Somente Kami sabia quanto eu quis ser mais autoconfiante para, pelo menos, me aproximar dele. Somente Kami sabe o quanto eu quis me tornar amiga dele, entrar no grupo de amigos dele, ser parte do fã clube dele, participar de sua vida. Mas minha baixa estima, combinada com minha timidez e minha auto barreira sentimental fez eu me suprir ainda mais me meu desejo.

Assim foi o meu primeiro ano no colegial. Era sozinha, sempre fui, mas nunca me importei até aquele ano. Mas naquele ano, quando minha paixão começou, uma das coisas que mais queria era uma amiga da minha idade com quem eu poderia desabafar. Não que Kurenai não me ajudasse, mas eu me sentiria mais confortável conversando com alguém da minha idade, que talvez estivesse passando pelas mesmas coisas que eu. Mas, novamente, minha personalidade me proibia de fazer amigas por conta própria. E foi assim que comecei a me afundar nos estudos.

No começo nem percebi que estava fazendo isso. Afinal, no meu consenso, aquilo estava me ajudando. Minhas notas estavam melhorando, meu rendimento escolar também, os professores começaram a me elogiar mais e até Neji, meu primo egocêntrico até disse um “muito bem” para mim. Talvez isso não seja muita coisa para as pessoas, mas para mim isso era um grande avanço. Mas tudo tem um lado bom e outro ruim.

O lado ruim foi que comecei a agir como meu pai. Dormia pouco, comia pouco, ficava somente em meu quarto estudando, até em feriados, e não saia tanto, somente da escola para casa e de casa para escola. E como acontece com a maioria das pessoas sobrecarregadas, comecei a ficar estressada.

Bastava eu perder uma coisa, poderia ser uma coisa sem importância, que eu xingava o céu e o inferno. A meiga e doce Hinata aparecia apoucas vezes ao dia, dando lugar à Hinata estressada.

E isso me distanciou ainda mais de Sasuke. Se antes minhas chances eram improváveis, viraram impossíveis.

Eu me isolava de todos, passava intervalos sozinha, sentava no fundo da sala, prestava atenção somente no professor.

E por dois longos anos minha vida foi assim. Estudos, estudos, estudos, isolamento e mais estudos.

Todos, incluindo meu pai, estavam preocupados comigo. Mas eu continuava dizendo que nada estava errado.

No terceiro ano, porem, as coisas mudaram. No colégio, entraram duas garotas novas, Mitsashi Tenten e Yamanaka Ino. Eram garotas bonitas e bem humoradas. Logo que entraram na escola, pensei que nem olhariam para mim, como todo mundo fazia. Pensei que me viriam como a garota invisível, mas isso não aconteceu.

Logo no primeiro dia, elas vieram falar comigo. E como minha experiência de interação social com as pessoas era praticamente zero, eu somente corei e fiquei quieta, pensando que elas logo desistiriam de mim. Mas foi completamente diferente. Todos os dias, assim que chagavam na escola, vinham em minha direção e começavam a conversar, ás vezes pedindo minha opinião em algum assunto qualquer.

Apesar de, no começo, eu ficar mais calada, logo no segundo mês, comecei a me sociabilizar mais. Falava com mais frequência, mesmo que poucas vezes, opinava mais, ria mais, me divertia mais. E assim fiz minhas primeiras amigas, comecei a me divertir mais e, principalmente comecei a viver minha vida.

Logo quando já estávamos mais íntimas, eu pensei em contar sobre meus sentimentos por Sasuke. Cogitei fazer isso, mas no dia em que consegui coragem o suficiente, Ino jogou-me sua bomba. Ela estava namorando Uchiha Sasuke. Sim, minha melhor amiga estava namorando o amor de minha vida. Não posso dizer que não fiquei brava, pois estaria contando a maior das mentiras.

Mas meu lado doce fez com que eu não me zangasse com Ino. Eu sabia que, assim como eu, 90% das garotas do colégio caiam de paixões por Sasuke, e que, de todas, eu era e sempre seria a última opção do Uchiha.

Então fiz uma coisa que, na minha mente de 17 anos, era a coisa certa a se fazer. Esqueci o Uchiha.

Foi difícil, muito mais porque Ino fora a primeira namorada duradoura de Sasuke. Eles começaram a namorar em Maio, e na formatura do colegial, eles ainda estavam juntos. Aos meus olhos, eles eram feitos um para o outro.

No baile de formatura, eu assisti os dois e devo dizer, apesar de tentar esquecê-lo, e ter feito um pequeno progresso nos últimos meses, ainda doía ver minha melhor amiga e o garoto dos meus sonhos dançando juntos e tão felizes.

E assim que o colegial acabou me distanciei de Ino. Ela tinha sonhos maiores que somente o Japão, queria cursar faculdade no EUA, assim como Sasuke, enquanto eu e Tenten ambas conseguimos vagas na Universidade de Tókio, a melhor do Japão. Eu iria cursar administração empresarial, já que um dia queria dar um descanso ao meu pai e trabalhar na empresa. E Tenten cursaria arquitetura, seu sonho desde criança.

Mas os caminhos de Sasuke e meu pareciam estar entrelaçados.

A próxima vez que o encontrei foi em um jantar feito pela família Uchiha e minha família, quando eu tinha 21 anos.

Naquela data eu levei meu namorado, ou melhor, forcei-o a vir comigo. Sai e eu namorávamos por cerca de um ano. Eu o conheci em um museu, enquanto eu apreciava um quadro de paisagem, Sai veio por trás de mim me perguntando o porquê de tanta apreciação em um quadro tão normal, e continuou com seu incessante discurso de como arte era mais do que uma simples reprodução de uma coisa que já existia no mundo real. Devo admitir que seu discurso cansou-me um pouco, mas quem não se cansaria de ouvir um discurso de quase duas horas sobre arte de um completo estranho. Mas devo admitir que sua paixão por artes e sua personalidade sincera e extrovertida, tão diferente da minha, me cativaram, e assim começamos nosso estranho relacionamento.

Sai não gostava, não, dizer que ele não gostava seria um eufemismo, Sai odiava completamente e infinitamente reuniões formais, mas eu usei o meu jeitinho doce, que todos conhecem, para convencê-lo a ir, ou em outras palavras, ameacei atear fogo em um de seus quadros e ele aceitou na hora. Sim, Sai amava seus quadros mais do que sua própria vida.

O jantar estava agradável. Havia conhecido Uchiha Fugaku e sua esposa Mikoto e, devo admitir, Mikoto parecia minha mãe, só que com olhos escuros e cabelo mais preto, mas sua personalidade amável e pura lembrava-me muito minha mãe. Naquela ocasião também conheci Uchiha Itachi, irmão mais velho de meu antigo amor. Ele era tão parecido com Sasuke, mas somente na aparência, pois era um completo cavalheiro, charmoso e galanteador. Devo admitir que, apesar de Sai estar ao meu lado, quase desmaiei só de Itachi se curvar e beijar minha mão.

Mas quase tive um ataque cardíaco quando vi, quase que desfilando, Sasuke e uma mulher, que logo depois identifiquei como Sakura, caminhando na direção da mesa em que minha família e a família Uchiha estavam.

Ele andava sempre de queixo levantado, e seu andar era como se ele deslizar-se pelo chão. E Sakura, uma garota que também estudou conosco no colegial e também era apaixonada por Sasuke, vestia um colado e curto vestido vermelho, também desfilava pelo chão de braços dados a Sasuke. Seu corpo magro e esbelto, como se fosse uma modelo, se contrastava com minha imagem, baixa, com curvas que eu ainda não aceitava, apesar de Neji e Sai dizerem que meu corpo era perfeito, se bem que Sai, sendo o pervertido que era, significava outra coisa, e o vestido de Sakura era muito melhor que o simples vestido branco amêndoa liso e longo, somente marcado na cintura, que eu escolhi por ser o único a não marcas meus ‘dotes femininos’, palavras de Sai.

Durante o jantar, descobri que Sakura e Sasuke estavam juntos a três meses, e que ele e Ino haviam terminado a um ano, pois eles não tinham tempo para namoro, já que cursavam faculdades diferentes.

Mas o mais estranho naquele jantar era que, em pequenos intervalos de tempo, eu sentia alguém me olhando, ou melhor, mirando seus olhos em mim, fixamente, mas quando eu dava uma olhada ao redor, nada parecia fora do lugar.

Logo deixei de lado esses pensamentos, quem, além de Sai e sua mente pervertida, ficaria olhando para mim? E a resposta era: ninguém.

O resto do jantar ocorreu normalmente. Meu pai e o Sr. Uchiha fizeram um trato comercial e logo meu pai anunciou que estava planejando sua aposentadoria e que eu e Neji, no próximo ano, estaríamos assumindo a presidência da Corporação Hyuuga em conjunto. Assim que eu ouvi isso, eu quase engasguei afinal meu pai nunca havia falado uma só palavra sobre esse assunto e resolveu anunciar essa informação tão importante justo quando eu estava cercada de estranhos. Apesar de minha timidez ter sumido ao longo dos anos, muito mais porque, para namorar Sai, você não deve ser tímida, porque cada coisa que ele fala em público. Ainda bem que naquela noite ele estava chateado por causa do jantar que nada disse.

Eu consegui me controlar depois daquela informação, não sabia se me sentia preparada o suficiente para assumir a empresa, mas se meu pai acreditava em mim, eu faria o possível para não decepcioná-lo.

E assim foi, depois de quatro anos, o meu reencontro com o meu amor do colegial, que naquela noite descobri que não estava tão morto assim, e que aquele amor ainda podia causar algumas reações em mim.