A minha madrinha levou-me à minha nova casa que me iria acolher durante um mês - quem sabe menos, se eu participasse no x-factor e passasse à fase das atuações ao vivo. A casa era realmente grande. Demasiado grande só para mim. Tinha cinco quartos, três casas de banho, uma sala, uma ENORME cozinha e uma piscina. UMA FUCKING PISCINA. Já para não falar do jardim na frente da casa. Pergunto-me se a minha madrinha pensava que eu era assim tipo mega gorda e que ocupava metade da casa sozinha. É que, a sério, aquilo era gigante! Eu sei que ela era rica e tal mas aquilo era, sei lá, um exagero...

#Mensagens ON#

Estou em Londres, pow! Avisa a Ash, sff. xx Danika.

omfg, como é que isso é?! xx Ariadne

LINDO. Absolutamente lindo! Já sabem se podem cá vir? xx

A minha mãe diz que posso ir mas tens de me dar uma data para eu marcar a viagem com antecedência. xx

Podem vir quando quiserem. Tipo para a semana? xx

Ok. Vou falar com a Ash e depois digo-te qualquer cena. Já tens net aí? xx

Já. Vou pra lá depois de arrumar as coisas e dar uma volta por Londres. Vou ao London Eye agora, até logo! xx Nikky

Até logo, diverte-te. xx Aria

#Mensagens OFF#

Já tinha saudades das minhas meninas... Mal podia esperar que elas viessem viver comigo.

Arrumei a roupa no roupeiro do quarto maior da casa - sim, eu gosto de ter quartos grandes para poder ter mais espaço pra minha confusão - e deitei-me um pouco na cama, observando o teto branco por cima de mim, presa nas memórias do passado.

#Flashback ON#

Estávamos a caminhar lado a lado, eu tinha o braço preso ao dele. 

- És um idiota. - Disse eu, dando-lhe um encontrão nas escadas.

Ele subiu mais rápido que eu e, quando eu estava a chegar ao topo, tentou empurrar-me para baixo mas eu empurrei-o para o lado, agarrando-lhe no braço novamente a seguir.

- Está quieto. - Disse eu a rir.

- Ah, a menina Daniela provoca e depois não quer vingança? - Perguntou ele, bem perto de mim.

- É. Vá, cala-te e anda. - Disse eu, continuando a andar.

Andámos mais um pouco até pararmos e eu o "atacar" puxando-o pelo pescoço até ao chão na brincadeira.

- Bruta - Riu-se.

- Quero um abraço! - Disse eu, com um sorriso.

- Não dou. - disse ele e eu fiz beicinho. - Ai, a bebé vai fazer birra?

- Sim! - Brinquei.

Ele abraçou-me pela cintura e enterrou a cara nos meus cabelos. Fiquei ali a aproveitar aquele momento. Já não namorávamos há um ano mas tínhamos uma grande amizade... Ele era o meu melhor amigo apesar de eu o amar como sempre amei. Ele hesitou um pouco e depois apertou o abraço e eu segui-lhe o exemplo.

- Quero que sejas feliz, entendeste? - Disse eu, tentando afastar-me dele mas ele não deixou, obrigando-me a ficar junto dele e a encostar outra vez a cabeça no seu ombro... Tinha saudades disso, de ser tão pequena que quando o abraçava a minha cabeça ficava nos seus ombros.

- Vou pensar no teu caso. - Disse ele com uma gargalhada. Ficámos mais uns segundos assim até que eu me afastei e desta vez ele deixou. 

- Estava a falar a sério, idiota! - Disse eu, dando-lhe uma chapada no braço. 

- Fica longe de mim, oh! - Disse ele a rir.

- É isso que queres? - Perguntei, séria.

- Não... Eras capaz? - Perguntou, preocupado.

- Não.

- Ainda bem porque não te quero longe de mim. - E ele sorriu-me como costumava sorrir antes, quando ele dizia amar-me.

- Tenho de ir. - Disse eu. - Depois falamos. 

- Adeus ranhosa.

E assim separámo-nos e fomos os dois pra seu lado. 

#Flashback OFF#

A recordação ainda era tão forte... a forma como ele me abraçara e não quisera soltar-me, o seu sorriso, o sorriso do antigo Alex, do Alex que me amava... Mas eu sabia que não era bom lembrar-me disso...

#Flashback ON#

- Daniela... - Chamou o meu Alex.

- Diz amor. - Sorri-lhe. Eu sorria sempre que olhava para ele.

- És linda, sabias? - Disse ele e beijou-me, fazendo-me sentir nas núvens.

- Olha quem fala, principe. - Respondi quando nos afastámos.

- Não, a sério, és mesmo linda. E perfeita... és a minha bebé. - Declarou ele, quase gritando. Sempre que ele dizia que eu era a sua bebé, eu sentia um arrepio percorrer a minha espinha.

- Fala baixo, parvo. Os vizinhos ainda te ouvem! - Ri-me, envergonhada.

- Que se lixem! Ficam a saber o quanto te amo. - Disse ele e eu pude ver o brilho nos seus olhos, aquele brilho que aparecia quando ele olhava para mim...

- Está calado Alex. - Ralhei.

- É? Ok, eu fico calado! - E virou-me as costas, afastando-se uns bons três metros. 

Encostei-me à parede e contei pelos dedos os segundos. Cinco segundos passaram e ele veio até mim, segurando-me pela cintura e puxando-me para cima, elevando-me do chão. 

- Não consigo zangar-me contigo. - Disse ele, num sussurro ao pé do meu ouvido.

- Eu sei. Amo-te! - Respondi, sentindo-me a rapariga mais especial do mundo.

#Flashback OFF#

Ok, precisas de parar, Danika. Levantei-me, fui até à cozinha beber um copo de água e saí de casa, quase a correr, até ao London Eye, esperando apagar todas as recordações dele da minha cabeça com aquela corrida. Odeio-te, Alex, sai da minha cabeça!, pensei, frustrada, com as lágrimas já nos olhos.

Cheguei ao London Eye mas nem consegui pensar em andar, por isso, acabei a vaguear por Londres, sem rumo algum. Só queria fugir dele, das lembranças dele. Queria esquecê-lo.

- Porque é que eu não te esqueço? - Perguntei, num sussurro, de mim para comigo. Odiava isto... Odiava sentir-me dependente dele, das ações dele... dos sentimentos dele.

Meti os fones nos ouvidos com a música no máximo e continuei a correr até chegar a um parque, sem mesmo parar de correr, e fui contra alguém.

- Desculpe, desculpe. Não vi por onde ia. Peço imensas desculpas! - Disse eu em inglês. Nesse momento, foi mais forte que eu e as lágrimas caíram, deixando-me num pranto horrível. Merda, odiava chorar em público.

- Hey, está tudo bem... nem me magoei, não precisas de ficar assim... - Disse a pessoa com uma voz masculina. Boa, ainda por cima estava a chorar à frente de um rapaz. BONITO, Nikky!

- Não estou a chorar por isso. - Murmurei, limpando as lágrimas e olhando finalmente para o rapaz. 

Estava vestido com roupas escuras e tinha um boné de baseball que lhe cobria as feições. Ele tirou o chapéu e eu quase fiquei sem respirar...