"O beijo é a maneira mais simples de demonstrar carinho por alguém..."

“Porra. Eu preciso de um lugar para ficar longe de você.”

“Eu quero partir, Mas também quero ficar, [...]

Mas também deixarei coisas que amo.

É tão difícil,

Seria tão mais fácil se só fosse abrir a porta e partir.

Mas não consigo fazer isso.

Atravessar a porta significa muito mais que apenas ir embora.

Significa deixar feridas e saudades em alguns corações,

E também levar no meu. [...].”

Ravena POV

Depois que consegui curar Estelar, desmaiei e não me lembro de muita coisa. Só de um cheiro de almíscar. Acordei na minha cama, eram sete horas, dormi muito.

Na mesa de cabeceira além de meu relógio e do livro, uma folha de papel. Era um bilhete.

Hey Ravena,

Espero que você esteja melhor, você se esforçou muito hoje de madrugada. Descanse um pouco e depois desça, estamos todos preocupados.

E não se preocupe ninguém te culpa pelo que aconteceu. Estelar está melhor, ela também está descansando.

Se precisar de qualquer coisa pode me chamar!

Mutano

Era muita gentileza dele. Mas eu não tinha tempo para pensar nisso, precisava meditar.

Me sentei de pernas cruzadas na cama, apoiei minhas mãos nos joelhos, ajeitei a postura e fechei os olhos. Respirei fundo, uma, duas vezes, senti que comecei a flutuar. Permaneci assim por um tempo e só voltei para a cama quando senti que estava tudo sob controle.

Oito horas. Eu precisava terminar de ler aquele livro. O peguei na mesa de cabeceira e continuei de onde tinha parado.

Drica tinha uma decisão a tomar, e para ela não foi difícil. Depois de quase matar o primo, e ter assustado e ferido os amigos, ela tinha que drenar os poderes. Ou pelo menos tentar. Que garantia tinha que poderia resistir aos poderes avassaladores? E se não resistisse, eles a dominariam, e os primeiros a sofrer as consequências seriam as pessoas próximas a ela.

Iria fazer a tal viagem. Era sua única chance. E iria sozinha. Já envolvera demais as outras pessoas, não iria leva-los em uma busca incerta, por uma esperança que talvez nem existisse.

Mas ela acreditava. Algo em seu interior lhe dizia que o templo existia, e que lá conseguiria ajuda. E assim a história prosseguiu.

Drica viajava para a Eslovênia, e descrevia em detalhes. E também explicava por que estava registrando tudo. Se aconteceu com ela e seu tio-avô, qualquer um poderia passar por isso. E merecia ajuda.

Me perguntei por um instante... Quantos donos esse livro já teve? Quantos já passaram por isso?

Continuei, lendo atentamente as palavras de Drica. A parte que me deixou confusa, foi na que ela chegava à floresta. Ela descrevia mais emocionalmente e era difícil acompanhar.

Ela continuava atrás do templo, até que percebeu que estava sendo seguida. Os amigos descobriram e foram atrás dela. A história se desenrolou assim. Ela atrás do templo e tentando despistar os amigos e então... Nada.

Faltava a última página. Bem... De um jeito ou de outro, terminei o livro. Dez horas. Joguei o livro no chão e me esparramei na cama. Fiquei olhando para o teto. Permaneci assim por um tempo, pensando.

Tomei minha decisão.

Me sentei novamente e fiz meu laptop flutuar até mim. Precisava fazer uma pesquisa.

Coloquei as coordenadas do livro e pesquisei rapidamente. A floresta estava lá, mas era menos do que eu imaginava. Claro que o lugar é enfeitiçado sua idiota. Ficava perto de uma pequena cidade, Bovec.

Fiz mais algumas pesquisas e decidida fui para a cozinha. Desci as escadas, Estelar estava no sofá deitada, Mutano e Ciborgue estavam sentados nos braços do sofá. Robin veio até mim enquanto eu bebia meu chá.

– Como você está? – ele perguntou.

– Melhor. – disse baixinho.

– Ninguém aqui culpa você.

– Mas deveriam...

– Não diga isso. – e ele me olhou daquele jeito como quem diz “você já é minha irmãzinha e salvou a vida da minha namorada, por que eu estaria bravo?”. Sorri de leve para ele e fui em direção à porta.

– Onde pensa que vai? – ele perguntou ficando na minha frente.

– Preciso me distrair. E você sabe que aqueles livros não duram tanto tempo. – tradução: li tudo. Preciso de mais. Uma perfeita mentira, Beijos Infernais ainda estava com o plástico.

– Vai sair depois do que aconteceu?

– Me manter trancada não vai ajudar.

– Eu compro para você.

– E o chá acabou. Entende de chá por acaso para comprar mais? – ele hesitou um segundo. Posso continuar nesse enfrentamento o dia todo.

– Não, mas tenho certeza que Mutano entende. Ele compra pra você. Ele já ia comprar remédios para Estelar mesmo.

– Eu ia? – perguntou Mutano erguendo a sobrancelha.

– É, você ia! – disse Robin.

– Claro que ia.

– Não precisa. – interrompo. – Eu compro os remédios.

– E se aparecer algum bandido? – Robin perguntou.

– Eu ligo para você e saio correndo de lá. – ele sabia que não podia me impedir.

– Tudo bem. – Não perdi tempo e fui para a porta, antes de ela fechar ouvi uma pequena conversa.

– Sabe que vai se arrepender disso não sabe? – disse Ciborgue.

– É, eu sei. – disse Robin.

Acreditem... É melhor assim.

Mutano POV

Estávamos todos no sofá. Como sempre, nem mesmo quando ela está debilitada, RobStar atacando. Conversinhas do gênero "Tive tanto medo de perder você." "Você nunca vai se livrar de mim." Rola um beijo. Ok, hoje eu dou um desconto pra eles. Mas só hoje.

Quando Ravena saiu eram umas quatro horas e agora já estava escurecendo. Certo, o livro que ela quer pode ser difícil de achar. E eu admito que os remédios para Estelar eram poucos e difíceis de conseguir e ... Não! Eu não estou preocupado! Definitivamente não!

Tá, eu me sentiria melhor se ela estivesse por perto. Ou como quando ela desmaiou no meu colo depois de curar Estelar e eu carreguei ela até seu quarto e... Cala boca lado babaca de mim, que você já fez muita merda na minha vida!

Então ouvi o som da porta se abrindo, um pacote de chá voou até o armário, seguido de alguns pacotes de remédios que foram para a bancada, logo em seguida passou Ravena segurando um livro.

Pulei o sofá e corri para alcança-la antes que subisse as escadas, quando cheguei ela estava no primeiro degrau.

– Ravena! - ela se virou pra mim. - Você tá bem? Quer dizer, você tá bem mesmo? Por que hoje cedo você não estava e mesmo assim foi para a luta e... - isso! Fala sem respirar e mostra como você é idiota! Pensei ter dito pra ficar calado lado babaca!

– Mutano. - ela interrompeu meu diálogo interno. - Está tudo bem. De verdade. Só preciso descansar um pouco. - ela disse calmamente. - Mas obrigada por se preocupar. - ela se inclinou me beijou no rosto e subiu.

Tudo bem lado babaca, assuma.

Mas que... O que foi que... Peraí... Hã?... Ravena... Me... Beijou...? Abri a boca mas não saiu nenhum som. Eu com certeza estava com uma cara idiota.

– Ele está corado. - disse Estelar entre risinhos.

Eu estava corado. Legal...

Robin e Ciborgue também riam.

– Haha, muito engraçado. - digo tocando minha bochecha direita. Tá bom lado babaca, já deu.

Voltei para o sofá e acho que passei o resto da noite com aquele sorriso idiota.

Lado babaca... Se manda!

Ravena POV

Hora de fazer as malas.