Entre Caçadores E Presas escrita por Meggs B Haloway


Capítulo 19
Fraqueza.


Notas iniciais do capítulo

Hello People! Espero que gostem desse capítulo! Comentem, pfvr ♥



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Mas ele não soltou. Garrett não me soltou e apenas gargalhou baixinho, cravando novamente a tesoura na ponta de meu ombro, fazendo-me gritar de dor. Aquele foi o último som que o escutei fazer e depois teve o disparo estrondoso. Mais nada. Silêncio. O corpo sem vida de Garrett caiu em cima de minhas costas.

Exatidão. Edward era preciso até demais. A bala atingira perfeitamente a cabeça nojenta de Garrett, entretanto eu não tive tempo para notar mais nada sobre isso, pois braços estavam me puxando para um peito que me era confortável para chorar. Mesmo eu estando cheia de sangue, Edward não hesitou segundo algum antes de me puxar para seus braços.

Ele murmurava que não era para eu não ter medo porque estava tudo bem agora e tudo que eu fazia era chorar desolada em seu peito que era incrivelmente cheiroso. Tinha seu cheiro, e mesmo assim aquilo não me acalmou por aquele momento. Era só que… eu não sabia explicar o desespero que tinha me atingido.

Meus cabelos…                                     

― Eu não vou te machucar, Bella. Não vou.

Bella. Era o jeito que ela me chamava enquanto ficava enrolada em mim, sorrindo docilmente para mim, infantil e falando que não queria ter cabelos claros e sim escuros como os meus. Ela era a única parte da minha família que eu amava, que eu ainda amo, mas se fora tão rápido quanto havia chegado.

― Desculpe-me por fazer isso na sua frente, desculpe-me. Não vou fazer o mesmo com você. ― Ele jurava, a voz apressada enquanto pressionava seu rosto em meus cabelos recém-cortados e irregulares.

3 anos de idade, baixinha, cabelos curtos e claros. Clarice. Minha irmã mais nova de todas que fora dada para adoção por egoísmo de meu pai e minha mãe. Ela era a única pessoa que eu aceitava chorar, na época, com ela perto porque eu sabia que meu quarto era o único lugar que ela gostava de estar. Ela era linda e os cabelos eram tão lisos quantos os meus. Só que tinha traços mais infantis que os meus, era eu mesma em miniatura.

― Eu estou bem. ― Murmurei por fim, calando a ideia absurda que Edward estava de que eu talvez estivesse com medo dele.

Afastei os pensamentos de Clarice de minha mente e tentei me focar no rosto preocupado dele a minha frente, uma mão pousada em minha bochecha e as sobrancelhas franzidas em uma expressão torturada. Edward era tão lindo ― eu não podia deixar de notar, mesmo com a vista embaçada.

― Obrigada ― Sussurrei. ― Obrigada por ter chegado.

― Desculpe-me por ter ido. Se… se…

― Eu estaria pior.

Ele não discutiu, apenas bufou murmurando algo que eu não entendi. Ele limpou meus machucados do mesmo jeito que tinha feito antes quando eu tinha passado com uma situação quase igual a essa, só que com James. Deu banho em mim e passou pomada em todos os simples arranhões ou feridas.

Seus lábios alcançaram os meus em um beijo que durou três segundos que dizia “desculpas” por algo que ele não tinha culpa. Edward me vestiu com uma de suas camisas porque não colava em minhas costas e foi preparar o resto das coisas que faltava para que nós fugíssemos de Josh e fossemos realmente livres.

Suspirei, tocando meus cabelos irregulares e pegando uma tesoura que tinha dentro do closet dele. Eu tinha deixado meu cabelo crescer desde que Clarice se fora e me doía ter que cortá-lo porque de alguma forma ele me fazia lembrar ela e toda a sua doçura infantil; a única parte boa de minha família.

Se é que eu podia chamá-los assim.

Cortei na metade do meu pescoço e tentei fazê-lo parecer normal. Mas minha imagem no espelho não me refletia. Refletia uma garota pálida, com olhos assustados, cabelos curtos, rosto fino; um pouco vermelha e perdida dentro de si mesma. O que surpreendia era somente o fato de o cabelo curto não me ser conhecido, o resto tudo era normal.

Eu estava acostumada a ser invisível e imprestável.

― Você está linda. ― Edward disse quando entrou apressado de novo no quarto.

Tentei sorrir para ele, concordar com aquilo.

― Continua linda, apesar do cabelo ou não. Eu gosto desse tipo, sabe.

Ele me abraçou levemente por trás, encostando seu queixo em meu ombro e fitando a figura pálida de frente ao espelho. Olhando-nos no espelho. A diferença era quase gritante, entretanto não pude notar mais coisas quando seus lábios pousaram delicadamente em meu ombro, quase o acariciando com seu hálito quente no dia frio.

Edward não sorriu, não tínhamos motivos para aquilo, apenas murmurou em meu ouvido que era para que eu me apressasse, pois deveríamos sair rápido daqui. Assenti, e preocupado com a minha falta de palavras, ele me olhou com o cenho franzido por alguns segundos e prensou seus lábios nos meus.

Eram tão confortáveis que eu sequer sentia vontade de desgrudar-me dele. As lágrimas queriam saltar de meus olhos, mas não deixei isso acontecer. Por favor, eu já fui muito mais forte que estava sendo agora e não era só porque eu tinha presenciado cenas que nunca quis ver em minha vida, não era motivo para eu ficar trêmula pelos lugares.

Autossuficiência e estupidez ― meu forte. Talvez o que eu chamava de autossuficiência só fosse orgulho, afinal eu sempre cresci com a ideia que eu era tudo que precisava. Ninguém tinha que se meter em minha vida, eu não tinha que me meter na vida de ninguém e estava tudo bem no final de tudo.

Sendo que não estava. Edward tinha se metido em minha vida e… agora tudo tinha virado de cabeça para baixo. O problema era que nada se resolveria tão fácil, de fato nada realmente se resolveria. Eu teria de me ajustar porque agora eu estava dentro da vida de outra pessoa, eu tinha de tomar cuidado para não fazer atos errados e impensados.

Eu tinha de ser cuidadosa como não fui com toda a minha vida.                 

― Eu te amo. ― Sussurrei para ele, baixinho e com a esperança que ele não escutasse.

Fraqueza. O amor era uma fraqueza que os humanos quiseram acrescentar aos milhares que eles já tinham em sua lista. Seria legal se ele não existisse, só servia para fazer as pessoas ficarem mais fracas em relação do que já eram. Por cima disso tudo, a risada baixa e tímida de Edward era a coisa mais linda desse mundo todo, o modo como seus braços se tornaram mais restritivos ao meu redor. Protetor. Perfeito.

Ele esfregou seu nariz em meu pescoço, sentindo meu cheiro brevemente até que voltou seus olhos para os meus, quase sério se não fosse pelo sorriso que abria sua expressão tensa. Seus dedos passaram entre meu cabelo, bagunçando-o, e detendo-se em minha nuca, se enrolando nas palavras mais que costumava fazer.

― Você é a melhor coisa que um dia eu já ousei ter. 


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Notas finais do capítulo

Espero que tenham gostado! Beijossss ♥ comentem.