Levante o rosto, e fique vendo por um tempo Marie brincar na água. Ela pareceu notar meu rosto contorcido de preocupação e correu até mim, se jogando na grama do meu lado

-O que foi? – perguntou

-Marie, tem certeza que não pode me contar quem te deu isso?

Ela corou e olhou pra baixo

-Não posso – ela respondeu – foi uma promessa

-E não pode me dar pelo menos uma dica?

-Ela disse que... – quando percebeu o que tinha dito cobriu a boca com as mãos

-Ah, então é mulher – dei um sorriso – bom, isso é um começo. Preciso ir agora, tenho que falar com o Harry

-O Potter? Que legal! Mãe, outro dia me arranja um autografo dele?

-Claro, faço isso ainda hoje

Ela sorriu animada e se levantou em um pulo

Depois de voltar, deixei Marie em um dos corredores, e apertei o paço para a cabana de Hagrid, até tinha me esquecido que Thainá ainda devia estar lá.

Mas Rony veio até meu encontro

-Hermione, eu preciso falar com você – pediu

-Não pode ser outra hora Rony? – falei me distanciando – diga pro Harry que eu tenho que falar com ele, é urgente, só tenho que ir à cabana do Hagrid rapidinho

Rony somente assentiu, colando as mãos no bolso

Continuei andando pelo corredor, quando ouvi um ruído, vinda de trás de uma porta, o que me fez instantaneamente lembrar Draco e o Zabini conversando sobre mim anos atrás

Tentei ignorar, mas a repentina curiosidade foi forte, abri a porta, e vi o que menos eu desejava ver. Draco beijando a Parkinson

Foi de imediato, eu senti meu coração ser partido pelo mesmo garoto mais uma vez. Se bem que meu coração nem mesmo estava inteiro pra começar.

Então era assim que ele dizia que me ia fazer eu gostar dele? Claro que ele não tinha mudado, era só teatro para não ser mandado pra Azkaban. É Hermione, ele te enganou mais uma vez, mas você não vai deixar alguém te pisar assim duas vezes e ficar ileso. Não é? Você tem orgulho.

Pigarreei. Mesmo sentindo meus pulmões arderem dentro de mim, tudo parecia doer naquele momento.

Os dois finalmente me notaram ali.

Sim, eu quis chorar, gritar, matá-lo, fazer de tudo, mas resolvi fazer outra coisa.

-O novo casal de Hogwarts. Parabéns! – disse fria

Draco olhou pra mim, apertando os olhos como se quisesse ter certeza de que era eu, depois olhou para a Parkinson, o mesmo repetiu o ato duas vezes, até responder um baixo:

-Como isso é possível?

-Fala pra ela Draquinho – Parkinson diz com voz manhosa – diz pra ela, que você é só meu

-Pansy?

Não quis ver mais nada, esta muito perto de chorar, e eu não queria dar esse gosto.

Corri o mais rápido que meus pés conseguiam ir, entrei na sala comunal da Grifnoria e corri pro meu quarto

Meus olhos voaram pra cama de Gina, mas ela não estava lá.

Fiquei andando em passos largos e em círculos pelo quarto, tentando achar alguma coisa pra descontar o meu ódio.

Idiota! Traiçoeiro! Filhote de comensal! Doninha! Ora, como o odeio!

Soquei a parede com força, mas aquilo não fora o suficiente, ignorei a dor tremenda que eu sentia no pulso por causa do soco e me concentrei na dor profunda no meu peito, a da decepção e o ódio

Ouvi uma barulheira no andar de baixo, mas ignorei. Sentei na minha cama, e apertei minhas mãos contra meu rosto, murmurando insultos bruxos e “humanos” para o loiro Malfoy que mais uma vez tinha conseguido acabar comigo

Fui interrompida em minhas series de insultos quando a porta do quarto se abriu, um sorriso brincou nos meus lábios na esperança que fosse Thainá ou Gina, mas meu sorriso sumiu ao ver Draco, o garoto trancou a porta do quarto, pegou a varinha e disse:

-Abaffiato!

-Sai daqui Malfoy – falei com tanta frieza, que nem mesmo pareceu ser a minha voz, me levantei e continuei dizendo – já chega pra mim, some!

-Não até você deixar eu me explicar. Pra começar, lembrar sobre a aposta no quarto ano? Eu fiz sim, mas quando começamos a ficar, eu acabei gostando de você, naquela noite eu estava cancelando a aposta, quando você apareceu!

-Então essa é sua desculpa? E você beijando aquela garota?

-A Pansy sempre gostou de mim...

-Ah claro, aí você resolveu se aproveitar dela?

-Me escuta Hermione! – ele me segurou pelos ombros – e olha pra mim

Ele pediu quando desviei os olhos dele, mas depois voltei a olhá-lo com desprezo

-Ela me enfeitiçou, pensei que estivesse beijando você.

-Como você é estúpido, acha mesmo que vou acreditar? Ela não sabe nada sobre nós, ninguém sabe, a não ser que você tenha resolvido espalhar

-Ela descobriu de algum jeito, e isso não importa, a verdade é que: Hermione, eu te amo!

“Hermione, eu te amo” Ele tinha mesmo me dito isso?Não, era mentira, hoje eu tive a prova. Malfoys não amam.

Queria acreditar, queria mesmo, mas não dava. Dessa vez é diferente, não estou dizendo isso a ele por raiva, dessa vez é o puro ódio gritando.

-É mentira – juntei todas as minhas forças pra dizer isso, eu cruzei os braços e assumi uma pose de mais firmeza no que dizia – não acredito mais em você Malfoy. Pode ir – sorri friamente – não precisa mais fazer esse joguinho, pode correr pro Zabini e contar que a sangue-ruim caiu na sua de novo. Não me importo mais com que você faz, ou o que diz nas minhas costas

-Não vou fazer isso, não vou fazer nada para te deixar machucada de novo. Será que você não entende o que eu quero dizer? Claro que não entende você não sabe o que esta acontecendo, nem sabe dos sacrifícios que eu estou fazendo pra estar aqui e agora com você, mesmo assim acha que é a dona da verdade!

-Se você não me contar o que esta acontecendo é assim que as coisas vão continuar. Mas você não vai dizer, por que não existe explicação pra tudo isso, você simplesmente gostar de me tratar como brinquedinho.

-Hermione, ainda vai se arrepender por isso

-é uma ameaça? – eu provoquei

-Não, é a realidade.  – ela suspirou pesadamente com os olhos fechados, como se estivesse recuperando a sanidade – não posso te contar o que esta acontecendo, não posso, mas quando você descobrir, eu vou estar, esperando por você, eu sempre vou estar, juro.

As lagrimas estavam insistindo em querer sair dos meus olhos, pisquei para afastá-las, mas não deu certo e algumas deslizaram pela minha bochecha

-desculpa Malfoy, não consigo mais acreditar em você, é difícil demais com o nosso passado. A nossa historia acaba aqui

-Tudo bem... – ele sussurrou

O inusitado aconteceu, vi uma lagrima escorrer dos seus olhos, ele rápido a enxugou, pois as mãos no bolso e disse um firme:

-Tudo bem – repetiu – a culpa não é sua, é minha por ter sido tão idiota com você esses anos, por isso você não consegue acreditar.

Não respondi a isso, estava concentrada em manter minha pose dura, não queria demonstrar fraqueza, eu estava magoada demais

Ouvi uma voz baixa a de Rony e de repente a porta estava sendo aberta.

Rony, Gina e Harry arregalaram os olhos ao ver que Malfoy estava no meu quarto

Lancei outro olhar de ódio para o Malfoy e ele arfou

-Terminaremos essa conversa outra hora

-não tenha tanta certeza – respondi ácida

-Quando você souber a verdade, vai entender o sacrifício que estou fazendo

Não pude responder. Malfoy já tinha saído porta a fora

-O que aconteceu? – Harry perguntou como sempre ele só ficava sabendo as coisas por último, coitado

Gina, que era a minha cúmplice arfou ruidosamente, e me lançou um olhar cheio de compreensão e compaixão

-conversamos depois?

-claro – respondi sem emoção

Os três continuaram olhando, como se esperassem que eu dissesse se alguma coisa

Logo eu me lembrei da carta, olhei para Harry e disse:

-Eu recebi uma carta hoje, e você precisa ler