Entre Caçadores E Presas escrita por Meggs B Haloway


Capítulo 3
Obediência = Medo


Notas iniciais do capítulo

Outro capítulo, pessoal. Espero que gostem, mesmo, mesmo, mesmo. E... apareçam fantasminhas!



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Estremeci quando a água gelada entrou em contato com o meu corpo, fazendo-me fechar os olhos e me distrair por alguns momentos daquele inferno. Não consegui, assim como o esperado, tudo o que fiz foi tomar um banho rápido — com medo de que ele realmente viesse aqui como ameaçara e fizesse algo.

O rosto dele, de início, se não tivéssemos nessa situação, me pareceria gentil e sua voz talvez fosse bonitinha. Mas aqui estávamos nós. Tudo nele me incitava ao temor extremo e qualquer passo que eu desse, seria o fim de sua paciência. Acontecendo isso, ele me levaria para um quarto imundo e me torturaria por algumas horas.

Era isso. Minha vida acabaria dessa maneira tão miserável e estúpida. Eu não trabalharia, eu não terminaria meus estudos assim como não teria um gato ou outro animal de estimação. Quem sabe, talvez um peixe. Eu não teria um apartamento simples, não assistiria tevê até adormecer no sofá.

Eu simplesmente morreria assassinada.

— Você é bem obediente, não? — O homem de cabelos escuros comentou assim que me viu descendo cautelosamente das escadas, quase com medo do que encontraria lá embaixo.

Era uma sala enorme, com sofás brancos e uma decoração de muito bom gosto. Minha casa não chegava à metade e talvez a sala fosse até maior que a mesma. Tinha tudo que se poderia imaginar, uma poltrona, rádio na estante, televisão enorme — a maior de todas — e uma cozinha no canto.

A porta estava trancada e era também de vidro, mostrando no jardim uma piscina grande e cristalina, ao redor dela existiam mesas e cadeiras.

— Você não fala docinho? — Perguntou ele quando me sentei à mesa, assim como ele ordenara com gestos. Ele ficou com raiva de minha falta de respostas, então se aproximou o bastante para que seus olhos verdes estivessem de frente aos meus. — Você. Não. Fala. Docinho? — Repetiu, pausadamente.

Tentei baixar meus olhos para não mostrá-los marejados, mas quando eu ia o fazer, a mão dele alcançou meu queixo, apertando-o em seu dedo indicador e polegar.

— Falo. Falo, sim. — Sussurrei.

— Pensei que fosse muda. Toda vez que eu falar algo com você, me responda, está me escutando?

— Estou.

Ele sorriu, soltando meu queixo. Tinha certeza que estava vermelho onde ele tinha apertado, assim como meus olhos prestes a derramar lágrimas.

— Então… esse seu cabelo aí é pintado? — Indagou sentando-se de frente a mim na mesa, empurrando o prato cheio na minha direção. O observei de modo cauteloso por alguns segundos, tentando identificar algum indício que ele se levantaria e apertaria meu queixo de novo.

Agora, era doloroso o simples ato de falar.

— Não, nasci assim.

— Ele era mais escuro antes? Quando você era criança? — Disparou como se fosse normal que ele conversasse comigo.

Por favor, sejamos sensatos. Não estávamos sentados aqui tomando tranquilamente um café da manhã. O que se passava aqui era um sequestro, não um encontro casual no qual se conversava sobre tudo. Eu estava com vontade de correr para o banheiro e chorar por todo o dia, estava com vontade de me suicidar com qualquer coisa que encontrasse pela frente. Ele agia como se não percebesse isso.

— Sim.

— E está ficando mais claro, certo?

Eu assenti, baixando meus olhos para o prato do qual, no final de tudo, não consegui metade do que estava lá. A falta de fome me atingia fortemente, assim como a vontade de chorar e me esconder em qualquer lugar até ele desistir de me procurar e me deixar em paz. Eu só queria ficar em paz.

O homem que exalava imponência observou a minha falta de fome com curiosidade, não comentando nada. Quando eu sussurrei um “com licença” para tentar escapar e ficar no quarto até ser de noite e dar hora de dormir — esse era o meu plano ―, os olhos verdes não deixaram que eu sequer me levantasse da mesa sem me dar uma ordem.

— Assim que escovar os dentes, solte seu cabelo e volte para a sala.

Eu não queria ficar com ele na sala, não queria ficar perto dele. Eu tinha medo que ele quisesse algo cujo eu sabia que acontecia quando um homem sequestrava uma mulher, não era daquele jeito que eu queria que aquilo acontecesse. Não era com ele nem com ninguém que eu queria. Porque na verdade, eu tinha medo de homens. Eles tinham a capacidade de ser tão mesquinhos e só pensarem neles mesmos como se fosse um dom.

Sem querer, estremeci ao soltar meu cabelo, olhando-me no espelho enorme que tinha no quarto. De ontem parecia que eu tinha emagrecido uns cinco quilos do tanto que eu estava magra e meu rosto estava horrivelmente vermelho, talvez corado, ou do modo como ficava quando eu queria chorar.

Considerei os dois ao mesmo tempo.

— Eu amo o quanto você é obediente a mim, sabia, Isabella? — Sorriu. — Com certeza deve ser algo relacionado a medo.

Eu assenti, concordando enquanto ia me sentar no sofá branco. Ele me seguiu, sentando-se junto a mim de um modo junto demais já que o sofá se estendia longamente até fazer uma curva por cima do tapete. Ele poderia ficar em qualquer lugar, mas não tinha que ser perto de mim. Baixei meus olhos para minhas unhas pintadas de verde.

— E sim, eu comprei esmaltes para você também. Você deveria me agradecer por eu ser tão atencioso.

Ele avançou para cima de mim, puxando-me com uma facilidade incrível para cima de seu colo. Seus lábios pressionaram os meus e esperaram uma resposta, no entanto era óbvio que eu nunca corresponderia a um beijo dele. Sem se abalar com a minha falta de resposta, ele deslizou as mãos por minha cintura, pressionando-me com força em cima de seu colo.

Uma de suas mãos subiu até minha nuca quando eu estava prestes a me separar e gritar que ele nunca mais ousasse tocar um dedo em mim e outra se posicionou suavemente em cima de minhas nádegas. Eu podia sentir meus olhos começando a marejarem, mas eu não podia chorar. Se eu chorasse, seria pior, ele me bateria. Tudo que eu podia fazer era aceitar porque eu era fraca o bastante para discutir.

Eu queria irremediavelmente sair dali. 


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Notas finais do capítulo

Vish, e ai? Será que a Bella vai ser violentada? SOS, espero que gostem... comentem!