(DES)EDUCANDO Uma Princesa escrita por Vamp Writer


Capítulo 11
Capítulo 10: DRIBLANDO AS REGRAS


Notas iniciais do capítulo

Heey meus amores!
Primeiro, antes de tudo, eu quero dizer mtmtmt OBRIGAAAADA! aos comentários maravilhosos de vcs no capítulo anterior! *------* Sério, fiquei mtmtmtmt feliz aqui quando vi, e fiz questão de responder a cada uma de vcs! Saber o que vcs estão achando da fic com certeza é o melhor presente que vcs podem me dar ♥
E segundo, minha primeira recomendação! *----* Annelise, que escolha de palavras lindas! Fiquei emocionada aqui, mtmtmt obrigada de verdade! ♥
Vamos ao capítulo de hoje? A Bella já está agitando a fic, então... SEGUREM-SE!



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Bella



– Edward, pare de ser tão chato! – gritou Alice, elevando a voz.

– Pare de ser tão irresponsável, Alice! – rugiu ele de volta, levando as mãos aos cabelos, como se estivesse a ponto de arrancá-los.

– Parem de discutir, vocês dois – interveio Emmett, em pé de frente a eles.

Cala a boca, Emmett! – gritaram os dois ao mesmo tempo, fazendo Emm rir.

Por mais que eu tentasse, ainda não tinha me acostumado com a relação cheia de atrito e faíscas entre o Agente Cullen e sua irmã. De forma alguma pareciam irmãos. Santa Bharsóvia, eles brigavam mais do que cão e gato!

Então aqui estava eu, sentada no sofá do apartamento de Alice, tentando prestar atenção no filme que a televisão exibia inutilmente para a sala cheia de tensão. Os três estavam em pé, do outro lado do sofá de dois lugares, discutindo energicamente. Os irmãos estavam um de frente para o outro, encarando ao outro com uma expressão cada vez mais taciturna, enquanto Emmett estava entre eles, de frente para mim, como se estivesse preparado para agir a qualquer minuto, quando o conflito realmente explodisse. E eu não duvidava de que faltava muito para isto.

– Qual o seu problema, seu idiota? – perguntou Alice, levantando um dedo para o irmão. – Bella já saiu do hospital há uma semana, está completamente fora de perigo!

– Sim, mas você ouviu o que o médico disse – argumentou ele, olhando feio para o dedo erguido na sua frente. Alice o recolheu, eu supus que por medo de perder a mão. – Bella precisa de repouso, não de uma noitada em uma balada qualquer!

– Não é uma balada qualquer, eu já te disse isso – resmungou ela, revirando os olhos impacientemente. – Você acha que eu sou o tipo de garota desclassificada que frequenta qualquer boteco de esquina?

– Com certeza não é – intrometeu Emm, piscando para ela.

Alice abriu um grande sorriso para ele, enquanto Edward lhe dava um tapa na nuca.

– Você não está ajudando, imbecil – acusou ele. – Você deveria se opor a isso, lembra? A segurança da Princesa deve vir em primeiro lugar, Emmett!

– Tá bom, tá bom. Você tem razão. Bella não vai a lugar nenhum.

Alice engoliu uma grande golfada de ar, se preparando para o próximo embate. Aumentei o volume da televisão e procurei me desligar daquilo.

Preciosa pulou ao meu lado no sofá, vindo se aninhar em meu colo em busca de atenção. Ela miou e olhou para eles, depois de volta a mim.

– É, eu sei minha linda. Eu também gostaria que eles parassem com isso – disse a ela, infelizmente sendo ignorada pelos outros três.

Naquele exato momento, meu celular apitou no sofá ao meu lado. Emmett me explicou sobre como funcionava o aparelho, de modo que agora eu já sabia mexer em praticamente tudo. Vi que era uma mensagem de texto, do Branco.


Como vc está hoje, linda?


Não pude deixar de sorrir. Desde que eu saí do hospital, Branco costumava se mostrar cada vez mais presente em minha nova vida. Não de um jeito possessivo ou sufocante, mas apenas com uma preocupação gentil. Ele não me mandava mensagens melosas, do tipo “sinto sua falta a cada respiração” ou “não posso viver mais nenhum dia sem você”. Era sempre me perguntando como eu estava, como tinha sido o meu dia, se tinha acontecido algo divertido, esse tipo de coisa. E me fazia rir bastante, contando coisas engraçadas que ele tinha visto.


Estou bem, obrigada. Na verdade, estou no centro da briga-furacão de irmãos. E vc?


Soltei um suspiro, mas enviei mesmo assim. A resposta veio rapidamente.


Poderia ficar melhor. Mas, bem, isso é fácil de resolver. Posso?


Fiquei apreensiva no mesmo instante. O que ele queria dizer? Uma imagem de Branco e uma série de homens armados até os dentes invadindo o apartamento de Alice preencheu minha mente, me fazendo prender a respiração por um segundo.


Como assim? O q vc quer dizer?


Olhei para os três parados do outro lado da sala, ainda se encarando perigosamente.


Almoce comigo. Hoje. Passo aí em meia hora. E um NÃO está fora de questão.


Arfei, e o celular quase escapou de minhas mãos. Impossível. Eu não conseguiria sair, por mais que eu tentasse. Alice, Edward e Emmett me impediriam. Com certeza.


Ok, foi o que meus dedos responderam, antes que eu pudesse refreá-los.


Coloquei o celular de lado, fechei os olhos e tombei a cabeça para trás, colocando a mão que não acariciava minha gata em minhas têmporas. Mas que ótimo, eu perdera o pouco de juízo que me restava. Onde estava a minha cabeça? Como eu achava que poderia fugir de casa e passar por dois agentes secretos, sem levantar suspeitas?

– Bella, está tudo bem? – ouvi a voz de Emmett me chamar.

Percebi que tudo de repente estava quieto demais. Não estava mais ouvindo as vozes de Alice e Edward discutindo, o que fez minha nuca se arrepiar. Será que eles tinham descoberto – mesmo antes de eu conseguir pensar em fugir? Abri os olhos devagar.

Os três estavam me olhando, ainda parados no mesmo lugar. Mas prestando total atenção em mim, o que me deixou desconfortável no mesmo instante.

– Está sim – menti, desviando meus olhos. Meu celular começou a vibrar atrás de mim, e eu agradeci em silêncio por algum milagre ter me feito colocá-lo no silencioso. Precisava sair logo dali. – Eu vou para o meu quarto, escovar um pouco Preciosa.

Eles não falaram nada, apenas continuaram me observando. Peguei meu celular discretamente antes de me levantar, e segurando minha gata nos braços, passei praticamente correndo por eles. Quando eu lhes dei as costas, a discussão voltou a aparecer. Olhei para o visor do aparelho, me sentindo estupidamente culpada.

– Jacob? – atendi em um sussurro, chegando até a porta do meu quarto.

– Bella – mesmo sem vê-lo, eu sabia pelo tom de sua voz que ele estava sorrindo. – Pensei que não conseguiria falar com você. Estou te atrapalhando?

Reprimi um suspiro e entrei no quarto, batendo a porta suavemente atrás de mim.

– Não, desculpe – falei, enquanto me abaixava para soltar minha gata no chão. – Demorei a atender porque o telefone estava longe de mim. Como você está?

– Estou bem, melhor agora. E você? Como está sendo a sua recuperação?

Minha culpa aumentava cada vez mais, como se ele pudesse me descobrir também.

– Estou bem, novinha em folha – sorri, usando de uma das expressões que aprendi com Emmett.

– Que ótimo! Eu estava pensando... você... – ele hesitou. – Você já pode sair, Bella?

Não, não, não!

– Jacob, eu... – pensei em como eu deveria lhe dizer aquilo. – Sair de casa para mim não tem sido fácil, se você me entende...

Ele soltou uma longa respiração, me fazendo me sentir pior. Jacob também andara conversando comigo – ele geralmente me ligava no final da noite, quando eu estava em meu quarto pronta para dormir. Jacob era uma pessoa incrível, eu descobri logo. E eu então me toquei sobre o que ele estava falando: eu ainda lhe devia um encontro.

– Eu entendo, Bella – ele disse baixinho, mas continuou antes que eu pudesse consolá-lo. – Seu primo deve ser um carcereiro e tanto, imagino.

Não só ele, eu pensei. Seu riso triste ecoou do outro lado da linha.

– É, isso é verdade. Eles estão me protegendo demais – falei, antes que eu pudesse segurar minha língua. – Mas Jacob, talvez...

– Um talvez era tudo o que eu precisava ouvir – sua voz mudou na mesma hora.

Santa Bharsóvia! O que eu estava fazendo?

– Não, Jake, eu...

– Bella, algumas regras foram feitas para serem quebradas – ele disse em um tom leve, como se eu estivesse levando a vida a sério demais. – Eu particularmente nunca gostei de regras e limites. O que realmente importa é a emoção de driblá-las.

– Jake, você está ouvindo o que está dizendo? – eu disse, quase rindo.

– Não, estou apenas ouvindo você. E gostaria de ouvir o seu sim agora. Topa jantar comigo? Será muito divertido, eu prometo. Você vai gostar.

NÃO.

– Quando? – minha boca soltou, antes que minha mão chegasse aos meus lábios.

Eu não disse o sim que ele pediu. Mas sabia que ele estava com um sorriso gigante.

– Hoje à noite – ele respondeu, sem hesitar. – Vou esperar por você na porta do seu prédio, às oito horas. Com os faróis apagados, para o seu primo não ver.

Ele riu como um garotinho, me fazendo balançar a cabeça.

– Jacob, eu não posso...

– Por favor, Bella. Apenas se divirta. Se não for por mim, faça isso por você – ele falou, tentando me convencer com sua linda voz. – Vou te levar a um lugar excelente.

– Tudo bem – soltei um suspiro, derrotada. – Agora eu preciso desligar. Até mais.

Desliguei o telefone, antes de me enrolar mais. Deus, eu sou uma Princesa Estúpida. Mas como diria Emmett, já que está no inferno, é melhor abraçar logo o capeta.

Escapar de dois agentes do FBI. Um almoço com Branco. Um jantar com Jacob.

E tudo no mesmo dia.

Aposto que governar Bharsóvia seria mais fácil. Infinitas vezes.

– Preciosa, vamos trocar de lugar? – choraminguei com ela, que me olhava de um jeito “eu sabia que isso ia acontecer” de cima da cama. – Eu sei, estou encrencada.



[...]



Quando faltavam cinco minutos para o horário marcado com Branco, eu estava pronta. Bem, pronta eu quero dizer de aparência e com um plano – que eu achava a cada segundo pior e cheio de falhas, mas era o único que eu tinha por ora – formado em minha cabeça. Eu não estava pronta para o que eu tinha que fazer.

Abri uma fresta da porta do quarto e espiei, tentando ouvir vozes no apartamento. Tudo estava quieto, a não ser as vozes da televisão ligada. Mas eles poderiam estar assistindo ao filme, então eu precisava considerar essa hipótese. Chamei Preciosa com um dedo e abri mais a porta.

– É a sua vez agora – sussurrei para ela. – Faça sua parte como a gente combinou.

Eu sei que parece ridículo falar com gatos e supor sua inteligência, mas Preciosa não era uma gata comum. Era uma gata extraordinária, muito mais inteligente que muitos humanos que eu já conheci.

Preciosa trotou elegantemente até o final do corredor, olhando para os lados. Eu havia combinado com ela que se ela tivesse visto algum dos agentes, ela sibilaria ou faria algo do gênero. Sei que isso é ensiná-la mal, mas não me importei muito com isso naquele momento. Fiquei observando-a atentamente. Ela olhou para mim.

Nada. Nenhum sibilo. Eles não estavam por perto, então a barra estava limpa.

Saí do quarto na ponta dos pés e fui até a sala, pronta para passar direto pela porta e parar somente quando eu estivesse do lado de fora do prédio.

– Ei, aonde você vai assim, Princesinha?

A voz de Alice flutuou pelo ar até mim, cheia de sarcasmo e uma diversão evidente. Virei-me para ela, com minha expressão Real de não-questione-sua-Princesa.

– Vou sair, Alice – disse, olhando-a firme.

– Sim, isto eu estou vendo – ela largou o controle e se levantou do sofá, vindo até onde eu estava e parando a poucos centímetros. Olhou para mim debaixo para cima. – Eu não perguntei o quê você estava fazendo. Perguntei onde ia, então desembucha.

Muito bem, Isabella. Hora de ser inquestionável.

– Vou almoçar fora. Com um amigo. E sem o conhecimento de algumas pessoas.

Alice abriu um sorriso enorme.

– Bem, isso não está certo – ela cutucou meu suéter com um dedo. – Mas eu não sou os idiotas que moram aqui do lado, sou a ovelha negra da família. Ou se preferir, sou a diabinha que fica sussurrando coisas no seu ouvido esquerdo.

Eu abri um pequeno sorriso.

– Você está dizendo que não vai me impedir? – perguntei, já sabendo a resposta.

– Claro que não – ela sorriu torto e deu uma volta em torno de mim. – Você se arrumou muito bem, devo admitir. Então eu devo presumir que este amigo é o Jacob?

– Mais tarde – soltei, levando minhas mãos imediatamente à boca.

Alice arregalou os olhos e seu rosto mostrou uma evidente expressão de surpresa, como se eu tivesse acabado de fazer algo obsceno... Ah, bem, eu meio que estava.

– Mais tarde? – ela repetiu, sorrindo torto e se aproximando para sussurrar. – Quer dizer então que a senhorita Deusa das Virgens tem dois encontros, com dois caras diferentes, e no mesmo dia?

Eu simplesmente odiava quando ela usava aquela nomeação, “Deusa das Virgens”.

– Sim, é isso mesmo o que você ouviu – confessei, mas tratei logo de assumir minha expressão indiscutível. – Eu sei o que estou fazendo. E não tem nada a ver com o que a sua mente fértil está disparando. Não sou esse tipo de garota.

– Calminha aí, eu não disse nada – ela riu. – Foi você quem citou pensamentos férteis por aqui.

– Alice, eu não tenho tempo para isso – eu disse, passando por ela. – Preciso ir.

– Tudo bem, tudo bem. Vai nessa – eu dei alguns passos e ela correu até a porta, impedindo a minha passagem. – Ao menos me diga com quem é o primeiro encontro.

Respirei fundo. Eu sabia que ela não ia me deixar sair sem isso.

– JW – falei, automaticamente guardando “Branco” só para mim.

Seu sorriso foi tão malicioso que me deixou totalmente corada, até os fios de cabelo.

– Uhh, bela escolha – aprovou ela, abrindo a porta para mim e me dando passagem. Chegou perto do meu ouvido. – Vai fundo nessa, que eu te dou cobertura. Aproveite!

Respirei fundo e ainda sem olhar para trás, porque eu sabia muito bem o que veria no rosto de Alice, fui em direção ao elevador. Demorou tempo demais, mas talvez fosse porque eu estava em um plano de “fuga” e minha paranoia estivesse aumentando exponencialmente. As portas metálicas se fecharam atrás de mim e eu conferi mais uma vez meu traje na parede de espelho atrás de mim.

Botas de salto alto pretas, uma calça jeans escura mais justa e um suéter de casimira vinho, complementados pela bolsa de mão preta com detalhes dourados, pulseiras e colar também dourados. Meu cabelo estava solto, bem comportado, e minha maquiagem leve e discreta. Parecia bom – ao menos o que Alice demonstrou.

Cheguei ao térreo, passei por um Peter sorridente na guarita e saí pelo portão que ele fez questão de vir abrir para mim. Eu sorri para ele de volta, agradeci e disparei um rápido olhar para frente.

O Império Black estava cheio, com todos os funcionários trabalhando e mais alguns clientes dentro do lugar. Soltei um suspiro de alívio, por Jacob não estar à vista e por nenhum dos jovens mecânicos olhar para a minha direção.

E me senti culpada mais uma vez. E terrivelmente obscena também.

Branco entrou no meu campo de visão, saindo de dentro de um carro grande e luxuoso – branco, é claro – poucos passos à minha esquerda. Ele estava usando calças escuras e uma camiseta branca, o que parecia bem simples, mas na verdade ficava incrível nele. Glorioso, foi o adjetivo que me veio à mente.

– Ei, prima – ele parou na minha frente, piscou e abriu um sorriso enorme, me puxando para um abraço bem apertado e íntimo.

Tentei não me sentir mais desconfortável e gostaria que eu não tivesse corado.

– Olá, Branco – eu o cumprimentei, sorrindo de volta. – Você parece ótimo.

– E você está incrível, devo acrescentar – ele se afastou um pouco, mas ainda segurando minhas mãos. – Devo me sentir lisonjeado pela sua produção para mim?

– Não, de forma alguma – eu disse rapidamente, fazendo-o rir.

– Tudo bem, você é quem manda – ele piscou. – Podemos ir?

– Por favor, antes que alguém me veja aqui – e entregando minha culpa, olhei para trás em direção ao nosso andar e depois para frente, onde Jake estaria.

– Deixe-me adivinhar – ele abriu um sorriso torto, enquanto me levava para o seu carro. – Você está saindo escondida, não é mesmo? O que torna tudo mais excitante.

Parei, dando um olhar bem específico para ele. Ele riu.

– Brincadeira, Bella – ele abriu a porta do carro para mim. – Estou com um ótimo humor hoje, culpa sua.

Eu o observei dar a volta na frente do carro e assumir a direção.

– Aonde nós vamos? – perguntei a ele, alguns minutos depois.

– Bem, isso depende – ele respondeu sorrindo, mas sem desviar o olhar da rua. – O que você gosta de comer? Digo, de comida.

Branco riu baixinho.

– Qualquer coisa para mim está bom.

– Não, qualquer coisa não tem.

– Então escolha você que eu aceito.

– Proposta interessante, prima – ele riu e encontrou meu olhar por um segundo, tempo o suficiente para me fazer corar e virar para frente. – Você escolhe. Faço questão.

– Comida italiana? – falei a primeira coisa que me veio em mente.

– Excelente escolha – ele aprovou. – Conheço um lugar ótimo.

Ele tagarelou comigo enquanto dirigia, querendo saber todos os detalhes de como eu tinha conseguido fazer para sair de casa. Cerca de dez minutos depois, paramos em frente a um imponente restaurante italiano, que me pareceu bem requintado.

– Branco, tem certeza de que aqui...?

– Não – ele me interrompeu quando parou na porta, onde dois homens cercaram o carro. Um deles, abriu minha porta e estendeu a mão para me ajudar a descer, enquanto outro abria a porta dele.

Hesitei por um segundo, mas quando eu o vi saindo, decidi sair também. Agradeci ao homem alto de terno e Branco assumiu seu lugar, oferecendo-me seu braço.

– O serviço daqui é excelente – explicou ele, enquanto caminhávamos para dentro. – E os manobristas são de um nível extremamente profissional. Adoro esse lugar.

– Mas parece ser muito caro – eu disse a ele em voz baixa.

Branco riu, me fazendo sentir boba por um instante.

– Ora, Bella, não se preocupe com nada. Dinheiro é o de menos hoje.

Eu não falei nada, mas me senti mal por ele estar gastando tanto assim mesmo. Passamos pela porta giratória e um homem de terno sorriu para nós.

Signor JW – ele saudou respeitosamente, com sua voz de tenor. – Ora, mas que prazer revê-lo por aqui... E acompanhado de uma jovem encantadora! Sejam bem vindos, devo conduzi-los à sua mesa preferida?

– Obrigado, Vicenzo – respondeu Branco, com uma excelente pronúncia em italiano.

Ergui uma sobrancelha para ele, enquanto seguíamos o homem pelo restaurante. Acomodamo-nos em um lugar mais reservado, ao fundo do restaurante. Vicenzo, o homem de terno muito bem cortado que eu julgava ter quarenta e tantos anos, puxou a cadeira para mim. Senti um breve momento de desconforto. Deus, eu deveria ter escolhido algo melhor para vestir, se soubesse que viríamos a um lugar tão elegante.

– Você está linda, não se preocupe – Branco me surpreendeu ao adivinhar meus pensamentos. Ele sorria para mim e me oferecia sua mão por cima da mesa.

Olhei para a pequena mesa circular, coberta por uma toalha branca de algodão nobre – egípcio, ao que me pareceu – e por uma louça de porcelana branca, imaculada, com bordas douradas. As taças me pareceram cristal, legítimo, envoltos também por uma fina faixa dourada. Vários talheres estavam postos, prontos para serem usados. Através da minha educação de Princesa, eu sabia muito bem como lidar com aquilo.

Segurei sua mão, quente e segura contra a minha, e lhe dei um pequeno sorriso.

– Se eu soubesse que viríamos a um lugar assim, teria me arrumado melhor – falei, desviando o olhar para a minha volta. Senti em meu rosto se formando uma pequena careta. – Você viu como estas pessoas estão vestidas? Não estou apropriada.

Sua mão apertou a minha, chamando minha atenção. Reparei em nossas mãos, formando um contraste sobre a toalha: dia e noite, claro e escuro, branco e negro, diamante e grafite. Ergui meus olhos para o seu rosto, onde seus lindos olhos negros me aguardavam. Havia algo ali, algo genuíno e bom.

– Você não precisa se preocupar com a opinião de mais ninguém – ele respondeu em um tom sério, que me fez enxergar o James White, o verdadeiro homem dentro dele pela primeira vez. Seus olhos pousaram em nossas mãos, juntas sobre a mesa, e de volta para o meu rosto. Percebi que havia outro sentido em suas palavras. – Você é linda, Bella, e não precisa que os outros achem isso. Basta apenas saber o que você realmente é, e o resto que se dane.

– Desde quando você sabe tanto sobre as pessoas? – eu sorri para ele.

– Eu sou empresário pessoal, esqueceu? – ele riu e piscou para mim, o que me fez sorrir e me sentir imediatamente melhor. – Conheço as pessoas como ninguém.

Eu imaginei do que ele estava falando, e sorri em compreensão.

– O que os senhores gostariam de beber? – perguntou um garçom, alto e de boa aparência, que apareceu sutilmente ao nosso lado.

– Um Martini para mim – respondeu Branco, ainda sorrindo, e voltou seu olhar para o meu. – E você, Bella, bebe o quê?

Engoli em seco. Eu... bebendo? Álcool?

– Eu não bebo – murmurei, na mesma hora corando. – Talvez... uma água?

Eles não pareceram se incomodar, mas se o fizeram, disfarçaram muito bem.

– Muito bem, uma água para a minha acompanhante – reforçou Branco, me entregando um dos cardápios enquanto o garçom se afastava. – Você não bebe?

Peguei o cardápio de sua mão e abri, como se fosse possível me esconder ali dentro.

– Não, eu nunca tive esse costume – respondi, baixando meus olhos para o menu.

– Costumes podem ser mudados – murmurou ele, mas quando eu ergui meu olhar para o seu rosto, ele sorria para mim, divertido. – Mas bem, vamos pedir algo. Escolha o que quiser, Bella. Eles realmente sabem como preparar as coisas aqui.

Voltei minha atenção para o que eu segurava em mãos, tentando ver algum sentido naquelas palavras. Quando tudo finalmente estava fazendo sentido para mim – não porque eu tivesse dificuldade em entender o italiano, mas porque eu estava distraída prestando atenção nos olhares dos outros sobre a nossa mesa, especialmente sobre mim – o garçom já estava de volta, e percebi que Branco tinha acabado de fazer seu pedido. Ele e o garçom me observavam, esperando.

Baixei os olhos por um segundo e pedi a primeira coisa que meus olhos encontraram.



[...]



– Bella, talvez seja melhor você parar com o vinho – alertou Branco, sorrindo.

Olhei para ele, e depois para a taça em minha mão a meio caminho da boca. Senti meu rosto se franzir e meus lábios formarem um biquinho.

– Mas eu estou bem! – disse e ri, porque subitamente me deu vontade. Ele sorriu também, mas ainda me olhava com certo tipo de atenção. – E não me olhe dessa forma. Foi você quem pediu essa garrafa de vinho para nós, e insistiu para que eu tomasse a primeira taça com você!

– Sim – disse ele devagar, estendendo à mão para pegar minha taça. – Eu insisti para que você tomasse uma taça, não quase a garrafa toda. Acho que já chega.

Branco estendeu a mão para chamar o garçom, e eu rapidamente puxei a garrafa para o meu lado. Ele fez cara feia para mim, e eu ignorei como estava fazendo com os demais ao nosso redor. O vinho era ótimo mesmo, e eu precisava daquilo.

Ouvi um “bêbada!” sussurrado, vindo da mesa à nossa esquerda, e virei o rosto para encarar ao homem de meia idade acompanhado de uma jovem esnobe.

– Eu não estou bêbada – esclareci para eles, em tom baixo, já me sentindo irritada. – Só estou um pouco alegre. Ou pelo menos estava, até agora. Não é de boa educação julgar aos outros.

A mulher arregalou os olhos, perplexa. O homem abriu a boca para dizer algo.

– Bella, vamos embora – falou Branco, já em pé ao meu lado, segurando meu braço e me colocando de pé. Ele se virou para o casal, com uma expressão controlada. – Desculpem pela inconveniência. Ela passou por alguns problemas ultimamente.

– Ei, eu não...

– Eu já disse que chega – ele me interrompeu, quase de maneira ríspida, seus olhos negros cintilando contra os meus. – Vamos, eu levo você para casa.

Minha mente levou um segundo a mais para processar aquela informação, mas eu realmente vi o que achava que estava vendo. Branco estava mandando em mim, com um tom de autoridade que ele achava que tinha sobre uma Princesa?

Desvencilhei meu braço do dele e, com um gesto impetuoso, peguei minha bolsa e a garrafa de vinho e passei por ele, deixando todos me olhando enquanto me afastava em direção à saída. A saída estava mais longe do que eu esperava, e de repente me vi cambaleando e o chão girando perto demais do meu rosto. Alguém me segurou.

– Você está bem?

Não olhei para o seu rosto, mas limitei-me a assentir.

– Estou. Agora me deixe ir embora, já que eu sou uma bêbada recalcada que estraga o seu disfarce de cavalheiro perfeito – cuspi as palavras secamente, mas não me arrependi.

Acho que eu bebi vinho demais. Talvez.

Ele suspirou e pegou minha mão, ignorando meus protestos para que me soltasse. Levou-nos para fora do restaurante e seu carro estava na porta em um piscar de olhos. Um homem abriu a porta do passageiro para mim e eu sorri para ele.

Grazie, sei un perfetto gentiluomo – minha língua enrolou um pouco.

O sorriso do homem em resposta foi luminoso, e eu ouvi JW resmungar alguma coisa antes de arrancar com o carro dali. Quando eu levantei a garrafa para tomar mais um gole, mesmo sabendo que é totalmente deselegante tomar direto do gargalo, a mão dele foi mais rápida. Mais uma vez.

– Eu preciso disso aqui mais do que você agora – justificou-se ele, virando vários goles de uma vez enquanto dirigia com uma só mão.

Olhei para ele de cara feia.

– Que direito você acha que...

– Pode me poupar do discurso moralista, prima – ele desdenhou, sorrindo sarcasticamente. – Não sou machista, nem um covarde que foge de brigas, nem um puritano que vai criticar tudo o que você faz. Apenas precisava tirar você de lá, antes que aquelas pessoas o fizessem. Você deveria me agradecer.

– Eu, te agradecer? – perguntei, incrédula.

– Exatamente o que eu disse – concordou ele, bebendo de novo. – Eu vi a forma como aqueles homens estavam olhando para você, a cada taça de vinho que você bebia e como você se soltava cada vez mais na medida em que o álcool começava a fazer efeito. As pessoas não gostam de autenticidade, Bella. Elas querem manter a aparência de perfeitas, e você estava mostrando a sua perfeição enquanto ficava bêbada.

– Eu não estou bêbada!

– Certo, tudo bem – ele riu, o que me deu vontade de bater nele. – Você está alegre. Uma linda, simpática e sexy mulher alegre.

– Você acha mesmo que eu estou sexy? – eu disse e gargalhei, me sacudindo toda.

Ele esperou que eu terminasse de rir para poder falar.

– Eu não acho, eu tenho certeza Bella – ele olhou para mim, de um jeito bastante sóbrio. – Eu sou homem, não um pedaço de chocolate. E tenho cérebro.

– Chocolate – repeti, sentindo uma necessidade súbita de comer chocolate. – Preciso de chocolate, Branco. Agora. Podemos?

– É só me morder – ele estendeu o braço com a garrafa à minha frente, balançando-o.

– Você só pode estar brincando comigo – eu disse, rindo de novo e tentando recuperar a garrafa, mas ele recolheu o braço quando percebeu o que eu queria.

– Não estou, você pode fazer comigo o que quiser – provocou ele.

– Morder você com certeza não é o que eu quero fazer.

– É mesmo? E por quê não?

– Porque... – parei por um instante para pensar, procurando alguma resposta. Sorri e voltei a fitá-lo. – Porque não se morde pessoas da família.

Seu sorriso passou de luminoso a malicioso.

– Obrigado pela sua consideração, mas... Não sou da sua família de verdade, então... – percebi um pouco tardiamente que ele tinha parado o carro, inclusive na porta do prédio de Alice. Ele chegou mais perto de mim, praticamente me encurralando contra a minha porta. – Você pode me morder à vontade. Onde... e como quiser.

Meu coração bateu violentamente dentro do meu peito, enquanto eu ficava mais vermelha do que o meu suéter vinho. Pisquei os olhos com força.

– Branco, você está confundindo as coisas – consegui dizer, em um sussurro.

– Não sou eu quem parece confuso por aqui – disse ele de um jeito intenso, passando a mão suavemente pela minha bochecha. – Mas talvez você tenha razão. Talvez você não esteja bêbada, ou sóbria, o suficiente para isso.

Sorri sem a menor noção para ele. Deus, eu estava me tornando promíscua!

– Obrigada pelo almoço. Eu me diverti muito, de verdade – mudei de assunto.

– Não por isso. Eu adorei conhecer esta Bella – ele piscou e se aproximou mais de mim, deixando nada mais do que dez centímetros entre nossos rostos. – Mas quero te pedir uma coisa.

Se eu o beijaria? Não.

Seus olhos negros como ônix cintilaram nos meus, revelando um brilho e um encanto secreto que eu desconhecia até então. Branco tinha um cheiro maravilhoso – não só o perfume, mas algo que lhe garantia exclusividade. E me olhava de um jeito... quente.

Eu o beijaria? Talvez. Com certeza. Absolutamente, sem dúvida e como ele quisesse.

– Sim – a aceitação saiu em um sussurro mínimo de meus lábios, e eu me perguntei se ele teria ouvido. Mas talvez não precisasse, pois estava fazendo leitura labial.

– Prometa que isso vai se repetir, Bella – e ele sorriu, me desarmando.

Incapaz de pronunciar algo decente – ou talvez me complicar ainda mais, dizendo algo que me tornasse ainda mais promíscua e desprovida de vergonha do que eu já me sentia –, eu assenti, enquanto sentia meu corpo todo esquentar.

– Ótimo. Te vejo depois, prima – ele finalmente fechou o espaço entre nós, mas não beijou meus lábios como eu esperava. Depositou um beijo quente e demorado na minha bochecha, a milímetros da minha boca.

E depois estendeu a mão para a maçaneta da porta ao meu lado, e a abriu.

– Tá – consegui dizer, saindo meio que aos tropeços de seu carro.





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Notas finais do capítulo

Não esqueçam de comentar, por favor!