Quis matar Louis por ter feito aquilo. Se não fosse mandada embora, no mínimo levaria um esporro enorme.

Senhor Cowell apareceu ao lado da porta e olhou para nós com uma feição séria. Eu estou simplesmente fudida.

– Entra Louis, vamos meninos. - Ele olhou para eles que estavam com cara de medo e os meninos entraram. Vi que ele nos avaliava e da última vez que ele olhou para mim ele sorriu.

– Não gosto dessa camisa, Senhora Russeau. - O vi fechando a porta. Confesso que esperava uma batida de porta, mas foi fechada com leveza.

Suspirei aliviada e Alexia riu da minha cara. Por pouco, mas não duvido nada que Louis receba algum esporro. Depois de um tempo parei para reparar que era a primeira vez que eu ouvi Senhor Cowell me chamar pelo meu sobrenome. Ri um pouco depois por ter tido tanto medo por nada e voltei ao trabalho.

Depois que os meninos saíram da sala vieram perguntar para a gente se a gente queria sair hoje.

– Nem vai rolar para mim. Tenho que fazer um trabalho para a faculdade muito importante. Não vai dar mesmo meninos, me desculpem. - Foi a desculpa que eu dei para eles sem mencionar o fato de eu estar preparando meu último trabalho para a faculdade. Eles iriam surtar e reclamar e não duvido nada que ouviria um pouco de drama falso da parte de Louis como brincadeira e um pouco de drama verdadeiro da parte de Niall.

Vi Niall e Harry saírem reclamando de terem que ficar de vela sozinhos hoje de novo. Rolei um pouco os olhos e voltei eles para os papeis a minha frente.

Tinha acabado de deixar a caneta apoiada na mesa e estava olhando para o pedaço de papel que estava nas minhas mãos. Ri com a minha frustração, até por que era desnecessário, não ia acontecer mesmo. Summit não ia me contratar, não assim, eu estava acabando de acabar a faculdade. Coloquei o papel no envelope e fui até a caixa de correios. Suspirei e joguei a carta. Aff, para que o nervosismo, Annabelle? Não vai acontecer nada mesmo.

Virei de novo. Merda, eu não consigo dormir. Rolei umas cem vezes nessa cama e não sei o que fazer. Eu sempre tive esse problema, acontece alguma coisa e eu fico mal demais para dormir. O que aconteceu dessa vez na verdade ainda não aconteceu. Eu vou embora em breve. Faltam menos de cinco meses e estava nervosa. Com saudades de casa também, mas preocupada com o que ia deixar aqui.

Alexia, os meninos, Senhor Cowell. Tinha me acostumado com a minha rotina.

Joguei o cobertor para longe e fui para o estúdio. Suspirei e olhei as melodias que estavam em cima do meu teclado. Desde criança me dediquei a essa carreira, então sei tocar quase de tudo. Piano, teclado, guitarra, violão, violão-celo, um pouco de violino e bateria. Coloquei meu violão no meu colo e fechei os olhos. Vamos melodia, sai. Por favor.

Dedilhei algumas notas e me levantei indo até o teclado. Não saia nada. Sentei no chão com o violão ainda no meu colo e tentei alguma coisa. Nada.

Chegou uma hora da manhã, que eu não tinha a mínima ideia de qual era que eu apaguei. Ali mesmo, sentada e apoiada no violão.

Senti alguém me cutucando, não queria acordar, apesar de o meu colchão estar totalmente duro eu estava confortável ali. Tinha um cheiro agradável e eu me sentia bem daquele jeito. A pessoa me cutucou de novo.

– O que foi? - Tentei perguntar, mas saiu mais como um resmungo.

– Anjinha, acorda, você está atrasada para o trabalho. - A pessoa me sacudiu.

Anjinha, quem me chamava assim mesmo? Alexia, Senhor Cowell, Harry... Harry!

– Harry? - Quase gritei levantando assustada. - O que você está fazendo aqui?

– Os meninos pediram para eu te chamar, Alexia tem a sua chave e me emprestou. Vamos, você está muito atrasada para o trabalho.

Merda, lembrei que hoje eu não tinha faculdade, então começava o trabalho cedo.

– Quanto tempo? - Me levantei com a ajuda dele.

– A mais ou menos uma hora era para você estar lá.

– O que? - Gritei e me soltei dele indo para o quarto. - Me espera ai na sala, Harry, não demoro, prometo!

Corri para o banheiro e pouco tempo depois estava pronta.

– Pronto, vamos? - Peguei minha bolsa e abri a porta.

– Não vai comer nada? - Ele perguntou se levantando do sofá.

– Não dá tempo, Harry! Vamos! - Puxei sua mão e fomos correndo para o elevador que estava no andar abaixo do meu. Entramos no carro dele e ele deu partida. Liguei o rádio para me acalmar um pouco e estava tocando I Will Be da Avril Lavigne. Sorri e ouvi Harry cantarolar.

– Gosta dessa música? - Perguntei. Sinceramente não esperava isso dele.

– Gosto, gosto dela também, adoro as letras. - Ele sorriu e me olhou por dois segundos.

– Eu acho essa música linda, é bom para quem está apaixonado. - Sorri e encostei minha cabeça no vidro.

– Você está apaixonada, Anjinha? - Harry olhou para mim cauteloso. Eu ainda não tinha percebido que eu não reclamava mais dele me chamando assim. Na verdade, estranhamente e ridiculamente aqui me deixava confortável. E isso foi clichê.

– Eu? Não. - Ri e olhou para o lado de fora.

Ele entrou na garagem e saímos do carro.

– A proposito, gostei da blusa. - Riu e as portas abriram.

– É o amor. - Ri e olhei para a blusa que Niall tinha me dado de aniversário a poucos meses atrás.

– É o ego inflado de Niall. - Rimos.

– Eu vou indo, tenho que trabalhar, estou atrasada. - Sorri e ele assentiu. - Harry, obrigada por ter ido me ajudar.

– Não há de quê. - Ele sorriu e foi para o estúdio com os meninos.

– Graças a Deus! - Ouvi Alexia gritar e a vi correr até mim.

– Calma, parece até que eu sofri um acidente! - Ri e fui com ela até a minha mesa.

– Se demorar um pouco mais para entrar na sala do Senhor Cowell, vai ter uma simulação de acidente falando que você morreu. - Ela disse preocupada, mas ainda assim meio estérica.

– Alexia, para de gritar! - Reclamei e bati na porta do Senhor Simon. Ouvi ele me mandar entrar e fiz o que me foi mandado. - Bom dia, Senhor Cowell. - Sorri envergonhada.

– Bom dia, Annabelle. - Ele respondeu sério. Merda, estava me metendo em encrenca, ele não me chamou daquele apelido ridículo.

– Me desculpe o atraso, Senhor Cowell. Eu juro, foi sem intenção, eu estou meio ocupada com as coisas da faculdade e... - Fui interrompida.

– Sente-se, Anjinha. - Fiquei mais calma ao ouvir aquele apelido e nunca fiquei tão feliz em ouvir aquilo. Me sentei e esperei ele começar a falar. - Eu sei que as coisas estão complicadas, em um pouco mais de cinco meses você vai embora,

– Menos. - O interrompeu e ele me olhou confuso. - Faltam menos de cinco meses, eu vou embora antes do natal.

– Ah sim, acho que me confundi, desculpa. - Assenti o desculpando e deixando ele continuar. - E você sabe que eu tenho uma enorme afinidade com você, na verdade, não queria que fosse embora. Mas acho que se tudo depende tanto assim do seu esforço, se acalme, você não vai conseguir nada nervosa do jeito que você está.

– Tudo bem, Senhor Cowell, eu prometo que isso não vai acontecer de novo. - Sorri.

– Eu espero. Já pode ir.

– Obrigada, Senhor Cowell.

Sai da sala e me sentei na minha mesa. Voltar ao trabalho, voltar ao trabalho, voltar ao trabalho.

Eram quatro horas da tarde quando os meninos foram até as nossas mesas.

– Então, Bells, pelo menos você saiu viva. - Zayn comentou e se encostou na mesa de Alexia.

– Então, já que passou por esse sufoco todo, acho melhor você sair hoje. - Alexia deu a ideia.

– Balada? - Perguntei com um sorriso malicioso.

– Ih, ela ta tarada. - Louis comentou e eu mostrei minha língua a ele.

Alexia tinha me deixado em casa e quando cheguei fui logo para o banho. Me arrumei e peguei meu carro. Hoje eu ia relaxar, beber muito e não queria saber o que ia acontecer depois. Hoje eu vou esquecer de todo aquele estresse de despedida.

Passei na casa de Alexia e fomos para a boate que ficava na parte norte de Londres. Os meninos já estavam lá na frente nos esperando e assim que chegamos entramos. É isso que dá ser amiga de boyband. Ri por dentro e fui para o bar.

– Cara, me dá dois copos de vodka. - Disse e ri com a hipótese do cara achar que eu estava levando para alguém o segundo copo. Por que eu estava rindo disso mesmo? Aff, você é muito retardada, Annabelle! Peguei os copos da mesa e tomei cada um em um gole só. O cara me olhou assustado e fui até os meninos.

– E ai? Eu vou dançar, vocês vêm? - Perguntei, ele não viram a cena dos copos.

– É agora! - Harry disse e entrou para a pista de dança.

Fui atrás dele dançamos, mas dançamos muito. Depois de uns três copos de vodka ou mais, senti alguém passar a mão pela minha cintura. Olhei para trás e sorri ao ver quem era. Era um homem loiro, tinha olhos meio caramelo e um sorriso lindo.

– Oi linda. - Falando em lindo ele tinha uma voz incrível. Ele meio que gritou por causa da música alta.

Não bebi muita coisa, mas estava bem animada para me fazer de difícil para ele.

– Oi. - Sorri e ele continuava com a mão na minha cintura. Confesso que estava meio agoniada com aquela mão ali, como se ela não pertencesse àquele lugar.

Mas antes que eu pudesse pensar em mais alguma coisa os lábios do cara já estavam nos meus. E era bom. Ri com o meu último pensamento e continuei o beijo bruto. Nos separamos quando eu fiquei tonta e tive que cambalear para traz. Ele beijava bem, mas de alguma forma aquilo me machucava. Antes que eu pudesse olhar para o homem cujo eu não perguntei o nome antes mesmo de beijá-lo ele estava caído no chão.