Entre Caçadores E Presas escrita por Meggs B Haloway


Capítulo 12
Promessas


Notas iniciais do capítulo

É isso ai, pessoas ♥ espero que gostem!



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Só me levantei do sofá onde estava porque Edward dissera que tinha algo para mim e eu estava curiosa sobre o que era. Presentes? Eu imaginava todo mundo me dando presentes, menos Edward ― ele era durão demais para isso. Eu queria me esconder no meu closet e ficar encolhida lá, queria chorar baixinho por tudo isso.

Até para mim eu me soava patética, era só que… eu não tinha tanta resistência quanto parecia ter dentro de minha mente e Edward acabava com isso aos poucos. Eu estava cansada dele, queria fugir daqui, recomeçar talvez e começar a minha faculdade.

― Você fala enquanto dorme, sabia? ― Ele indagou, deixando-me surpresa por ele não estar fingindo como se não tivesse acontecido. Seria tão mais fácil se ele fingisse, se ele voltasse à indiferença, me deixasse em paz até o amigo dele chegar e me matar.

Seria tão mais fácil.

― Não, não sabia.

Ele sorriu ― um sorriso surpreendente por ser raro, um sorriso que alcançava seus olhos também, um sorriso verdadeiro o qual eu só vira uma vez. Ontem à noite enquanto eu o perguntava se ele se sentiria ofendido se eu fugisse do quarto. Parei de olhar para os seus lábios, voltando meus olhos para o sofá branco na sala.

― Você falou algo sobre Lilo e Stitch, sobre sua casa ser sombria demais e com o quanto odiava as escadas dessa casa. ― Ele franziu o cenho quando o olhei e desviou os olhos para seus pés. ― É… para você não se sentir sozinha ― Ele jogou algo azul para mim e em um reflexo rápido o peguei sem sequer olhar.

― Acha que eu vou conversar com isso? ― Perguntei pegando a criatura azul em forma de urso de pelúcia em minhas duas mãos.

― Não é tão mal quanto conversar com os esmaltes.

― Eu não falo com os esmaltes! ― Exclamei rindo da possibilidade. Edward riu também por alguns milésimos de segundos, mas logo estava voltando a seu semblante sério e virando-se de costas para mim, guardando algo no armário. ― Eu falo sozinha, é diferente.

― E muito normal também.

― Conheço muitas pessoas que falam sozinhas ― Na verdade, eu não conhecia. Desde que Riley se fora eu não conversava com ninguém, eu só não queria parecer uma maluca que fala sozinha.

Edward me olhou, incrédulo e desviou os olhos para o armário que estava sendo carregado com alimentos que nos faria sobreviver por pelo menos um mês ou mais. A ideia de passar tudo isso de novo me fez estremecer e morder os lábios em agonia, cravando minhas unhas compridas na palma de minha mão. Eu iria enlouquecer em menos de um mês, isso era uma certeza.

― Eu sempre quis um urso desses quando era menor. ― Murmurei para acabar com o silêncio constrangedor que pairava sobre a cozinha. ― Menor tipo… seis anos de idade ou menos, eu não me lembro disso muito bem.

Edward continuava a colocar as coisas no armário como se não tivesse me escutado, então era a mesma coisa que falar sozinha. Agora era um pouco pior já que eu estava sendo ignorada sem muitas surpresas. Ele não queria que eu conversasse com ele, quando eu falava, ele se irritava e tudo que eu menos queria nesse momento era que ele se irritasse.

Edward irritado era irreconhecível e eu não queria, nem estava em condições de levar um tabefe.

Não fiz barulho nenhum ao me levantar discretamente da cadeira e subir às escadas, fechando a porta de meu quarto quase com cautela. Se ele ficasse vinte minutos sem perceber que eu sumira, talvez fosse tempo o bastante para que eu pegasse no sono aqui e ele me deixasse em paz pelo resto do dia.

Edward me fazia mal sem falar uma palavra sequer e isso não era saudável. Eu o odiava por isso, o odiava por me ignorar quando falar era tudo que me prendia a racionalidade, o odiava por… ontem à noite. Encolhi-me sob o lençol como se aquilo pudesse me salvar de todos os ódios que eu possuía e suspirei, fechando meus olhos.

Nada de sono. Eu estava em alerta.

Passaram-se seiscentos segundos e então a porta de meu quarto se abriu mostrando Edward e seu cabelo cortado. Ele estava lindo agora, mas eu gostava de seu cabelo rebelde, era… diferente, deixava o rosto dele mais descontraído, como um adolescente. Ele franziu o cenho para mim, sentando-se na minha cama e puxando o lençol para que eu me desenrolasse.

― Por que não ficou lá embaixo? Ou você quer falar com o Stitch agora e eu estou atrapalhando?

― Não gosto de ser ignorada. ― Murmurei, sentando-me na cama porque deitada eu me sentia muito submissa.

Ele sorriu.

― O fato de eu não falar nada não quer dizer que eu não estivesse prestando atenção. Você estava falando sobre querer um Stitch quando era criança e depois simplesmente sumiu da cozinha.

Não respondi, olhei para baixo e deixei meu cabelo cair sobre meus ombros, cobrindo meu rosto dele. Não gostava de quando ele me olhava, era como se eu estivesse aberta e ele soubesse sobre tudo vergonhoso que um dia já me acontecera. Edward suspirou, sentando-se encostado na parede que ficava do lado esquerdo da minha cama e me olhou de novo, curioso.

― Como foi a sua infância? ― Perguntou.

― Vamos falar mesmo sobre isso?

― Sobre o que você quer falar? ― Paciente, como não estava acostumado a ser.

Balancei meu rosto. Eu não conseguia ligar conversa a Edward, eu ainda não estava habituada a isso. Eu estava acostumada a sua indiferença, ao meu ódio imenso que eu tinha por ele antes, ao fato de ele ser meu inimigo e de ele me odiar por ter matado seu irmão ― antes. Antes. Não agora.

― Minha infância foi uma merda. Minha vida toda é uma merda, para ser sincera e você não gostará de me escutar falar sobre isso, tenho certeza.

― Tente.

Suspirei. Seria tão mais fácil se ele desistisse e me deixasse sozinha aqui nesse quarto, porém lhe contei tudo sobre a minha vida, ocultando as partes em que Riley estava para ele não inventar de procurá-lo ou qualquer outra coisa. Ninguém nunca se sabia o que se passava pela cabeça de Edward e eu arriscava dizer que não era coisa boa.

Eu ocultei a parte de Riley para o meu bem, talvez se eu não contasse a ninguém sobre ele, ele permanecesse por mais tempo em minha mente. As memórias dele começavam a ficar borradas e isso não era nada bom. Ele tinha sido a melhor coisa que um dia já tinha me acontecido e eu queria poder voltar e aceitar quando ele pediu que eu fugisse com ele para a Inglaterra.

Era loucura ― para mim, naquela época ―, no entanto se eu tivesse oportunidade agora, eu o faria sem pensar. Eu tinha sido tão, tão besta em não aceitar. Não importava o fato de eu ter quinze anos e ele dezessete, nada importava.

― Então seus pais eram do tipo…

― Piores do mundo. ― Completei. ― Não importa agora, de qualquer jeito.

Edward pensou por alguns segundos, inclinando o rosto para o lado e me olhou novamente, com os olhos claros mais impetuosos que o costume.

― Se eu te deixasse fugir, para onde iria?

― Para as ruas, talvez? ― Respondi sem hesitar. ― Tudo bem, talvez eu voltasse para a escola, arrumasse algum emprego medíocre e tentaria sobreviver. Faria qualquer coisa, só não voltaria para casa.

― Era tão ruim assim?

― Sim.

― Ruim como?

― Hã, Edward, não vamos falar sobre isso. ― Baixei meus olhos, não querendo aceitar a ordem que seus olhos me impunham.

Ele avançou, trazendo-se para perto de mim sem cautela alguma. Eu fui cautelosa, eu me afastei como se tivesse recebido um choque, entretanto ele se aproximou de novo, segurando meu braço em um simples aviso. Não era para eu me afastar, eu queria. Tudo dentro de mim gritava para que eu parasse de ficar gelada, parasse de olhar em seus olhos e parasse de ignorar todas essas ordens.

― Eles te machucavam? 

Assenti de repente envergonhada de meu passado. O fato de eles me machucarem era por eu aceitar, por eu não me rebelar. Era por eu ser fraca. As pessoas me machucavam porque eu aceitava tudo em silêncio, não tentava fazer nada para parar isso ou mostrar quem era que mandava.

Eu juro que já tinha tentado mudar, parar de ser idiota, mas eu parecia ser uma presa fácil demais. Eu nunca iria avançar, eu nunca iria me tornar uma caçadora ou uma presa esperta que iria evitar ser caçada ou abatida. Eu sempre seria uma presa conformada com a sua posição, sem tentar evoluir. Eu me odiava por isso.

― Eu sinto muito. ― Ele disse verdadeiramente, baixando os olhos. Edward pareceu estar lutando com algo dentro de si quando levantou seus olhos para os meus e não tinha nenhum vestígio de blefe em seu rosto. Por que ele…? ― Não vou deixar ninguém te machucar a partir de agora, Bella, nem mesmo eu. Você merece mais que isso.

Edward era idiota e bipolar e mais uma vez idiota e era tão verdadeiro que eu não sabia em o quê acreditar.


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Notas finais do capítulo

Comentemmmm! Beijos ♥