[AMY’S POV]

“Querida Avril! Lembra dos tempos em que passamos juntos? Pois é, eu sinto saudade deles. Embora você esteja saindo com outra pessoa agora, quero que saiba que eu te amei e sempre te amarei. Com muito amor para todo o sempre... David!”
O que era isso? Uma dedicatória de David para Avril e pela data foi quando nós começamos a sair juntos novamente, pois já havíamos namorado, terminamos e voltamos naquela época. Virei a foto para ver novamente a imagem. David estava escorado em uma árvore com Avril e seu colo, enquanto ela segurava uma flor próxima ao seu rosto. Os dois estavam muito sorridentes e, para meu desgosto, realmente apaixonados. Podia perceber pelo olhar. Senti meu estômago revirar novamente.Segurei a foto com força entre meus dedos e num impulso amassei-a e joguei no chão. Eu estava sentindo muita raiva, mais de David do que de Avril, pois afinal, ela não tinha culpa de ser amada por ele... ou tinha? – Calma, Amy! Faz tempo que ele mandou isso pra ela. Quem sabe ele nem se lembre mais e provavelmente ele nem goste mais dela.– Ah, eu não sei, não. Mas eu vou lá perguntar pra ele agora! – Fui me levantando e indo em direção a porta do quarto, mas Roxy me puxou pelo braço.– Não, Amy! Esqueceu que ele tá brabo contigo? Se você for perguntar isso pra ele agora, só vai piorar as coisas. Espera ele se acalmar um pouco. De repente Pierre bateu na porta do quarto. – Amy! Roxy, meu amor! A janta tá pronta, vocês vem comer?– A gente já está indo. – Roxy disse se recompondo do susto enquanto escondia o diário caso Pierre resolvesse abrir a porta. – Não vai fazer besteira, Amy. – ela continuou -  Agora vamos jantar antes que a comida esfrie. Vamos esquecer esse diário um pouco. A gente olha o que tem nele amanhã quando tu estiver mais calma.Concordei e fui jantar. Disse para Roxy que iria me acalmar e esperar David ficar calmo também antes de perguntar, mas menti. Iria perguntar o que significava aquela dedicatória hoje mesmo! Mesmo sendo de um tempão atrás, o que não me conformava é que já estávamos praticamente juntos quando ele escreveu aquilo. Será que eu sempre fui boba o suficiente para pensar que ele gostava de mim, mas ele nunca retribuiu o que eu sentia? Será que ele apenas estava comigo, pois Avril estava com outro? A janta na minha casa apenas foi uma desculpa para ele terminar comigo sem que eu saísse machucada por pensar que ele não gostava de mim? Será que David era assim e o tempo todo eu estava errada por pensar que conhecia ele de verdade? Eu teria essa resposta. E estava convicta de que seria hoje. A comida estava ótima, tive que elogiar Pierre: - Eu não sabia dos seus dotes culinários! - ele ficou vermelho e não respondeu nada.Já David permaneceu quieto a janta inteira, me encarando. Quando eu olhava para ele, ele virava o rosto disfarçando. Lavamos e arrumamos a louça e decidimos ir para a sala passar um tempo juntos.Os meninos foram jogar video-game, Roxy foi namorar um pouco com Pierre no outro sofá, Avril foi para o quarto e eu permaneci sentada no sofá observando todos. Esperei todos irem deitar, um a um, assim quando todos estivessem dormindo eu poderia ir até o quarto de David falar com ele. Era quase meia-noite e somente Sebastien estava na sala comigo. Ele sentou-se ao meu lado e começamos a conversar.– Você está bem Amy? Tu ficou sentada aqui o tempo todo depois da janta, sozinha. Sem falar nada. O que está acontecendo?“Que fofo! Ele se preocupa comigo...” pensei. Derreti-me toda só de ouvi-lo falar comigo.– Eu só tô um pouco cansada da viagem. – menti – Cansada? Mas a viagem até aqui durou apenas três horas! – ele disse rindo de mim – Eu sei... - fiquei vermelha sem saber o que dizer, afinal, eu não poderia dizer o que realmente estava sentindo, não queria estragar a semana do Seb com as minhas lamentações. – Eu já estou indo dormir, mas antes quero te dizer uma coisa...– O quê? - perguntei– Eu já te disse como tu fica linda com carinha de sono? – Seb disse fazendo carinho em minha bochecha– Ahn... Bem... – senti o sangue correr por minhas bochechas certa de que estavam vermelhas novamente– Eu não queria te deixar envergonhada sua bobinha...Começamos a rir e percebi que Seb se aproximou de mim... Como era bom senti-lo pertinho de mim... Mas peraí! Eu não podia pensar isso, eu deveria era estar tentando voltar para o David... Aí Meu Deus!...– Eu vou indo dormi, tá gatinha! Se precisar de algo ou se tiver um pesadelo pode chamar o tio Seb, que eu vou lá te proteger, tá?– Olha que eu chamo hein! – disse sem conter o riso– Pode chamar... Sebastien foi se aproximando de mim, nossos lábios estavam quase se tocando... Eu não estava conseguindo resistir... Estávamos quase nos beijando quando... O BENDITO CELULAR DELE TOCA!– Quem será a essa hora? – Seb perguntou quase que para si mesmo sobressaltando-se, ele se desculpou e afastou-se de mim para atender. Alguns minutos depois ele voltou. Quase me mordi de raiva por não beijá-lo. Sei que eu não deveria estar pensando isso, Seb é meu melhor amigo e amigos não se beijam na boca. Talvez fosse apenas carência. Sim! Era carência. Eu devia me convencer disso.– Desculpa, mas eu tive que atender. – ele se desculpou novamente– Não, que isso. Se você precisava... – Senti-me culpada novamente pelo desejo repentino de beijá-lo. Mas não podia parar de pensar em seus lábios.– Adivinha quem era? – ele perguntou fazendo cara de surpresa. Sem me dar tempo de responder ele já foi logo dizendo. – Pat ligou avisando que vem pra cá amanhã, e pra “sorte” – ele fez sinal de aspas com as mãos no ar – da Roxy, tá trazendo a Lachelle junto.– Ai, meu Deus. As duas vão se matar... – disse colocando a mão na boca – A Lachelle não suporta que o Pierre a tenha trocado pela Roxy. Se bem que foi uma troca justa. Ficamos rindo do que eu disse, a maioria dos meninos não suportava Lachelle, além de Patrick. Sebastien foi dormir e se despediu de mim com um beijo, desta vez na bochecha. Esperei um pouco sentada no sofá da sala na penumbra decidindo se iria ou não falar com David, estava com um pouco de dúvida depois do quase-beijo, mas mesmo assim eu precisava perguntar pra ele sobre a foto. Passei na frente do quarto pra ver se ele ainda estava acordado. Olhei pela porta entreaberta e vi que ele estava sentado na cama rindo, não entendi o porquê. Fui até o quarto e peguei a foto do chão, desamassei-a, respirei fundo, fui até a cozinha, tomei um copo de água e segui em direção ao quarto de David. Quando cheguei em frente ao seu quarto a porta não estava mais entreaberta, desta vez estava fechada. Mesmo que ele estivesse dormindo eu iria acordá-lo. Respirei fundo, coloquei a mão na maçaneta e abri a porta pronta para falar com ele. Neste meio segundo, prometi a mim mesma que seria amistosa e que diria para ele que o motivo de falar com ele sobre isso era apenas curiosidade e que não impediria que tentássemos nos reconciliar. Quando olhei para dentro do quarto não precisei dizer uma só palavra. Em pensamente quebrei a minha própria promessa. Apenas senti que o chão se abria sob meus pés e que eu caia em um abismo de decepção pelo que eu estava vendo.