Lábios. Os lábios de Edward estavam nos meus, assim como suas mãos estavam em mim, em meus ombros, dentro de meus cabelos e em minha nuca. Estavam em tantos lugares que eu me sentia atordoada só de senti-las. Fora rápido demais para que eu pudesse me preparar, Edward não me dera tempo para pensar antes de avançar e pegar meu rosto em minhas mãos.

Ele era um filho da mãe por me fazer querê-lo tanto e por isso ser tão errado.

Não passou de um contato enorme entre lábios, porém eu estava ofegante quando ele me deixou respirar. Em um movimento singelo, encostou sua testa em meu ombro, deixando-me sem jeito por aquilo. Ele não costumava ser muito… aberto quando se tratava do que nós tínhamos ― e isso se resumia a nada ― e estava sempre preocupado em se distanciar de mim.

Foi diferente naquela hora. Era como se fossemos normais e estivéssemos em situações diferentes.

― Bella? ― Chamou-me.

Prendi a respiração e hesitei, tirando minha mão discretamente de seus cabelos.

― Sim?

― O que você quer comer?

Expirei aliviada, olhando para a entrada de meu closet, tentando procurar alguma resposta que não me deixasse desconfortável. Ora, por que uma resposta me deixaria constrangida? Qualquer coisa que eu falasse, fizesse ou olhasse agora me deixaria inquieta, afinal Edward estava me abraçando e eu não estava acostumada com isso.

Frio, sem palavras ― eu me habituara com isso, não com o doce e carinhoso que ele estava assumindo ser. Por que ele não me deixava em paz e deixava minha mente sem essa confusão toda que estava agora? Por que ele era tão idiota e me abraçava como se estivesse tudo normal? Por que eu estava com a pulsação acelerada?

Eu o odiava por fazer minha pulsação acelerar. O odiava por ser ele.

― Qualquer coisa. ― Sussurrei.

Ele não desencostou o rosto de meu ombro e aquela posição estava me deixando com as costas doendo. Não me mexi para tentar parar aquilo, há anos que eu não recebia um abraço de alguém e não era agora que eu iria atrapalhar. Ontem ele me abraçara, sim, mas não com tanta calma como estava fazendo agora.

Eu gostava de abraços. Eu não me lembrava de nenhum abraço que meu pai ou minha mãe me dera. O último abraço que eu recebera de minha família fora de minha irmã menor e isso fazia quatro anos. Minha irmã fora dada para adoção e eu não a vira desde então. A noite que ela foi embora fora à noite que eu mais chorei em toda a minha vida.

― Não tem qualquer coisa na cozinha, sinto muito. ― Escutei um risinho cínico baixo, e sorri descansada por ele não ver. ― Vou fazer macarronada. ― Ele avisou.

Nenhum movimento indicando que ele se levantaria, Edward continuava com os braços ao redor de minha cintura e o rosto escondido em meu pescoço.

― Onde aprendeu a cozinhar? ― Questionei, franzindo meu cenho.

― Com o tempo você é forçado a fazer isso e também eu costumava passar muito tempo na cozinha quando minha mãe cozinhava, de um jeito ou de outro, acabava aprendendo a fazer isso. ― A voz dele tinha uma dor que mesmo muito bem escondida, consegui escutar.  

Mordi minha língua para não perguntá-lo sobre sua família e suspirei, querendo enterrar minhas mãos em seu cabelo de novo. Era macio demais, confortável demais. Fechei meus olhos, tombando meu rosto brevemente sobre seu ombro também, sentindo-me cansada mentalmente por tudo que estava acontecendo.

Estávamos escorados um no outro e eu percebia que de modo vagaroso estávamos caindo para o lado. Antes de cairmos, ele se levantou, segurando-me pela cintura de um modo que eu não estivesse torta. Hesitei, tentando sair dos olhos de Edward, entretanto ele não pareceu colaborar com isso, inclinando-se mais para frente.

Como ele podia fazer isso comigo? Perder a noção do certo e errado durantes os dois segundos que os seus lábios permaneceram nos meus. É claro que eu ainda tentei falar para ele não fazer aquilo comigo, mas era tarde demais. Seus lábios estavam nos meus e nada mais era maior que aquilo para que eu me importasse.

Os lábios de Edward eram confortáveis ― eu nunca me cansaria de perceber isso.

― Ferrem-se eles. ― Murmurou em meu ouvido.

E eu queria realmente agir como se estivesse pouco me importando para o eles.