Thainá e eu demos os braços, então caminhamos sorridentes até a cabana de Hagrid

Bati na porta e logo depois ela foi aberta, por Jorge

Ele sorriu pra mim, e eu sorri em resposta, logo seus olhos voaram para Thainá que sorria ao meu lado, mas quando os seus olhares se encontram o sorriso dos dois desmanchou

-Então ele é Jorge? – Thainá me pergunta encabulada

-E ela é Thainá? – Jorge me pergunta

Fiquei atônita sem ter como responder, afinal, eles se conheciam?

-Bom... – digo sem jeito – então vocês se conhecem?

-Gostaria de não ter conhecido – ouço Thainá dizer baixinho

-Bem... Podemos entrar?

-Ah claro – ele sorri me puxando para dentro

A morena entra logo depois

-Onde esta Hagrid? – Thainá pergunta

-Ele saiu – Jorge respondeu – faz uma meia hora, nada de muito importante

Era estranho ver Jorge assim. O ruivo geralmente até agora já devia ter feito alguma piada, e não fez. Perder Fred foi um choque muito grande pra ele, na verdade pra família toda, mas pra ele que é o irmão gêmeo foi bem pior

Nem mesmo parecia o mesmo Weasley.

-Ainda não entendi. De onde vocês se conhecem?

-Tivemos um encontro nada legal hoje – Thainá diz lembrando-se de alguma coisa – idiota! Era minha blusa favorita

-Ata, eu sou idiota? Você que parecia uma louca correndo no corredor!

-Você ta bem tava correndo playsson de araque!

Jorge franziu a testa tentando entender o que a morena tinha dito

Gargalhei quando vi a reação de Jorge

-não, meu nome é Jorge

Thainá riu do coitado

-Ela não esta falando nesse sentido – eu disse prendendo a risada

-não estou entendendo nada

-Esquece o que eu disse – Thainá diz ainda rindo

-É um xingamento... Humano, muito usado no Brasil, que é do lugar de onde a Thainá veio – eu disse

Tinha resolvido adotar o jeito que Thainá falava dos humanos.

Ela sorriu pra mim quando ela ouviu o que eu tinha dito

Jorge começou a rir do nada, uma risada contagiante Thainá e eu não resistimos e rimos com ele, foi muito bom ver Jorge rindo de novo

Olhei rápido pela janela e avisei uma cabeleireira conhecida correndo. Franzi a testa, onde será que ela estava indo?

Só a tinha visto uma vez, mas sabia muito bem que se tratava de Marie, a garotinha que tinha me entregado uma carta, que eu inclusive ainda não tinha lido

Olhei pro livro marrom que eu segurava e lembrei que a carta estava ali.

Movida pela curiosa e preocupação pela garota, eu disse:

-Gente eu preciso ir, tudo bem?

Eles não entenderam muito bem, mas assentiram

Saí rápido do lugar e corri pelo mesmo caminho que tinha visto Marie ir, mesmo pequena ela conseguia ser muito rápida, e eu estava me esforçando para alcançá-la.

Continuei correndo atrás da garoa por pouco tempo, até chegar ao lago negro

-Marie – eu chamei

Ela se virou, e só assim pude ver seu rosto coberto por lagrimas e seus olhos vermelhos de tanto chorar

-tudo bem? – perguntei

Era uma pergunta idiota, estava claro que ela não estava bem

Ela se limitou apenas a um aceno de cabeça e um sussurrado:

-não, Granger – ela se senta de debaixo de uma arvore

-me chame de Hermione. O que aconteceu? – ela permaneceu em silêncio, de cabeça abaixada – você pode dizer? Eu sei que o primeiro dia é difícil, pra mim também foi

Sem nem mesmo levantar o rosto, ela sussurrou roucamente:

-verdade?

-foi, todo mundo me achava uma estranha

-Mas você é legal – ela levantou o rosto – é amiga do Harry Potter

Dei uma risadinha baixa

-Ele e o Rony também não gostavam muito de mim, só depois que eu provei que era boa pessoa que eles começaram a gostar de mim, mas e você... Por que esta chorando?

-Por causa de umas garotas da minha casa, eu sou da Corvinal. Elas zombam de mim

Marie parecia muito vulnerável, e inocente. Mesmo com 11 anos ainda era uma criança que não sabia como o mundo era

-Zombam? E por quê?

-Elas dizem que sou uma estranha, por que tenho 8 anos e estou em Hogwarts, estou aqui por que sou uma bruxa prodígio, e é por isso que ninguém me quer.

Não entendi, e deixei que ela continuasse

-Meus pais me puseram em um orfanato quando eu tinha seis anos, por que achavam que eu era uma aberração

-Você não é uma aberração, você é uma bruxa, não se esqueça disso e tenha orgulho. Essas meninas são muito inseguras, por isso te chateiam, por que tem inveja de você

Ela riu

-Inveja?

-é elas tem inveja, então ignore um dia elas vão se arrepender, também foi assim comigo e olha aonde eu cheguei, eu sou uma heroína agora

Ela riu um pouco mais

-Obrigado – sorriu – gosto de você, mas...

-O que?

-Sabe, eu ainda sinto falta de pais, principalmente de uma mãe...

-Não fica triste - a abracei – por que isso é o tipo de coisa que dar pra resolver

-como? – vi seus olhos brilharem

-De agora em diante, você pode me chamar de mamãe – disse rindo – será uma brincadeirinha

-serio? – ela sorria e eu assenti – legal!

Ela me abraçou com força

-ok – disse rindo – minha primeira ordem como mãe é: Pare de chorar, filha

Marie riu gostando da brincadeira

-tudo bem, mamãe - ela olhou pro lago – posso nadar?

-claro – eu ri

Marie deu um pulo e correu em direção ao lago

É isso foi realmente muito estranho. Parece que eu sou meio que uma mãe agora

Meus olhos voaram pro meu livro e eu suspirei, estava na hora de ler a tal carta

Peguei a carta, e abri com cuidado para ter certeza que não tinha rasgado nada, então eu comecei a ler uma letra elegante, que eu nunca tinha visto

Querida Hermione,

Desculpa ainda não poder revelar minha identidade, mas eu tenho uma coisa importante a ti dizer, e peço para que não conte pra absolutamente ninguém o que leu aqui, e de preferência que essa carta nem nunca tenha existido, só revele essa carta para Harry Potter.

O mundo bruxo não esta seguro, uma nova guerra esta por vir, e dessa vez, Harry Potter só será uma das chaves coadjuvantes, junto com outra pessoa que logo saberá, mas a chave principal de tudo será você

Não posso ti contar em detalhes por uma carta, é perigoso, mas quero que saiba que o garoto que invadiu o trem era filho de Rodolfo e Bellatrix Lestrange, chama-se Michael Lestrange e estava ali para matar você, ele se encontra em Azkaban agora.

No entanto você não esta segura, não seja previsível, não confie em ninguém e o mais importante, desconfie de tudo e de todos.

Eu estarei em Hogwarts em breve.

Desviei os olhos da carta para o lago, mas na verdade eu não o olhava de verdade, apenas permaneci naquela posição pensando.

O filho de Bellatrix... Sabia que reconhecia aqueles olhos frios. Mas ele estava tentando me matar, por quê? O que eu tenho de especial? E por que Harry não é chave principal disso, ele é que é o eleito. E eu sou uma “nascida trouxa”, nada disso faz sentido. E a mais importante das perguntas é: Quem mandou a carta?

Chegava a ser ridículo, mas o que mais me parecia aceitável fazer agora é aceitar o conselho. Agora preciso informar a Harry.