(DES)EDUCANDO Uma Princesa escrita por Vamp Writer


Capítulo 12
Capítulo 11: JANTAR IMPERIAL


Notas iniciais do capítulo

Meeeninas, me desculpem pela demora enorme pra postar!
Eu estava louca com as minhas provas, mas agora já estou de férias e tudo vai voltar ao seu normal :) Prometo me dedicar mais a escrever pra DP e postar aqui pra vcs!
Muuuuuuito obrigada por todos os comentários do capítulo anterior! *----* Vcs são as melhores, mesmo!
Fiquei feliz ao saber que eu peguei vcs de surpresa, com o Branco e a Bella AHSUAHSUAHSUAS E pelo visto, ninguém torce por uma relação mais profunda entre eles haha E se vcs já acharam a Bella saidinha no capítulo anterior, vão se surpreender ainda mais com esse!
Boa leitura e não esqueçam de ver as notas finais!



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Bella



Eu ainda estava me afogando em um turbilhão de sentimentos desconexos quando saí do elevador e silenciosamente abri a porta do apartamento de Alice.

Eu estava me sentindo um pouco tonta e alegre, por causa do vinho.

Eu estava confusa, em relação ao que aconteceu – ou quase aconteceu – entre mim e Branco.

Eu estava me culpando, por fugir de Edward e Emmett, e ainda mentir para Jake.

Eu estava tensa, por acabar de me lembrar que eu ainda iria vê-lo dali a três horas.

Eu estava horrorizada, pela promiscuidade sem limites e de proporções gigantescas crescendo dentro de mim a cada minuto.

E eu estava sorrindo como uma idiota e com a ponta dos dedos perto dos lábios quando Alice me encontrou no corredor, e um sorriso enorme surgiu no seu rosto.

– Me conta TUDO! – exigiu ela, não me dando tempo nem para respirar enquanto me arrastava para o sofá da sala.

– Alice, eu preciso tomar um banho – eu resmunguei, mas sabia que era inútil.

– Depois. Agora desembucha! Conta tudo, com os detalhes mais sórdidos – ela balançou as sobrancelhas para mim, apontando para o lugar ao seu lado.

Eu suspirei e me deixei afundar no sofá, querendo desaparecer dentro dele.

– Nós fomos a um restaurante italiano que ele gosta, mais ou menos perto daqui – contei, evitando a todo custo olhar para o seu rosto interessado demais. – A comida de lá é muito boa, o serviço de manobrista é ótimo, os garçons são gentis e...

– Tá, pára de me enrolar e pula logo toda essa chatice – interrompeu ela.

Respirei fundo e comecei pelo menos pior.

– O JW pediu uma garrafa de vinho para nós e eu bebi com ele – confessei.

– Dã, e daí que você bebeu uma taça de vinho? Isso não faz de você menos virgem.

Por um longo momento, eu não fiz nada além de olhar seriamente para ela. Ela revirou os olhos pra mim, agitando as mãos em um gesto impacientes para que eu continuasse.

– Eu não bebi apenas uma taça. Bebi mais da metade da garrafa.

– AimeuDeus! – Alice explodiu, quase me jogando para fora do sofá. – É mentira!

Eu lhe dei um sorriso triste.

– Quem me dera que fosse mentira. Não dá para perceber a minha cara de bêbada?

Alice me olhou atentamente por um longo tempo, sem dizer nada.

– Bem, agora que você falou... Você está bastante vermelha, mas talvez seja só vergonha... Teríamos que fazer o teste do quatro – acrescentou ela.

É, vergonha eu tinha bastante. Pelo menos nesse momento, que ironia.

– Teste do quatro? – repeti, sem entender.

– É, ver se a pessoa consegue fazer um quatro com as pernas assim – ela revirou os olhos, levantou e demonstrou.

– Ah, eu com certeza não consigo fazer isso agora sem cair em cima de você.

– Então você está mesmo chapada – ela riu. – Sabe o que isso significa?

– Emmett me disse que era algo como estar bastante louco, fora de si... – respondi, franzindo a testa. – Alice, a minha cabeça está bagunçada. Mas estou melhorando.

– Não, não foi ao significado da palavra que eu me referia – ela piscou para mim e me deu um tapinha no ombro. – Eu estava querendo dizer que por você estar chapada, você deve ter aprontado bem mais do que um escândalo em restaurante.

Eu quase pulei de susto ao seu lado.

– Como você sabe dessa parte? – arquejei.

– Então você realmente fez isso? – ela arregalou os olhos, surpresa. – Arrumou um escândalo em um restaurante super elegante? Onde estão os seus impecáveis modos de Princesa?

– Bem, não foi um escândalo tão escandaloso assim – me enrolei um pouco, o que a fez rir ao meu lado. – Ok, você me entendeu... Eu não saí destruindo metade do restaurante ou subi em cima de uma mesa e...

– O que realmente seria surpreendente – debochou ela.

– Alice, eu estou tentando te contar as coisas – eu a repreendi, fazendo-a rir novamente. – Certo, eu conto. Um homem e sua acompanhante me chamaram de bêbada e eu lhes disse que não era educado julgar aos outros.

– Ou seja, você chamou a eles de mal educados na cara dura – observou ela.

– Não necessariamente com essas palavras – eu discordei, mas afinal a quem eu queria enganar? – Ahn, você tem razão. O sentido era basicamente este.

– Pois eu teria feito bem pior. Teria mandado eles...

– Alice!

– Está tudo bem, não seja tão puritana! – ela resmungou. – Bella, falar palavrões e mandar as pessoas à lugares não desejáveis não é nenhuma sentença de morte.

– Tudo bem, mas isso não quer dizer que eu tenha que concordar com isso.

– E eu repito: não seja tão puritana – ela revirou os olhos, impaciente. – Mas continue. Como terminou a tarde? Você quebrou a cara de alguém?

– JW me arrastou para fora do restaurante, quase que literalmente – o queixo dela caiu, e aproveitei o raro momento em silêncio para continuar. – Então no caminho de volta para cá nós conversamos e meio que fizemos às pazes.

– Como? O que foi que ele disse? – sua curiosidade era maior que o meu desconforto.

– Ele disse que eu ficava sexy bêbada – senti meu rosto esquentar. – E então surgiu o assunto chocolate, e quando eu pedi para pararmos para comprar chocolate, porque me deu uma necessidade louca... Ele se ofereceu para que eu o mordesse.

Esperei por outra explosão de Alice, mas esta não veio. Quando olhei para ela, ela me encarava boquiaberta, como se seu maxilar não pertencesse mais a seu rosto.

– Ele... realmente fez isso? – balbuciou ela.

– Sim – assenti.

– Por todos os deuses, aquele cara é mais quente do que eu esperava! – arfou ela, me pegando totalmente de surpresa.

Eu sinceramente esperei que ela me desse uma bronca, talvez até coisa pior.

– E aí, o que mais? Fala logo, Bella! – ela praticamente quicava ao meu lado.

Respirei fundo uma vez, e falei tudo em um só fôlego.

– Ele me encurralou contra a parede do carro e se aproximou de mim. E quando eu pensei que ele ia fazer algo, ele abriu a porta e eu saí.

– Não pode ser só isso! – contestou ela, totalmente incrédula.

– Antes de sair, ele me deu um beijo quase na boca – confessei.

– Agora sim! – Alice parecia eufórica, com a minha total tragédia grega. Ela se levantou e me puxou com ela. – Mas não se deixe abalar! Ainda falta a segunda parte do seu dia de desrespeito à regras. Um jantar muy caliente com o Imperador Black.

Gemi, querendo morrer, enquanto deixava Alice me arrastar de volta para o quarto.

– Primeiro – enumerou ela, me levando para dentro do banheiro – você precisa tomar um banho de água gelada. Pra lavar toda essa vergonha reprimida aí dentro de você e o que for possível dos resquícios do vinho.

– Eu vi uma vez em um filme eles fazerem isso com uma garota bêbada – assinalei.

– Pois é, isso funciona na vida real, veja só! – ela disse sarcasticamente, me jogando dentro do box enquanto deixava o quarto. – Fique pelo menos uns dez minutos aí debaixo, enquanto eu escolho seu próximo traje.

Fiz o que ela me pediu. A água gelada foi pior do que eu esperava, mas se Alice disse que funcionaria, eu me forçaria a ficar. Eu precisava estar no controle de mim mesma esta noite. E ficar sem beber álcool pelos próximos vinte anos.

Saí do banheiro enrolada no roupão, enquanto enxugava meus cabelos com uma toalha. Eu estava tremendo mais do que tinha me dado conta. Alice estava em pé na frente do meu guarda roupa, falando algo baixinho, enquanto Preciosa resmungava algo com ela. Passei por elas e me sentei na cama, contente por estar mais sóbria.

– Por favor, não me diga que você é do tipo de bêbada deprimida que fica lamentando e chorando pelos cantos – ela se virou e jogou uma pilha de tecido negro na minha direção. – Vista isso aqui. Eu espero que minha intuição esteja certa.



[...]



– Alice, eu não vou conseguir sair de casa assim – empaquei pouco atrás dela.

– Bella, eu já disse que tenho tudo armado – ela se virou impaciente e voltou até a porta do apartamento, onde eu mantinha resistência. – Dá para confiar em mim?

– Você não é o tipo de pessoa que eu chamaria de confiável – disse a ela.

Olhei dela enfaticamente para o meu traje. Alice forçou-me a usar um vestido de seda negro, tomara que caia, e mais curto do que tudo o que eu já usei em toda a minha vida. Era justo como um corpete até a cintura, e depois caía em camadas soltas que terminavam indecentemente dois palmos acima dos joelhos. Com muito custo, eu consegui convencê-la de que eu iria – usei toda a minha autoridade de Princesa Bharsoviana – usar aquela meia calça, quer ela gostasse ou não. E peguei o casaco mais comprido que achei no guarda roupa.

– Eu sou confiável sim, princesinha – disse ela acidamente, torcendo o nariz para mim e abrindo um sorriso maldoso. – E vossa alteza está muito sexy. Bem gostosinha.

– Pare com isso. Eu não sou algo comestível – trinquei os dentes, passando por ela.

– Isso com certeza não é o que os homens pensam – discordou ela, ganhando um olhar feroz meu. – Ei, não me olhe assim. Eu não sou um cara que vai te atacar.

– Tem razão, você é de um tipo pior – concordei com ela, entrando no elevador e desejando que ela não descesse comigo, ficasse em casa fazendo as unhas ou algo assim. – Eu moro com você. E posso afirmar que você é um lobo em pele de cordeiro.

Alice pulou para dentro do elevador e me lançou um sorriso enorme.

– Obrigada pelo comentário, vou considerar isso um elogio – disse ela tranquilamente, nenhum pouco abalada. – E eu gosto desse seu lado. Você realmente deveria mostrar mais essa DarkBella que enfrenta as coisas e não aceita tudo o que dizem.

– Alice, pare de falar besteiras – eu revirei os olhos.

Faltavam três minutos para as oito horas quando nós chegamos ao saguão, com Alice insistindo para que eu abrisse mais o meu casaco e eu fechando-o mais contra o meu corpo. Ela desistiu, e com um suspiro, virou-se para mim.

– Bem, ainda vale o que combinamos – lembrou ela. – Eu vou ficar em casa e se algum dos babacas aparecer, eu digo que você já está dormindo no seu quarto. Se eles insistirem em te ver, eu vou lembrá-los de que sua gata real passou por uma crise histérica esta tarde e você não conseguiu controlá-la totalmente.

– Não diga isso de Preciosa – eu a interrompi. – Ela é uma menina excelente.

Alice continuou como se eu não tivesse dito nada.

– Eles não vão querer se meter no seu quarto, pode ter certeza. E a senhorita faça a gentileza de me ligar quando estiver voltando, para eu despachá-los caso eles ainda estejam por perto. Lembra-se de tudo?

Eu assenti e ouvimos o ronco de um carro negro parando na calçada.

– Uhh, parece que alguém vai andar de Camaro hoje – falou Alice, com um sorriso torto nos lábios, enquanto balançava as sobrancelhas para mim.

– O quê?

Ela revirou os olhos e indicou o carro com um breve aceno de cabeça. Olhando melhor, percebi que ele era baixo, e duas faixas largas e brancas adornavam o capô e seguiam por toda a parte superior do carro, desaparecendo na traseira.

– Aquilo é um Chevrolet Camaro – respondeu ela, olhando para mim como se esperasse que eu fosse reconhecê-lo. – Sabe, o carro amarelo alienígena dos Transformers? Ou aquele carro vermelho daquele filme de crianças, Carros?

– Não – respondi sinceramente.

Alice soltou um longo e dramático suspiro de decepção e me virou para frente.

– A sua falta de conhecimento automobilístico é lamentável. Mas, ali dentro está o seu Imperador – Alice sorriu para mim e me deu um rápido abraço. Aproximou seus lábios do meu ouvido. – Aproveite a noite caliente, B.

Soltei-me dela e caminhei para fora do prédio, retribuindo brevemente o aceno de Peter. Um pensamento me ocorreu então: era a segunda vez que ele me via sair hoje, e com dois homens e em dois carros completamente diferentes. Se ele encontrasse com qualquer um dos agentes, eu estaria perdida... Total e completamente perdida.

Jacob me aguardava com um sorriso enorme na frente do veículo negro, cintilando poderosamente na escuridão da noite. Ele também estava lindo, com uma calça de linho cinza e uma camisa preta justa por baixo do blazer também cinza.

– Você está realmente deslumbrante, Bella – ele pegou minha mão e a beijou. – Eu sou um cara de muita sorte por ter a honra da sua companhia nesta noite.

– Obrigada, Jacob – eu sorri de volta para ele, maravilhada com sua elegância. – Você também está à altura dos elogios.

Ele sorriu torto.

– Imagina, são os seus olhos – ele me ofereceu seu braço. – Podemos ir?

Deixei que ele me levasse até o carro e abrisse a porta para mim. Enquanto ele dava a volta para assumir a direção, meus olhos captaram um movimento furtivo dentro do prédio. Alice saía detrás de um arbusto alto, perto de onde nós estávamos, e olhava diretamente para mim com um sorriso enorme no rosto. Ela foi até Peter e ainda estava dizendo algo para ele quando Jacob nos afastou de lá.

– Onde nós vamos? – perguntei, após cinco minutos de um silêncio desconfortável.

Jacob olhou para mim, depois olhou novamente para frente.

– Você gostaria de conhecer a minha casa?

Engoli em seco. Eu não estava pronta para conhecer o Palácio dele.

– Nós não vamos mais jantar? – respondi sua pergunta com outra.

Ele sorriu um pouco.

– Bem, nós vamos jantar. Podemos fazer isso na minha casa. Eu não sou um chef extraordinário de cozinha, mas faço algumas coisas razoavelmente comestíveis – ele riu, mas ao perceber que eu não ri, voltou a ficar sério e acrescentou em um tom mais baixo. – Isso se você quiser, é claro.

Eu não queria magoá-lo, especialmente porque ele sempre era tão bom comigo.

– Tudo bem, vamos para o seu Palácio – concordei, sorrindo para ele.

– Bella, você é alguma vidente ou algo do tipo? – ele perguntou de repente.

Franzi o rosto, confusa. A única vidente que eu conhecia, era Alice.

– Não. O que você quer dizer, Jake?

Ele não falou nada por alguns minutos, e quando eu estava a ponto de perguntar novamente o que eu teria dito para provocar aquela reação, ele apontou algo.

– Ta vendo aquele prédio ali? – perguntou ele, indicando um edifício alto e imponente próximo de nós. – Aquele é o Winter Palace II. Eu moro ali.

Desviei meu olhar do dele para olhar incrédula para o local que ele apontava. O prédio era muito alto, o mais alto que eu já vira em toda a minha vida. Era branco e imaculado, e emanava poder à distância. Uau. Jacob tinha mesmo um Palácio!

– Você está brincando comigo? – sussurrei, incapaz de desviar o olhar.

– Não, não estou – ele conduziu o carro para o poderoso edifício e entramos em uma garagem subterrânea. – Tenho a cobertura leste toda para mim. Tem uma vista excelente da cidade, e dá para ver o Central Park de um ângulo incrível.

Jacob estacionou o carro e saiu, deixando-me ali tentando absorver aquelas informações. Bem, eu descobri recentemente que ele era um Imperador. Apesar de nunca sequer ter ouvido falar na Realeza Black, o que era extremamente incomum para mim – como Princesa, eu conhecia todas as Famílias Reais do mundo. Eu esperava que ele tivesse algum tipo de Palácio, mas esperava algo menos vertical e cercado por uma propriedade verde e com jardins da frente bem cuidados.

A Realeza Black era mais diferente do que eu pensava.

Jacob abriu minha porta e me ofereceu sua mão, que eu aceitei com um sorriso para retribuir ao seu. Ele nos levou a um conjunto de elevadores, mas puxou-me para o mais afastado na extrema direita.

– Vamos usar esse aqui – explicou ele, um pouco tímido. – É o meu particular.

Tratei de manter meu rosto sereno e desinteressado, como se aquilo não fosse nada demais. No nosso edifício também havia elevadores. Mas não um exclusivo para os moradores da cobertura.

Subimos por um longo tempo em silêncio, com Jacob ao meu lado segurando minha mão. O Winter Palace II era mais alto do que eu pensava, contava com vinte e um andares de imponência, e Jacob citara que os dois últimos andares eram exclusivamente da cobertura duplex. Eu não fazia ideia do que aquilo significava, mas com certeza sabia que era algo importante.

A porta do elevador se abriu com um suave estalido, revelando um longo hall todo em tons claros e com piso de porcelanato brilhante. Havia somente duas portas ali. Jacob nos parou em frente à da direita e pegou um par de chaves em seu bolso.

– Bem vinda a minha casa, Bella – ele fez um floreio extremamente exagerado, fazendo a nós dois rirmos. Passei por ele e entrei em seu apartamento.

Era tão grande quanto eu pensava. E imediatamente me fez lembrar de casa.

Grande, magnífico, cheio de luxo e requinte, mas tristemente vazio. Era tão solitário quanto o meu Palácio em Bharsóvia. A onda de saudade quase me derrubou ali.

– Bem, se serve de consolo – comentou ele, reparando que eu estava quieta demais – eu também fiquei assim na primeira vez que vi esse lugar. E as poucas pessoas que frequentam ou frequentaram aqui também sentem o mesmo.

Jacob entendeu tudo errado. Eu não estava deslumbrada. Estava apenas lembrando.

– Eu estou bem – tratei logo de dizer, me virando para ele. – E então, que história é essa? Quer dizer que ninguém vem aqui? E as pessoas que moram com você?

Ele balançou a cabeça e sorriu, pegando minha mão e levando-me para o meio da sala. Ele nos acomodou em um dos sofás de couro preto.

– Respondendo às suas perguntas... Eu quis dizer que quase ninguém vem aqui em casa. Não que eu seja um maluco antissocial esnobe ou coisa assim, mas é que eu nunca gostei muito de qualquer um invadindo o meu espaço pessoal – ele relaxou, colocando as mãos atrás da cabeça e se ajeitou confortavelmente. – E ninguém mora aqui comigo. Minha governanta e as empregadas moram aqui perto, mas geralmente não dormem aqui. Moro sozinho. Bem, a não ser com o Napoleão.

Eu me animei no mesmo instante.

– Napoleão, o seu gato! Onde ele está? – perguntei, procurando em volta.

– Provavelmente destruindo algum móvel da casa ou perseguindo alguma pobre família de ratos que tenta ganhar a vida dignamente – disse ele, sério.

– Jacob, pare de tratá-lo assim – eu o censurei, balançando a cabeça. – Ele é o seu gato, e isso implica que ele tem algum tipo de afeto por você...

– Ou talvez implica que eu sou o único humano que o suporta...

– ... quer você acredite ou não. Você só tem que parar de tratá-lo como se você não o amasse – concluí, esperando que ele se comovesse com o meu discurso. – Além do mais, o seu gato não pode ser tão ruim assim. Sabe como é, os gatos têm alguma coisa de seus donos. Preciosa tem algumas características minhas. Então Napoleão também tem algo de você.

Jacob riu, como se eu tivesse acabado de contar uma grande piada.

– Você está brincando, certo? Napoleão não tem absolutamente nada de mim – argumentou ele, pensativo por um instante. – Nem nada da minha mãe, já que ela tecnicamente era a sua dona.

– Estou falando sério. Quero ver com meus próprios olhos – sorri para ele, ignorando seu comentário. – Vamos lá, chame-o para cá. Napoleão? Venha aqui, menino!

– Você não vai querer conhecê-lo – disse ele, sorrindo para mim.

– Claro que vou! – chamei mais alto. – Napoleão?

Um miado assustador, que mais pareceu um rugido, encheu a sala. Pisquei os olhos, tentando enxergar o felino que miava com tamanha soberania. Os pêlos do meu braço se arrepiaram quando o miado ficou mais forte, mais próximo. Jacob ficou quieto.

– Tem certeza de que quer vê-lo? – falou ele, sério. – Ainda dá tempo de tirá-lo daqui.

– Pare de me assustar com o seu gato – eu disse, virando o rosto para trás do sofá.

A primeira coisa que eu vi foi um par de olhos, perigosamente dourados cintilando contra a escuridão do outro lado da sala. O felino miou novamente, e eu me dei conta de que seu miado era de gato velho, mas extremamente territorialista.

E naquele momento, a intrusa era eu.

A figura se destacou da escuridão, assumindo a forma de um enorme gato negro. Ele parecia mais com um cachorro ou um filhote de urso do que com um gato comum. Uma faixa de pêlos brancos contornava seu pescoço, o que me lembrava a gola de um manto Real. Seus olhos brilhavam como ouro líquido nos meus, avisando.

– Ele é lindo – comentei, meio hipnotizada.

– Vou tirá-lo daqui antes que... – a voz de Jacob parecia preocupada.

Mas enquanto ele falava, eu já estava de pé indo ao encontro de Napoleão. Ele também se aproximava, ainda chiando e sibilando para mim. Abaixei e estendi minha mão para que ele se aproximasse, enquanto o chamava baixinho.

– Bella, Napoleão não gosta muito de pessoas – eu ouvia a voz alarmada de Jacob, se aproximando de mim.

– Venha cá, menino lindo – continuei a persuadi-lo. – Vamos, deixe-me conhecê-lo.

O gato parou a milímetros da minha mão, e por um momento a visão de que ele pudesse facilmente arrancá-la invadiu a minha mente. Aquilo meio que me despertou um pouco do seu transe hipnótico. Mas antes que ele pudesse recolhê-la, ele me surpreendeu.

Napoleão apertou os olhos e no instante seguinte, sua cabeça estava aninhada em minha mão, enquanto ele fechava os olhos e começava a ronronar baixinho. Eu sorri feito uma garotinha, enquanto sentia a textura macia como veludo de seu pêlo longo e negro em minha pele.

– Ele é incrível – falei, virando-me para Jake, ainda sorrindo.

Ele nos olhava de olhos arregalados, muitíssimo impressionado.

– Ele... ele... Napoleão... – ele fez uma pequena pausa e balançou a cabeça, tentando recuperar novamente o controle ou o raciocínio. – Napoleão nunca fez isso com ninguém... Nem mesmo a minha mãe conseguia que ele se entregasse assim a custo de nada... Geralmente ele ataca as pessoas, mas com você... Parece que Napoleão te conhece há anos.

– Eu disse que era tudo uma questão de afeto – sorri para ele, ainda sorrindo para o seu gato e lhe coçando as orelhas. – Os gatos percebem quem realmente gostam deles. Eles escolhem as pessoas, e se você não tiver medo, eles também não terão.

Napoleão miou, como se concordasse comigo.

– Bem, eu acho que ele é um grande traidor, isso sim – acusou Jacob, olhando desconfiado para o seu gato. – Você não me engana, garoto.

Napoleão se afastou de mim para ir até Jake, girar em torno dele uma vez e depois voltar para onde eu estava. Eu ri, achando-o mais incrível ainda.

– Eu já sei o que ele tem de você – disse a Jacob.

– E o que é? – Jacob me olhou com curiosidade, quase rindo.

– Ele tem o seu charme, a sua elegância e a sua capacidade de encantar os outros.

– Eu não rosno e quero morder todo mundo que chega perto de mim – ele riu.

– Você me entendeu – eu disse a ele.

– Claro que entendi – ele sorriu largamente e me ofereceu sua mão, puxando-me para cima em um movimento rápido e preciso. Enquanto eu ainda tentava identificar o que era chão ou teto, seus olhos estavam fixos nos meus. – Quer dizer que eu tenho a capacidade de encantar você?

Senti meu coração bater mais rápido.

– Ao que parece, sim – sussurrei, um pouco rouca.

– Ótimo – seu sorriso ficou maior ainda, o que parecia impossível um segundo antes. – Agora vou encantá-la com meus dotes culinários. Quer me ajudar?



[...]



– Como você disse que era o nome disto, mesmo?

– Camarões diablo – respondeu ele, cortando a pimenta malagueta sobre a tábua com uma habilidade que me deixava impressionada.

– E tem certeza de que não é muito apimentado? – perguntei, um pouco receosa.

Ele sorriu torto e parou por um breve segundo, apenas para mexer os camarões que produziam um cheiro maravilhoso na frigideira.

– Estou colocando pouca pimenta, como você pediu – ele sorriu e piscou para mim. – Mas você me deu sinal verde para caprichar no gengibre.

Eu já tinha ouvido falar que a comida mexicana era quente. E sabia que gengibre era afrodisíaco, como algumas pessoas afirmavam. Não pensei nessa combinação quando ele sugeriu comida mexicana há uma hora atrás.

Olhei para a salada, que eu me propus a fazer. Nunca havia feito nada na cozinha antes, e agora enquanto via Jacob cozinhando com tanta segurança e confiança, imaginei o quanto minha salada estaria péssima e sem gosto. Afastei-a para o lado e passei a admirá-lo, amuada com o meu próprio rendimento.

– O que foi? – perguntou ele, quando percebeu que eu havia parado. – Quer ajuda?

– Não, não preciso de ajuda com isso aqui – apontei para a travessa de salada, as folhas parecendo terrivelmente desajeitadas e os legumes mal cortados e não comestíveis. – Acho que nem vamos conseguir comer esta salada. Olha só para você aí, todo habilidoso, e eu aqui, empacada e inútil.

Jacob parou tudo o que estava fazendo.

– Ei, não diga isso Bella – ele tentou me consolar, contornando a bancada e vindo até onde eu estava sentada, quase na sua frente. – Você não é inútil. E sua salada deve estar muito boa, aposto.

Eu balancei a cabeça negativamente, olhando triste do meu serviço para o seu.

– Você deveria ver só as primeiras coisas que eu fiz sozinho na cozinha – contou ele, ganhando a minha atenção. – Na primeira vez, coloquei fogo no fogão e acionei o alarme de incêndio. E tudo tentando preparar um pacote de macarrão instantâneo.

Eu arregalei os olhos, impressionada.

– Mas depois melhora com a prática, sabe? – ele sorriu para mim. – Já sei o que vai te alegrar em dois segundos. Uma boa dose de tequila. Aceita?

– Te-tequila? – engasguei, fazendo-o rir.

Mas ele já estava de volta aos armários, onde abriu uma das portas no alto e tirou uma garrafa e dois copos pequenos. Virou-se para mim, com a garrafa em uma das mãos e um limão e os copos na outra.

– Nunca tomou tequila antes, Bella?

– Não – respondi, olhando para o líquido desconfiada.

– Bem, para tudo há uma primeira vez – disse ele, prático, como se não fosse nada demais. – Funciona assim: acima, abajo, al centro e adentro!

Olhei para ele, que cortava a metade do limão em duas partes e me repassava uma, puxando para perto o pote de sal. Pensei o que ele faria com tudo aquilo.

Ou pior: pensei se ele achava que eu realmente ia beber tequila. Não!

– Primeiro você coloca um punhado de sal na mão e leva um pouco à boca. A próxima é a tequila, que você tem que beber de uma única vez para não queimar sua garganta. E termina com o limão, assim – ele demonstrou.

Eu o vi realizar a sequência, com tanta facilidade como se fosse algo simples e fácil como piscar os olhos. Ele fez uma rápida careta depois de virar a dose de tequila, mas rapidamente levou o limão aos lábios. Sorriu para mim, ainda chocada.

– Sua vez – disse ele, a voz falhando um pouco, empurrando uma dose para mim.

– Não, nem pensar – eu objetei rapidamente, empurrando de volta o copo.

– Bella, você não vai me deixar beber sozinho, vai? – ele insistiu.

Eu já bebi o suficiente por um dia, foi o que pensei, mas não lhe disse.

– Jacob, eu não sei beber esse tipo de coisa e ficar sóbria como você – argumentei.

– Ah, pelo amor de Deus! – ele riu, parecendo um deus da festa e do vinho. – Uma dose de tequila não vai te matar. Vai apenas te deixar alegre e mais solta, você vai ver. Vamos lá, experimente!

Era exatamente isso o que eu temia.

Olhei mais uma vez para a dose de bebida na minha frente, para o limão que ele me passava e para o punhado de sal que ele colocava nas costas de minha mão. O cheiro era forte, eu podia sentir de longe.

Mas eu estava nos EUA para ser diferente. E foi isso o que me fez decidir.

A tequila me queimou a garganta, imediatamente ligando tudo dentro de mim. O limão era azedo, mas parecia cortar um pouco do efeito extraforte do álcool. Quase engasguei, e meus olhos lacrimejavam um pouco quando eu os abri.

Jacob olhava para mim com um sorriso enorme, parecendo divertido.

– Eu sei que não fui tão habilidosa quanto você – disse a ele, minha voz rouca enquanto sentia a boca queimando um pouco. – Pare de rir de mim!

Ele riu baixinho.

– Não estou rindo de você – garantiu ele, me parecendo exatamente o contrário.

– Está rindo do que então?

– Você reagiu melhor do que eu, na primeira vez que bebi tequila – confessou ele.

Ergui as sobrancelhas. De repente, senti um calor intenso se espalhar pelo meu corpo, me fazendo suar por baixo do casaco. Aquela cozinha estava mesmo quente.

– O que você fez? – perguntei a ele, abrindo dois botões do casaco.

Jacob havia tirado o blazer antes de começar a cozinhar, e naquele momento eu percebi o quanto ele era realmente forte. E grande. E musculoso também. Aquela camiseta preta realmente lhe caía bem.

E aqueles pensamentos não eram meus.

– Eu engasguei e não tinha sobrado limão por perto – contou ele, rindo. – Era o final de uma festa, no ensino médio. Fiquei com a boca pegando fogo por uma hora inteira. Acho que bebi uns três litros de água, mas não ajudava.

Ele jogou a pimenta no caldo que borbulhava, e enquanto eu o assistia cozinhando, o calor dentro de mim foi aumentando. Não era para eu estar assim! Eu tinha chupado o limão, então o que...

– Bella, mais cinco minutos e estará tudo pronto – anunciou ele, arrancando-me de meus devaneios. – Você não gostaria de levar estes pratos para mim até a mesa no terraço? Está tudo pronto por lá, só faltam os pratos.

Assenti e, contente por ter o que fazer e um motivo para respirar ar fresco, peguei os pratos na ponta da bancada de mármore negro e segui para o terraço que ele me mostrara vagamente quando chegamos. Eu ainda não havia entrado lá, e estava distraída conversando com Napoleão que me seguia de perto, quando abri a porta.

A vista era magnífica. Era possível ver Nova York, até desaparecer na escuridão do horizonte. A noite estava clara, estrelada, e contrastava com as milhares de luzes acesas por toda a cidade. Haviam pequenos postes nos cantos do terraço, que traziam uma iluminação incrível ao lugar. Era realmente de perder o fôlego.

– Uau, como aqui é lindo mesmo – murmurei com Napoleão, que seguiu até a beirada do terraço para se esticar preguiçosamente sobre um banco.

Eu vi uma pequena mesa quadrada colocada no centro do enorme terraço, forrada por uma cara toalha branca, algumas taças e talheres sobre o tecido macio. Havia apenas duas cadeiras, de tecido acolchoado dourado.

Coloquei os pratos na mesa e lançando um rápido olhar para trás, rapidamente me livrei do casaco que me incomodava. A suave brisa não era fria em minha pele, mas bastante confortável. Fui até o parapeito do edifício e fiquei ali, olhando para a cidade, enquanto pensava se Jacob realmente pensara em preparar tudo aquilo, antes de me buscar esta noite. E se eu não aceitasse vir para cá?

Estava tão distraída que não ouvi o barulho da porta correndo, ou senti o cheiro da comida que veio até mim. Fui surpreendida pela mão de Jacob, sobre a minha, e sua voz doce perto de mim.

– A noite está mesmo linda – disse ele, olhando diretamente para meus olhos.

– Está mesmo – concordei, olhando para o céu acima de nós.

– Mas não tão linda quanto você – continuou ele, fazendo minha respiração falhar.

Eu o fitei por um momento, sério e concentrado totalmente em mim. Eu estava nervosa. Desconcertada. Com calor. Um pouco bêbada. Não, talvez bem bêbada.

– Vamos jantar? – falei a primeira coisa que me veio em mente.

– Claro – ele sorriu, e deixou que eu o puxasse de volta à mesa.

O jantar foi extremamente agradável. A comida que Jacob preparou, o camarão diablo, estava realmente bom. Bastante apimentado, mas muito gostoso. E o gengibre dava um toque especial ao molho, como ele mesmo dissera.

E havia vinho. Mais vinho. Uma garrafa inteira de vinho.

Depois de um tempo que eu não percebi passar, eu vi Jacob levantar para recolher os pratos. Eu ofereci-me para ajudá-lo, e peguei a garrafa com o resto do vinho e as duas taças que ficaram para trás. Eu estava subitamente feliz, rindo de tudo, e me sentia um pouco tonta. Talvez bastante tonta. Cambaleei atrás dele, quase caindo com todo aquele vidro no chão quando tropecei em meus saltos.

– Ei, acho que alguém bebeu um pouco demais – provocou ele, rindo.

– Não riiiia de mim! – esbravejei, colocando a taça dentro da máquina de lavar louça que ele deixara aberta. Virei-me para ele, encostado do outro lado do balcão, pronta para acusá-lo. – Foi você quem me deu todo esse vinho e aquela tequila!

– Certo, eu te dei vinho e a tequila – concordou ele, se aproximando e fechando a porta da máquina de lavar ao meu lado. Sua mão roçou em minha perna, coberta pela meia calça. – Mas eu não forcei você a tomar nada. Foi você quem escolheu isso.

Ele se levantou, rápido e mais sóbrio do que eu imaginava, e colocou um braço de cada lado do meu corpo, deixando-me entre ele e o balcão de cozinha atrás de mim. Seus olhos negros sondavam os meus com intensidade, lançando-me em um buraco negro cheio de desejo e segredos.

Buraco negro cheio de desejo?

Eu presa contra o balcão da cozinha?

Minha cabeça girava. Maldito vinho!

E que calor era esse? Eu estava sendo queimada viva sem ser avisada?

Olhei para baixo, esperando ver uma fogueira ao meu redor, mas tudo o que eu vi foram as pernas de Jake entrelaçadas às minhas. Seu corpo estava a centímetros do meu, de forma que eu senti de perto o calor que irradiava de sua pele bronzeada e chegava até mim. Olhei para cima, buscando seu rosto.

Arfei e senti a respiração e a alma me abandonando o corpo.

Jacob olhava fixamente para mim, primeiramente para os meus olhos e em seguida demoradamente para minha boca, como se tivesse algo em meus lábios que ele precisasse urgentemente. O calor dentro de mim aumentou, quando eu senti seus braços me envolverem a cintura.

– Você é tão linda, Bella – sussurrou ele, seu hálito fazendo cócegas em meu rosto.

Jacob não parecia alterado. Ele não estava bêbado! Mas como isso era possível? Ele bebeu tanto quanto eu – ou talvez até mais, mas parecia não ter bebido outra coisa a não ser água a noite inteira.

Uma risada me escapou dos lábios com aquele pensamento. Eu me sentia idiota.

– Não sou linda – disse a ele, enrolando um pouco a língua enquanto uma mão tocava o seu rosto. Ei, eu não autorizei isso! – Sou uma bêbada desajeitada.

– Isso só a torna mais desfrutável – garantiu ele, sussurrando perto do meu ouvido.


“E vossa alteza está muito sexy. Bem gostosinha."


A voz de Alice soou dentro da minha cabeça, e eu me lembrei de ter discutido com ela que eu não era algo comestível. Mas não era o que parecia agora. Parecia exatamente o que ele queria dizer. Um arrepio desceu por toda a minha coluna.

– Você acha que eu sou algo comestível? – perguntei, meio sussurrando, meio rindo.

Sua risada foi quente em meu ouvido, enquanto suas mãos passeavam pela base das minhas costas, conhecendo e explorando cada ponto.

– Eu não acho... Mas posso provar?

Sua voz rouca no pé do meu ouvido roubou o pouco de domínio que restava em mim. Seus lábios encontraram a pele do meu maxilar, descendo da orelha até perto dos lábios. Meus olhos se fecharam e senti minhas mãos caírem frouxas, sem vida, ao lado do meu corpo.

Alguma parte irracional dentro de mim, balançou minha cabeça, concordando.

E foi então que os lábios macios e quentes do Imperador encontraram os meus, em um beijo cheio de uma vontade e um desejo contidos. Abri minha boca e permiti que sua língua encontrasse a minha, onde travaram uma batalha desesperada que parecia não ter vencedor. Jacob me beijava com vontade, com paixão, e eu tentava retribuir, dando vazão a todo o calor que queimava dentro de mim.

Aquele era o meu primeiro beijo, algum lugar da minha mente registrou.

Sim, eu esperava que fosse algo mais romântico. Talvez após o “então eu vos declaro marido e mulher...”, no dia do meu casamento, comigo vestida de noiva e com uma cauda quilométrica, quando todos os súditos do Reino estariam olhando para mim e para o meu noivo, o novo Rei.

Em algum momento no meio de toda essa tempestade de calor e devaneios, ele me ergueu e me colocou sobre o balcão, colando mais seu corpo ao meu. Não reclamei, porque aquilo de certa forma facilitou nosso beijo, já que eu não precisava mais ficar na ponta dos pés para beijá-lo. Era maravilhoso beijar Jacob. Deixei meus braços abraçarem seu pescoço, enquanto minhas pernas envolviam sua cintura.

Eu em cima da bancada? Minhas pernas em volta da cintura dele?

Santo Deus, o que eu estava fazendo?!

Antes que eu pudesse encontrar novamente minha parte racional e não animalesca, um barulho alto de telefone tocando preencheu o silêncio do apartamento. Jacob gemeu contra meus lábios, claramente insatisfeito, mas não se afastou. Não porque ele não quisesse.

Mas porque eu não estava deixando. Ou melhor, eu não. Essa Bella Selvagem.

– Eu preciso atender e mandar o maldito infeliz à merda – insistiu ele, se afastando alguns centímetros para sorrir para mim. – Não saia daqui, eu volto logo.

– Rápido – eu ouvi minha boca dizendo, enquanto via ele se afastar.

Um milagroso insight de sobriedade me veio exatamente naquele momento.

Eu estava descabelada. O balcão de mármore gelado de repente pareceu frio demais abaixo de mim. Meu vestido estava muito acima, o que me fez arregalar os olhos. Eu estava praticamente mostrando toda a minha parte debaixo. Abençoada meia calça!

Mas esse insight durou pouco, quando eu vi a garrafa de vinho tinto esquecida ao meu lado. Eu já estava um pouco bêbada mesmo. Então... por quê não ficar mais?

Sim, eu sei que eu estava louca. Descontrolada. Tarada.

Os agentes me internariam em uma cela acolchoada. Mas Alice me resgataria.

Dei de ombros e sem pensar nas possíveis consequências, virei o resto de vinho direito do gargalo. Nojento e completamente masculino, eu sei. Mas foi bom o bastante para me fazer sentir uma nova onda de energia. Saltei do balcão e saí da cozinha, cambaleando e rindo sozinha, enquanto andava pelo apartamento. A sala me pareceu um ótimo lugar para esperar por ele, pois eu conseguia ouvir sua voz em algum lugar ali perto. O sofá de couro preto me pareceu bastante convidativo.

Fui até lá e me joguei sobre o sofá, pernas esticadas, enrolando uma mecha do cabelo enquanto aguardava pelo meu Imperador.

Aliás, qual era a pior coisa que eu poderia fazer naquela noite?



Jacob



– Embry, eu já disse que entendi! – gritei com o telefone, perdendo o controle.

– Tá, calma aí chefia – falou ele, rindo da minha cara. Descarado!

– Eu já disse que vou estar lá amanhã, não disse? Reunião às oito com os fornecedores de motores de São Francisco... Recado dado. Agora me deixa em paz, porque eu tenho que desligar! – disse, marchando impaciente pelo meu escritório.

– Ei, Jake, eu já te pedi desculpas por te interromper com ela – ele disse, mas percebi que estava segurando o riso. – Aliás, quem é a sua nova companhia? É gostosa?

– Sem chance de eu falar disso com você. Tchau, Embry.

– É a garota do prédio da frente? – perguntou ele, quando eu estava quase desligando. – Aquela que você ficava babando todos os dias? E que ficou no hospital? Como era mesmo o nome dela...

– Não interessa quem é – afirmei, irritado.

– Bella! – explodiu ele de repente, rindo e soltando uivos de aprovação do outro lado da linha. – Eu sabia que era ela! Cara, fala pra mim que ela é tão gostosa quanto parece?

– Embry?

– Sim, Jake? – respondeu ele, ávido por detalhes.

– Vai se ferrar – falei e desliguei o telefone na cara dele, desligando o celular em seguida.

Maldita hora em que eu fui esquecer de desligar o celular quando cheguei em casa. Embry tinha essas manias de me perturbar a qualquer hora, fosse dia ou noite. Por Deus, ele era meu contador e meu braço direito, não minha babá!

Enfiei o telefone na primeira gaveta da minha mesa, depois puxei o fio do telefone da tomada. Chega de ser perturbado, embora eu soubesse que seria inevitável esse assunto amanhã. E eu teria muita sorte se toda a oficina não estivesse sabendo.

Abri a porta de correr e voltei para a cozinha, para onde Bella me estaria aguardando.

Aquela mulher era diferente, disso eu já sabia desde a primeira vez. E parece que o fator álcool + pimenta + gengibre tinha sido a combinação perfeita para libertar aquela mulher que ela escondia dentro daquela garota tímida.

Mas Bella não estava lá onde eu a deixei, sobre o balcão.

Só havia a garrafa de vinho. E vazia.

Estava sorrindo comigo mesmo enquanto a chamava pelo apartamento, até que eu ouvi Napoleão miando na sala. Ela deveria estar lá. Andei na direção deles, ainda achando estranho o quanto o meu gato antipático e potencialmente mortal aos outros humanos havia se entregado completamente a Bella, como um filhotinho adorável.

Encontrei Bella deitada no sofá, as pernas esticadas sobre as almofadas, o vestido amassado e curto contra o corpo magro e cheio de curvas. Os cabelos estavam espalhados ao redor de seu rosto corado pelo álcool, uma cascata tão negra quanto seu vestido de seda. Um pequeno sorriso lhe tomava os lábios.

Bella dormia profundamente, embalada em um sonho no qual eu não conseguiria removê-la tão cedo.

– Mas que ótimo. O que nós vamos fazer agora?





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Notas finais do capítulo

Beeem, é isso por esse capítulo! haha
O que vcs acharam? Não deixem de comentar!
Estarei esperando pelas opiniões de vcs, então... mãos à obra! Beijos!