura esse tal de Harold.

Aproveitei que já estávamos abraçados – na verdade ele que estava me abraçando, mas não vem ao caso. – e depositei um beijo carinhoso em seu pescoço, só pra mostrar que tava tudo bem. Juro que não era a intenção, mas ele se arrepiou todo.

- Ui, se arrepiou, é?! – zoei.

Ele arregalou os olhos.

- É claro que n... – sua voz saiu fininha. O que é quase um milagre, porque a voz dele é muito rouca. Nessa hora ele e um pimentão poderiam ser confundidos de tal vermelho que estava.

Harry limpou a garganta e então recomeçou a frase.

– É claro que não. – disse. – Mas você me deu um susto. – falou fazendo um biquinho.

Não, é sério. Tenho que confessar pra vocês: Styles tem uma boca irresistível. Verdade verdadeira essa, pra você ter noção eu quase tive vontade de beijá-lo... Quase, ok?!

- Awn, desculpa anjo. – falei enquanto apertava suas bochechas e só pra sacanear eu lhe dei um selinho, SÓ pra sacanear, tá bom?! Apenas isso.

Rapidamente ele desfez o bico, abrindo um enorme sorriso. Muito bipolar esse meu amigo hein. Eu poderia dizer que ele é quase um irmão, mas irmãos não se beijam, então eu direi que ele é... Hm... Meu melhor amigo (?). Estranho é que há poucos meses atrás eu nunca me imaginaria dizendo isso, a vida pode nos surpreender e muito.

Entramos no hospital novamente, Harry entregou o biscoito e o refri da Els e então sentamos no mesmo lugar de antes.

[...]

Duas horas se passaram e nada de notícias. Todos ali – eu, Niall, Harry, Daisy e Perrie – já estavam agoniados. Eu não sei absolutamente de nada que está acontecendo.

- Ei Nialler. – o chamei quase sussurrando, tinham pedido pra fazermos silêncio. Bati no lugar vago ao meu lado esquerdo, convidando-o pra se sentar.

Ele apenas suspirou e se sentou, apoiando a cabeça no meu ombro.

- O que aconteceu? – me atrevi a perguntar.

Niall me encarou antes de responder, como se buscasse palavras. Ou tomasse coragem.

- Ela tem câncer. Minha... Minha pequena tá com câncer, Bells, câncer! – disse ele quase sem acreditar no que saía de sua própria boca.

Eu fiquei paralisada, como assim câncer? Mas ela parecia tão bem! Sempre brincava e zoava com a gente. Eu simplesmente...

- Não consigo acreditar nisso. – completei meus pensamentos em voz alta.

- Eu também não... – confessou. – Eu também não. – então fechou os olhos. Tadinho do meu bebê loiro, deve estar exausto.

Olhei pra Harry que me encarava sem expressão, ele com certeza ouviu nossa conversa.

- Certamente, a vida pode nos surpreender e muito. – sussurrei.

Novamente o silêncio tomou conta do local. Não por muito tempo, um doutor caminhou até nós com uma prancheta em mãos. O clima pesou nessa hora.

- Responsáveis e amigos de Jade Campbell. – ele disse.

Cutuquei Niall pra que ele levantasse. Daisy já estava de pé. Eu, Harry e Perrie prestávamos atenção em cada palavra que o doutor pronunciava.

- Nós fizemos tudo o que podíamos, mas...