For Amelie - 1a Temporada escrita por MyKanon


Capítulo 16
XVI - Socializando


Notas iniciais do capítulo

Música: They forgive (Kerli)
Beta reader: kikatz



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Quando cheguei em casa pensei em ligar para minha mãe vir almoçar comigo, afinal, não queria ficar sozinha. Mas depois de pensar melhor, resolvi que não. Se eu contasse para ela, na certa iria se preocupar e não conseguiria trabalhar direito. Isto é, se ela voltasse para o escritório.


Dont cry,

Não chore
you know, we all make mistakes

você sabe, todos cometemos erros
some of them are hard to forget

Alguns deles são difíceis de esquecer
dont cry,

Não chore
some of them can break us,

Alguns deles podem nos arrasar
it feels like no one's out there to help.

Sinto que não há ninguém aí para ajudar

 

Liguei o som bem alto, para não ouvir meus pensamentos e me ocupei com comida e logo depois com a limpeza da casa. Como ainda me sobrou muito tempo livre, resolvi trabalhar no resumo do livro. Liguei o micro e comecei a sintetizar a obra. Tive de folhear o livro para refrescar a memória, e procurei algumas resenhas bem elaboradas para ajudar no enriquecimento do texto. Acabei me aprofundando no trabalho e quando dei por conta, minha mãe já estava estacionando na garagem.

Só faltava a conclusão do resumo, então deixei o trabalho de lado e fui recepcioná-la.

_ Oi Mel! - Ela me deu um beijo na bochecha e colocou a bolsa no sofá.

Alongou as costas enquanto me perguntava:

_ E então, como foi a aula? Tudo bem?

Eu não podia ser tão direta com a minha mãe como era com o Aquiles. Era uma questão de política.

_ É, tudo... Bem, mais ou menos, tivemos uma notícia triste.

_ O que houve? - dessa vez ela prestou atenção de verdade.

_ Uma garota cometeu suicídio. Era de outra sala. Eu não conhecia. Acabamos não tendo aula. - minhas sentenças saíram exatamente assim, entrecortadas.

Ela se sentou e coçou a cabeça.

_ Poxa, isso é realmente horrível.

Ficou quieta alguns instantes, e eu tinha certeza que estava pensando no que me dizer. Ela estendeu a mão até alcançar a minha e me puxou para o colo dela.

_ Mas de todos, essa jovem é quem menos está sofrendo. Sinto muito pela família dela. - ela me abraçou e deu um beijo na minha cabeça – Ela devia estar numa depressão terrível. Foi uma pena não poderem ajudá-la antes.

Depois não disse mais nada. Ficamos abraçadas mais alguns instantes até que ela se levantou e foi tomar um banho.

 

They will all forgive,

Eles vão perdoar

They will all forgive,
Eles sabem que você tem se sentido vazio por dentro

they know that you´ve felt empty inside
E eles tem sempre visto, tudo o que você tenta esconder

and they have always seen ,everything you tried to hide.
Tudo, tudo

Everything, everything.


Minha mãe era realmente incrível. Nem eu mesma havia percebido que a minha verdadeira preocupação, era com a minha própria reação e não a dela. Eu já estava cansada de saber o quanto minha mãe era forte e corajosa. Mas ainda não sabia o quão forte eu tinha ficado. E com as palavras e o gesto dela, descobri que havia ficado extremamente forte.

 ***

_ Bom dia Mel! - ele me cumprimentou com um beijo no rosto e um abraço afetuoso.

_ Bom dia.

Eu estava com muita vergonha por causa dos relatos do dia anterior pra ficar constrangida com o abraço.

_ Tudo bem?

_ Claro. Por que não estaria? Antes que me responda, deixa eu esclarecer umas coisas.

Fiz sinal para que subíssemos a passarela antes de nos atrasarmos.

_ Me desculpe pela carga emotiva de ontem, você já deve ter notado que não sou disso... Eu só queria que você não me olhasse, temendo que eu faça alguma besteira a qualquer momento. Resumindo, não mude seu comportamento por causa do que te contei. Eu sobrevivi com isso muito bem antes de você saber. Não teria porquê ser diferente.

_ Certo, então agora eu é que vou esclarecer umas coisinhas. Deixa de ser sem noção! - e gargalhou depois disso.

É, devo admitir que estava sendo meio ridícula. Mas fazer o quê? Eu era impetuosa, até para me arrepender.

_ Vou tentar... Mas com você como exemplo vai ser meio difícil. - yes, consegui dar o troco!

_ Olha só, o retorno da Mel comediante!

 

Não importa realmente não importa

It doesn't matter , it doesn't matter at all
Se você cair, quando esta arrasado e pequeno

if you fall, when you`re broken and small
Oh o que for, tudo está aqui por alguma coisa

Oh whatever, everything's is there for something
Tudo é para ser

everything's meant to be

Oh, eles vão todos perdoar

Oh, they will all forgive

Depois de mais algum papo sem importância, começamos a subida para o bloco 2 onde seria a primeira aula de biologia.

A Bia chegou pouco antes da professora, e antes de monopolizar a atenção do Aquiles, foi obrigada a me cumprimentar por estar ao lado dele.

O Rafa chegou um pouco atrasado, mas não a ponto de ser repreendido pela professora.

Enquanto nos instalávamos na bancada, espalhando nosso material pela mesa, a professora se ocupava de ligar o retroprojetor e ajeitar os slides da aula.

_ E aí, como foi na prova de inglês? - perguntou a Bia agradavelmente a mim.

Mas eu sabia que era só fachada, pois ela não ia deixar barato minha censura nada discreta do dia anterior.

_ Acho que bem.

Ela deu um sorrisinho forçado e fez a mesma pergunta ao Aquiles, que deu a mesma resposta.

_ E na de química, como vocês foram? - perguntou o Rafa inocentemente.

Eu e o Aquiles nos entreolhamos desconcertados.

_ Eu fui mal. - não ia dar pra esconder mesmo.

_ Mal? Quanto mal? - o Rafa era mesmo um enxerido...

_ Muito mal. - Essa informação já não era suficiente?

_ Mas quanto você tirou?

Dessa vez foi a Bia quem perguntou. Ela percebeu minha relutância em responder diretamente, então não perdeu a oportunidade de me expor. Ela tinha que se vingar de alguma forma, não é mesmo?

_ Fiquei com zero. - respondi com frieza ao encará-la.

_ Zero? Poxa Cris, que pena... Mas como? Você não acertou nenhuma? - era o que ela mais queria ouvir.

_ Na verdade...

_ Na verdade ela acertou todas sim. Só que ela fez a minha prova. E o professor descobriu, por isso deu o zero. O que foi? - o Aquiles me perguntou diante da minha feição furiosa – Pelo menos eles vão saber que a culpa não foi sua, foi minha.

_ Ah, você fez a prova do Aquiles é? - o tom da Bia passou de irônico para desapontado.

_ Não exatamente... Aquiles... Explica que eu te passei cola, nada demais. - pedi, mas em tom ameaçador.

_ É gente, foi isso. Uma cola mal sucedida. Mas a Mel recupera. Não é?

_ É, disso não tenho dúvidas. - respondeu o Rafa já se voltando para a lousa.

_ Claro. A Cris é realmente extraordinária.

A Bia fez o comentário com a voz carregada de ódio. Que divertido, mais uma vez eu ganhei.

Acabamos não conversando muito durante a aula, mas percebi que a Bia não parava de me estudar, e observava minuciosamente cada movimento do Aquiles em minha direção, mesmo que fossem inocentes empréstimos de borracha.

Era meio irônico pensar sobre a espreita da Bia enquanto eu mesmo sabia exatamente o que ela estava vigiando. Estávamos ambas nos examinando como estrategistas de guerra. Realmente travávamos uma luta silenciosa, porém não menos violenta por isso.

Eu preferi ficar aguardando o próximo passo do inimigo.

Ao final da aula fomos para a sala de inglês. O Rafa acabou nos acompanhando e sentamos próximos uns aos outros.

A professora ainda não tinha as notas da prova, então começamos a estudar um novo tempo verbal. Depois disso tivemos aula de matemática, onde o professor corrigiu os exercícios que havia passado para revisão da prova. As aulas de exatas ficavam cada vez mais monótonas pra mim... Comecei a considerar a ideia de me tornar astrônoma ou física.

Que falta de glamour... Bom, eu nunca tive esse dom mesmo.

_ E aí, vamos descer?

A aula já tinha terminado, e eu nem notei em meio aos meus devaneios.

_ Não. Vou terminar meu livro.

 

They will all forgive

Eles vão perdoar

They know you´ve felt empty inside
Eles sabem que você tem se sentido vazio por dentro

They have always seen, everything you´ve tried to hide
E eles tem sempre visto, tudo o que você tenta esconder

Everything, everything.
Tudo, tudo

 

_ Ai Mel... Você e esse livro. Termina logo essa porcaria então pra você poder viver um pouquinho de vez em quando.

_ Vai logo para os seus quinhentos sanduíches e não me enche o saco.

_ Você a ouviu Aquiles. Vamos.

A Bia agarrou o braço do Aquiles e deixou a sala sorrindo amavelmente para mim. O Rafa saiu logo em seguida acenando brevemente para mim.

Acabei ficando sozinha na sala, pelo visto eu era a única anti-social ali. Tirei o livro da mochila e abri onde tinha parado. Li alguns parágrafos sem prestar muita atenção, e por causa disso tive que relê-los. Isso não estava certo... Estava no desfecho do livro que sempre prendeu minha atenção, e eu queria muito saber o final...

Então descobri o que havia de errado. O problema era que eu também queria estar lá em baixo. Na companhia de outras pessoas, conversando sobre futilidades, falando mal dos professores...

Por que eu não podia tentar? Já que o destino me presenteara com um amigo tão paciente e gentil, por que eu não poderia tentar ser um pouquinho mais sociável? Talvez fosse bom... Talvez desse certo.

Suspirei fundo quando passei pela portaria do bloco 3. O sol estava bem forte, afinal eram nove e meia da manhã. O pátio estava lotado, tinha estudante para todos os lados. Estudantes dos mais variados gêneros e tribos. Tinham uns com cabelos coloridos, outros até sem cabelo...

Caminhei por entre a multidão em direção à lanchonete. Eu só queria comprar um suco, qual o problema com isso não é mesmo?

E eu ainda estava tentando arrumar uma desculpa pra não demonstrar aproximação... Não. Eu não ia dar uma desculpa. Eu ia dizer que aceitei o convite e ponto.

_ Não acredito!

A lanchonete ainda estava a uns vinte metros, mas ele conseguiu me enxergar, e pior, conseguiu gritar alto o suficiente para muita gente olhar pra mim.

Devo ter ficado púrpura, mas ficar parada ali ia ser pior. Fui até onde ele estava e agradeci:

_ Obrigada por me anunciar.

_ Não tem por onde! Mas o que aconteceu?!

_ Oras! Eu... Vim comprar um suco! Estou com sede, é isso!

Não resisti...

Ele riu e disse:

_ Veio meio tarde, olha o tamanho da fila...

Realmente estava gigante.

_ Ah, deixa pra lá então.

_ Senta aí Mel. Ah, essa parte da sala você não conhece. O Dênis, o Pedro e... Ah, a Thaís e a Camila você conhece. A Bia então nem se fala né?

_ Oi. - cumprimentei já aproveitando o rubor da ceninha fora da lanchonete.

Eles deram uns “oi”s, “olá”s e “e aí”s ao mesmo tempo e voltaram para o assunto deles. Eu acabei sentando para não ficar em evidência já que estavam todos sentados. Sentei entre o Aquiles e a Thaís. Do outro lado do Aquiles estava a Bia conversando alegremente com os outros dois meninos.

Pouco depois chegou a Bruna e também sentou-se ao lado da Bia. Estava com um lanche enorme nas mãos.

_ Alguém tá servido? - ofereceu.

Mas todos recusaram.

_ Quer Mel?

O Aquiles me ofereceu seu refrigerante.

_ Não, obrigada.

_ Mas você disse que estava com sede...

_ Eu não gosto de refrigerante.

_ Gente, deixa eu aproveitar e perguntar – disse a Thaís chamando nossa atenção – O trabalho de literatura é pra semana que vem, não é?

_ Não tenho certeza, mas acho que é mesmo para sexta-feira que vem... - supôs o Aquiles.

_ Putz, e a gente nem leu... E agora, como faremos? A gente podia dividir, sei lá... Cada um lia uma parte... - sugeriu a Thaís.

_ Eu já fiz. Quero dizer, falta a conclusão, mas é o mais fácil.

Eles me encaram surpresos.

_ Ah... Poxa Cris, você devia ter nos avisado, assim a gente te ajudava... - começou a Thaís sem jeito.

_ Tudo bem, eu já tinha lido o livro... Não foi complicado.

_ Mas agora fiquei sem graça! - e deu uma risadinha.

_ O próximo vocês fazem sozinhos e ficamos quites.

_ Eu até faço, só não posso garantir um trabalho muito brilhante... Se você preferir, eu e a Cami podemos fazer a conclusão pra você.

_ Não, pode deixar. Eu já estou no embalo.

 

Everyone's the chosen one

Todo mundo é um dos escolhidos

we have come to learn it all
Nós viemos para aprender tudo isso

we are here so let us grow
Nós estamos aqui e não nos deixe crescer

we all fall and we all should know
Nós todos caímos e nós todos deveríamos saber

It doesn't matter, it doesn't matter
Não importa, não importa

it doesn't matter, because
Não importa, porque

they will all forgive
Eles vão todos perdoar

Sorri gentilmente para ela, tentando convencê-la que eu realmente não me importava em fazer o trabalho. Bom, pelo menos a Thaís teve o bom senso de se preocupar com o trabalho... A Bia parecia estar muito confortável com a situação.

E de novo eu estava implicando com a menina! Ela estava na dela, eu não podia parar de me incomodar com ela pelo menos no intervalo?

 

They know that you´ve felt empty inside

Eles sabem que você tem se sentido vazio por dentro

and they have always seen
E eles tem sempre visto

Everything you´ve tried to hide
Tudo o que você tenta esconder

everything you´ve tried to hide
Tudo o que você tenta esconder

everything you´ve tried to hide
Tudo o que você tenta esconder

Everything, everything
Tudo, tudo

 


Continua


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Notas finais do capítulo

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N/A: Dessa vez quem betou foi meu outro anjinho da guarda, minha irmã de coração kikinha!
Ela não acredita, mas todo o sarcasmo da Mel e toda a doçura do Aquiles vieram da fic dela q eu li e amei de paixão: Odeio Você!
E kissus para todas minhas outras irmãs de core q estão por aki! Amo todas vcs! ^^