Lily Evans.

Antes que algum dos dois pudesse falar mais alguma coisa saí correndo em direção à sala comunal da Grifinória.

É meu amigo, aqui nós temos quatro casas: Grifinória, Lufa-Lufa,Corvinal e Sonserina, e cada casa tem seu respectivo salão comunal, que é um espaço quase inutilizado que serve pra estudar ou cumprir alguns tipos de detenção.

As casas funcionam assim: Quando você se matrícula em Hogwarts o diretor de cada casa faz um teste com você, com perguntas razoáveis do tipo: “Qual é a profissão que você deseja seguir?” Ou perguntas totalmente estúpidas como: “Se você fosse uma comida, iria preferir ser uma batata frita ou um macarrão?”. Também faziam alguns testes pra avaliar suas capacidades de: Coragem, inteligência e ambição. Cada casa exigia algumas determinadas características, e os que não se encaixavam em nenhuma dela ia pra Lufa-Lufa. Que em minha opinião, era uma ótima casa.

Enfim, quando cheguei na sala comunal fui ver em sala estava minha turma neste ano. Ótimo, a mesma do ano passado.

Quando entrei vi que todos os rostos eram conhecidos, todos vistos e revistos durante anos. Não faltava nenhum, nem mesmo o que eu havia torcido desesperadamente que faltasse, Lana Brown. Essa garota me tira do sério com todos aqueles gritinhos histéricos e aquelas provocações. Mas por outro lado foi bom que nada houvesse mudado, pois, lá estavam elas, Dorcas Meadowes e Marlene McKinnon, também conhecidas como minhas melhores amigas. Estavam sentadas no lugar de sempre, na fileira á esquerda que tinha três careteiras. E claro, me sentei ao lado delas para contar as novidades.

– Lily, que saudades garota!

– Dorcas, amor da minha vida, você falou comigo ontem!

– Mas foi por telefone, e não é a mesma coisa que pessoalmente. Ah, oi Lily.

– Oi Lene. E aí com vai?

– Bem e voc...

Estávamos conversando como normalmente fazemos em todas as aulas, quando fomos interrompidas.

– Srt. Evans e Srt. McKinnon será que vocês gostariam de compartilhar o assunto com o resto da classe?

– Desculpa professor, não vai mais acontecer.

Não podíamos mais falar, mas é claro que continuamos a conversar. Mesmo que por meio de vários bilhetinhos.

O resto da aula passou voando, só percebi quando deu a hora do intervalo.

– Meninas, oque vocês acham de ao Shopping depois da escola? Claro, se a Lily não pegar detenção de novo.

Como sempre, Lene me lembrando de coisas que quero esquecer. E eu já deveria ter esquecido afinal isso foi no ano passado. Mas não, Lene nunca vai me deixar esquecer certas injustiças da vida. Eu já deveria estar acostumada.

– Eu vou, não tenho nada pra fazer mesmo. Lily?

– Hey, eu só fiquei de detenção uma vez e foi por que defendi a Dorcas, isso vocês não falam né?

– Isso não é importante. E aê, vai ou não? Sabe, eu tenho mais oque fazer...

– Ok, ok. Mas só vou por que você pediu com tanto carinho.

Estávamos falando sobre qualquer coisa sem importância, quando subitamente lembrei da conversa com Amos mais cedo.

– Dorcas, Lene, vocês não sabem oque aconteceu hoje quando cheguei na escola.

– Lógico que não sabemos, você ainda não contou!

– Pois é, nossos poderes de adivinhação foram tirar uma folga.

Revirei os olhos e comecei a falar.

– Como vocês sabem, cheguei atrasada e tive que esperar do lado de fora.

– Oh, mas que santa novidade, conte-nos mais.

– Então, o Amos Diggory da Lufa-Lufa...

– Oque joga no time?

– E por acaso tem outro, Dorcas?

– Ele mesmo, então, ele me chamou pra sentar do lado dele na escada. E nós conversamos um pouco.

Estava sentindo meu rosto esquentar pouco a pouco...

– Não me diga que você ficou tão corada como está agora. Você está parecendo um tomate inchado que saiu da validade.

– Nossa Lene. Com suas palavras eu me sinto bem melhor.

– Ok, mas pior que isso não poderia ficar.

– Pode ficar pior sim. Pode ficar muito pior.

Quando vi que a expressão dela mudou para aquela do tipo “Do que você está falando?”, eu nem esperei ela falar fui falando tudo oque aconteceu o mais rápido que minha língua me permitia.

– Piorou quando eu fiquei que nem um tomate inchado que passou da validade quando ele foi gentil respondendo se estava bem com um “melhor agora”. – Falei, e encarei Lene que estava com uma cara do tipo “Ah, foi só isso?”, respirei fundo e voltei a falar. –Mas pra terminar de estragar tudo, a McGonagall chegou e começou o sermão sobre atrasos e quando eu fui responder ela, soltei: Prometo que nunca mais vou querer dormir mais 15 minutos, nunca mais vou levar um banho de água gelada na cama e que nunca mais vou perder meu secador. Depois, ele perguntou oque eu tinha dito e eu saí correndo pra sala comunal.

Eu suspirei. Dorcas suspirou. E Lene...

Bem, Lene me olhava com aquela cara: “Eu não acredito que você falou isso” misturada com a cara “Oque foi que você falou?”.

– Peraí, oque aconteceu antes de você vir pra escola?

– Ah, pra começar minha adorável mamãe me dá um banho de água gelada enquanto ainda estava deitada só por que eu pedi pra dormir mais 15 minutos.

– Nossa, é isso que eu chamo de amor materno.

– Cala a boca, Dorcas. E depois eu perdi meu secador, pedi o da minha mãe, mas sem querer joguei ele na piscina da minha tia na semana passada. E só me restou pedir pra Petúnia, e demorei séculos pra negociar com ela.

– Como se joga um secador em uma piscina sem querer?

Decidi ignorar essa pergunta.

– Há. E vocês ainda não sabem da pior.

– E tem como ficar pior?

– Quando se trata da Lily, sempre tem como ficar pior.

–Ah, muito obrigado. Enfim, eu vou ter que passear com o Buttercup todos os dias durante um mês.

– Aquele projeto de cachorro da Barbie? Se ferrou bonito.

– Como se eu não soubesse.

– Então, me deixa ver se entendi, você acordou com um banho de água fria, perdeu o secado, entrou na mini-casa-da-Barbie que também é conhecido com quarto da Petúnia, vai ter que passear com aquele projétil de cão de raça e ainda destruiu todas as chances que tinha de sair com o gato do Diggory, tudo isso em um dia?! Lily, lamento em te infomar, mas você começou o ano com o pé esquerdo.

– Mas pelo menos, você ainda tem a nós e ao Shopping.

– Claro, até porque vocês são as melhores coisas que poderiam me acontecer, e eu não poderia querer mais nada nessa vida.

Meu sarcasmo anda nas alturas ultimamente.