Like Another Fairytale escrita por Mariia_T


Capítulo 5
05.


Notas iniciais do capítulo

Tava pensando em dar títulos aos capítulos, mas a preguiça de pensar em algo me impede. Quem sabe em alguns capítulos mais especiais?? hm. Boa leitura :3



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– Seth.

– Ah, prazer. – Dei um meio sorriso, meus pensamentos já em Jolie. Comecei a andar em direção à porta da sala, certa de que se não me apressasse, iria me atrasar.

– Hey, qual sua próxima aula? – E Seth estava ao meu lado de novo. Olhei para ele, tentando achar algum traço de real interesse em seu rosto, mas não achei.

– Hm... História! – Falei, um pouco animada demais e ele me olhou. – Desculpe.

– De boa. Minha sala é para o mesmo lado, posso te ajudar, se quiser. – Ofereceu. Bom, eu não podia recusar ajuda ali. Assenti e ele pareceu satisfeito. – Então, você costuma chamar a atenção assim dos garotos babacas ou é só porque você é novata aqui? – Perguntou, olhando em volta. Olhei também e vi algumas pessoas acompanhando nossos passos com os olhos.

– Eu acho que é só porque sou novata. – Sorri em falso, torcendo para que ele não percebesse a insegurança em minha voz.

– Dinamarca, huh? – Ele olhou para mim pelo canto do olho e riu consigo mesmo. – Não tem sol por lá?

– Não, não na maior parte do ano. – Dei de ombros. Eu tinha plena consciência da minha cor extremamente branca. Mas pelo menos, segundo minha tutora, eu não parecia uma lagartixa de parede, minha pele era mais como uma porcelana.

– Imagino que aqui faça mais sol que lá. – Deduziu, desviando de algumas pessoas que passavam por nós e esbarravam na gente.

– É exatamente assim. – Ri pelo nariz. – Aqui é muito quente.

– Você está achando? Está tão agradável para mim. – Encheu os pulmões de ar e soltou, com prazer.

– Quem sabe eu me acostumo. – Sorri, pensando na possibilidade de ficar ali por tanto tempo a ponto de dizer que adorava o clima, as pessoas etc.

– Quem sabe... Ei? Isso não é um intercâmbio, é?

– Como assim?

– Você vai voltar para lá daqui seis meses ou um ano, sei lá? – Ele parou em frente à uma sala, que julguei ser a minha de história.

– Ah, sim. Eu pretendo fazer a faculdade por aqui... Mas vou voltar para lá de qualquer jeito. – Suspirei. Ele pareceu entender o quanto eu não queria aquilo e entortou os lábios, compartilhando minha tristeza comigo.

– Bom, aqui é a sua sala. – Ele apontou com a cabeça. – Boa aula de história, Karen. – Disse e eu fiquei internamente impressionada com o fato de que ele sabia meu nome. Que ele se lembrava.

– Obrigada. Tchau. – Acenei rapidamente e entrei.

A sala já estava cheia. Duas cadeiras disponíveis apenas. Uma estava num canto da sala, bem no canto. Em volta dela, um grupo de pessoas vestidas do mesmo jeito conversavam sobre alguma coisa. Faziam gestos com a mão, colocavam a língua para fora e riam sombriamente. Olhei rapidamente para a segunda opção, esperando que ninguém houvesse ocupado a carteira. Para meu alívio, não. Sentei-me rapidamente e tirei meu livro de história mundial da bolsa.

O sinal bateu e o professor – alto, cabelo estilo Johnny Deep e barba por fazer – entrou na sala. Um garoto entrou logo após o professor. Eu o reconheci de imediato: Justin. Ele caminhou pelo corredor e veio sentar logo atrás de mim. Ignorei sua presença, apesar de me perguntar internamente se ele me reconheceu como “a garota do corredor”.

– Sabe o que temos para hoje? – O professor começou, animado. Esperei por mais um “filme”, mas não era nada disso. – Teste surpresa.

Murmúrios de reclamação.

– Oral! – Ele completou e aí os murmúrios passaram a declarações totalmente indignadas.

– Bem no primeiro dia da novata, professor? – Uma garota morena perguntou, apontado para mim com sua unha perfeitamente feita.

– Temos uma novata, verdade! – Ele sorriu. – Seu nome, bonitinha?

– Karen. – Falei, baixinho. – Alexandrine.

– Alexandrine? Dinamarca? – Ele disse rapidamente. Fiquei surpresa com sua agilidade. Sorri, concordando com a cabeça. – Bem vinda então.

– Obrigada.

– Você tem alguma subjeção a fazer sobre o teste? – Ele quis saber.

– Eu não...

– Ótimo. – Ele riu. – Vamos começar.

Os alunos suspiraram, derrotados e fecharam seus livros e cadernos.

– Muito bom, novata. – A mesma garota morena de antes disse, me olhando com certa raiva. Ela vestia um short jeans branco muito curto que deixava à mostra suas pernas bronzeadas, sua regata listrada deixava parte de seu sutiã à mostra e nos pés estavam sapatos de salto. Rapidamente, em minha cabeça, ouvi a voz de Jolie: patricinhas.

Não respondi à provocação dela, apenas voltei minha atenção ao professor.

O conteúdo era fácil: Revoluções Industriais. O professor sempre dava um jeito de reverter a situação em direção aos Estados Unidos. Era meio estranho, isso me passava um forte sentimento de nacionalismo por parte deles. Alguns alunos nem sequer prestavam atenção, mexiam em celulares, outros ouviam música, dormiam, de tudo. É realmente um país diferente.

– Alguém pode responder essa pergunta? – O professor quis saber, quando viu que nessa questão ninguém havia se prontificado a responder. Quando isso acontecia, ele escolhia a dedo quem responderia.

– Eu! – A menina morena ao meu lado disse e todos olharam para ela. – Foi a novata.

Olhei a menina, incrédula com o que ela havia feito. Estava pronta para discordar, mas o professor pareceu acreditar.

– Ótimo, Karen! – O professor se animou. – E então, sobre quê Adam Smith falava em suas teorias? Você estudou isso?

– Eu... Ahn... – Tive que me lembrar de minhas lições sobre falar em público. Respirar fundo. – As teorias eram sobre salário e livre concorrência...? – Foi uma pergunta, foi uma resposta, eu não sei. Pelo menos eu consegui falar, mas tenho certeza que meu rosto estava vermelhíssimo.

– Sua resposta está correta, apesar do tom de pergunta. – Ele riu um pouco, anotando algo em um caderno.

– Desculpe. – Murmurei, olhando minha mesa.

A menina ao meu lado se remexeu na cadeira, inquieta. Deu três batidinhas no cabelo e resmungou algo. Senti a movimentação do garoto atrás de mim, o Justin. Ele bateu o pé na minha cadeira, mas não disse nada.

– Nossa, vocês estão mais preguiçosos que minha tia-avó. – O professor observou, com uma careta. Aquela deveria ser a décima quinta pergunta que ele fizera no teste oral e tinha que pedir a alguém que respondesse. – Ok, por hoje é só.

E o sinal tocou. Ajeitei minha bolsa no ombro e enrolei um pouco para levantar, afinal, não queria encontrar a garota morena do mesmo jeito que bati em Seth hoje.

– Justin, pode vir aqui, por favor? – O professor o chamou, antes que ele saísse da sala. Justin deu meia volta e se dirigiu até a mesa do professor. Levantei de minha mesa e segui os poucos alunos que restavam para sair da sala. – Karen, gostei da sua participação hoje. – Ele me disse.

– Obrigada. – Abri um sorriso tímido ao me virar para sua mesa. Justin olhou rapidamente para mim e desviou o olhar, fitando a mesa em seguida. Virei-me para a porta e saí daquela sala, sentindo todo o peso de mil toneladas deixarem meus ombros.

– Hey, hey. – Jolie apareceu ao meu lado. – Aula de biologia. – Apontou uma sala ao lado da minha de História Mundial.

– Ah, oi! – Sorri. – E então, o que temos agora?

– Hm... Comida! – Ela sorriu e pegou minha mão. – Vamos!

Eu já estava pegando a ideia daquela escola. De tarde, almoço, duas aulas e um breve intervalo, depois mais duas aulas. O refeitório estava lotado, como antes. Jolie explicou que na hora do almoço, alguns terceiranistas saíam para comer fora e só podiam fazer isso uma vez por semana, por isso, refeitório menos lotado. Daí, no intervalo à tarde, todos estavam presentes na escola, e então: refeitório cheio.

– Vai lá, precisa ver o que quer comer. – Jolie sentou-se na cadeira de uma mesa e jogou sua bolsa em cima dela.

– Sozinha? – O pavor me invadiu.

– O Gabe vai com você. – Ela disse, assim que o AlGabe colocou sua mochila em cima da mesa.

– O que tem eu?

– Ajudar a Karen a pegar comida. – Jolie desdenhou.

– Ah, ok. – Gabe sorriu. – Vem.

Ele pegou minha mão e me rebocou até uma fila.

– Tem dinheiro aí? – Ele quis saber.

Remexi em minha bolsa, que ainda estava em meu ombro, e tirei minha carteira.

– Tenho... Sim. – Falei, depois de checar minha considerável quantia de “doletas” – dólares.

– Ótimo.

– Gabe! – Seth pulou nas costas de AlGabe, que deu dois passos adiante por causa do impacto, quase me acertando. – Karen, e aí?

– Oi. – Respondi, meio tímida.

– Deixa ele em paz, Seth. – Justin chegou com aquele outro amiguinho... Luke? Acho que era isso.

– Não fica com ciúme, JB. – Seth respondeu, abraçando mais o pescoço de Gabe.

– Vai se...

– Hey, é a novata! – O menino que eu desconhecia me reconheceu.

– Karen. – Adicionei aquela informação. Estava quase cansada das pessoas me chamando de novata.

– Luke. – Ele sorriu e me deu um beijinho na bochecha. Ok, aproximação total e livre. Uma coisa que eu talvez nunca me acostumaria seria com isso. – Esse é o Justin. – Ele nos apresentou, apesar de não ser necessário.

– Prazer. – Disse, rezando para que um buraco se abrisse no chão e eu pudesse me enfiar ali. Justin apenas sorriu e assentiu com a cabeça.

– Nossa vez, K. – Gabe me puxou pelo braço, nos posicionando na fila de novo. Ele pegou uma bandeja de plástico azul e me entregou. – Pega o que quiser aí.

– Gabe, eu não sei como... – Eu ia dizendo, mas ele gritou algo como “pizza!” e saiu correndo.

– Ajuda ela aí, Justin! – Gabe gritou por cima do ombro e continuou andando.

– Não acredito! – Murmurei, ao ver que ele me deixara sozinha.

– Precisa rever seus amigos. – Ouvi a voz rouca logo ao meu lado. Justin tinha em mãos uma bandeja também. Ele a apoiou na frente das comidas e me empurrou delicadamente com o ombro, dando um passo para a esquerda. – Qual é o problema?

– Bom... O que eu faço? Eu pego o que eu quiser ou alguém vem aqui e coloca para mim? – Perguntei, sem entender nada.

– Tá falando sério?

– É, eu estou, e não me ache uma idiota por isso! – Pedi, vendo que ele estava prestes a começar a rir. – Eu tinha aulas em casa.

– Ah, sim! – Ele pareceu entender tudo e sorriu como quem se desculpa. Sorri também. Era fácil conversar com ele e com os amigos dele. Seth, Gabe e Justin já haviam se mostrado bons garotos, só faltava o tal Luke. – Bom, você pega. – Ele riu pelo nariz.

– Entendi. – Comprimi os lábios, olhando atentamente minhas opções naquela parte do balcão cheio de comida. Frutas. Peguei um cacho de uvas italianas e dei outro passo à esquerda. – Você deveria comer frutas. – Disse a Justin, ao ver que ele não colocara nada na bandeja.

– Eu preciso das coisas gordurosas, frutas são para menininhas. – Ele debochou, com um sorrisinho torto. Eu ainda não acreditava que tanta beleza pudesse ser real.

– Devo me desculpar, homem com H maiúsculo? – Rimos de minha piadinha.

– Você pode andar mais rápido, aí a gente chega a tempo de pegar um pedaço de pizza antes que Gabe coma tudo. – Ele apontou para o menino com quatro pedaços de pizza na bandeja. Ri fraco.

– Desculpe, então. – Peguei um brownie e andei um pouco mais. Não havia nada mais que eu quisesse ali, então logo chegamos à pizza. Olhei a bandeja de Justin, vazia de coisas nutritivas, cheia de coisas nada saudáveis. – Sua pizza.

– Muito obrigado! – Ele sorriu e pegou um pedaço. – Não vai querer?

– Não eu... – Mas ele colocou um pedaço enorme ali de uma pizza de calabresa. Entortei o nariz.

– O que foi? Sua dieta não permite? – Debochou de novo.

– Isso é um desafio? – Sorri e peguei outro pedaço de pizza, um pouco menor.

– Quem sabe. – Ele riu, pegando outro pedaço para si.

– Então vamos ver. – Peguei minha bandeja e me dirigi até onde eu deveria pagar meu lanche.

– Não vale pedir pro Gabe comer por você, hein? – Justin riu e, após pagar, se dirigiu até outra mesa, um pouco afastada da mesa que eu me sentaria com Jolie.

– Fez amiguinhos novos? – Jolie sorriu.

– Não. São amiguinhos do Gabe. – Apontei com a cabeça para o menino que devorava sua pizza sem nenhum pingo de modos.

– O Seth... – Comecei, mas com um pulo na cadeira, Jolie me calou. – Que foi?

– O Gabe não pode ouvir isso. – Ela sussurrou, completamente brava. Assenti, me desculpando baixinho.

– O que tem o Seth? – Gabe quis saber. Jolie me lançou um olhar homicida.

– Ele... Pulou nas suas costas, isso foi muito estranho. – Rapidamente arranjei uma desculpa.

– Aquele viado me ama. – Gabe riu, voltando a dilacerar sua pizza.

– Por que eles não sentam com você? – Perguntei a Gabe, mas quem me respondeu foi Jolie.

– Eles são amigos, mas Justin e sua gangue fazem parte de outro mundo. – Jolie falou como quem conta uma historinha para crianças antes de dormir.

Ela apontou com a cabeça para a mesa de Justin. Entendi o que ela quis dizer quando vi aquela garota morena sentando-se no colo de Justin, atrapalhando-o a comer sua pizza. Ela sorriu abertamente e roçou seu nariz com o dele, dando-lhe um beijinho em seguida.

“E tem os garotos do time de basquete: eles são legais, mas andam com as patricinhas, então esquece.”, a voz de Jolie repetiu em minha mente.

– É realmente uma pena... – Comecei, antes de tomar um gole de meu suco. – Porque eles são garotos realmente legais. – Concluí minha frase, olhando a cena com certa curiosidade.




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Notas finais do capítulo

EAÍ? SHAUHSAUHU gostaram?
Eu estava tendo umas ideias pra essa fic, acho que vocês vão gostar, quem sabe...
Bom, me digam o que acharam, sim?
amo vocês, repolhos xx