Renesmee não fazia muita coisa, apenas trazia algumas peças, ferramentas e ficava conversando sobre carros em geral.

_ Sabe Aury, quando tiver idade para dirigir vou pedir um carro ao meu pai. Qual você acha que eu deveria pedir? Jake acha que eu deveria guiar um carro seguro.

_ Hum... Eu sou suspeito para falar, eu gosto muito da marca Audi._ pelo menos, agora gosto_ Mas em questão de segurança eu acho que o fator decisivo é o motorista e não o carro.

_ Vai tentar falar isso para o Jake, provavelmente vai querer que eu use um blindado, como se eu fosse me machucar em um acidente._ a última parte ela havia dito mais para si, do que para mim, mas não levei em consideração, afinal, o que uma menininha daquelas teria para esconder?

Um pouco antes do final do expediente Jacob anunciou que teria que levar Nessie em casa e que eu poderia sair mais cedo.

_ Obrigado. Quer que eu feche a oficina?

_ Quero sim, valeu cara! Até amanhã.

_ Tchau Aury! Vá me visitar algum dia com o Jake.

_ Obrigado, Renesmee._ apesar de seu apelido ser mais prático eu preferia chamá-la pelo nome. Pelo o que ela disse, sua mãe também gostava que a chamassem assim. Meredith sempre tentou inventar algum apelido para mim, mas eu adoro meu nome, Aurya, e apelidos nunca deram certo com ele.

Resolvi ir à praia novamente, esperava e ao mesmo tempo não esperava encontrar Seth. O garoto era meio doido. Queria vê-lo novamente, mas temia sua reação. Povo doido o desse lugar!

Escolhi um lugar mais habitado para ficar, um pouco mais distante da praia, andando um pouco avistei uma cabana, onde havia um homem fazendo uma prancha. Isso me interessou.

_ Com licença._ percebi que o homem, era um velho quando se virou, parecia não ter notado que eu entrara, ou se notara fingiu muito bem, estava terminando com uma prancha, era azul e tinha umas rajadas pretas._ Sou Aury, acabei de chegar à reserva. O senhor vende pranchas não vende?_ apesar de parecer óbvio não havia nenhuma placa para confirmar minhas suspeitas.

_ Sim._ respondeu. Sua voz pareceu mais velha que ele.

_ Que ótimo! Estou interessado, quanto é?

_ Depende. Se quiser uma a seu gosto fica mais caro.

_ Preciso que fique o mais barato possível! Não me importo com design, só queria surfar um pouco. Nem me importaria se fosse num pedaço de madeira qualquer.

_ Não tem cara de surfista._ disse puxando um novo assunto parando de mexer na prancha que fazia.

_ E não sou. Mas quero tentar.

_ Não tem medo?_ disse o homem sorrindo, ele tinha um cabelo muito branco que contrastava com sua pele indígena avermelhada.

_ Morrer surfando deve ser a melhor morte do mundo!

_ Jovens._ disse sorrindo.

_ Jovens._ salientei.

_ Uma prancha boa, é uma prancha feita por nós mesmos._ disse agora profissionalmente, mas com um toque de casualidade._ Se quiser aprender não pode pegar qualquer prancha. Tem que ser feita por você, uma prancha só obedece a seu criador, ás mãos que a criaram.

Eu ri, achando que ele estava brincando._ O senhor não pode estar falando sério! Eu não sei fazer nem um origami de papel, quanto mais uma prancha. Você fala como se as pranchas tivessem sentimentos!

_Shhh..._ ele me reprendeu._ Não diga isso! Eu lhe ajudarei, e é o melhor preço já que é você que faz parte do serviço.

_ Bem, o senhor é meio doido, mas eu só posso pagar quando receber meu primeiro meu primeiro salário.

_ Então tudo bem, você prefere nos finais de semana ou depois do trabalho?

_ Por mim tanto faz._ dei de ombros.

_ Então nesse final de semana às sete. Não falte.

_ Pode deixar. Preciso trazer algo específico?

_ Não, eu tenho tudo que é necessário._ ele respondeu.

_O senhor sabe que assim você vai levar mais prejuízo do se fizer uma toda sozinho, não sabe?

_ Claro, mas eu gosto de companhia.

Velho louco!

Não me pronunciei sobre isso.

Saí de sua cabana com uma sensação estranha, tinha me esquecido de perguntar seu nome, mas achei melhor não incomodá-lo mais. Estava ficando escuro, tinha que voltar.

Emily e Meredith haviam preparado o jantar e felizmente Sam não estava, ele não ia muito com a minha cara.

_ Boa noite.

_ Boa noite, liguei para Jacob, mas ele disse que você já tinha saído, ficamos preocupadas!_ disse Meredith.

_ Me desculpe, estava na praia.

_ Ah...

_ O que prepararam?_ perguntei mudando de assunto.

Meredith disse, enquanto comíamos, que havia arrumado um emprego numa lojinha do centro e que começaria no dia seguinte, ela fez bem o papel de namorada preocupada, perguntando como fora o meu dia. Isso fez eu me lembrar de Seth e da sua reação, eu tinha que saber o que havia acontecido para ele ficar daquele jeito. O que será que ele vira em meus olhos? Mas porque estava preocupada com isso? Não me importava com aquele garoto, me importava?

Sim. Era a resposta. Mesmo que nem o conhecesse, pensei nisso o jantar inteiro.

_ Aurya? Aurya?_ disse Meredith empurrando meu ombro, já dentro do nosso quarto.

_ Oi, o quê?

_ Me escuta estou falando com você!

_ Foi mal.

_ Tá. Vamos deitar. Você está estranha! O que aconteceu?

_ É que..._ não havia razão para mentir para Meredith._ Encontrei um garoto na praia, Seth, amigo de Jake, mas ele ficou estranho de repente, tenho medo que nos descubram!

_ Apenas tome cuidado! Até eu, se não tivesse certeza que é uma garota, acreditaria!

Quando eu ia apagar a luz, ouço Emily me chamando. Eu não podia atendê-la desse jeito, estava com um shortinho e uma camiseta apertada.

_ Só um minuto Emily._ corri e peguei o roupão.

_ Tira a blusa!_ falei baixo para Meredith.

_ O quê?

_ Tira a blusa!_repeti impaciente. Vi de relance que ela me obedecia, só então abri a porta._ Oi, me desculpe!_ disse Emily extremamente envergonhada._ Não queria atrapalhar, mas Jake quer falar com você.

_ Tudo bem Emily! Não estávamos fazendo nada._ fiz questão de ironizar a palavra, queria dar a impressão de que estávamos fazendo alguma coisa de verdade, isso aumentaria minha suposta masculinidade._ Vou atender.

Circulei Emily e fui até a sala._ Oi?

_ Oi, cara! Tô ligando pra te avisar que não vou abrir a oficina amanhã.

_ Se você quiser eu abro pra você, aí eu termino o carro da Bella.

_ Não precisa, vou a outra cidade buscar justamente uma peça que está estragada para o carro da Bella, os outros carros estão dentro do prazo!

_ Nossa cara! Sua oficina vai falir, fica mais fechada do que aberta!

Jacob deu uma risadinha de longe, não sabia se fora pelo que eu disse ou por outro motivo._ Sou o melhor mecânico de La Push! Eu não vou falir!

_Então, tudo bem “Melhor mecânico de La Push”! Valeu cara.

_ Valeu.

Voltei ao quarto, Emily já havia saído, mas teria que enfrentar Meredith.

_ Por que fez aquilo?_ ela sussurrava, mas saia em forma de gritos esganiçados.

_Eu disse para ela que não estávamos fazendo nada._ eu disse fingindo inocência.

_ Mas seu tom de voz deu a ideia oposta.

_Pense pelo lado positivo, agora ela pensa que somos um casal ativo e feliz! Reforçou nosso disfarce.

_ Mas pensando pelo lado negativo agora minha prima acha que sou uma desfrutável!_ seu maxilar estava cerrado, a voz saia por entre seus dentes que estavam quase trincando devido a força que ela os apertava.

Ela falou tão seriamente que tive que rir._ Eu não gosto de pensar pelo lado negativo das coisas!_ respondi, deixando-a com mais raiva.

_ Vamos dormir, antes que eu faça algo muito negativo com certa pessoa!_ disse ameaçadoramente, puxando o lençol violentamente por sobre a cabeça.

_ Você atuou muito bem!_ disse só para provocar, antes de apagar a luz.