Damien Rice ― Cannonball

POV EDWARD.

Ela era perfeita, cada pedaço de pele dela era perfeito. A respiração apressada e desregular dela era perfeito, o modo como ela parecia atordoada ao me olhar pelos breves segundos que a deixei respirar também era perfeito. Tudo em Bella se resumia a perfeição, desde a sua personalidade falsamente forte até a fragilidade que ela possuía por nada.

Eu não conseguia ver um motivo óbvio de completar o que Josh me mandara fazer sem exigir uma força enorme de minha parte. Eu não iria conseguir, não iria conseguir mesmo. O plano era depois de um ano de tortura psicológica levá-la até ele para ele ter sua vingança. Isso era ridículo, uma briga de escola não era motivo o bastante para matar alguém.

Porém eu lhe devia favores e não tinha nada que o indagar sobre isso.

O problema era que eu não conseguiria fazer isso com aquela garota frágil que me odiava. Ela não merecia morrer só por ter o rejeitado no ginásio, na verdade ela merecia as melhores coisas que o mundo tinha a lhe oferecer. Bella merecia uma vida digna, uma vida que não tivesse de fazer nada que lhe machucasse e apesar de ser errado eu queria fazê-la ter isso.

Tirei esses pensamentos de minha cabeça, mas outros logo vieram a minha mente enquanto eu a levava para a sua cama. Eu tinha sido covarde ao tentar ficar longe dela na primeira vez e não imaginara que causaria tudo aquilo, toda aquela confusão que eu estava envolvido por causa da menina que estava em meus braços, o pescoço encostado em meu ombro e a respiração agora calma, inaudível.

10 horas longe dela fora torturante ― e isso também estava errado. No correto eu não deveria me sentir torturado longe dela, eu deveria me sentir normal ou até mesmo como se um peso tivesse saído de minhas costas. Fora horrível e eu mal imaginara que Josh mandaria a pior pessoa que ele conhecia do mundo para cuidar dela. James, O Sanguinário.

Ele não ia bem da cabeça, ele não era sequer normal. Eu soubera disso durante os dois dias que passara perto dele, e mesmo assim não imaginei que ele mandaria aquele maluco para cuidar de Bella. Não imaginei que ele teria coragem de fazer isso. Ao deixá-la a deriva e ainda adormecida foi como se eu tivesse perdido a visão do olho direito e tivesse perdido a noção do espaço.

Foi covardia de minha parte; sempre será. Quando se tratava dela eu era sempre covarde.

― Se eu tentar fugir por aquela porta, você vai deixar? ― Perguntou ela apontando com o rosto para a porta que ficava do lado direito quando sentei em sua cama, deixando-a encaixada em meu colo.

Rapidamente suas mãos se afundaram em meu cabelo, contradizendo sua fala anterior. Ela estava séria, mas de qualquer jeito eu conseguia perceber que um clima divertido pairava dentro do quarto.

― Sim.

― Vai ficar com raiva?

Eu sorri, olhando para seus lábios por alguns segundos.

― Sim.

Ela inspirou fitando meus olhos e abaixando seu rosto até que sua testa estava encostada em meu ombro, as mãos estacionadas quase inocentemente na barra de minha camisa, uma indagação muda em seus lábios.

― Você não vai me machucar. ― Fora uma afirmação e me fizera sorrir pela confiança verdadeira que tingia sua voz. E então ela voltou seu rosto para cima novamente, deixando-o na mesma altura do meu, os lábios perigosamente perto… ― Eu gosto de seus cabelos, sabia?

Por favor, por favor, não fale isso. Não me faça saber que você gosta de algo em mim, por favor. ― Eu queria dizê-la, entretanto tudo que fiz foi abaixar-me para capturar seus lábios em um beijo tenso e calmo. Aquele não era um jeito gentil de calar seus elogios sem nexo, mas era o que me era apropriado a fazer.

Não queria me envolver mais do que já estava. Isso, esse momento agora, já era um erro grande demais.

― Vou para o meu quarto. ― Murmurei suspirando quando meus lábios passaram por seu pescoço e eu soube que se continuasse com aquilo não iria conseguir me controlar. ― Isso… está passando do que deveria ser.

― Como assim? ― Bella indagou atordoada.

— Eu… tenho de ir.

O rosto dela estava vermelho. Não por vergonha e sim por raiva.

― Você é um idiota, Edward. ― Ela sussurrou, saindo de meu colo. Queria chamá-la de volta, queria dizer que tudo que eu queria fazer naquele momento era continuar de onde havíamos parado, queria poder fazer aquilo com ela sem minha mente pesar. ― É por que… sabe… só você pode sentir prazer, não é? É por isso que você foge toda vez que estamos quase…

Ela passou a mão por seu cabelo, aproveitando para prendê-lo em um coque mal feito no alto de sua cabeça. Eu quase podia sentir daqui a sua frustração e sentia muito por isso.

― É isso que você pensa?

Era completamente absurdo. Eu não tivera nenhum prazer em abusá-la, e se houve algum foi o prazer da vingança para em seguida me sentir a pessoa mais podre desse mundo todo. Mas eu tinha que ter a vingança por meu irmão ― isso na minha mente alterada cuja estava cega de ódio.

― Sim! ― Gritou. ― E é isso que realmente acontece.

― Já pensou no fato de não podermos nos envolver? ― Disparei.

Ela hesitou, virou-se na minha direção, mas seus olhos ainda estavam acusadores. A sua blusa amarrotada me fazia ter vontade de arrancá-la ou amarrotá-la ainda mais, só que era complicado demais fazer isso. Tudo bem… era só chegar lá e fazer, mas e as consequências depois? Josh já estava no meu pé por bater em James e se souber sobre isso, estarei morto e Bella também.

Como ele saberia? Eu não tinha conhecimento sobre, e ainda me assustava com o modo como ele parecia saber as mínimas coisas que aconteciam.

― Não estamos nos envolvendo. ― Sussurrou e começou a voltar lentamente para onde eu estava sentado. ― Só seria essa noite, Edward. Por favor. ― Como se soubesse um jeito de render-me com facilidade, encaixou de novo suas pernas ao redor de minha cintura e agarrou meu cabelo em suas mãos.

O rosto dela estava próximo demais do meu; tão próximos que chegava a ser impossível mexer-me sem beijá-la. Em um movimento que explicitava a minha desistência, praticamente arranquei sua blusa, deixando-a passar a minha camisa rapidamente por minha cabeça. Seus lábios famintos alcançaram os meus sem pensar duas vezes e eu ainda me perguntava onde estava o ódio que ela dizia ter por mim nessa hora.

Ajudaria muito se ele voltasse a existir, apesar de saber que não a afastaria por nada a partir de agora.

Enrolei minha mão em seu cabelo e puxei seu rosto para trás, expondo seu pescoço para que meus lábios estivessem provando milimetricamente cada espaço de sua pele pálida que amanhã estaria roxa ou vermelha. Ela se segurava em meus ombros, arfando de olhos fechados. Bella estava mais irresistível do que um dia ousou estar.

Mesmo se eu quisesse não seria capaz de afastá-la. Ela mexia com o meu autocontrole de uma forma que nem eu mesmo sabia que poderia; nunca nenhuma tinha me atingindo daquele jeito como ela estava fazendo. Como que podia? Eu deveria ter recusado esse favor desde quando Josh me propôs.

Mas eu não sabia, não compreendia que a menina de dezoito anos seria desse jeito. E também não sabia que ela mataria meu irmão na tentativa desesperada de sair de onde estava, e embora eu pensasse sobre aquele assunto, não consegui me desencorajar o bastante para afastá-la e declarar que a partir de hoje não nos tocaríamos mais.

― Edward. ― Arfou quando deslizei minhas mãos por suas costas, puxando-a de encontro a meu corpo.

Ela era tão frágil e a pele dela era tão macia que eu tinha medo de machucá-la somente tocando. Minhas mãos alcançaram seus ombros e abaixei as alças de seu sutiã com um suspiro de prazer e ao mesmo tempo cansado quando ela beijou meu maxilar, deslizando seu nariz por meu pescoço e beijando-o.

Ninguém conseguia me enlouquecer apenas com aquilo, com aqueles beijos ou até mesmo com uma mão dentro dos cabelos. E mesmo querendo negar, Bella era a exceção sobre tudo aquilo. Ela sabia ― como se me conhecesse há muito tempo, como se fossemos amantes há muito tempo ― como executar aquilo com perfeição.

E os sons de prazer que ela fazia… como se controlar com aquilo? Como pensar com racionalidade? E também tinha a pele dela contra a minha, os seios pressionados contra meu peitoral, o rosto encostado em meu ombro, a respiração irregular, os dedos apertados em meu cabelo.

Céus! Como ela podia…? Eu nunca tinha percebido, no entanto a pele dela era tão macia que a minha vontade era ficar tocando-a toda hora, deslizar meus dedos e observá-la estremecer. Queria ficar a acariciando todo segundo do dia, queria ficar encarando os olhos verdes que pareciam sofridos demais para uma garota e descobrir todos seus segredos.

Queria deixá-la para que esses desejos nunca se realizassem, queria que isso fosse fácil de executar. Era loucura tudo aquilo que eu estava sentindo e era loucura o quanto o coração de Bella parecia acelerado quando eu estava próximo o bastante para sentir. Tantas coisas naquela noite me pareciam loucura que eu quase não conseguia distinguir o que era sensato ou não. Desde o hálito doce dela até o modo perfeito como o corpo dela se encaixava no meu.

Eu sabia que nada iria ser o mesmo depois daquela noite e mesmo assim tinha levado a diante aquilo. Eu sabia que sentiria algo diferente por ela depois, sabia que não conseguiria tratá-la da mesma forma. Sabia que tudo no final iria dar em merda.