Depois de termos nos empanturrado de tanta comida no restaurante, passamos um tempinho ali falando sobre a vida, do que já havíamos feito até ali, do orgulho que eu, Alice, Dani e Gemma sentíamos dos nossos meninos preferidos, dos nossos planos... Recordamos até do dia em que eu e Alice nos formamos juntas. Acho que foi a noite mais linda, mágica e inesquecível que nós duas tivemos juntas.

*flashback*

A nossa sala e mais uma estava se formando e passando do período do ensino médio para o superior. Eu iria fazer mais dois anos de intercambio na Inglaterra e tinha escolhido estudar na faculdade de artes que ficava perto de Holmes Chapel, em Cheshire mesmo, queria me formar como atriz. Quando contei essa ideia pra Louis ele quase pulou de alegria, ainda mais quando eu passei. Ele ficou uma semana inteira me bajulando. Ele me contou uma vez que se não estivesse na banda, com certeza ele seria um professor de teatro. Já Alice optou por fazer sociologia já que tinha um senso muito critico para questões políticas e coisas que voltavam pra sociedade, ela era extremamente inteligente, como já tinha falado. Foi um orgulho vê-la entrar na faculdade. E lá estávamos nós, vestidas a caráter depois de um ano completamente conturbado por estudo, namoro, crises... Nos formando, passando por mais uma etapa de nossas vidas. Sentamos uma ao lado da outra, entrelaçando nossas mãos esperando por nosso nome ser chamado para pegarmos o canudo depois de um longo discurso do representante das turmas do último ano. Ninguém na escola sabia que nós namorávamos astros do pop, decidimos deixar isso em sigilo porque não queríamos nenhuma amizade interesseira pra cima de nós, já não bastava Rachel que sofria horrores com isso, tadinha, afinal todo mundo sabia que Harry era seu vizinho e que Anne e Kath eram amigas de infância. Todo mundo queria tirar casquinha da relação que ela tinha com Harry. É, mas o pessoal daquela escola não sabia até hoje sobre minha vida e a vida de Alice, para eles, éramos apenas meninas normais como todas as outras ali. Finalmente o nome de Alice foi chamado e ela toda tímida, de cabeça baixa e com um sorriso estampado no rosto se levantou para subir ao palco em meio as palmas da plateia. De repente um One Direction inteiro mais toda a família enorme de Alice se levantam gritando o nome dela.

- ESSA É A MINHA GAROTA! – Gritou Louis e ela fez um gesto discreto do palco para que ele parasse enquanto ele e os meninos não paravam de gritar até ela se aproximar do microfone, chamando a atenção do colégio inteiro. Previamente, eu e Alice tínhamos combinado que iríamos falar uma coisa bem retardada no microfone, ao invés de falar aquele “obrigada” ou qualquer agradecimento clichê que todo mundo fazia, afinal, não iríamos mais estudar ali mesmo. Então a menina se aproximou do microfone, hesitando antes de falar alguma coisa e olhou para mim. Eu apenas sorri e acenei positivamente com a cabeça, tentando encorajá-la.

- EU AMO TARTARUGAS! Obrigada, mãe. – Ela disse e quase saiu correndo dali enquanto Liam gritava.

- ESSA É MINHA GAROTA! – Levando um tapa de leve na nuca por Louis. Obviamente Alice disse aquilo de zoação, mas Liam realmente gostava de tartarugas, tinha até umas de estimação. Assim que Alice sentou-se, os meninos se aquietaram, mas o comentário era geral, todo mundo estava se perguntando o que o One Direction estava fazendo ali e porque eles gritaram para Alice. Nem ligamos, apenas riamos com a inocência deles. Ninguém ainda sabia, pois meu namoro com Harry e o namoro de Alice e Louis ainda era recente naquela época, e até nos acostumarmos com as especulações sobre nós duas, os meninos decidiram nos resguardar. O que eu achava ótimo, seria terrível ser xingada por milhões de meninas que nem sabiam quem eu realmente era. Já não bastava aquela matéria que saiu no jornal uma vez sobre eu e Harry estarmos realmente juntos e que quase acabou separando nós dois. Aquele assunto ficou rondando na escola um bom tempo, mas depois todo mundo esqueceu e eu pude agir normalmente de novo. Mais uns cinco nomes foram chamados até chegar o meu. Levantei cautelosamente, olhando diretamente pros meninos e antes de seguir meu caminho até o palco, apontei meu indicador para eles, alertando que se me fizessem passar vergonha, o pau ia comer. Eles consentiram, mas eu sabia que ia pagar um mico. Assim que pus meus pés no palco e peguei o canudo...

- ESSA É MINHA NAMORADA! – Harry berrou enquanto Anne, Gemma, minha família do intercambio e todos os meninos gritavam. Ok, Harry só tinha acabado de confessar na frente de quase Holmes Chapel inteira que eu era sua namorada. Acho que é um grande passo... Quando vamos nos casar, querido? Estreitei meus olhos, olhando diretamente para Harry, fingindo estar brava. Então fui para o microfone, era a minha vez.

- Eu gosto de Gemmas de ovo. Obrigada Anne e Robin pelo filho maravilhoso. – Disse levantando o canudo e me retirando enquanto Gemma gargalhava de rir (sim, ela já sabia do trocadilho com o nome dela e gema de ovo), Anne gritava um “de nada” e não parava de bater fotos e todos presentes ficavam a ver navios sem entender absolutamente nada. Éramos completamente loucos. A escola nos disse anteriormente que na nossa formatura teríamos uma surpresa não só para os professores, porque a homenagem surpresa seria dedicada a eles, mas surpresa para os alunos também. E os meninos souberam guardar direitinho esse segredo de mim e Alice. Quem foi fazer a homenagem aos professores foram Gemma e Harry, cantando To Sir With Love. Como os dois já haviam estudado ali, foi uma baita homenagem, afinal, quem não quer um menino da boyband com mais sucesso do mundo todo cantando em sua escola? E não podia ser mais lindo que aquilo, tenho que confessar que eu e Alice choramos feito duas bobas. Foi realmente uma noite para se lembrar o resto da vida.

(...)  

E acho que de alguma maneira aquele papo de futuro acabou deixando Niall com náuseas, porque ele começou a passar mal dizendo que “o estoque está cheio”, segundo as próprias palavras dele. Também, o menino comeu feito um boi no cinema e comeu não sei quantas asas de frango. Juro que quando passou da décima eu desisti de contar. Não sei como num menino tão pequeno cabia tanta comida, acho que o estômago dele ocupava o corpo inteiro. Então decidimos ir para casa. Como não fomos de carro, o coitado do Zayn teve que pagar o pato levando Niall nas costas e revesando com Liam até chegarmos ao flat de Harry. Chegando lá, Niall ainda não estava bem, reclamando que iria colocar toda a comida pra fora. Então Harry já foi logo se prontificando, pegando um baldinho que tinha na garagem e dando para o irlandês antes de ajeitar todo mundo no carro. Ele iria levar cada um em sua devida casa. Mais uma vez saímos do prédio onde Harry morava a caminho do apartamento de Zayn primeiro. No carro eles combinaram que Niall ficaria na casa dele junto com Gemma, para ajudar a cuidar do menino. E assim foi, desovamos os três lá em frente ao prédio de Zayn, e como Liam e ele moravam no mesmo complexo, deixamos Liam e Danielle lá também e esperamos até que todos entrassem. Os próximos seriam Louis e Alice. Não demorou muito e já estávamos na esquina da casa dos dois, todos os meninos moravam muito próximos um do outro. Nos despedimos e Alice e Louis se foram e eu e Harry partimos de volta para casa. O caminho de volta foi torturante, sabíamos que se abríssemos na boca, falaríamos da minha viagem de volta ao Brasil e eu não sabia o que era pior. Se era conversar sobre a minha partida ou ficar naquele silêncio macabro que chegava a me dá tique nervoso. Entramos com o carro na garagem e desembarcamos deste sem falar ao menos uma palavra. Entrelaçamos nossas mãos e fomos andando até o elevador e subimos da mesma maneira. Mas eu podia sentir a tensão e a angustia de Harry só pelo apertar de sua mão, ele não estava nada bem com aquela situação. Ele me segurava de um jeito como se nunca quisesse que eu fosse embora, como se não quisesse ficar sem mim nunca mais, e devo dizer que compartilhávamos da mesma vontade, porque eu não queria mesmo ter que deixar o meu primeiro amor aqui sozinho sem mim. Ainda no elevador, olhei para ele um pouco aflita, mordendo meu lábio disfarçadamente por isso, mas ele continuava com a cabeça baixa e encarando o tênis e eu não podia fazer nada para mudar aquilo, meu coração já estava em lascas dentro do meu peito por vê-lo naquele estado. Não sabia o que doía mais. Ter que deixá-lo ou ter a presença dele naquele estado. Finalmente chegamos em casa, Harry abriu a porta extremamente desanimado e nós entramos. Eu já ia me afastando para jogar a bolsa no sofá quando ele me puxou pelo braço.

- Lô... Me promete uma coisa? – Perguntou ele com a voz calma, deslizando as costas de sua mão macia em meu rosto.

- O que você quiser, meu amor. – Respondi já querendo chorar. Por que parecia que nunca mais íamos nos ver? Porque tinha que ser assim?

- Na verdade são duas promessas. – Ele disse rindo fraquinho e eu sorri junto. Aquele sorriso no rosto dele me confortava mais. – Promete que esses dias que restaram só pra nós dois a gente não vai pensar em absolutamente nada de viagem pro Brasil ou distancia e nem nada relacionado a isso e vamos aproveitar cada segundinho mínimo juntos até o dia de você ir embora?

- Prometo. – Disse com a voz falha, dando o meu máximo para não desabar ali mesmo enquanto brincava com o tecido da camisa de Harry, enrolando uma parte deste em meu indicador enquanto ele acariciava meu rosto e fazia um cafuné gostoso em meus cabelos. – Qual é a outra?

- Promete que quando você estiver lá, não vai esquecer de mim e vai dar um jeito de falar comigo todos os dias? Me promete? Promete que não vai dar corda pra nenhum menino bronzeado e surfista do Rio de Janeiro que queria se aproveitar da minha menina? – Ele disse com um sorriso tão perfeito no rosto que só faltou eu me derreter toda ali diante dele.

- Prometo tudo, tudo, tudo e mais um pouco. Eu te amo! – Respondi, puxando-o mais pra perto pela camisa e deixando um selinho demorado em seus lábios. Ninguém no mundo vai saber a sensação que eu tinha dentro de mim quando eu estava nos braços dele, quando eu sentia seus beijos, seu perfume no meu, quando eu olhava em seus olhos e percebia que eles estavam na minha direção, de como eu gostava do toque das suas mãos e dos carinhos que eles me fazia. Ninguém nunca saberia o quanto eu realmente o amava e palavras nunca eram boas o suficiente para descrever como meu coração sentia Harry.