Like Another Fairytale escrita por Mariia_T


Capítulo 6
06.


Notas iniciais do capítulo

Êê, eu já tinha esse aqui pronto, mas faltou a oportunidade de postar, sacas? Anyway, VEEEEEEEI A LARI ME RECOMENDOU, tipo, ela me recomendou HIOASJOASIH isso vale mais que 1 Oscar, vdd!!!!!1 Aw, que linda essa Lari. Quem quiser seguir exemplo :BB
Enjoy!



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- E como foi seu dia, Jo? – Tia Judith olhava atentamente para a filha enquanto levava seu garfo de prata à boca.

- Tranquilo. – Jolie respondeu, meio vaga. Algo em mim dizia que tinha a ver com Seth. Não sei por que, mas me parecia que ela gostava muito dele.

- Tranquilo? Nada demais? – Tio Joe se surpreendeu. Acho que um dia “tranquilo” vindo de Jolie era realmente uma surpresa.

- Não. – Deu de ombros, cutucando sua couve de Bruxelas.

- Você apresentou Karen aos seus amigos?

- Não precisei dar mais que um empurrãozinho. – Ela abriu um sorrisinho e piscou para mim. Não me pergunte o que isso quis dizer, eu não entendi nada.

- Que chato! – Jackson gritou, batendo a ponta de sua colher na mesa. – Hoje o Cal pisou no meu pé e eu empurrei ele do balanço! Garotinho abusado! – Ele contou, como se tivesse sofrido a maior injustiça do mundo.

- Jack! – Tia Judith o repreendeu. – Isso não é coisa que se faça.

- O Cal chorou muito. – Joshua comentou, comendo um pouco de ervilhas. Eles eram tão fofinhos, dava vontade de morder!

- Vamos conversar com sua professora amanhã, Jack. – Ela respondeu, simplesmente, ignorando os protestos do menininho.

Sorri ao notar aquela atmosfera familiar ali. Era curioso o modo como as coisas aconteciam por ali. Eu sempre ouvira que os americanos eram infelizes, que os pais não tinham o controle de seus filhos e os filhos não respeitavam os pais e mais um monte de coisas do gênero. Mas ali não.

Tudo bem que meus tios passavam o dia inteiro fora e acho que o jantar era o único momento em família que eles tinham juntos, mas ainda assim, eles pareciam aproveitar cada segundo da melhor maneira possível.

Abaixei meus talheres, apoiados no prato de porcelana e limpei rapidamente a boca com meu guardanapo.

- Já terminou? Não vai comer mais? – Tio Joe olhou para meu prato. – Você come que nem um passarinho!

- Eu não... Desculpe. – Acho que corei um pouco.

- Coma mais um pouco, querida. Precisa estar forte para encarar Nova Iorque. – Tia Judith me lançou aquele olhar maternal.

- Eu já comi o suficiente, juro. – Sorri, sem graça.

- Você não está mais nos palácios, coma! – Pegou um pouco de purê de batata e despejou em meu prato, fazendo um barulhinho molhado ao cair. – Aqui, um pouco de carne.

- Já que a senhora insiste! – Falei, pegando de novo meus talheres.

- Senhora, não, Karen! – Tia Judith ralhou. – Tia já é de bom tamanho!

- Desculpe, tia.

- Está desculpado. E pare de pedir desculpa por tudo que faz. – Disse, limpando a boca de Joshua.

- Desculpe. – Soltei, sem querer. Ela me olhou pelo canto do olho e acabamos rindo.

- Termine de comer.

Acho que acabei por repetir três vezes. Três vezes! Se eu fizesse isso em casa, aposto que cortariam meus dedinhos fora! Nunca que seria permitido a uma princesa comer mais que o que fora posto no prato da primeira vez. Eu nunca me importe, na verdade, por comer apenas o que me era servido. Mas também nunca havia provado da fartura e delícia de repetir quantas vezes quiser.

- Amanhã vamos acordar às sete, ok? – Jolie entrou no meu quarto, com seu pijama cor de rosa bebê, cabelo preso num coque alto e malfeito, escova de dente na mão.

- Ok. – Sorri e voltei minha atenção para minha mala. Ajoelhei-me frente a ela e tirei algumas roupas. Minhas costas reclamaram um pouco e por isso apoiei as mãos nas coxas, respirando fundo.

- Você é sempre tão perfeccionista assim? – A voz de Jolie me fez pular de susto. – Foi mal.

- Tudo bem. O que disse? – Coloquei a mão no peito, controlando os batimentos cardíacos.

- Você sempre faz tudo tão certinho assim? – Apontou para minhas roupas impecavelmente dobradas e depois para minha postura.

- Eu... Acho que sim. – Franzi o cenho, incerta.

- Meu Deus! – Ela riu e me olhou com os olhinhos brilhando. – Mãe? Qual foi o parente estúpido que saiu da Dinamarca?! – Gritou para sua mãe, enquanto saía do meu quarto. Fechou a porta, me deixando sozinha.

- Ok. – Ri comigo mesma.

Tirei uma camisola de seda do fundo de uma das malas, tirei também minha nécessaire e me dirigi ao banheiro. Meu cabelo fora amarrado para não me atrapalhar durante a higiene e brinquei com ele, segurando-o de vários jeitos, analisando e imaginando como se fossem cortes de cabelo, ou penteados. Quem sabe, nessa nova vida por aqui, eu não corte meu cabelo?

Uma pontada de êxtase percorreu meu corpo ao pensar nessa possibilidade. Meus cabelos eram uma preciosidade para minha tutora, ela nunca me deixaria fazer nada com ele. Mas ela não estava aqui para me impedir de absolutamente nada.

Voltei ao quarto já vestida para dormir e sentei-me à escrivaninha. Achei meu – novo – diário no fundo de minha bolsa e o abri. Segurei a caneta por alguns segundos, pensando por onde iria começar. Tentei ser breve, já que não queria especular muito, esperar muito sobre essa temporada aqui no Novo Mundo. Falei das pessoas que conheci, da semelhança que a casa da minha família distante tinha com os aposentos do palácio. Acho que, no final de tudo, a veia Real corria por toda a família.


- Bom dia, meninas! – Gabe estava encostado à porta de um Camaro vermelho, bem ao lado da vaga que Jolie tomou quando chegamos à escola. – Chegaram cedo.

- Preciso fazer uma pesquisa na biblioteca. Já ouviu falar de um tal de... Markus Zusak?! – Ela levantou as mãos para o alto, como se aquilo fosse um absurdo.

- É um escritor australiano. – Respondi, ajeitando minha bolsa em meus ombros.

- Sério? Como sabe disso? – Ela entortou o nariz.

- Sabendo. – Dei de ombros, rindo um pouco.

- Ok, sabidona. Você vai me ajudar com minha pesquisa. – Jolie sorriu e entrelaçou seu braço ao o meu, animada.

- Vejo você na aula de música, Karen. – Gabe gritou, sorrindo abertamente. Acenei para ele e voltei a andar com Jolie.

- Como ele sabe minhas aulas?

- Ele ajuda a secretária de vez em quando. Foi o castigo que o Sr. Hastings deu a ele por levar bebida alcóolica para a festa de primavera. – Ela revirou os olhos, como se lembrasse desse episódio. Tive que me segurar para não ficar visivelmente chocada, já que nunca esperaria isso dele.

- Entendi. – Disse, apenas, caminhando ao seu lado, até a biblioteca.

As pessoas ainda me olhavam, com curiosidade vívida nos olhos. Não acreditava que essa coisa de novata ainda estava rolando. Quero dizer, já havia um dia que eu estava ali! Ok, talvez isso não seja muito, mas ainda assim, deveria contar. Passei as mãos pelo cabelo, arrumando qualquer fio desgrenhado que pudesse que pudesse ser notado por aqueles olhos atentos.

- Aqui. – Ela abriu uma porta de vidro preta para mim e entramos juntas na biblioteca. – Vou pesquisar nos computadores, procure um exemplar para mim, sim?

- Claro. – Coloquei minha bolsa em cima de uma mesa e me encaminhei para as estantes abarrotadas de livros. Esperava que reconhecesse algum exemplar de Zusak caso visse. – M... M... Markus... Z... Zusak! – Comemorei em voz alta, ao achar a prateleira com alguns exemplares do autor.

Peguei o exemplar de sua obra mais conhecida e o levei para Jolie.

- Ah! Esse livro! – Ela exclamou, observando a capa. – Eu já vi por aí.

- Deveria ler.

- Ah, nem. Essa pesquisa é só um “conhecimento de área”. – Fez aspas com os dedos. – Aquela professora é doida! Eu moro em Nova Iorque, não tenho tempo para saber de livros!

- Ok, Jo. – Ri baixinho. Ouvi o sinal tocar e rapidamente coloquei minha bolsa no ombro. – Não vai?

- Não, não. Tenho o primeiro horário livre. – Sorriu. – Boa aula.

- Obrigada. – Sorri também e saí da biblioteca às pressas. Os corredores já estavam praticamente vazios e as portas sendo fechadas. Isso implicava que meu professor de matemática aplicada já poderia estar fechando sua porta também.

- Quietos! – Ouvi um professor gritar e fechar a porta da sala com força. Olhei para a porta por puro reflexo, quase esperando que o vidro se espatifasse em cacos no chão.

Apressei o passo e achei minha sala. Como previsto, a aula já estava em andamento e eu consegui chamar mais atenção que um indivíduo andando com uma melancia na cabeça ao abrir a porta da sala.

- Sim? – O professor me mediu com os olhos.

- Matemática?

- Aqui mesmo. – Ele limpou a garganta. – Você é a novata?

- Sou eu mesmo. – Respondi, enrolando meus dedos na maçaneta fria da porta.

- Entre. – Disse e veio abrir mais a porta para mim. – Só um aviso: não tolero atrasos desse tipo.

- Não vai se repetir. – Prometi. – Eu me perdi.

- Arranje um mapa. – Ele foi seco. Assenti e sentei-me no primeiro lugar vazio que vi, no fundo.

Tirei meu caderno e livro da bolsa, abrindo-os em seguida. O professor anotava alguma coisa na lousa e os alunos copiavam. Tive medo daquele homem.

- Não liga para ele. – A garota do lado sorriu para mim. – Ele é grosso assim mesmo.

- Está tudo bem. – Sorri, tímida.

- Sou Katherine. – Ela estendeu a mão para mim, com um sorriso fofo no rosto. Apertei-a, tentando parecer confiante. Aquela menina me era um tanto familiar.

- Karen. – Respondi.

- Diferente nome. De onde você é?

- Di... Dinamarca. – Mordi a língua por ter gaguejado.

- Jura? Uau!

- Já terminaram a conversinha? – O professor vinha em nossa direção. Ele analisou nosso progresso nas anotações e voltou para a lousa.

- Vai se acostumando. – Katherine riu e voltou a copiar a lição.

Matemática nunca foi meu forte, mas eu entendia o que era necessário fazer e fazia quando era necessário. Um pouco confuso, mas dá certo. Já tinha anotado quase duas páginas só do que o professor havia falado de geometria euclidiana e minha paciência se esgotava mais rápido que minhas letras preenchiam as linhas.

- Aleluia! – Ouvi Katherine comemorar baixinho ao tocar o sinal. – Qual sua próxima aula?

- Hm... Física.

- Uau, que dia, hein? – Ela riu.

- Então sexta é o meu dia para morrer. – Reclamei, olhando meu horário. Educação física logo após o intervalo. O que exatamente se faz numa educação física?

- Você se acostuma. – Katherine disse enquanto saíamos da sala, com os outros alunos. – Olha, a sua aula é naquela sala ali. – Apontou para duas portas depois da que saímos.

- Valeu.

- A gente se vê depois. – Sorriu de novo, me deu um beijinho na bochecha e saiu, na direção oposta.

Entrei na sala de física e me acomodei em uma carteira mais afastada. Não queria correr o risco de ser apresentada para a sala, apesar de saber que de alguma forma aquilo aconteceria. Fiquei observando os alunos entrarem na sala de aula, conversando animadamente.

Alguma coisa em mim ficara intrigada. Algo como um pedido de explicações gritava dentro de mim, como se meu primeiro impulso fosse ligar para meus pais e perguntar por que eles me privaram de tudo isso, por que não hesitariam em continuar me privando.

Por que não podia ter amigos assim. Por que não podia conviver com gente normal como todos os outros fazem. Por que não podia ser como todos os outros eram. Eu realmente não entendia como um título e uma coroa pudessem me privar de tanta coisa, não entendia como isso podia mudar muita coisa.

O professor entrou na aula assim que o sinal tocou. Ele parecia animado para ensinar o que quer que fosse e os alunos não pareciam lhe dar o retorno.

- Sabia que te encontrava ainda hoje. – Ouvi a voz de Katherine perto de mim. Olhei para o lado e lá estava ela, segurando sua bandeja e me recebendo com um sorriso gentil nos lábios.

- Oi! – Falei, desviando minha atenção dela para minha carteira. Peguei uma nota de dez dólares e entreguei à moça, recebendo meu troco em seguida.

- E aí, quer sentar com a gente? – Ela ofereceu.

- Eu não...

- Eu insisto, não seja tímida. – Sorriu encantadoramente de novo. Até então, eu não havia notado uma garota baixinha ao seu lado, tinha os cabelos castanhos encaracolados até a raiz que era mais clara, as sardas pintavam suas bochechas. – Segura para mim. – Ela entregou a bandeja à menina.

E, assim, segurou meu antebraço e me puxou pelo refeitório até uma mesa que eu conhecia por partes. Rapidamente identifiquei o grupo ao qual aquela gente pertencia e me senti desconfortável por estar ali.

- Gente, essa é a Karen. – Disse ela, me expondo a toda aquela gente.

- Hey, Karen! – Seth gritou, de seu lugar. Acenei rapidamente e sorri.

- Vocês já se conhecem? – Katherine pareceu surpresa.

- Temos Sociologia juntos. – Ele explicou, dando pouco caso.

- Bom, então vamos lá: Luke, Justin, Hanah – apontou para a menininha baixinha de antes –, Jennifer, Rachel e eu. – Terminou com as apresentações. Olhei para cada um deles. Os meninos eu já conhecia, mas achei melhor não comentar. Jennifer era a garota da aula de História Mundial.

- Muito prazer. – Falei, por pura educação. Minha vontade era de correr dali o mais rápido possível. Eu estava me sentindo intimidada por todas aquelas meninas engomadas e perfeitas em cabelos, unhas e roupas.

- Senta. – Katherine disse e foi se sentar ao lado de Seth. Quando ela sentou bem pertinho dele, que passou o braço por seu ombro, foi que eu me lembrei de verdade.

- Ah! Ahn, não. – Limpei a garganta. – Vou comer rápido, preciso resolver algumas coisas na secretaria. Bom, prazer conhecer vocês, tchau. – Falei tão rápido que me surpreendeu o fato de Seth e Katherine terem acenado de volta para mim.

Girei nos calcanhares e me afastei. Procurei uma mesa vazia ou uma mesa que tivesse dois seres vivos comendo, mas não achei nem Jolie nem Gabe. Sentei-me com alguns garotos inteligentes. Jolie havia me dito o nome que se dava a eles, mas não me recordava. Enfim, eu não falei com eles, eles não falaram comigo. Pessoas legais.

Pretendia achar Jolie antes de voltar para as aulas, mas quando terminei de comer, o sinal tocou.

- Ér, oi? – Falei com um menino de camisa xadrez ao meu lado. Ele era muito fofo, não entendia por que as pessoas passavam por eles e faziam piadinhas. – Onde é a aula de educação física?

- No gramado, lá fora. – Disse. – É um pouco atrás do refeitório, não tem como perder. – Sorriu.

- Obrigada! – Levantei-me e saí do refeitório, à procura do gramado.



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Notas finais do capítulo

EAÍ? como foi? Gostaram? Espero que sim, hihi. Boom, eu tenho que ir fazer 1 trabalho, se surgir outra oportunidade ainda hoje, respondo todos os reviews de vocês? Ok? Ok :D
beijão, princesas ♥