Point Of View: Niall Horan.

De um tempo pra cá eu percebi o quanto eu amo a minha ruivinha, não sei nem como seria a minha vida sem ela. Ok, muito dramático, mas não vou mentir. Ela é especial pra mim. Realmente não sei como seria a minha vida sem ela. Seria, ao mínimo, um tédio.

O engraçado é que há algum tempo atrás eu nunca me imaginaria dizendo ou imaginando isso, mas a verdade é que eu a amo, como nunca amei ninguém em toda a minha vida.

Estávamos nos preparando pra próxima aula, que tipo, não é chata, mas eu prefiro ficar comendo. Então, continuando, estávamos nos preparando pra aula, quando Jade me parou.

– Precisamos conversar. - nesse momento eu perdi todos os sentidos. Essa frase... É assim que relacionamentos acabam. Não, isso não pode acontecer. O que vai ser de mim? Não!

– Niall? - ela me chamou.

– Huh? - saiu quase como um sussurro.

Por favor não diga, por favor não diga.

– Eu preciso te contar uma coisa. - disse depois de respirar fundo milhares de vezes, o que me deixou extremamente agoniado.

Será que...?

– Você tá me traindo? - indaguei horrorizado. - Não! O que... O que eu fiz de errado? Eu sempre fui um bom namorado não fui? - continuei enquanto deslizava pelos armários até o chão. Já sentia as lágrimas tomarem conta de minha face. Percebi que ela me encarava de olhos arregalados enquanto levava uma das mãos até a nuca. - Eu te amo tanto Jade, eu amo. Mas como você...? AI MEU DEUS! EU SOU CORNOOOO! - a partir daí eu não aguentei e me deixei levar pelo momento, eu não controlava meu choro. Não me importei nem com as pessoas que nos observavam.

–Niall! - ela exclamou. Inclinei minha cabeça tentando olhar em seus olhos. - Eu não to... Te traindo. - percebi que tinha dificuldade pra falar, como se estivesse sentindo alguma dor.

– Não está? - perguntei, só pra ter certeza e tal... Então ela confirmou.

Espera... Ela não está me traindo. Ela não está me traindo!

Comecei a pular feito um doido, sentia como se não pudesse parar de sorrir.

– Eu te amo. - disse e selei meus lábios no dela por breve segundos.

Me afastei, olhando em seus olhos. Jade estava pálida, parecia um papel de tão branca.

–Você está bem? - eu disse e ela perdeu um pouco do equilíbrio, então eu logo a segurei.

–Niall... Eu... - ela nem mesmo terminou a frase, apenas caiu desacordada em meus braços.

Eu fiquei desesperado. Não sabia o que fazer, então a peguei no colo e fui correndo pra qualquer pessoa que tinha um carro. A única coisa que eu tinha em mente era levá-la ao hospital.

– Liam, leva a gente no hospital. - eu disse entrando no teatro com Jade no colo. Algumas pessoas começaram a sussurrar umas com as outras.

– O que está acontecendo? - ele perguntou.

– No caminho eu te explico. Vamos logo! - o apressei.

– Tudo bem. - ele disse, mas o dinossauro roxo, mais conhecido como professor Owen Barnes, nos chamou.

– Onde vocês pensam que vão? - ele perguntou.

– Ela está passando mal. Temos que levá-la ao hospital o mais rápido possível. - eu falei quase sem paciência.

– Oh! - exclamou surpreso. Na boa, o Barnes é um cara legal, mas às vezes eu tenho vontade de enfiar umas balas de goma... na guela dele. Não. Melhor não, balas de goma não devem ser desperdiçadas assim. - Então podem ir, vocês têm uma missão a ser cumprida. Vejam só jovens, este é um exemplo nobre de cavalheirismo. Uma vez eu fui ao zoológico, lá tinha uma cacatua, seu nome era Frederi... - Liam o interrompeu.

– Podemos ir? - perguntou impaciente e então o cosplay de Jim Carrey - convivência com aquela ladra de doce - assentiu confirmando.

Saímos correndo. Quando chegamos no carro eu coloquei Jade no banco de trás e a deitei no meu colo.

–Aguenta, meu amor. Aguenta! - eu disse passando a mão em seus cabelos.

Quando chegamos no hospital Liam fazia a ficha dela enquanto a levavam.

[...]

Estávamos esperando há mais de uma hora e nada. Liam tentava me confortar de todas as maneiras.

– Ei cara, vai ficar tudo bem! - sua voz transmitia confiança, mas em seu olhar tinha medo. A verdade é que nenhum de nós sabe o que está acontecendo ou o que vai acontecer. E pra piorar eu sinto que não vai ser bom.

– Estou com um pressentimento ruim. - confessei. Eu caminhava de um lado pro outro, o nervosismo tomava conta de mim.

E por que essa demora? Meu Deus, me ajude!

Me sentei de novo, mas não me acalmei. Fazia de tudo pra me distrair.

Observei o médico se aproximar e prontamente me levantei.

– Vocês estão com a Jade Campbell? - ele disse com a expressão carregada.

– Sim! Ela está bem? O que aconteceu com ela? - interroguei rapidamente.

– Tente ficar calmo, por favor. Devido a falta dos medicamentos, o tumor se alastrou rapidamente pelo coração. E ainda mais com os constantes desmaios, tudo isso afeta e muito no diagnóstico. Sinto em lhe informar, mas talvez ela tenha poucos dias de vida, talvez minutos.

– Como assim "tumor"? E, minutos de vida? Como assim? O que a Jade têm? - eu disse com dificuldade, um nó havia se formado em minha garganta.

– Ela não te contou?

– Contou o que? - perguntei aflito.

– A Srta. Campbell está com câncer, um tumor no cérebro para ser mais específico. Ela descobriu a doença há poucos meses. - me informou com pesar nos olhos. - Sinto muito. - disse por fim e então se afastou.

Câncer? Como assim câncer? Não, ela não está com câncer. Se ela estivesse com câncer ela me... diria.

– Ela ia me contar... Hoje, mais cedo. - sussurrei tão baixo que duvido que Liam ou qualquer outra pessoa ali tenha escutado.

Nesse momento o meu mundo desmoronou.

Point Of View: Terceira Pessoa.

O clima tenso no auditório, deixado pela aparição do pequeno irlandês aos prantos com a ruiva em seus braços, logo foi amenizado por Owen, que tagarelava sobre a importância de não alimentar os animais no zoológico, o que não tinha muito a ver com teatro, mas como dizem, é melhor concordar com doido.

O casal Berry prestava atenção sem muito interesse, enquanto ria de alguns alunos que eram chamados ao palco pra cantar. Eleanor tentava não rir enquanto repreendia Louis por jogar biscoitos nas pessoas sentadas algumas fileiras à frente.

Enquanto isso, no corredor...

– Posso saber por que a mocinha chegou a esta hora? Está meia hora atrasada. – uma das coordenadoras reclamava com uma morena de cabelos cacheados, Danielle.

– Desculpe Sra. Reichert, não vai acontecer de novo, prometo. – a moça forçava um sorriso. Realmente era difícil sorrir na presença de uma criatura tão horrenda, a coordenadora Reichert não tinha um rosto, digamos que, bonito.

Ao longe, Danielle avistou Liam, um sorriso – agora verdadeiro – brotou em seus lábios, ele corria na frente de Niall, o mesmo carregava Jade em seus braços.

Point Of View: Harry Styles.

Teatro.

Aquele papo de ontem ainda martelava em minha cabeça. Eu, Oscar... Devo admitir que existe um fundo de verdade nisso tudo. O modo como eu me sinto quando estou com ela, o modo como ela sorri ou até mesmo o jeito como ela olha pra baixo quanto se sente envergonhada.

– Vai. – fui despertado de meus devaneios com leves tapinhas nas costas. Annabella sorria enquanto apontava com a cabeça para o palco.

– Vem comigo, levanta. – convidei. Sua expressão vacilou.

– Melhor não. – Bella respondeu enquanto meneava de um lado para o outro sua cabeça.

– Tudo bem... – fingi desistir. Então me levantei e parei em sua frente. – Tem certeza? – perguntei novamente, desafiando-a. Negou. – Não levantou por bem, vai levantar por mal! – repeti a mesma frase de hoje de manhã. Antes de pegá-la novamente no colo pude ouvi-la murmurar um “você não vai fazer isso”.

– Harry! – me repreendeu assim que a coloquei no chão, já no palco do teatro. Engraçado, parece que tem mais gente aqui.

Apenas sorri enquanto ajeitava o microfone, então finalmente Bella se rendeu e também ajeitou o seu.

– Baixinha. – zombei enquanto ria de como seu pedestal fora arrumado. – Ai! – reclamei depois de levar um tapa no braço.

– Começa logo com essa bagaça. – quanta delicadeza.

– Espera né, nem sei qual é a música. – comentei, então como que por mágica o Barnes apareceu na minha frente. – SAI DE RETRO SATANÁS! – ops. – Desculpa, foi... Automático. – sorri sem graça, Bella estava se matando de rir do meu lado, juntamente com todo o auditório.

Barnes ficou parado me encarando... E encarando... E encarando... Já estava ficando cansado daquilo até que...

– BOO! – simplesmente gritou na minha cara.

– AAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAH! – eu não consegui controlar, o meu grito saiu um tanto que... Bem, não foi muito másculo da minha parte.

– Harreh grita que nem mulherzinha! – ouvi alguém gritar, acho que era Eleanor. Palhaça.

– Tenho que concordar com a senhorita Calder. – Barnes disse rindo. Nem pra me ajudar a levantar daqui né.

Bufei mostrando indignação.

– Anda logo, problemático você. – Bella estendeu a mão, me ajudando a ficar de pé. – E também grita como uma mulherzinha. – completou rindo.

– Tá, tá. Vamos começar com isso. – tentei desviar o assunto, agora poucas pessoas riam e o resto tentava se controlar, menos Louis que estava tacando comida, acho que pipoca, nas pessoas. Se Niall visse isso daria um ataque. – Já escolheu a música? – perguntei à Bella.

Point Of View: Terceira Pessoa.

– Hora de animar essa merda. – Annabella respondeu dando um sorriso simpático.

E então…

– My milkshake brings all the boys to the yard, and they're like… It's better than yours, damn right it's better than yours. I can teach you, but I have to charge. – o celular de alguém começa a tocar.

– Desculpem! – Harry diz, ele parecia um pimentão.

Barnes bufa.

– Eu me rendo! Estão dispensados. Vamos, Frederico. – então uma cacatua surge de algum ponto do teatro e posa em seu braço. Não discordo destes adolescentes quando dizem que Owen é um professor... Diferente.

– Que toque ridículo! – Bella zomba do rapaz, que agora estava saindo do auditório apressado. A moça vai até as poltronas pra pegar sua mochila. – DANI! – ela exclama enquanto abraça a amiga. – Onde você tava sua louca?! – pergunta assim que partem o abraço.

– É... Na escola? – a morena dá um sorriso amarelo. – Aconteceu algo interessante nesses dois dias que eu passei fora? – Danielle tenta mudar de assunto.

– Hm, acho que não... – Annabella fica pensativa.

Elas ficam conversando com Louis e Eleanor enquanto Harry não volta.

– Por que os meninos passaram correndo com a Jade? – Danielle pergunta. Sua curiosidade foi atiçada.

– Acho que ela passou mal. – Louis responde. – De novo. – acrescenta.

– Como assim d... – Danielle é interrompida por um Harry preocupado.

– Hospital. Agora. – e isso é o bastante para que o grupo comece com o turbilhão de perguntas.

– O que aconteceu? – Eleanor tenta correr mais rápido pra alcançar Harry.

– É grave? Tá tudo bem com o Niall? Como é que tá a Jade? – Louis dispara.

– E o Liam? O que aconteceu com eles? – Danielle pergunta ofegante assim que eles saem de lá.

O casal não proferia uma palavra sequer. De algum modo sabiam que não seria nada bom o que encontrariam ao chegar lá.