(DES)EDUCANDO Uma Princesa escrita por Vamp Writer


Capítulo 13
Capítulo 12: O COMEÇO


Notas iniciais do capítulo

Meninas.... Posso falar a verdade pra vcs?
Eu quase pensei em desistir de escrever. QUASE.
Não estava muito motivada, e sem ideias novas.... Mas daí quando vi os comentários de vcs aqui, percebi que eu cometeria um grande erro. Por isso estou postando hoje, pra mostrar que ainda não acabou.
Obrigada Ju pelo tweet lindo, vc reacendeu algo dentro de mim.
Espero que gostem do capítulo.



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Jacob



– Mas que ótimo. O que nós vamos fazer agora?

Eu sabia que a minha noite havia acabado – pelo menos a minha noite com Bella. E agora que as coisas estavam começando a ficar favoráveis...

– Bella? – tentei despertá-la gentilmente, mas ela dormia pesado demais. Virei-me para Napoleão, culpando-o. – Por quê você deixou ela dormir?

Ele miou para mim, daquele seu jeito esnobe, me deu as costas e saiu. Gato idiota.

– Bom, acho que você não vai acordar tão cedo – falei com Bella, desacordada no sofá. Peguei-a no colo com cuidado e segui em direção ao quarto. – Você vai se sentir mais confortável na minha cama, embora seja uma pena que não esteja consciente o bastante para saber disso.

Subi as escadas e cheguei no meu quarto, colocando-a com cuidado no meio da minha cama e ajeitando-a da maneira mais confortável possível. Peguei seus pés e tirei as botas de salto com cuidado, meus dedos correndo suavemente sobre sua pele macia oculta pela meia calça preta.

Bella era tão linda. Eu queria que ela estivesse acordada, para vê-la ruborizando mais uma vez quando eu dissesse isto a ela. Mas a garota estava desmaiada. Provavelmente só acordaria amanhã.

O que me fez pensar em outro detalhe: Bella não estava em condições de voltar para casa. O que a colocaria em grandes problemas, a menos que...

A menos que eu contasse com a ajuda de uma certa pessoa.

Saí do quarto e voltei para a sala, em busca do seu casaco. Demorei mais do que eu pretendia para localizá-lo, esquecido sobre o banco no jardim do meu terraço. Enquanto voltava ao quarto, tateei em todos os bolsos até encontrar o celular.

– Chora, Princesinha! – uma voz bem humorada atendeu, rindo.

– Creio que eu seja um pouco grande demais para ser uma princesinha – respondi, divertido.

– Oi? – toda a diversão na voz do outro lado da linha sumiu.

– Oi, tudo bem? Alice, é o Jacob.

– Jacob... Jacob?! – ela arfou, depois caiu na risada. – Ai meu deus, me desculpa!

– Não se preocupe, eu reajo bem a elogios – garanti a ela, ganhando uma risada em resposta. – Eu é que devo te pedir desculpas, por ligar a essa hora.

– Não se preocupe, ainda não é o meu horário de dormir. Sou adulta faz um tempinho – ela brincou, me fazendo rir também. Alice tinha senso de humor, o que eu gostava em mulheres. – Mas o que eu posso fazer pela sua ilustre pessoa? Aliás, o quê você fez com a minha hóspede, dona desta linha? Por favor, me diga que ela está respirando e não esquartejada em algum deprimente saco plástico.

– Longe de mim fazer esse tipo de coisa. A única coisa que eu desmonto é um bom carro, ainda não tive a oportunidade de fazer um curso de açougueiro – garanti a ela, fazendo-a rir alto do outro lado da linha. – E quanto à sua princesinha, ela está respirando. Mas infelizmente não está consciente de mais nada.

– Como assim? – sua voz perdeu o tom de brincadeira.

– Calma aí, baixinha – tratei logo de acalmá-la. – Bella bebeu um pouco demais, e quando eu saí por um instante para atender a uma ligação, na volta eu a encontrei inconsciente no meu sofá. Bella não é resistente ao álcool.

Alice riu alto do outro lado da linha, o que eu não esperava.

– A Bella desmaiou? Tipo coma alcóolico? – ela perguntou, ainda rindo.

– Algo mais ou menos assim...

– Bem, eu acho que o álcool em dose dupla foi demais para ela hoje – falou ela sombriamente, referindo-se a algo que eu obviamente não tinha conhecimento.

– Do que você está falando?

– De nada, Black – ela desconversou, voltando ao seu tom de voz normal. – Pelo visto eu vou ter que segurar as pontas aqui com os manés até ela voltar, certo?

– Que bom que você chegou a essa conclusão – admiti. – Eu ainda estava ensaiando como eu iria te pedir esse tipo de coisa.

– Não precisa se preocupar com isso. Eu sou muito boa em interpretar as pessoas, geralmente estou a um passo à frente de todo mundo... Deixa comigo que eu enrolo o Emmett e o Edward aqui, enquanto você cuida da Bella... Ainda não acredito que ela estragou o encontro de vocês dormindo dessa forma!

– Alice...

– Sério mesmo, Jake... Ela vai ouvir poucas e boas de mim quando voltar! Isso é o que eu ganho por tentar educar uma santa! Você acredita que eu... – ela continuou tagarelando sem parar, me deixando impressionado por não fazer pausas para respirar. – ... e ninguém reconhece o meu esforço por isso!

– Alice, eu sinto muito, mas eu preciso desligar – tentei falar de forma gentil, olhando para Bella adormecida à minha frente. – Tenho uma garota para cuidar.

– Ah, mas é claro! – ela concordou rapidamente, me fazendo rir. – Traga-a de volta para casa amanhã e de preferência com ela andando sozinha, combinado?

– Tudo bem. Quando ela acordar amanhã, eu a levarei de volta.

– Bom menino! – Alice riu. – Até logo, Imperador!

O telefone ficou mudo e eu o guardei novamente dentro do casaco, colocando-o sobre a poltrona do outro lado do quarto. Fui para a cozinha, recolhi tudo o que estava fora do lugar, coloquei comida para o Napoleão e voltei ao quarto.

Bella não havia se mexido um milímetro sequer na cama. Fui até ela, acariciei seus cabelos e, ainda assim, nada. Sem ter mais o que fazer, comecei a me livrar das minhas roupas ali mesmo – pela primeira vez na presença de uma mulher que não me cobiçava com os olhos – e segui para o banheiro, para tomar meu banho.

De volta ao quarto, usando apenas o que eu sempre usava para dormir – uma boxer preta, deitei-me ao lado de Bella na cama e a puxei para mais perto de mim, aninhando-a no círculo dos meus braços.

– É uma pena que tudo tenha acabado desse jeito, garota – eu disse a ela suavemente, meus dedos correndo por seus cabelos negros perfumados. – Eu realmente queria poder ficar mais tempo com você esta noite.

Bella se mexeu um pouco, sua mão pousando exatamente sobre o meu coração.

– Eu... também queria... – murmurou ela, palavras desconexas, sonolenta.

Meu sorriso foi grande o bastante por nós dois.



Bella



O céu azul. A árvore. O meu vestido. Um cavalo branco vindo em minha direção.

O som de cascos.

A graciosidade com que ele saltou no chão. Sua mão estendida para mim, o lampejo de um sorriso branco por baixo do capuz do manto.

Sim, eu sabia que estava sonhando. Sabia exatamente que sonho era aquele.

Eu sabia que ia acordar logo, como sempre. Antes de descobrir quem ele era.

– Quem é você? – sussurrei, pegando sua mão para me levantar.

Um delicioso perfume atingiu o meu olfato. Não era colônia. Não era artificial ou similar a nada. Era um cheiro que eu nunca sentira antes... O aroma dele.

– Quem é você? – repeti, automaticamente me aproximando mais.

Movida pela curiosidade, minhas mãos lentamente se ergueram e foram em direção ao capuz. Ele não criou resistência. Meus dedos tocaram o tecido suave.


Abri os olhos e eu não sabia que lugar era aquele.

Pisquei os olhos algumas vezes, tentando me situar e absorver a nova quantidade de informações. Um quarto amplo e muito bem decorado, em tons de branco e preto. Pouca mobília, mas tudo de excelente bom gosto. A iluminação era menor, devido às grossas cortinas de veludo parcialmente fechadas à minha esquerda.

E havia a grande cama na qual eu estava deitada.

– Você está sonhando, Isabella Baudellaire... – falei, fechando os olhos e repetindo isso para mim várias vezes, como se pudesse acordar de um sonho. – Vamos acorde! Preciosa está ronronando ao seu lado. Alice está eufórica com a programação do dia. Você está no seu quarto...

Belisquei meu braço e abri os olhos novamente, com cautela.

Eu não tinha acordado. Ainda estava em um lugar desconhecido.

E para ajudar, com uma terrível dor de cabeça.

– Ai meu Deus! – choraminguei, rolando na cama e escondendo meu rosto no travesseiro. – Eu sou uma Princesa Morta agora!

Senti algo estranho perto de mim. Abri os olhos e vi uma folha de papel, no travesseiro ao lado do meu. Peguei-a com cuidado e a desdobrei.



Bom dia Bella Adormecida,


Caso você não tenha notado, este não é o seu quarto... SURPRESA!!

Desculpe, mas eu precisava dizer isso. Ignore a primeira linha, por favor.

Parece que alguém bebeu um pouco demais na noite passada, de forma que quando eu voltei do meu telefonema, eu a encontrei desmaiada no meu sofá. Eu não a culpo por isso – e nem quero que você se culpe também.

Eu liguei para a Alice e expliquei tudo a ela, então você não está em apuros. Ela vai nos dar cobertura. Desculpe por eu não estar aí com você, mas eu precisava mesmo ir a uma reunião às oito da manhã. Já estou me culpando por não estar com você agora, vendo você acordar ao meu lado.

Estarei de volta o quanto antes, não se preocupe. Apenas seu,

Jacob.



– Mas que maravilha, Bella! Parabéns – recriminei a mim mesma, desejando me jogar no Atlântico. – Como você espera explicar isso para alguém?

Com uma terrível dor de cabeça tomando conta de mim, forcei-me a sair daquela cama e de alguma, tentar fazer meus neurônios inúteis voltarem a funcionar.

Eu tinha bebido demais ontem, não negava. E pior, duas vezes.

De alguma forma, eu perdera o controle. Dormi na casa de Jacob.

Mas ainda havia o pior: eu não me lembrava de muita coisa. O que eu fiz?

Eu ainda estava me torturando com essa pergunta enquanto recolhia minhas botas espalhadas pelo quarto. Meu casaco descansava em uma poltrona do outro lado do quarto, e foi para lá que eu segui. Encontrei meu celular descarregado. Ótimo, eu estava presa e incomunicável.

Fui até a janela e puxei as cortinas. A súbita iluminação fez meus olhos queimarem, fazendo minha cabeça latejar um pouco mais. Quando consegui me adaptar um pouco mais com a iluminação, olhei para fora. O sol estava no meio do céu, o que eu imaginei ser meio dia.

– Santa Bharsóvia! – arfei, me aproximando mais da linda vista. – Como eu vou voltar para casa?

– Que tal comigo?

A voz bem humorada de Jacob atraiu minha atenção, me fazendo virar para encará-lo. Ele estava lindo, dentro de um terno cinza escuro e sapatos de couro negros e brilhantes. E sorria para mim largamente.

O que aconteceu na noite passada?

– Jacob... – falei baixinho.

– Bom dia, Bella – ele sorriu e começou a se aproximar de mim, o que me deixou cada vez mais tensa. – Eu ainda tinha esperanças de vê-la acordando.

– Eu acabei de acordar... e ver o seu bilhete.

Seu sorriso tornou-se torto, enquanto ele finalmente chegava até mim e parava a centímetros de onde eu estava. Suas mãos encontraram o caminho para a minha cintura enquanto eu sentia meu coração acelerar cada vez mais. Pedaços da minha mente começaram a funcionar novamente.

Vislumbres da nossa conversa de ontem à noite. Nós bebemos tequila. Depois uma garrafa de vinho. Fomos até a cozinha e Jacob colocou a louça para lavar... Jacob me beijou. A bancada. Lembro-me de sentir muito calor... Ele precisou me deixar, mas eu não o estava deixando ir. Eu estava... agarrando Jacob?

Santa Bharsóvia! Eu era uma promíscua – e da pior espécie!

Tudo isso aconteceu em um segundo, enquanto Jacob ainda estava ali comigo. Seus lábios encontraram os meus em um selinho suave e delicado, acendendo tudo o que estava quieto dentro de mim. Segurei-me para não reagir a ele.

– O que foi? – ele perguntou delicadamente, seus olhos confusos nos meus.

Eu sabia que estava mais vermelha do que um pimentão.

– Eu.. eu... minha cabeça está péssima, Jacob – falei, não necessariamente o que eu queria dizer.

Ele sorriu torto.

– Isso é apenas um efeito colateral. Você deve estar de ressaca.

– Provavelmente – concordei, desviando meu olhar do dele. – Gostaria de ir para casa, Jacob.

Eu não estava confortável com essa situação. Eu gostava de Jacob, sim. Mas não sabia se eu o amava. Não queria enganá-lo, muito menos me perder em um caminho sem volta. Eu precisava de tempo, e de espaço para pensar. Sozinha.

– Claro – seu sorriso automaticamente murchou, fazendo com que eu me sentisse um pouco culpada. – Eu levo você para casa, mas antes você precisa comer.

– Eu não...

– Isso não está em discussão, Bella – disse ele seriamente, se afastando o suficiente apenas para pegar minha mão. – Você precisa colocar alguma coisa ai dentro, vai se sentir melhor.

Eu não gostava quando tentavam mandar em mim, mas ele tinha razão.

– Tudo bem – cedi. – Alice deve estar louca atrás de mim.

– Não se preocupe quanto a isso, está tudo bem – garantiu ele.

Ele me ajudou a colocar o meu casaco e me conduziu para fora do quarto, me ajudando na hora de descer a escada, em direção à sala novamente. O apartamento de Jacob era mesmo lindo, como eu não tive a oportunidade de apreciar ontem. Napoleão miou alegremente para mim, quando cruzamos a sala.

Sobre o balcão no meio da cozinha, estava uma grande variedade de frutas, pães, biscoitos, sucos e café. Parecia mais um banquete.

– Para quem é tudo isso? – perguntei a ele, quando ele tinha ido até a geladeira.

– Tudo para você, obviamente – respondeu ele, virando-se com uma caixa de leite nas mãos. – Espero que você tenha apetite de manhã.

Sorri para ele, me sentando em uma das banquetas altas na frente da bancada.

– Eu tenho, mas isto é o suficiente para uma família inteira – disse a ele, pegando uma maçã. – Você não vai comer também?

– Eu já tomei café da manhã no caminho da reunião – explicou ele, me passando um grande copo de suco de laranja.

Larguei minha maçã imediatamente.

– Bom, já que você não vai comer, eu também não vou – falei, séria.

– O quê?! – ele riu.

– Isso mesmo o que você ouviu – objetei teimosa, devolvendo-lhe o copo. – Eu não vou comer nada. Não como sozinha.

Jacob revirou os olhos e riu, como se eu fosse uma criança fazendo birra.

– Bella, por favor...

– Por favor nada, Jacob – disse a ele, saltando da banqueta e indo em direção à sala – Vamos, estou mais do que atrasada.

Ele chegou até mim rápido demais, como eu não esperava que fosse possível. Jacob me abraçou por trás, seus braços envolvendo minha cintura, enquanto eu sentia todos os músculos do seu corpo contra o meu. Ao som de sua risada, ele nos virou de volta em direção à cozinha em meio aos meus protestos.

– Certo, a senhorita venceu – resmungou ele, sentando-se na banqueta ao lado da minha. – Vou tomar café da manhã de novo, só por sua causa.

– Obrigada – sorri para ele, mais do que satisfeita. – Como foi a reunião?

Ele me passou um cesto com diversos pães, fazendo uma careta.

– Um saco, para falar a verdade – resmungou ele. – Você não imagina como esse tipo de coisa é chata. Preferia muito mais ter ficado em casa com você, vendo você acordar e poder levar o seu café da manhã na cama.

Disfarcei o meu nervosismo com uma risada.

– Por favor, Jake... – censurei-o. – Isso não faz o menor sentido.

– Também não faz sentido eu estar tomando café de novo, mas e daí?

Olhei para ele por um longo tempo. Eu não sabia o que responder, então desviei o meu olhar do dele e me concentrei em minha maçã.

– Bella...

– Hum...

– Bella, olhe para mim, por favor.

Titubeei por apenas alguns segundos, mas não adiantou muito. Quando encontrei o seu olhar, não havia mais o brilho da diversão. Só uma súbita seriedade.

– Sobre o que aconteceu ontem à noite...

– Jacob, por favor...

– Por favor, me deixe falar – ele pediu gentilmente, segurando minha mão enquanto respirava fundo. Quando pareceu ter a coragem necessária, voltou a me olhar. – Sobre ontem à noite, eu quero que você saiba que com você tudo foi diferente. Você é diferente. É algo novo pelo qual eu estou disposto a lutar.

Olhei dentro de seus olhos. Ele não parecia estar mentindo.

– Eu gostaria de passar mais tempo com você. Gostaria de fazer as coisas do jeito certo, no tempo certo. Quero ser o melhor Jacob para você.

Um Imperador interessado em mim?! Era isso mesmo?

– Bella McCarthy, você me daria a honra...

Ai meu Deus! Ele ia mesmo me pedir em...

-  ...de ser minha namorada?

Boquiaberta, a única coisa que eu fiz foi piscar. Várias vezes.

– E então? – perguntou ele, depois de um longo tempo de silêncio meu.

– Eu... eu... eu não sei!

Foi a vez de Jacob ficar surpreso.

– Não sabe? Você não gosta de mim?

Para completar a cena, uma série de acontecimentos desastrosos entrou em ação. Nervosa, acabei esbarrando no meu copo com suco que estava pela metade e o derramei sobre o meu colo, encharcando completamente meu casaco. E ainda não satisfeita, consegui derrubar a fatia de pão lambuzada de geleia na outra perna.

– Ai meu Deus! – exclamei, ficando de pé, tentando limpar com o guardanapo.

Duas manchas diferentes. Em um trench coach Burberry. Alice me mataria!

– Calma Bella, está tudo bem. É só um pouco de suco... e geleia no seu casaco – disse ele gentilmente, segurando o riso, enquanto me passava um pano de prato.

Mas aquela altura, não adiantava muita coisa. As manchas já estavam ali, e pareciam se espalhar cada vez mais pelo tecido. Desabotoei e tirei o casaco e, para a minha salvação, meu vestido ainda estava ileso.

– Quer que eu coloque na máquina para você?

– Eu posso lavar em casa – disse, enquanto esvaziava os bolsos.

– Esse tipo de mancha é melhor tirar o quanto antes – falou ele, com um conhecimento que me fez olhá-lo surpresa. – Eu digo por experiência própria.

– Tudo bem – sem ter mais como argumentar, entreguei o casaco a ele ficando apenas com meu celular e minha carteira em mãos.

Observei Jacob desaparecer em um canto da cozinha, provavelmente na área de serviço, e alguns barulhos em seguida.

– Jacob?

– Está tudo bem, eu sei lavar roupa, se é o que você está se perguntando – não pude deixar de sorrir ao ouvi-lo dizendo isso. – Sou prendado, srta. McCarthy.

Jacob voltou alguns minutos depois, passando direto por mim e sumindo em direção a sala novamente. Quando ele voltou a aparecer, estava com uma jaqueta de couro preta nas mãos e a entregou para mim. Olhei para ele.

– É melhor não, eu não quero correr o risco de sujar uma roupa sua – disse a ele.

– Besteira – ele revirou os olhos.

– Nem está tão frio assim – menti.

– E seus pelos do braço estão arrepiados por quê?

Olhei dele para meu próprio braço, apenas para confirmar o que eu já suspeitava. Quando eu abri a boca para argumentar, ele se adiantou e enfiou a jaqueta pelos meus braços.

– Vai ficar grande, mas os outros ficariam piores – afirmou ele.

– Obrigada – sorri para ele, quando ele colocou meus cabelos delicadamente para fora da jaqueta.

Sua jaqueta ficou grande mesmo, mas era macia. E tinha um cheiro bom, o cheiro de Jacob. Quando voltei a olhá-lo, ele estava a centímetros de mim, seus olhos fixos em minha boca. Não precisei mobilizar grande parte do meu cérebro lento pelo álcool para identificar qual era a sua atenção.

Seus lábios estavam a centímetros da minha boca quando eu virei o rosto.

– Bella...? – sussurrou ele, seus polegares encontrando meu queixo.

– Jacob – engoli em seco, olhando em seus olhos. – Eu não... não posso.

– O quê? – ele me soltou e se afastou um passo. – Você não me quer?

– Não é isso... – desesperada, comecei a procurar razões em minha mente bagunçada. Com um suspiro, eu voltei a olhá-lo. – Eu não consigo pensar em nada agora. Minha cabeça está péssima. Meu estômago está embrulhando. Devem estar esperando para me matar em casa... Então eu tenho outras preocupações no momento. Eu sinto muito, Jacob.

Ele não disse nada, apenas me observou por alguns minutos. Por fim, concordou com algo em que estava pensando e se levantou, murmurando que me levaria para casa. Mal tive a oportunidade de me despedir de Napoleão, antes de sairmos de seu apartamento.

A descida no elevador foi silenciosa, assim como todo o trajeto até minha casa. Jacob parou na porta do meu prédio e desligou o carro, deixando apenas o silêncio esmagador imperar entre nós. Quando eu finalmente abri a boca para dizer que sentia muito, ele saiu do carro. Lentamente, e sem encontrar o meu olhar, eu o vi passar pela frente do carro e vir até a minha porta, para abri-la.

Peguei sua mão e assim que eu saí do seu carro, ele me colocou delicadamente para o lado para fechar a porta. Com um suspiro, ele voltou o seu olhar para mim.

– Bem, você está entregue.

– Jacob, eu...

Pensei no que eu poderia dizer a ele, mas nada me pareceu bom o bastante. Eu havia magoado Jacob, isso era visível até para um cego. Um simples pedido de desculpas não parecia ser o suficiente. Olhando em seus olhos negros, eu conseguia ver o quanto ele gostava de mim. Havia um brilho diferente neles.

Mas por quê eu não conseguia retribuí-lo? Por quê eu o fazia sofrer?

O que havia de errado comigo?

– Desculpe-me pelo o que eu falei mais cedo – falou ele, receoso. – Estou sendo precipitado. Você não precisa se envolver em nada agora, com tanta coisa acontecendo.

– Jacob, eu...

– Bella?

Jacob e eu viramos o rosto ao mesmo tempo. Eu senti um frio na barriga.

O Agente Cullen estava parado poucos passos atrás de nós, um jornal nas mãos, se aproximando da entrada do prédio. Ele deu três passos para frente, ficando a menos de dois metros de onde estávamos, e passou a nos olhar. Um longo e questionador olhar.

Que se prendeu principalmente na jaqueta de Jacob em meus ombros.

– Edward!

– Bom dia, Cullen – cumprimentou Jacob, tranquilo.

– Posso saber o que você está fazendo com ele? – continuou o agente, seu olhar apenas em mim, ignorando Jacob totalmente. – E por quê está usando algo dele?

Travei completamente. Senti o braço de Jacob envolver meu ombro.

– Eu estou devolvendo a Bella, depois do nosso café da manhã – respondeu ele no mesmo tom que Edward usara, fazendo meu coração bater mais rápido. – Busquei Bella esta manhã para tomarmos café da manhã em um lugar aqui perto.

Os olhos de Edward se estreitaram em fendas, como se pudessem cortar o braço de Jacob que descansava em meu ombro. Senti meu corpo todo retesar de encontro ao dele, enquanto me esforçava para manter uma expressão tranquila.

– E desde quando você precisa desse tipo de roupa e salto gigante para ir à padaria? – continuou ele, seu olhar me avaliando dos pés a cabeça.

Senti meu rosto corar.

– Por quê você está tão interessado no que ela usa ou deixa de usar?

Olhei para Jacob, chocada. Ele estava mesmo me ajudando a mentir?

– Black, a conversa ainda não chegou até você – vociferou o agente, avançando dois passos. Preparei-me para interferir a qualquer minuto. – Aliás, quem você pensa que é para falar assim?

Eu vi Jake abrir a boca para revidar, mas o que ele ia dizer não saiu. Ele não podia usar a palavra que estava na ponta da sua língua – namorado.

– Edward, por favor, vamos entrar – pedi, me soltando de Jacob.

– Agora não, Bella – respondeu ele, ainda de forma rude. – Eu ainda quero saber o que ele pensa que está fazendo. Eu engoli aquela história aquele dia no hospital, mas hoje é diferente. Todo mundo conhece a fama dele. Ele não é adequado.

Minha cabeça doía, mas eu ainda estava alerta para ouvir o que ele dizia.

Edward Cullen estava querendo me dar ordens. Dar ordens a uma Princesa.

– Edward – falei em um tom sério, mantendo contato visual com ele enquanto avançava um passo a frente. – Você está sendo muito rude. Jacob não está fazendo nada que possa me prejudicar, muito pelo contrário. Ele tem sido maravilhoso comigo, como poucas pessoas já foram um dia. E você deveria pedir desculpas... – respirei fundo, tomando coragem – desculpas ao meu namorado.

Namorado?! – explodiu ele.

– Namorado? – ecoou Jacob, surpreso ao meu lado.

Revirei os olhos para ele. Ele me pede em namoro e esquece?

– Você me ouviu bem, Edward – eu disse a ele, passando o braço em torno da cintura de Jacob. – Jacob e eu estamos namorando.

– Você só pode estar brincando, Bella! Esse cara...

– Esse cara é o namorado dela – corrigiu Jacob, finalmente assumindo seu papel.

– Ele te drogou? Te prometeu algo? Está abusando de você? Pode falar, Bella...

– Edward! – arquejei.

– Escuta aqui, cara...

– Não, Jacob – eu o bloqueei, antes que ele avançasse. – Não perca o seu tempo com o Edward, eu me entendo com ele. Me liga mais tarde, pode ser?

Jacob lançou um ultimo olhar de fúria a Edward, antes de se virar para mim.

– Como você quiser, namorada – seu sorriso mal cabia em seu rosto.

Eu me senti estúpida por estar assumindo aquela história, mas antes que eu pudesse dizer algo, Jacob me pegou de surpresa e me beijou ali mesmo. Na frente de Edward e de qualquer um que passasse na rua.

Quando me soltou, eu estava com as pernas bambas e corada.

– Até mais, Bella – sorriu ele, antes de encarar a Edward pela última vez com um sorriso torto e entrar no carro.

– Nós definitivamente precisamos conversar – rugiu Edward atrás de mim.

Ainda sem me virar para ele, apenas assenti com a cabeça.

– Não aqui no meio da rua – foi o que eu disse, antes de deixa-lo na calçada.

Caminhei em direção ao prédio, sorrindo para Peter quando passei por ele. Pude ouvir o agente vir atrás de mim, resmungando alguma coisa, mas eu não fiz questão de ouvir. Concentrei-me apenas no caminho até meu apartamento e em organizar as ideias que chegavam na minha cabeça.

Eu estava passando pela minha primeira ressaca.

Eu havia beijado um cara, e feito mais coisas, e até dormido na casa dele.

Edward me pegara conversando com Jacob, quando ele me deixava em casa.

Agora eu estava oficialmente namorando Jacob Black.

E este era apenas o começo dos meus problemas...





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Notas finais do capítulo

Obrigada pelos comentários de vcs no capítulo anterior!
Me diverti horrores com eles, principalmente "Não sabe que quando um cara te convida pra ir jantar na casa dele, comer comida é oq ele menos tem em mente" AHSUAHSUAHSUASHAUS
O que acharam do capítulo?
Se a Bella se meteu em uma situação que não tem mais volta, sim ou claro? haha E claro, o próximo capítulo estará fervendo com Beward!
Beeijos