Um Par De Olhos Negros. escrita por Jéss mS


Capítulo 8
Sensações


Notas iniciais do capítulo

Espero que curtam. Este capítulo terá mais haver com HofN, mas, sempre temos um pouco de Hush, Hush. Espero sinceramente que curtam! Boa leitura.



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Vee, Shaunee, Damien e eu, estávamos a caminho do templo em que ocorreria o ritual de Lua Cheia.
Estávamos todos de uniforme, pois era o solicitado pela Grande Sacerdotisa. Vee tagarelava junto com Shaunee e, Damien estava de braços dados comigo.
- Acredite você irá adorar o Ritual. – Disse ele. – Sua irmã, por exemplo, adorou. Sabe? Nos sentimos revigorados ao sair de lá, porque a presença da Deusa é muito perceptível.
- Espero gostar também, é muito comprido?
- Que nada! Vai passar rapidinho, você vai ver. – Damien fez uma pausa e, seu olhar melancólico focou em um lugar distante. - Hoje um garoto morreu no dormitório masculino, enquanto víamos tevê antes de vir para cá. – Damien, parecia cabisbaixo e, seu olhar estava triste.
- Foi seu colega de quarto? – Perguntei um tanto preocupada.
- Eu não tenho colega de quarto, nenhum menino quis ficar no mesmo quarto de um gay.
- Não fale assim Damien. – Disse tentando de alguma forma consolar ele.
- Mas, é verdade Nora. – Seu olhar ainda estava triste, mas, agora eu estava em confusão, seria pela morte ou por estar sozinho? – E não se preocupe ok? Estou bem acostumado com isso. Mas, foi tudo horrível. O corpo rejeitou a passagem e, começou a sair sangue pelo ouvido, boca e nariz. Ele tossia sem compasso, bem desesperado. Até que Laurel foi até lá e, deu algo para ele beber, ele se acalmou e, se foi.
- Que horror e, os familiares dele? – Perguntei olhando-o atentamente com as sobrancelhas arqueadas em tom de questão.
- Avisaram todos, mas, nenhum se deu ao trabalho de vir até aqui, ver ao menos o corpo.
Shaunee já estava nos degraus do templo de frente ao de Nyx.
- Venham logo suas lesmas! – Berrava Shaunee.
- Já estamos chegando. – Berrou Damien rolando os olhos.
Nós chegamos e nos encaminhamos à soleira da porta dupla de madeira do templo.
- Vee foi guardar nossos lugares. Para não ficarmos muito longe. – Disse Shaunee.
Entramos no templo e, logo fui envolvida por um odor de incenso doce que provinha de dentro do templo. Fizemos uma pequena curva para a direita. Havia uma qualificadora mestra na soleira de uma abertura arredondada e, não uma porta. Ela nos desejou boas vindas e, falou para que fôssemos depressa para os nossos lugares. Anotando nossos nomes só de olhar em nossos olhos. As paredes eram de pedras pontiagudas e, havia uma mesa de centro comprida e alta, com velas e ceia para Deusa. Havia cinco velas de cores distintas. Uma amarela, outra vermelha, outra azul, outra verde e por fim destacando-se das demais, havia uma roxa.
- Elas representam os cincos elementos para serem invocados neste ritual. – Sussurrou Shaunee em meu ouvido enquanto nos sentávamos em nossos lugares ao chão, de frente para a mesa.
Repentinamente todos ficaram em silêncio. Quatro formas apareceram dos cantos escuros do templo. As professoras da Morada se posicionaram de frente a velas. Sobrando somente a vela do centro do círculo vivo, a roxa. Logo após isto, da escuridão surgiu, uma figura máscula e, uma feminina que logo reconheci como Laurel. Vestida de negro. O rapaz era o nosso professor de poesia, seu nome era Loren Blake e, parecia muito novo para tal cargo ele era um poeta vamp. Seus olhos eram azuis e, contrastava com sua pele bronzeada. Seus cachos eram negros e caiam levemente sobre a testa. Seu corpo era largo, não gordinho, mas, musculoso.
- Ele é o motivo de minhas aulas extras de poesia. – Sussurrou Shaunee, o que quase me fez gargalhar. Consegui segurar o riso apertando os lábios. Eu não achava minha figura negra dentre todos os alunos. Meus olhos procuravam Patch e, meu coração saltitava a cada vez que achava que tinha visto, mas, logo a verdade surgia revelando outro garoto da Morada.
Logo, fui retirada de meus devaneios por uma voz grave e profunda que arrebatava a atenção de todos pronunciando uma poesia.
Metamorfoseia-se em várias. 
Em mãe, que protege sua obra,
Em deusa, com luz e deidade,
Em nota de excelsa canção...

Enquanto pronunciava as palavras com cuidado ele encaminhava-se lentamente para o centro do círculo ali formado. As mulheres de frente a suas velas, começaram a requebrar os quadris de leve.
Em poesia... nas lutas diárias.
A mulher do centro começou a se requebrar mais do que as outras ali presentes. Tomando os olhares de todos, Laurel remexia-se como cortinas ao vento, ou como os catadores de sonhos. Ela parecia leve e, com os lábios apertados sorria enquanto o fazia. Seu vestido de seda era negro e, coberto por pequenos pontos de luz que intensificavam na barra o que deixava seus movimentos mais deslumbrantes.
Tal como o vento não se dobra.
Abraça o medo quando a invade,
Deus esculpiu-a de 
emoção.
 Ambos – Laurel e Loren – encerraram a pequena apresentação. Laurel foi a caminho da mesa e, pegou uma taça sobre a mesma, a ergueu com certa urgência e, seus olhos percorreram cada um de nós novatos.
- Filhos de Nyx, bem vindos ao nosso Ritual de Lua Cheia. – Disse ela sorrindo.
Colocou a taça sobre a mesa novamente e, pegou uma vela fina e solitária em um castiçal e, foi a caminho de uma das professoras ao lado esquerdo. Ambas cumprimentaram-se com os punhos no peito curvando-se para frente. Todos nos viramos para leste, para que o ar fosse invocado. Eu nunca participara de um Ritual, mas, meu instinto me disse que era para isso ser feito.
Laurel levantou os braços acima da cabeça e, olhava fixamente para a professora com a vela amarela entre os dedos finos e, delicados.
- Do leste, invoco o ar e, peço que nossa grande Deusa sopre sabedoria sobre este Ritual.
Assim que Laurel encostou a ponta de sua vela com a vela Amarela do Ar, eu senti a brisa em meu torno alterar-se. Uma forte brisa atingiu meus cachos fazendo-os levantar. Me senti bem e, anestesiada. O som do Ar fazia a calma prevalecer em mim. Olhei ao redor, esperando ver a mesma sensação nos demais alunos. Mas não vislumbrei nada disto, todos estavam de olhos fechados acompanhando as palavras. Estranho.
Nos viramos para o Sul para a invocação do fogo e, Laurel continuou indo em direção à próxima professora.
- Do Sul invoco o fogo e, peço para que nossa Deusa nos contribua com o calor destas chamas em nosso Ritual.
O vento sobre mim foi substituído por uma leve sensação de calor e, assim que a vela foi acesa o calor ficou muito mais intenso. Minha testa soou e, meu corpo ruborizou com o quente. Olhei agora para Shaunee, esperando vê-la suando, mas, ela estava com a cabeça levemente erguida e olhos fechados e, nem uma gotícula de suor provinha de sua testa. Vi a vela vermelha acesa e, o fogo parecia mais presente do que nas outras velas.
Nos viramos para o Oeste agora para a invocação da água. Laurel foi até a próxima professora e parou de frente para a mesma.
- Do oeste invoco a água, para que lave as sensações e, os momentos genuinamente ruins de nosso templo para o decorrer de nosso Ritual.
Laurel acendeu a vela à sua frente e, o som de ondas retumbando ao longe atingiu meus ouvidos. Estava com a sensação de estar mergulhada em ondas. E o cheiro do mar atingiu minhas narinas, o que refrescou o fogo que ali estava segundos antes.
Já automaticamente encarei o Norte, sabendo que agora viria o elemento Terra.
- Do Norte invoco a terra e peço que faça crescer dentro deste Ritual o dom da manifestação e, que todas as preces deem frutos e, sejam atendidas.
Subitamente senti o odor de grama recém-cortada e, a suavidade de um campo de trigo. Senti o roçar do mesmo nos meus braços e, um sorriso tímido escapou de meus lábios. Eu deveria estar com medo das sensações provocadas pelos elementos ali invocados. Mas, muito pelo contrário as sensações me encheram de alegria, a sensação era estranhamente boa.
Finalmente Laurel foi até o centro do círculo e, a sua frente estava o poeta lindo de morrer com uma vela roxa em mãos. Agora invocariam o espírito disto eu tinha certeza absoluta.
- E finalmente invoco o espírito para completar o círculo aqui formado e, peço que preencha o mesmo de conexão com a paz espiritual para que nossas crianças prosperem com seus pontos.
Repentinamente senti meu interior saltitar de felicidade como se houvessem borboletas ali presentes.
Tão logo sentamos, nos levantamos. E avistamos Laurel pronunciar preces para nossa Deusa, pedindo para que fôssemos abençoadas pelo resto de nossos dias e, que se ocorresse a rejeição de passagem, fôssemos abençoados a não sentir dor e, remorso. A Deusa sabia o que fazia, dizia ela. Ela desejava que nós conhecêssemos nossas qualificações, no tempo certo dado por Nyx, nossa Deusa.
Várias preces provinham dos lábios de Laurel e, ao final de todas estas preces ela pediu para que todos fechassem os olhos e, fizéssemos um pedido a nossa Deusa, com fé na mesma para que algo ao nosso favor acontecesse.
Ao final de oferecer a simples ceia a nossa Deusa, Laurel foi de vela em vela dos elementos apagando e agradecendo por sua presença ali e, como que por magia. Os elementos despediram-se de mim. Uma última lufada de ar; Um último murmúrio de chamas queimando ao longe; Um último som de ondas rompendo-se; Um último aroma de terra e, um último saltitar de meu espírito.

Estávamos todos do lado de fora, imaginando o que teríamos para o jantar; até que a loirinha empinada da noite anterior com quem eu esbarrei ficou em nosso caminho.
- Nora. – Disse ela olhando-me dos pés a cabeça, com um olhar debochado. – Laurel pediu que me acompanhasse no Ritual dos Filhos e, Filhas das Trevas.
- Não vou acompanhar você em lugar algum com você. – Esbravejei. – A não ser que a própria Laurel me diga isto.
- Então Patch vai ficar todinho para mim, esta noite? Bom saber disto. Pensei que teria de dividir com a novata. – Disse ela com um sorriso debochado nos lábios. Como ela conseguiu me atingir com Patch? A sensação de pássaros em meu estômago querendo fugir era perceptível. E, antes de pensar em algo para dizer os olhos de todos ao meu redor foram para alguma figura atrás de mim. Senti um calor repentino e, os pássaros foram substituídos por borboletas no estômago. Minhas mãos suaram e, meu queixo tremeluzia de leve.
- Não vou a lugar algum Aphrodite e, você sabe muito bem disto. – A voz de Patch disse em alto e, bom som.
Os olhos de Aphrodite abaixaram-se deixando-a sem palavras ou atitudes e, ela saiu rebolando sua bunda magricela. Damien riu junto com Vee e Shaunee.
- Isso aí... Patch, não é? – Indagou Damien. Patch sorriu.
- Sim. – Ele disse -, exatamente Damien.
Eu sorri para Patch e, por Patch. Ele estava ali, eu o procurei a noite toda. Por todos os cantos obscuros do templo e, ele apareceu quando eu mais precisei, quando o meu corpo mais o chamou. Berrou seu nome, Patch me tinha em suas mãos e, era difícil ter de admitir isto.
- Nora vamos jantar? – Chamou Shaunee. Olhei na direção de Patch e, vi a decepção em seu olhar.
- Estou sem fome, pode ir indo na frente. Encontro vocês no dormitório mais tarde, ok? – Disse tentando disfarçar minhas reais intenções.
- Ok, esperamos você no dormitório para ver o filme mais tarde, beijos Nora. – Disse Vee piscando um de seus olhos travessos. E se foram conversando, até que as três figuras sumissem ao longe. 


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Notas finais do capítulo

Ficou um pouco comprido, mas, ficou bom. Este capítulo foi o mais difícil de escrever então me desculpem se houve algum erro. O poema em eu encontrei em um site com vários temas. Quando der, eu pego o nome da pessoa e posto aqui. Beijones.