Eu já tinha arrumado a casa umas dez vezes, ja tinha verificado toda a comida e era a vigésima vez que eu olhava o meu telefone pra ver se não havia nenhuma mensagem do John. Sim, eu estava mais do que ansioso pra encontrar com ele de novo.
Finalmente a campainha tocou e eu fui quase correndo na direção da porta, para abri-la.
- Haz! - ele falou assim que me viu, abrindo os braços e me dando um mega abraço.
- Quanto tempo, bro - falei - Você não mudou nada ein - O que era a mais pura verdade. Ele ainda tinha os mesmos cabelos castanhos meio bagunçados, que o deixavam com um ar galanteador. E ainda era mais magro e mais alto do que eu, com os mesmos traços finos, iguais ao de sua irmã.
- Infelizmente não posso dizer o mesmo de você né? - Ele deu uma bagunçada no meu cabelo e começou a rir.
- Continuo o mesmo Hazza de alguns anos atrás, você vai ver.
- Eu acredito, eu acredito. - Ele deu uma ajeitada rápida no cabelo - Er... Harry, podemos entrar?
- Podemos? - Perguntei, pois não tinha percebido que logo atrás de John, tinha uma menina com os braços cruzados e uma expressão de tédio no rosto. Ela usava um jeans preto rasgado, um casaco do super homem e um gorro preto. Ela parecia ter mais ou menos uns 16 anos, não sei ao certo. - Ah sim! Desculpa... Podem entrar - Sai da frente da porta e fui na direção da sala, com os dois logo atrás de mim.
- Então John, você não vai me apresentar sua amiguinha nova? - falei, lançando um olhar simpático para a garota, que ainda estava com a mesma cara emburrada, mas dessa vez estava mexendo no celular.
- Harry? Você não se lembra dela? - ele falou, rindo - É a Hayley.
- Hayley?! - perguntei perplexo.
- Não, não Harold. - ela falou irônica - sou a Caroline Flack, não está vendo? - Resolvi ignorar seu comentário e continuei a falar.
- Nossa Hay! Como você cresceu! Esta mais bonita do que antes.
- Que seja - ela falou, e voltou sua atenção para o seu telefone.

- Não vai me dar um abraço, não? – Perguntei, abrindo os braços pra lhe dar um mega abraço.

Ela ficou me encarando por um momento, com uma expressão relutante no rosto. Senti John lançar um olhar pra ela e ela me abraçou relutante. Esmaguei-a com meus braços e murmurei um “senti saudades pequena”, mas o abraço dela não foi lá muito receptivo. Quer dizer, foi meio sem emoções... Como um simples cumprimento.

Hayley pigarreou e eu a soltei rapidamente. Então ela logo se afastou e se sentou de qualquer jeito sobre uma poltrona de couro preta, no canto da sala.

- Ela é sempre assim? - perguntei pra John.
- Quase sempre - ele respondeu.
Confesso que fiquei impressionado, que dizer, Hayley sempre foi uma criança muito bonita, mas eu nunca imaginei que ela pudesse se torna AQUELE tipo de mulher, se é que vocês me entendem... Ou melhor, nem sei se já poderia chamá-la de mulher...
- Hayley... – falei, indo em direção ao sofá e me sentando, com John logo ao meu lado.
- O que foi, Styles? - ela desviou o olhar do seu iPhone e me fuzilou com aqueles olhos castanho-mel.
- Com quantos anos você esta?
- Quase 14.
Nossa, quase 14, o que queria dizer que ela ainda tinha 13... Menina de 13 com corpo de 16, meu deus. Eu ainda não conseguia acreditar que aquela menina que estava na minha frente na sala, era a mesma que vivia brincando conosco no parquinho há cinco anos atrás.

– Harry – ela falou em um tom firme – Será que dá pra você ficar me olhando como se quisesse me comer?

Aquilo havia soado rude, e um pouco grosseiro. Mas foi aí que eu percebi onde estava a mira dos meus olhos, em seu colo. E ela me encarava com os olhos arregalados como se eu fosse uma espécie de tarado ou algo do gênero.

– Onde fica o banheiro? – ela perguntou se levantando, sem a mínima delicadeza.

– Primeira porta a esquerda – respondi ainda com os olhos arregalados.

Ela se levantou rapidamente e saiu à passos rápidos na direção do banheiro, deixando seu iPhone, com o twitter aberto em cima da mesa. O que me permitiu de dar uma leve espiada e ver seu user... “@HayleyEPrice”, com certeza eu iria me lembra disso mais tarde.

– Ela mudou bastante – John falou, ao perceber minha expressão de choque – Principalmente depois que nos mudamos pra cá.

Sim, percebi que ela havia mudado... Mas ela sempre foi assim, porém só com as pessoas que ela não gostava. Ed era um ótimo exemplo disso, ela sempre tinha uma resposta irônica ou sarcástica na ponta da língua para qualquer comentário dele.

– E porque vocês se mudaram pra cá? Quer dizer, vocês não levavam uma vida boa na Escócia?

– Papai se casou... Com uma granfina da vida.

– E vocês não gostam dela?

John abaixou a cabeça meio sem graça, e começou a mexer distraidamente na barra da camisa.

– Não exatamente... Ela é uma boa pessoa, mas os interesses dela não meio diferentes dos nossos... É difícil de explicar. – ele falou devagar – E a Hayley, bom... Ela tem esse gênio forte, e acaba sempre batendo de frente com ela e com o papai. E também tem o negócio com a mamãe, sei lá... Acho que ela pensa que essa mulher está substituindo minha mãe...

Ele falava letamente, e com muito cuidado, como se tivesse que medir com muita atenção cada palavra, pra não falar nada que não devesse.

– E na escola? Com os amigos e tal? – sussurrei, para não correr o risco de ela tomar conhecimento de toda minha curiosidade.

- Ah! Você sabe né... Ela fala com todo mundo, e as notas dela são excelentes. Todo mundo gosta dela, e ela gosta de todo mundo, mas os amigos mesmo, as pessoas que ela sai. As que ela anda fora da escola, são as que mais me preocupam.

- Por quê?

- Harry – ele respirou fundo, e me encarou fixamente enquanto falava - depois que nos mudamos, ela mudou muito. E depois que você entrou pro The X Factor, ela mudou mais ainda, eu não sei por quê. Agora, aqui em Londres, ela também mudou mais e mais... Quer dizer, eu sei que no fundo, ela ainda é a mesma, às vezes ela age como se fosse. Mas eu realmente me preocupo com o que ela pode fazer, ela não está nem ai pras regras. Ela tem uma filosofia própria de vida... – Ele lançou um olhar na direção acima da minha cabeça e sussurrou – Depois a gente continua com esse assunto.

Olhei pra trás, e Hayley vinha andando, dessa vez um pouca mais devagar, mas com os mesmos passos firmes. Ela passou pela minha frente, me encarando com um olhar frio e calculista e se sentou numa poltrona do outro lado da sala, voltando a mexer no seu iPhone.

- Bom, eu vou ao banheiro – John falou se levantando. – Primeira porta à esquerda não é?

- Aham – falei.

- Tente conversar com ela, por favor – ele sussurrou alto suficiente para que eu ouvisse, antes de levantar do sofá e ir na direção do banheiro.