– E ai Hay? – falei assim que ouvi o som da porta do banheiro sendo fechada. – Está gostando de Londres?

Hayley suspirou e piscou lentamente, desviando seus olhos da tela do seu iPhone para mim, como se fosse me fuzilar.

– Sinceridade? – Ela perguntou.

– Obviamente.

Ela respirou fundo por um momento e olhou para o teto, como se pensasse em uma resposta à altura.

– Eu disse sinceridade, não ironia, ou sarcasmo. – falei rapidamente, antes que ela desse uma de suas típicas respostas mal criadas.

Ela respirou fundo mais uma vez, fechou os olhos por um segundo e deu de ombros, abrindo os olhos logo e seguida.

– E na escola? Como vai? – Perguntei de novo, tentando puxar assunto.

Ela suspirou de novo, mordendo o lábio inferior com certa agressividade. Enquanto eu a encarava, esperançoso por uma resposta decente. Ok, aquela garota já estava me irritando.

– Dá pra parar de fazer perguntas como se você realmente quisesse saber da minha vida? – Ela disparou, e ficou me encarando com seus olhos castanho-mel que a essa altura já estavam semi-arregalados.

– Mas eu quero saber da sua vida. – Falei lentamente, e ligeiramente corado.

– Ah, por favor, né Styles?

– Por favor, o que, Hayley? – Bufei – Você acha o que? Que eu estou mentindo?

– Provavelmente... Eu realmente acho que você já deve ter se acostumado a agir assim com todo mundo, afinal, tem que manter sua imagem para a imprensa não é? – Ela falou rapidamente, com um sorriso cínico no rosto.

Então era isso? Então ela pensava que eu era uma farsa? Que eu agia desse jeito só pela boa imagem?

– Hayley, eu continuo o mesmo Harry de sempre.

– O Harry que eu conhecia não descumpria promessas.

FLASHBACK ON

Eu estava em casa assistindo TV, quando minha mãe me chamou.

– Harry! Telefone pra você!

Corri rapidamente para atendê-lo, quem será que me ligaria em plena segunda feira à tarde? Provavelmente uma de minhas tias, ah.

– Alô? – falei, pondo o telefone próximo ao rosto.

– Harry! – uma voz feminina bem fininha falou do outro lado da linha – Adivinha quem é.

Ah meu deus, não podia ser ela. Minha pequena. Eu reconheceria aquela voz em qualquer lugar.

– Hayley! – exclamei animado, e pude ouvir sua risadinha do outro lado – Princesa, como vai você?

– Bem, bem e você? – Consegui sentir sua euforia do lado da linha, e ao fundo escutava sua mãe gritando “Para quieta menina”.

– Estou bem! Como foi sua festa de aniversário?

– Não fiz... Ao invés disso escolhi outra coisa... – ela deu uma risadinha.

– Mas porque não fez festa?

– Ah, não sei... Meus amigos daqui nem são tãaaaaaao legais assim.

– Mas o que você escolheu no lugar da festa?

– Adivinha.

– Fala logo, Hayley!

– Ok, ok, eu falo – Ela fez uma pausa dramática e depois gritou – VOU PASSAR AS FÉRIAS EM HOLMES CHAPEL!

Um sorriso de orelha a orelha se abriu em meu rosto instantaneamente. Eu iria ver minha princesa nas férias! Chamem-me do que quiser por ter uma amizade dessas com uma menina de 12 anos, quando eu tinha 16, mas ela não parecia ter 12... Sinceramente, conversar com ela não era que nem conversar com uma menina de 12 anos. Qualquer um acharia que ela tinha 14, ou 15, mas 12 com certeza não...

– Que bom Hay! O John vai vir com você? – Perguntei animado, mas o fato era que eu tava mais animado para vê-la do que para ver o John...

– Ele vem sim... Você vai estar aí pra me ver não é?

– Vou sim, eu sempre vou estar aqui pra você minha princesa, sempre que você quiser.

– Promete?

– Prometo

FLASHBACK OFF

– Você não estava lá, não é? – Ela falou, com uma raiva nitidamente expressa em seus olhos castanho-mel – Eu cheguei lá, toda animada, toda feliz porque eu ia te ver. Mas você não estava lá como prometeu.

– Hayley... – tentei falar, mas ela me interrompeu.

– Onde você estava Harry? Aonde? – Ela falava, lançando um olhar medonho na minha direção. Sim, aquela menina de quase 14 anos estava me intimidando. Me chamem de fraco à vontade – Você estava num programa de TV fútil-inútil comendo uma retardada, estúpida qualquer que tem idade suficiente pra ser minha mãe.

– Não fale assim da Caroline! – Falei, tentado soar intimidador. – Você não a conhece para julgá-la assim.

– Você que pensa meu querido – Ela não pareceu nem um pouco intimidada pelo meu tom de voz – Além do mais, eu falo assim de quem eu quiser.

– Está falando que nem uma menina mal criada.

– Ah sim, me desculpe. Esqueci que você só gosta de mulheres mal criadas.

– Chega Hayley!

– Chega Harry! Aceite o fato de que você é um idiota que abandonou seus melhores amigos pra viver como um granfino estúpido.

– Esse era meu sonho, Hay... Não lembra?

– Qual? Comer uma mulher com o dobro da sua idade? Ou virar um granfino estúpido?

– Não, Hay... Cantar, entrar pro The X Factor.

– É verdade, não é Harry? Desculpe por ser uma idiota egoísta que deixa seu “amigo” – ela fez aspas com os dedos – Te abandonar pra ir atrás dos sonhos dele.

– O que houve Hay? Porque essa raiva toda? – Me levantei e me sentei na poltrona ao lado da dela.

Ela abaixou a cabeça, direcionando seu olhar para as suas coxas, que estavam ligeiramente expostas devido aos rasgos no seu jeans preto. Confesso que, ao olhar essa parte de seu corpo, tive que exigir um belo esforço de meu autocontrole para que eu não fosse possuído por um monte de pensamentos impuros.

Ok, foco Harry, foco.

– Tanta coisa aconteceu Harry... – Ela falou, com uma voz chorosa. – E você não estava lá, do nosso lado. Meu e do John, pra nos ajudar não é? Você costumava ser meu melhor amigo. Mas depois daquele dia, depois que você entrou pro The X Factor, eu não sei mais quem você é.

Ela levantou o olhar na minha direção e eu pude ver que seus olhos estavam encharcados.

– Eu sempre te considerei como uma das minhas melhores, mesmo você sendo pequena - Tentei segurar na sua mão, mas ela não deixou – Me desculpa, por favor.

– Sem mentiras, por favor, não sou uma daquelas fãs que engolem qualquer merda que você fala... – Ela se levantou, dando uma leve ajeitada em sua roupa, e pegando seu iPhone que estava em cima da mesa. – Com licença.

Ela foi andando rapidamente na direção da porta, e devido aos barulhos, deduzi que ela havia acabado de sair. Fiquei encarando a parede á minha frente, sem coragem para conferir se ela havia realmente ido embora. As suas palavras, tinham tido um impacto maior do que eu pensei que pudesse ter, eu estava realmente arrasado. Como aquela garotinha conseguia fazer isso comigo? Como?