– Não eu... -Eu fiquei balançada com ele ali, aquela coincidência de encontrar com ele duas vezes no mesmo dia. Mexeu com todos os parafusos da minha cabeça.

– Relaxa. -Ele me interrompeu. – Vem, vamos dançar.

Ele pegou minha mão e me puxou para a pista de dança, estava tocando uma música mais calma, mas eu ainda não sabia diferenciar o som que tocava naquela boate. Então dançamos ao som do barulho eletrônico. Estavamos só dançando no maior clima, não trocamos uma palavra se quer. O telefone dele tocou.

– Oi?... Que?... Essa não... Que saco!... Ta boa... To indo... -Ele parecia aborrecido. – Ei Paparazzi, tem paparazzi aqui na boate, tenho que ir. -Ele foi se afastando no meio das pessoas.

– Ei... -Tentei chamar por ele, mas ele sumiu. – Me diz seu nome! -Falei pra mim mesma, desapontada.

Voltei para o bar, achei Robert, procurei por Harry não achei, mandei um sms para ele, e ele disse que teve que ir embora, porque apareceram Paparazzi na boate. Então eu e Rob fomos para a Lacuna Rock's. Um galpão de roqueiros, onde só tocavam música boa. Do barulho eletrônico, direto para o "galpão das maravilhas", o carinhoso apelido da Lacuna.

Quando chegamos, os caras do grupo estavam tocando "Another Way To Die - Disturbed", nós sentamos em uma mesa perto do bar, então comecei me divertir com Rob e uns amigos dele, eu fui apresentada para Arold, Mike, e Johnny. Johnny loiro dos olhos castanhos, alto e encorpado. Mike bombadão e careca dos olhos cor-de-mel, e Arold moreno, não tão alto dos olhos negros. Johnny foi o que mais conversou comigo, vivia chamando minha atenção, me perguntando coisas. Então começaram tocar "Metallica - Unforgiven", e eu toda animada dei um gritinho básico.

– AAAAAAAAAAAAAH -Todo mundo olhou para mim. – Que foi gente? Eu adoro essa música! Vem Johnny, vamos dançar.

–Eu o arrastei pro salão, quando olhei para o chão... Aquela pista de espelhos. – Estou vendo sua calcinha.

– Johnny! Para de olhar para o chão! -Ele começou rir de mim.

– Ta boa, moça da calcinha vermelha! -Arregalei os olhos e abri a boca. Quase rindo da situação.

– JOHNNY! -Não agüentei e comecei rir.

Depois de dançar com o Johnny voltamos para a mesa, ele teve o prazer de contar para todos os meninos que viu a minha calcinha na pista de dança. Todos riram da minha cara, bebemos muito, Rob queria ir embora e não era nem 3 da madrugada ainda, eu queria ficar até amanhecer, amanhã era sábado mesmo. Então Johnny disse "Eu levo depois, Robert relaxa cara, pode ir eu cuido dela." Rob respondeu com um "Olha lá em." e foi embora.

Dançamos até as 6 da manhã de sábado, e Johnny me levou embora no seu Audi R8 preto. Fomos falando sobre música e motos, e carros. Ele me contou que estava no show do Slipknot que eu tinha ido com o Rob, e ainda disse que foi no camarim do Corey, na hora eu pirei, claro. Fomos rindo até em casa. Ele parou o carro e ficou me olhando.

– Tchau Johnny, foi um prazer te conhecer. -Eu sorri e ele também.

– Tchau gata, durma bem. -Eu ficava olhando para aquela boca, um mês e meio sozinha, me sentia praticamente uma BVL de novo.

– Você também...

Eu ficava encarando ele, talvez eu estivesse esperando um beijo. Talvez não, eu estava esperando um beijo. Eu me aproximei dele para beijar seu rosto então ele virou o rosto e nos beijamos. Então eu sorri e desci do carro, acenei, entrei no prédio, e até eu entrar. Entrei no meu apartamento joguei-me no sofá, pensei nesse dia longo e agitado. Mas aquele garoto do parque, aquela dança muda. O que aquele garoto tinha que mecheu tanto comigo?

Acordei de tarde faminta, olhei no celular 30 sms's do Harry, fiquei preocupada, mas não ele é que estava preocupado comigo, perguntou o que aconteceu, por que não apareci no Starbucks, por que não atendi o celular, e também algumas das sms's me convidando para almoçar na casa dele. Olhei no relógio quase 5 da tarde. Liguei para ele, expliquei tudo, ele ficou mais calmo, o convidei para vir aqui em casa, mas ele não podia. Então liguei para Elle, mas ela tinha ido viajar, e liguei para Rob, mas ele não me atendeu, então me lembrei que ele trabalhava aos sábados.

Então eu fui para o parque tirar fotos noturnas, parei em uma pizzaria comi um broto grande de 5 queijos. Voltei para casa, admirei a foto daquele garoto. Eu precisava encontrar ele de qualquer jeito, então eu decido ir ao parque todos os dias no mesmo horário do nosso encontro. Os dias foram passando, e eu continuava indo até lá, mesmo quando estava chovendo, mesmo quando estava frio, ou quente. Todos os dias. Mas não perdi nenhum dia, pois eu gostava de tirar fotos dali. Eu e Harry não mudamos, eu e Elle estavamos cada vez mais amigas, eu contei a ela sobre Harry, sobre o garoto do parque, sobre tudo. E eu e Rob sempre saíamos juntos para curtir um bom Rock.

Uma hora ou outra, quando eu saía com Rob, encontrava com Johnny, e agente sempre ficava quando se via. Contei para Harry do garoto do parque, ele ficava tirando sarro de mim, ele vivia me convidando para ir a premiações, ensaios da banda, almoços de família. Eu nunca aceitava convites públicos, só aceitava ir à casa dos pais dele, eu conheci sua mãe, seu pai e sua irmã, e eles eram muito amigáveis... Eu virei praticamente um pedaço da família dele, e ele também cozinhava pra mim quando ia até minha casa, e que comida deliciosa. Eu sempre me sentia mal por nunca aceitar os convites que ele me fazia e dia que alguma hora eu ia. No fundo eu sei que ele sabia que eu não ia aceitar os pedidos, mas convidava para eu ver que ele se importa comigo. Ele estava em uma curta turnê com a banda na América do Norte. Ficamos conversando apenas por telefone, eu sentia falta dele aqui do meu lado.

Três meses aqui em Londres, meu curso de fotografia já ia acabar e eu só ia ficar aqui por causa do colegial, mas meu pai ligou para mim avisando que eu podia transferir o colegial no fim do terceiro semestre. E que eu não ia precisar ficar aqui os seis meses. Na hora meu coração disparou de felicidade, ver meu maninho Francisco, estava mais que alegre. Voltar para o Brasil. Era tudo o que eu mais queria nesse momento.