O sobrenome de Edward era Cullen. Eu teria rido se fosse ele a ter me contado, mas não foi isso que aconteceu. Quem me contara fora Garrett enquanto tomava seu café da manhã, sentado confortavelmente na mesa. Eram nove horas da manhã e Edward tinha saído para comprar os alimentos que faltavam no armário, e se não fosse pela ameaça de Garrett, eu tinha certeza que ele não iria.

E bom, agora eu estava com medo. Morrendo de medo porque eu sabia que a pessoa sentada na mesa com um sorriso malicioso tinha planos. Planos ruins.

― Edward disse que não te provou, mas por que você estava com a camisa dele quando cheguei?

A vontade de morrer se intensificou dentro de mim e eu tentei parecer indiferente àquela pergunta indiscreta e maliciosa. Eu odiava Garrett, odiava toda existência miserável dele, e se pudesse estava avançando e pegando uma faca para matá-lo ― mesmo sabendo que eu não possuía essa capacidade em dias como este ― sem pensar duas vezes.

Mandei-lhe um olhar de “você está ficando maluco” e desviei meus olhos para os pratos que eu estava lavando. Ele não pareceu se cansar de me torturar com suas perguntas e se levantou da mesa que antes estava sentado, parando ao meu lado e encostando-se a pia que estava na minha frente.

Ele tinha um sorriso perverso em seus lábios, um olhar malicioso e na mão uma longa e afiada tesoura. Recuei para o lado, discreta e deixei meus olhos baixos para que ele não percebesse o temor no mesmo e fosse incentivado por isso, porque era assim que pessoas com distúrbios mentais agiam.

Uma parte. As que eram violentas se incentivavam pelo medo da vítima, ou seja, se eu mostrasse medo agora seria bem pior. Garrett não era normal, todos já sabiam sobre isso e não restava mais nenhuma dúvida.

― Que cabelo bonito você tem, Bella. Aposto que Edward ― Ele puxou-me pelos cabelos após dizer o nome dele ― não deixaria de gostar de você só por causa de um corte diferente. Aposto que a paixão que ele sente não se desmotivaria por coisas fúteis como essa. ― Ele me empurrou direto para o chão e sorriu, erguendo o queixo.

Encolhi-me, recuando para trás, tentando não mostrar meu queixo trêmulo e meus olhos cheios de lágrimas que estavam me incriminando. Que Edward entre por essa porta agora. Que Edward entre por essa porta agora. Que Edward entre por essa porta agora ― Implorei, tremendo quando ele se abaixou na minha frente, puxando um punhado de meus cabelos castanhos.

Ele o cheirou por alguns segundos, fechando os olhos e sorrindo.

― Você é cheirosa, sabia? Isso é… bom. Deve ter sido isso que Edward gostou em você, seu cheiro e… bom, você inteira. ― Seu sorriso se alargou e eu tentei me desvencilhar de suas mãos, com os olhos arregalados. ― Você deve ser deliciosa, mas infelizmente sempre preferi garotas com cabelos curtos. Sabe como é, todo homem gosta de garotas com cabelos curtos… você sabe bem o porquê, Bella, você sabe… Facilita as coisas…

Estremeci de nojo quando seu hálito esquentou meu rosto. Bruscamente, ele me virou para trás, ainda com um punhado de meu cabelo em sua mão grosseiras e apertadas. Garrett rasgou a minha blusa de meu corpo e acabado de fazer isso, deslizou a tesoura por minhas costas, pressionando-a com força, mas não chegando a perfurar a pele.

Meu corpo já se sacudia em tremores que indicavam o que estava para acontecer. Eu não soluçava para não acabar me mexendo demais e ser eu mesma a me perfurar, entretanto as lágrimas caiam em enxurradas de meus olhos.

― Edward me mataria se soubesse disso, mas isso vai ficar entre nós, tudo bem? Espero que seja uma boa garota e não fale nada para ele, porque se falar, você vai encontrar seus parentes mortos antes da hora, querida. Você promete não falar nada para ele?

Não respondi, e cansado de perguntar periodicamente, ele puxou meu cabelo para trás, causando-me uma sensação de que algo dentro de mim estava prestes a rasgar. E esse algo doeria muito, eu sabia. Meu ponto fraco era o cabelo e aquele homem doentio parecia saber cada um deles decorados, de trás para frente, de frente para trás.

Ele era um monstro e lentamente, como se para provar essa certeza a ele, começou a cortar as minhas costas com a tesoura. A ponta era grossa demais, e apesar de ser afiada, demorava parcas para cortar algum pedaço de minhas costas. Eu só esperava que isso fosse o bastante para eu morrer porque eu não aguentava mais nada daquilo.

E então, quando um soluço saiu de meus lábios, ele puxou meu cabelo, cravando a tesoura em meu ombro. Eu podia sentir o liquido quente deslizando por minhas costas, melando a minha calça jeans, manchando a minha pele pálida e me fazendo sentir o cheiro enjoativo que aquilo tinha.

Eu sempre fui fraca, de qualquer jeito. Eu esperava que isso justificasse o fato de estar tão desesperada para morrer e deixar Edward. Ele ficaria melhor sem mim, sua vida seria mais fácil sem um encosto como eu. Pelo menos, eu tentava pensar positivo, tentava pensar que ele mataria Garrett e diria a Josh que foi em legítima defesa.

Ele iria se livrar de Josh, voltar para sua família e seria feliz. Edward merecia isso.

― Agora vamos para o cabelo. ― Anunciou, um sorriso penetrando sua voz.

Ele deveria morrer esquartejado, queimado e depois jogado para os lobos comerem. Ele merecia morrer da pior forma possível e ir para o inferno que era de onde ele nunca deveria ter saído. Aquilo não era um ser humano, era um animal e talvez ― ou com certeza ― os animais não deveriam ser insultados daquela forma.

Escutei meus cabelos serem cortados irregularmente e o que batia no meio das costas agora batia em meus ombros, ridicularmente.

― Tire as mãos dela ou eu enfio uma bala na sua cabeça. ― Escutei a voz reconfortante de Edward tingida com um ódio enorme que o sufocava.

Tudo que eu sabia era que eu ainda não tinha morrido.