(DES)EDUCANDO Uma Princesa escrita por Vamp Writer


Capítulo 22
Capítulo 21: PROVOCANDO


Notas iniciais do capítulo

Heeey sweethearts!
.
Como vcs estão? Eu posso dizer que estou bem feliz, no clima de pós-aniversário e ainda ganhei todos esses reviews maravilhosos.... Sabem o resultado? Mais de cinco mil palavras para vcs devorarem, sorry pela minha empolgação AHSUHSUASHASUAS
Espero que gostem do capítulo :)



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Bella




– Acoooooooooooorda!

Fui despertada na manhã seguinte da maneira não convencional, por aquela que até dois segundos atrás eu sentia muita falta - Alice Cullen. Ouvi Preciosa rosnar para ela em algum lugar próximo a mim, mas a garota não parecia se importar muito com isso e nem a impediu de me atingir com um sonoro tapa no bumbum.

Aquilo realmente foi o cúmulo. Ninguém jamais tocaria a Princesa daquela forma.

– O que você acha que está fazendo? - disparei, abrindo um único olho e fixando sobre ela.

– Batendo bifes para o almoço, ora essa! - ela revirou os olhos e enfiei o travesseiro sobre a cabeça, pensando em quantas justificativas diferentes poderia usar para mandá-la para a masmorra. - O que você acha que eu estou fazendo? Deus, como eu odeio gente burra logo de manhã... Agora levante dessa cama antes que eu a mate por excesso de inércia.

Outro golpe me atingiu no mesmo lugar. Bufei e levantei da cama, furiosa.

– Pare com isso! - sibilei para ela.

– Isso! Esse é o fogo que eu quero ver em seus olhos cada vez que você olhar para o tonto do meu irmão - ela aprovou, me pegando pelos braços e me arrastando até o banheiro. - Agora se mexa, Vossa Inércia Real, porque a fase um do nosso plano está começando.

– O que você espera que eu faça... - meus olhos caíram sobre o relógio na parede - às 08:13?

Reparei então que Alice estava perfeitamente vestida, maquiada, enérgica e sobre saltos altos antes das oito e quinze da manhã em um domingo. Algo estava muito errado.

– Para começar, escove os dentes, lave o rosto e... Cruzes! Use algumas gotas de base nessas olheiras de panda garota, porque você está parecendo um zumbi.

– Talvez por que eu queira mesmo devorar o seu cérebro? - rebati.

– Guarde essa ironia aí Princesinha, ninguém deu autorização para você disperdiçá-la comigo - ela fechou a cara e me empurrou dentro do banheiro. - Você tem dois minutos!

Por um momento, um pensamento negro nublou minha mente: seria melhor se Alice não tivesse voltado e eu ainda estivesse com Jacob - com certeza ele não me acordaria desse jeito e nem me estressaria como essa baixinha fez nos últimos sessenta segundos. Mas, empurrando para longe aquilo, fiz o que ela pediu e saí antes que a Terceira Guerra Mundial começasse pelo meu quarto.

– Você pode me explicar por quê tanta agitação num domingo de manhã?

Alice parecia alheia ao que eu dizia, apenas focada no que eu vestia.

– Por quê você está me olhando desse jeito? - franzi o rosto.

– Estou pensando se sua camisola está adequada ou não para a situação.

– Como assim?

Ela veio até onde eu estava e circulou ao meu redor, me avaliando por todos os ângulos e mexeu no meu cabelo algumas vezes. Pegou a barra da camisola azul clara que eu vestia e a levantou alguns centímetros, até que eu batesse em sua mão.

– Ei!

– Está boa, vamos lá - ela pegou minha mão e me arrastou para a sala. - Escovou os dentes? Deixe-me sentir - de uma forma nada delicada, Alice apertou o meu maxilar, obrigando-me a abrir a boca como se eu fosse uma criança que passa pela inspeção da mãe antes de dormir. - Bom, nenhum bafo. Olheiras sobre controle, bochechas levemente coradas e seu cabelo parece cooperar. Agora pegue isso e vá fazer o seu papel, garota.

Olhei sem entender para a xícara de porcelana que ela depositara em minhas mãos.

– E o qual especificamente seria o meu papel? - perguntei, olhando-a confusa.

– Jesus, como você é lerda pela manhã! - ela estalou os lábios, nada satisfeita. - Hello! O velho plano da vizinha gostosa que bate na porta de um cara pra pedir um pouco de açúcar?

– O nosso pote de açúcar acabou de ontem a noite pra hoje? - questionei.

– Não, o pote está tão cheio quanto deveria estar.

– Então o que eu vou...

Um gigantesco sorriso malicioso cresceu no rosto de Alice, quando eu percebi aonde ela pretendia chegar e o que esperava que eu fizesse.

– Ah, não! Nem pensar! De jeito nenhum, sua maluca!

– Ah, pare com isso, sua boba! - ela me puxou pelo braço quando eu voltava ao quarto. - Não comece com frescura logo agora, ou eu acabo com você.

– Eu é quem vou acabar com você! - gritei com ela, arremessando a xícara no chão. Parei quando percebi o que fizera: perdi o controle absurdamente, pela primeira vez na vida. Olhei dos cacos no chão para uma Alice chocada diante de mim. - Eu não vou fazer isso. Você acha que eles estão acordados? E outra, e se alguém me vir assim? E se o Emmett atender a porta em vez do Edward? Quem te garante que isso vai funcionar?

Alice levou um longo minuto em silêncio, antes de cair na gargalhada.

– Uhh, pelo visto alguém perdeu a linha - ela zombou e foi até o armário da cozinha, pegar outra xícara. - Mas respondendo as suas perguntas, sim, eu acho que eles já estão acordados. O Edward sempre teve um maldito relógio biológico para despertar de madrugada. Duvido que alguém vá te ver assim, as pessoas ainda estão dormindo no nosso andar. E outra, se for o Emmett quem atender a porta, dê logo um jeito de entrar naquele apartamento e ficar no campo de visão do nosso alvo. Eles não te deixariam ficar assim no corredor, eu tenho certeza.

Olhei para a nova xícara que ela me estendia, mas não a peguei.

– E o que você espera que eu faça? Sair de casa assim só para fingir pegar açúçar?

– Aí entra a fase dois, a mais brilhante do nosso plano - ela sorriu largamente, como se pudesse me cativar com tudo o que estava prestes a despejar. - Você precisa estar perto do meu irmão a todo custo, isso é o essencial. Faça charme, jogue o cabelo, cruze as pernas, arrume o decote ou qualquer coisa do tipo que atraia a atenção do tapado e o faça pensar só com a cabeça de baixo. Mas detenha-se a um detalhe especial: você pode olhar, mas não tocar. Enlouqueça aquele babaca com todo o seu girl power.

– Você é absurdamente insana - declarei, enquanto a olhava com descrença.

– Obrigada. E para fechar a sua visitinha casual com chave de ouro, o Jake vai te ligar e te convidar para sair ainda hoje. E claro, você vai ficar toda empolgada na frente da platéia.

– Como assim o Jacob vai me ligar?

– Santa Paciência! Não esperta, eu vou te ligar e fingir que sou o seu Imperador. Tudo o que você tem a fazer é fingir animação, ficar derretida e falar as coisas certas para eles ouvirem. Depois a gente liga pro Imperador e faz as coisas acontecerem de verdade.

Olhei para ela boquiaberta.

– Ok, eu não vou fazer isso. Estou voltando para a minha cama.

Bella McCarthy, não ouse me dar as costas enquanto eu falo com você! - ela ralhou.

– Nós duas sabemos que eu não sou essa garota - lembrei a ela.

– Exatamente por isso é que você vai fazer isso, honey. Estamos em Nova York, e você joga conforme as regras do meu jogo.

Peguei a xícara que estava em sua mão, meu celular que ela havia depositado sobre a bancada, saltei os cacos de porcelana no chão e me dirigi à porta.

– Você está me devendo algo grande, Alice Cullen - afirmei, antes de sair.

Ignorei sua risada e me dirigi até o apartamento ao lado, puxando ao máximo minha camisola para encobrir as pernas nuas, e ao mesmo tempo, não deixar nada do decote visível. Claro que não era possível. Gostaria de ter passado uma escova em meus cabelos.

Toquei a campainha uma vez e aguardei.

Nada. Voltei a tocar pela segunda vez. Terceira. Nada ainda.

Estava quase voltando ao meu apartamento aos pulos de felicidade, quando a porta finalmente se abriu. Meus olhos subiram da calça jeans, pela vasta quantidade de pele exposta no abdômem e peito, chegaram aos lábios entreabertos de choque, correram pelos cabelos cor de bronze úmidos e bagunçados e por fim estacaram diante dos olhos verdes.

Santa Bharsóvia, eu não ia conseguir fazer aquilo. Nem com toda a determinação do mundo.

Você pode olhar, mas não tocar.

Edward Cullen pode te olhar, mas ele não deve te tocar. Eu tinha que fazer aquilo acontecer.

– Bella? - ele finalmente balbuciou, fazendo um esforço hercúleo para manter o contato visual. Eu o ouvi engolir em seco algumas vezes e seus dedos se fecharem em volta da porta.

– Bom dia, agente - eu sorri, tentando parecer o mais inocente possível. Seus olhos eram tudo que eu precisava ver, nada do resto que saltava diante de mim. - Eu estava pensando... Nós estamos sem açúcar em casa, será que você poderia me emprestar um pouco?

Estendi a xícara diante dele, mas ele ainda estava petrificado para reagir. Suspirei.

– Edward? - chamei-o, estalando os dedos diante de seus olhos.

Seus olhos finalmente pararam de percorrer o meu corpo, o que me fez corar, e voltaram ao presente. Ele piscou algumas vezes, como se eu tivesse pedido algo em outra língua.

– Eu?

– O açúcar? - balancei a xícara na sua frente.

– Ah, isso - ele riu e passou a mão pelos cabelos, em um gesto incrivelmente charmoso. Pare com isso! - Vamos, entre antes que alguém te veja assim.

Sem que eu esperasse, ele me puxou rapidamente para si, colocando a cabeça para fora apenas tempo o suficiente para checar se havia alguém espionando. Depois com um único movimento, fechou a porta atrás de mim e me encurralou entre o seu corpo e a parede. O cheiro de sabonete misturado a algo mais invadiu o meu olfato, bagunçando todos os meus sentidos e hormônios. Adeus concentração! Eu vacilei ali mesmo, entregando-me precocemente ao fracasso do plano de Alice.

– O acúçar - murmurei, quando senti sua respiração sobre meu pescoço. O empurrei delicadamente para longe de mim, grudando a porcelana fria em sua pele quente.

Com um suspiro de derrota, ele sussurrou contra o meu ouvido, me deixando arrepiada.

– Claro, como você quiser - e virou-se para a cozinha, me deixando com a visão de suas costas. Encostei-me a parede para recuperar a respiração.

– E o Emmett, já acordou? - desconversei, dando tempo para que tomasse distância.

– Dormindo feito uma pedra no quarto dele - ele respondeu, enquanto estava ocupado na busca pelo açúcar. - Demorei porque você me pegou saindo do banho.

Um sorriso torto que ele lançou para mim me deixou quente até os fios do cabelo.

– Des-desculpe por isso - gaguejei.

Ele finalmente achou o pote com o açúcar e veio até onde eu estava, parando em frente a mim e do outro lado da bancada da cozinha.

– Como assim vocês ficaram sem açúcar? - ele perguntou despreocupadamente, enquanto desrosqueava a tampa, mas seu olhar jamais deixando o meu.

Mantive meu olhar focado somente no frasco branco sob suas mãos.

– Sei lá - menti, dando de ombros. - Acordei esta manhã para tomar meu suco e não havia nada no pote. Como Alice não estava em casa para correr ao mercado, pensei em vir aqui e pedir ajuda.

Enquanto o observava fazer os movimentos, fiquei surpresa comigo mesma, enquanto mentia descaradamente. Consegui até sorrir no final.

Voilá - ele brincou, me entregando a xícara transbordando.

Mercí - agradeci a ele, estendendo a mão para pegá-la.

Mas suas mãos não soltaram as minhas, assim como seu olhar não deixou o meu. Ficamos naquela guerra de olhares, esperando que alguém fraquejasse e desviasse o olhar primeiro, mas nenhum dos dois estava disposto a ceder. A eletricidade no ar estava carregada, como se uma bolha nos isolasse do resto do mundo. Observei em câmera lenta Edward se aproximar de mim, seus olhos cada vez mais intensos e me incitando a chegar mais perto.

Você pode olhar, mas não tocar.

A bolha de torpor se estourou quando meu celular começou a tocar, um barulho estridente em meio ao silêncio. Levei dois segundos para me lembrar onde eu o havia colocado - entre o bojo na minha camisola, já que eu não possuía bolsos e estava com a mão ocupada. Observei o olhar nada discreto do Agente Cullen sobre a região e corei mais que pimentão.

– Alô? - atendi em um único fôlego, quando dei as costas ao homem atrás de mim.

– Finja que eu sou o cara mais importante da sua vida! O gostosão do Black! - Alice ralhou.

– Jake! - fingi um tom alegre, obedecendo ao que ela falava.

– Muito bem, agora se você estiver de costas para ele, gire o corpo e deixe que ele veja o seu rosto - ela instruiu. - Mas não fique diretamente de frente para ele! Repita: sim, eu estou bem, e você querido?

Reprimi a vontade de revirar os olhos e girei um pouco o corpo, ficando de lado.

– Sim, eu estou bem. E você?

– Faltou o querido - resmungou ela. - Agora aposto como ele está se mordendo de raiva.

Lancei um olhar rápido na direção de Edward, que me encarava nada feliz.

– Aham - ri para ela.

– Ótimo - ela riu do outro lado da linha. - Agora repita, bem surpresa: Um encontro? Hoje?

– Um encontro? Hoje?

– Muito bem, faça um pouco de charme como "Ahh, eu não sei", jogue os cabelos ou cruze as pernas, se você estiver sentada. Mostre algum desinteresse e finja que você não tem plateia.

Me ajeitei melhor sobre a banqueta, cruzando as pernas para o outro lado e enrolando uma mecha de cabelo distraidamente entre meus dedos, assistindo o quanto o olhar dele seguia cada gesto meu. Alice estava certa, ele não conseguia disfarçar.

– Ah, eu não sei... O que você acha? - olhei diretamente para Edward, sorrindo quando ele fechou a cara e sussurrou um "de jeito nenhum!". Meu cérebro estava a todo vapor. - Um almoço? No La Pasta? Isso realmente parece divertido. Alguém está me convencendo, Black.

Eu sorria largamente, me divertindo com toda a história.

– Grande atriz, me lembre de te inscrever no Oscar! - Alice cantarolou. - Ótimo mesmo. Agora termine essa conversa, diga que me ama e quer me ver logo e saia correndo daí, em grande estilo. Deixe o bofe com gosto de quero mais.

– Certo, combinado então. Te vejo logo. Também estou contando os minutos - e desliguei o telefone, guardando no mesmo lugar de antes. Dessa vez não desviei o olhar do dele nem fiquei com vergonha, mas captei algumas emoções que passaram por seu rosto. Desejo. Raiva. Fúria. Frustração. Desejo novamente, e por fim, algo escuro. - Então...

Sorri para ele por um instante, saltei da banqueta para o chão e contornei-a, parando ao seu lado. Olhei para ele, como se não tivesse acontecido nada demais.

– Obrigada, Edward - sussurrei, ficando na ponta dos pés e depositei um beijo estalado em sua bochecha, próximo à boca. - Você é muito gentil. Mande um olá para o Emm.

Peguei a xícara do açúcar e sem deixar que ele visse o quanto eu estava vermelha, virei-me e segui até a porta. Só parei quando estava na segurança do meu apartamento.

– Essa é a minha garota! - me recepcionou uma Alice radiante, como se eu tivesse acabado de regressar vitoriosa de uma grande guerra. - Como você fechou o encontro?

Larguei-me no sofá, acariciando Preciosa que me aguardava.

– Fui até ele, sussurrei um obrigada na ponta do seu ouvido e lhe dei um beijo perto da boca. Eu acho que ele ficou louco, ou pelo menos vai ficar, quando se recuperar do choque - ri.

– Uh, menina malvada.

– Você quem está criando esse monstro, lembre-se disso - olhei para ela.

– E me orgulho disso - ela sorriu. - Agora pegue seu telefone e ligue de verdade para o seu namorado e consiga esse encontro, no La Pasta. Garota, você foi mais esperta do que eu esperava! Aposto meus Louboutin que ele vai dar um jeito de te seguir lá.

Resmunguei e me afundei mais no sofá, desejando ser engolida por ele. Liguei então para Jacob, esperando que ele pudesse me ajudar a seguir em frente.

– Black - ele atendeu no quarto toque, sua voz carregada de sono.

– Ah, Jake! Me desculpe se eu o acordei - lamentei na mesma hora, culpando a mim mesma por não ter olhado a hora primeiro e esperado para ligar mais tarde. - Sinto muito!

– Bella? - ele então pareceu acordar um pouco mais e trouxe algum ânimo à sua voz. - Nossa, eu nem acredito que você está mesmo me ligando! Que surpresa boa.

Droga. Um grande prêmio para a Pior Namorada do Ano.

– É, eu sei - sorri, morrendo de vergonha. - Estou ligando para tentar perder alguns pontos na dispusta de Pior Namorada do Ano. Tem algo para fazer hoje?

– Uau, minha namorada está me chamando para sair? - ele zombou.

Isso era uma das coisas que eu mais gostava nele: seu senso de humor.

– Sim, ela gostaria de te levar para um almoço no La Pasta. Você tem algum compromisso?

– Eu? Imagina, posso deixar para correr atrás de uma certa mulher em outra ocasião. Já que minha namorada está me querendo, eu é que não sou maluco pra dizer não.

– Ah Jake, eu sinto muito... Não quero que você pense que eu não te quero mais.

– Ei Bella, que isso - ele me repreendeu baixinho, muito carinhoso. - Eu estava só brincando. Jamais pensaria esse tipo de coisa de você, por nada.

Eu fiquei em silêncio, lágrimas nos olhos.

– E então, você também vai passar para me pegar aqui em casa? Eu ainda me orgulho de ser o homem da nossa relação, não sei se você sabe disso - ele brincou, quando percebeu que eu tinha ficado muda. - Posso ir te buscar, princesa?

Enxuguei uma lágrima que escapava do meu olho e sorri para o telefone.

– Pode. Uma da tarde, o que você acha?

– Estarei aí cinco minutos antes, só para espantar os outros caras.

– Obrigada. Estou com saudades - falei sincera.

– Eu também, vamos resolver isso. Até mais.

Assim que desliguei, Alice já estava se jogando sobre mim no sofá, em puro júbilo.

– Alguém tem um encontro de verdade com o Imperador! - riu ela, me fazendo cócegas. - Mas que orgulho da minha pequena criação! Venha, vamos produzir você para arrasar.



[...]



Precisamente faltando cinco minutos para o horário que havia marcado com Jake, eu estava saindo do elevador para o aconchegante hall do prédio. Deixei que Alice brincasse de boneca comigo, e ela aproveitou. Enfiou-me dentro de um vestido verde profundamente escuro, de um único ombro e que se moldava a cada centímetro da minha pele. Para combinar, ela escolheu sapatos de salto altíssimos nude, tão claros quanto minha pele, e me emprestou uma pequena bolsinha de mão da mesma cor. Prendeu meu cabelo em um elegante coque de lado, um pouco desarrumado, mas que segundo ela era glam.

– Alice, acho que você está exagerando demais - reclamei com ela, quando ela procurava pela bolsa perfeita. - Eu vou almoçar em um domingo a tarde, não jantar com o Presidente.

– Ahh, mas quanta bobeira - rebateu ela, de algum lugar dentro do seu enorme closet. - Você está simples mas perfeitamente elegante. E outra, se fosse jantar com o Presidente, eu nunca deixaria você sair de casa assim!

Então ali estava eu, arrumada demais para o meu gosto, indo encontrar com o meu namorado. Como o prometido, Jacob chegara antes do horário. Seu sorriso ao me ver deveria ser considerado um crime.

– Uau - ele assoviou quando eu me aproximei dele, pegando minha mão e me obrigando a dar uma volta. - Você está linda demais, Bella. Tem certeza que vamos só ao La Pasta?

Quando parei na sua frente de novo, Jacob me puxou para seus braços e selou meus lábios com os seus. Deixei que ele me beijasse, afinal eu também o queria.

Jacob beijava muito bem, de um jeito carinhoso e tranquilo. Porém não tinha o algo a mais. Pare de fazer comparações, Isabella!

– Eu já estou arrependida o bastante por ter deixado Alice brincar de boneca comigo - murmurei, enquanto ele colocava uma mecha do meu cabelo de volta ao lugar. - Mas você também está ótimo, Jake. Vamos logo antes que eu desista dessa roupa.

– Quer um jeans e uma camiseta? - ele provocou.

– Ela nunca permitiria que eu saísse de casa viva vestindo isso - eu ri.

A viagem até o restaurante foi bastante tranquila, e antes que eu percebesse, já havíamos chegado. Sugeri o lugar porque já havia ouvido Alice falar dele, mas não imaginei que fosse tão sofisticado como era na verdade. Agradeci silenciosamente por estar bem vestida.

Buon pomeriggio, benvenuto a La Pasta. Reservas? - perguntou uma mulher impecavelmente vestida na entrada, olhos fixos em um caderno e um sorriso de plástico colado aos lábios.

– Black. Jacob Black, mesa para dois.

Ela desviou os olhos do caderno e eu vi sua expressão ao ver Jake. Não gostei.

– Ah sim, está aqui senhor Black - ela disse alguns segundos depois, cheia de sorrisos e simpatia. Parecia nem me enxergar ao lado dele. - Por aqui, por favor.

Fuzilei-a com os olhos enquanto ela seguia a nossa frente, rebolando desnecessariamente pelo salão do restaurante cheio. Levou-nos até uma mesa ao lado de uma janela com vista para um pequeno jardim e tocou Jacob muitas vezes além do necessário.

– Bella? - Jake me chamou alguns segundos depois, um sorriso no rosto.

– Sim?

– Algum problema? - perguntou, vendo que eu não desviava o olhar da mulher.

– Espero que não - murmurei, voltando a encará-lo. - A menos que você peça para a sua amiga parar de te encarar a cada segundo, como se você fosse um pedaço de carne à venda.

Jacob riu, divertido, mas parou ao ver que eu não o acompanhava.

– Ei, não precisa ter ciúmes - ele pegou minha mão, acariciando-a sobre a mesa. - Para mim, ela é um cara como outro qualquer. A única mulher que eu quero que olhe para mim como um pedaço de carne está aqui, diante dos meus olhos.

Revirei os olhos para ele.

– Você sabe que eu nunca te olharia desse jeito.

– Você sabe que eu amo quando você fica com ciúmes. Fica ainda mais linda.

Sorri para ele, toda boba.




Agente Cullen




– Anda logo com isso, Emmett - chamei pela décima oitava vez da porta, sem paciência.

– Puta que pariu, Edward, como você é chato! - ele resmungou, se arrastando atrás de mim.

Desde que Bella deixara o meu apartamento, depois daquela cena ridícula do açúcar emprestado, não fiz outra coisa a não ser pensar em como acabar com a raça do canalha do Black. De um jeito bem doloroso, eu esperava.

Primeiro a garota chega lá, no meu apartamento, vestindo uma camisola e sexy pra cacete, com a velha história do "o meu açúcar acabou, você pode me arranjar um pouco?". Ah claro, aquilo era tão verdadeiro quanto o Emmett ser o Einstein reencarnado e eu a rainha da Inglaterra. Daí, quando eu acho que estou no controle da situação e vou me dar bem, porque era no que eu me concentrava com todas as forças naquele momento, o inconveniente do Corrompedor de Donzelas liga e resolve bancar o namorado idiota. Além de levar a garota de mim e me deixar na maior seca, ainda ia exibí-la por aí como sua.

Óbvio que eu não ia deixar aquilo acontecer.

Então, tudo o que eu precisei fazer foi colocar meu parceiro lerdo em movimento e armar um plano de ataque. Comecei descobrindo onde o tal restaurante ficava, e agradeci ao Google Maps pela sua existência. Depois, tive que arrumar os disfarces - porque claro, Emmett e eu não poderíamos chegar lá no lugar de cara limpa para vigiar a Princesa - e bolar a estratégia do plano. E agora, graças ao tapado do meu parceiro, não conseguíamos sair de casa porque ele não achava a porra de um chapéu certo. Pura viadagem, eu disse a ele.

Como não sabíamos a hora em que o Corrompedor viria buscar a Princesa, decidimos pela velha tática de sair com o carro da garagem ao meio dia e aguardar de longe do outro lado da rua. Eu usava um terno cinza claro, gravata, um bigode cor de bronze que eu guardava para ocasiões como essa, meus óculos Ray-Ban e tinha feito um esforço gigantesco para domar meu cabelo com quase uma tonelada de gel. Emmett estava bem menos formal, com camisa branca, paletó azul marinho, calças jeans escuras, óculos de grau falsos e o chapéu que o faziam lembrar algum tipo de escritor. Aliás, nossa fachada era essa: um encontro de negócios entre o escritor e o advogado que representava uma grande editora.

Depois de quase uma hora de espera no carro debaixo do sol, ao som dos resmungos inacabáveis do marmanjo de dois anos ao meu lado, o Black finalmente dignou-se a aparecer e dar início à minha operação. Antes ele tivesse dado um bolo na garota.

– Olha só como ele se comporta que nem um babaca, fazendo ela dar voltas só pra olhar a bunda da garota naquele vestido - comentou Emmett ao meu lado, a cara fechada.

– Aliás, onde ela arruma roupas assim? - resmunguei. - Deveríamos confiscá-las.

Ambos fizemos cara de repulsa quando o cara puxou a garota para si, praticamente engolindo-a em plena rua de família à luz do dia.

– Acho que eu vou vomitar - murmurou Emmett, agarrando o volante e colocando a cabeça para baixo. - Se eu fosse a Bella, daria um belo chute no meio das bolas desse otário.

– Eles estão indo, vamos! - falei, quando entraram no carro.

Cerca de vinte minutos depois, esperamos que o casal de pombinhos entrasse no restaurante antes de parar na entrada do lugar. Era bem sofisticado e deveria ser bastante caro. Emmett entregou a chave ao motorista e olhou para mim, de cara feia.

– Sua pasta, senhor advogado! - murmurou ele, indicando a pasta que eu deveria carregar comigo para todo o canto. Voltei para o carro às pressas e peguei-a.

Quando alcancei Emmett, ele franzia a cara para a hostess entediada.

– Como assim precisa de reserva? - eu o ouvi perguntar.

– Senhor, nós não atendemos a clientes sem uma reserva, porque somos muito procurados e gostamos de tratar a todos com exclusividade. Há clientes na fila de espera há pelo menos um mês, então eu sinto muito.

Mentira, ela não sentia nada. Duvido que o Black não burlou essa bagaça aí.

Olhei então para a mulher, avaliando se ela era do tipo seduzível por um pouco de charme ou comprável por uma determinada quantia de dólares. Era alta, morena, magra e deveria estar na casa dos seus vinte e cinco anos. Não usava nenhum tipo de aliança, e pela forma que lançava olhares furtivos para nós dois, deveria estar na seca há algum tempo.

Seduzível por um pouco de charme.

Buon pomeriggio - saudei, parando ao lado de Emmett e tirando meus óculos escuros para olhá-la nos olhos. - Meu cliente e eu gostaríamos de uma mesa, mas infelizmente não temos reserva.

Ela titubeou por alguns segundos, quando viu meu sorriso tímido.

– Sinto muito, senhor, mas só trabalhamos com reservas- ela murmurou, corando.

– Poxa vida, Ashley... - li seu nome sobre a plaquinha dourada grudada ao peito. - E você não pode fazer nada pela gente?

– O restaurante nem está tão cheio assim - Emmett entrou na jogada.

– E estou aqui para fechar um grande negócio com esse homem, que há de se tornar um escritor notável neste país - insisti, caprichando no charme. - Ficaríamos bem felizes com uma mesa discreta, ninguém precisa saber desse nosso segredinho.

– E poderíamos ser muito gratos a você, não é mesmo Dr. Nicholls?

– Perfeitamente correto, Sr. Collins - concordei com ela.

– Eu... eu não deveria... não... - ela gaguejou, olhando de mim para Emmett.

Emmett sacou uma caneta do bolso de seu paletó e pegou delicadamente o pulso da garota, escrevendo algo rapidamente na palma de sua mão. Percebi uma sequência de números, seu celular para falar a verdade. Olhei para ele, que rapidamente piscou para mim antes de virar a mão de Ashley e a beijar delicadamente.

– Adoraria retribuir a esse favor, minha cara Ashley - ele finalizou.

A mulher praticamente derreteu diante de nós, olhando sem acreditar do número em sua palma para o cara que sorria torto para ela diante de seus olhos. Com uma rápida olhada para os lados, ela checou o caderno e rabiscou dois nomes, antes de escrever os nossos.

– Por aqui, senhores - pediu, virando-se com uma piscadinha para nós.

Seguimos Ashley - a Seduzível - pelo restaurante, meus olhos rapidamente vasculhando o lugar a procura de nossos alvos. Ela nos direcionou a uma mesa no canto esquerdo, com visão privilegiada. Quando ela finalmente nos deixou em paz, voltei a minha busca.

– Achou eles? - perguntou Emmett, enquanto também varria o lugar.

– Ainda não...

– Ali - dissemos os dois ao mesmo tempo, quando identificamos nosso foco.

A uma distância razoável do salão para não sermos vistos com facilidade, porém infelizmente longe demais para ouvirmos a conversa deles, estava o futuro-ex-casal. Pareciam estar em uma breve discussão, mas quando o Black segurou as mãos da Princesa por cima da mesa e disse algo, ela sorriu como uma boba e ele voltou ao jogo.

– Qual o plano? - perguntou Emmett, erguendo o cardápio para disfarçar.

Repeti o seu gesto e olhei para ele.

– De início, vamos apenas observar. Porém ao menor sinal...

– Um de nós pega a Princesa e sai correndo, e o outro fica para quebrar a cara dele em mil pedaços? - ele propôs, um sorriso no rosto.

– É um começo, sr. Collins.

– Excelente tática, Dr. Nicholls.





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Notas finais do capítulo

E então? Como foi o capítulo?
Devo dizer que há uma continuação, não se preocupem! haha
.
Como sempre, quero agradecer a todas vcs que comentaram no capítulo passado, YOU ROCK! O nível foi maravilhoso e me deixou beeeem feliz (acho que deu pra perceber pelo capítulo gigante e interminável, né?), mas já vou me desculpando se acharam o capítulo maçante demais. Não deu pra controlar, quando eu vi já tinha saído tudo isso e nem terminei AHSUAHSUAS
Mas enfim, outra coisinha que eu quero comentar é a minha demora pra postar aqui para vcs. Sei que vcs são as melhores leitoras do >Universo< e aguentam com uma paciência de Jó a minha ausência, mas é que o meu tempo para cá só acontece nos finais de semana e quando não é compromisso, é falta de ideias decentes... Eu tento dar o meu melhor pra essa fic que é tão especial, e infelizmente sinto muito se a espera de vcs é maior do que qualquer coisa :(
Obrigaaaada por tudo e não deixem de comentar, ok? Dúvidas, críticas e sugestões são sempre bem vindas! Beeeijos ♥