Cap.3

06/03/2012

Já se passaram duas semanas desde a ultima vez que escrevi aqui e eu estou cada vez mais próxima do Zaza, mas eu ainda não contei sobre as minhas “brigas” com as meninas da torcida. Evelyn esta cada vez mais distante de mim, até porque eu não estou passando o intervalo mais sozinha. Mas mesmo assim na hora da entrada, ou ate mesmo entre as aulas ela consegue me achar. E hoje não foi diferente. Como as coisas lá em casa estão cada vez piores, eu sai antes mesmo de meu pai e meu irmão acordarem, ou seja, muito cedo.

Cheguei nas escadas da escola e vi que tinham acabado de abrir o portão, então aproveitei o tempo livre e fui para o esconderijo meu e do Zaza, a nossa arvore onde passamos todos os intervalos nessas ultimas 2 semanas. Sentei no chão, coloquei meu fone de ouvido e comecei a fazer a lição de atemática que eu tinha me esquecido.

Passados dez minutos, eu já tinha acabado de fazer minha lição e quando olho para frente, vejo Evelyn, mas desta vez, ela estava sozinha. Tirei os fones e olhei para ela, esperando para ouvir o que quer que fosse.

-O que foi Evelyn? – Eu disse com a voz baixa, enquanto tentava olha-la nos olhos.

-Sabe, eu percebi que você esta muito próxima do Malik. – Ela me ofereceu a mão para me ajudar a levantar, enquanto mostrava um sorriso confiável. O que eu achei estranho e me fez ficar com muito medo.

-Ele é o meu único amigo nesta escola. – POR QUE EU FALEI ISSO??? 

-Ah, então você finalmente encontrou alguém que consegue te aturar? Fala ai, quanto ele ta ganhando? – O sorriso que antes parecia confiável, agora estava maligno.- Você ta se vendendo para ele né, sua vadia, vagabunda. Ele deve ter tesão por esqueletos, até porque é isso que você é, um esqueleto humano, um ser inútil e insignificante! – ela cuspiu na minha cara e eu limpei imediatamente.- Eu tenho dó dele! 

-Para com isso Evelyn! Eu não me vendo, ele é meu amigo por que do contrario de você, ele tem um coração. – Eu tenho que aprender a ficar quieta!!!!

-Eu não tenho coração?! –Ela pegou no meu cabelo e deixou sua boca colada no meu ouvido.- Acho melhor você ter cuidado com o que fala e com quem anda! Mantenha distancia dele!

-Mas ele é meu único amigo- Minha voz estava quase desaparecendo de tanto medo que eu sentia e o eu falei só piorou tudo.

-Não me interessa!- Ela me tacou no chão e me deu um chute na costela. – Você vai aprender a não mexer comigo e a ficar quieta quando eu falar. – Foi ai que começou os chutes e socos, eu estava quase perdendo a consciência quando o sinal tocou- Não quero te ver perto dele nunca mais.- Ela me deu mais um chute na cara e depois disso tudo ficou preto.

Quando eu acordei, estava em uma sala toda branca e suja, sentei-me na maca onde eu estava deitava e vi que era a enfermaria da escola. Levantei-me e senti uma pequena tontura. Comecei a andar lentamente em direção à saída. Quase cai umas duas vezes, mas depois de vinte passos, senti a tontura passando e minha visão melhorando, olhei para o relógio na parede e vi que já eram nove horas e faltavam eia hora para o intervalo. Fui até o eu segundo esconderijo que ficava atrás da escola, era um tipo de porão bem iluminado e limpo, nem mesmo parecia um porão.

La tinha um sofá vermelho, não muito velho, umas caixas que eu mesma coloquei em um canto distante, o meu violão que eu achei todo detonado e jogado por lá há algum tempo, eu mandei arrumar e gastei o meu ultimo dinheiro que eu tinha. Peguei-o e comecei a tocar. As únicas coisas que me faziam feliz eram tocar, cantar e dançar. Eu estava tocando minha musica favorita, quando escuto passos e a portinha se abrindo. Escondi-me entre as caixas e prendi a respiração, quando vi, era o Zaza. Sai de onde estava escondida:

-Oi- Eu disse baixinho. Ele deu um pulo e se virou para mim, eu apenas sorri.

-O que você esta fazendo aqui? Sozinha, nesse porão?- Ele disse enquanto observava o ambiente.

-Estava tocando e pensando na vida. –Me sentei no sofá e dei um tapinha no assento ao meu lado convidando-o para se sentar.

-Eu ouvi você tocando. Você toca bem. – Eu olhei para ele e sorri, e ele fez o mesmo.- Ei o que aconteceu pequena? Sua boca esta sangrando, seus olhos estão inchados e seu corpo ta todo roxo! – Ele foi me analisando com os olhos e passando a mão nos meus braços. Comecei a chorar e ele me abraçou.- Calma eu to aqui, vai ficar tudo bem.

-Zaza, eu preciso te contar uma coisa. Mas você tem que me prometer que não vai contar para ninguém. Você promete?- me soltei de seus braços com cuidado e olhei fundo em seus olhos.

-Claro que eu prometo pequena! Me conta. – Ele se ajeitou no sofá e me olhou esperando eu começar a falar. Eu engoli o choro, limpei as lagrimas e disse:

-Sabe todas as vezes que você e via machucada?- ele afirmou com a cabeça- Então, as meninas da torcida não me xingam e pronto. Elas me batem e hoje não foi diferente. A Evelyn veio me dizer que é para eu me distanciar de você e que eu era uma vadia e depois começou a me bater até eu perder a consciência- ele escutava tudo e mudava a expressão de indignidade para raiva a cada palavra que eu falava.

-Eu não acredito que aquela bitche te disse isso! Calma minha pequena, eu não vou te abandonar só porque ela quer que eu faça isso. Não precisa ter medo.- Ele me abraçou e começou a acariciar meus cabelos e eu apenas chorava.- Não chora pequena.

-Eu não quero mais apanhar dela, eu tenho medo. Se ela me ver com você de novo, ela não  vai perdoar e eu vou acabar no hospital. – Nós estávamos abraçados e eu podia sentir seu perfume e seu coração batendo em um ritmo perfeito.

-Clama, eu vou te proteger, sempre.- Eu levantei a minha cabeça e olhei em seus olhos, nossa distancia foi diminuindo ate não ter mais distancia nenhuma e eu pude sentir seus lábios  pressionados contra os meus, começamos com um selinho, mas logo sua língua estava pedindo passagem e eu concedi. Nossas línguas dançavam em um ritmo perfeito, era um beijo inexplicável, tinha sentimento, paixão, era o melhor beijo da minha vida. Logo paraos por causo do maldito folego.

-Me-me desculpa, eu acho que eu não... não deveria ter feito isso.- Eu disse, me enrolando com as palavras e olhando  para o chão.

-Ei, pequena não se culpe, não fez isso sozinha. E, esse foi o melhor beijo da minha vida.- Eu sorri e ele segurou meu queixo com uma das mãos e com a outra ele acariciava meu rosto.- Eu te amo pequena, não quero te deixar, quero te proteger, não quero te ver machucada outra vez.

-Mas ela disse que...- não pude terminar a frase. Ele colocou seu dedo em minha boca.

-Não importa o que ela disse. Eu não consigo ficar longe de você. Por favor não me deixa.

-Eu não vou te deixar meu anjo.

-Eu te amo pequena. – Ele sorrio e eu não consegui evitar e sorri também.

-Eu também te amo meu anjo. – E nos selamos nossos lábios em um beijo perfeito e apaixonante. Ficamos ali abraçados, trocando carinhos e tocando. A voz dele era linda, ele cantava muito bem. Após o ultimo sinal tocar e então fomos embora, cada um para a sua casa. Chegando em casa, percebi que a porta estava aberta, e quando entrei tive uma surpresa.