Odeio Amar Você escrita por Narcissa


Capítulo 29
Ving neuf


Notas iniciais do capítulo

Demorinha, as usual.
Eu ameeei esse capítulo, nada planejado, apenas escrevi.
Espero que gostem.



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O garoto corria pelos corredores apáticos do hospital. O solado de borracha do seu sapato atritava contra o chão a cada passo afoito em direção ao seu destino. As bochechas coradas se esticavam eu um sorriso e os olhos estavam úmidos. Pareceu a eternidade, mas finalmente chegou a parede de vidro, onde fixou os olhos na cena lá dentro para ter certeza de que era verdade.

Emma estava rindo de alguma coisa, com as costas apoiadas na cama, recebendo oxigênio, a mão esquerda segurando a mão de outra pessoa.

A mãe do garoto.

Ela sorria também, mais contida do que a loura. Recebia oxigênio da mesma maneira e aparentava estar muito cansada. Os ferimentos eram cicatrizes rosadas agora.

– Mãe! – exclamou o garoto entrando de supetão no quarto. Ele sentiu imensa felicidade ao ver dois pares de olhos se voltarem para ele; um tão verde quanto esmeraldas e o outro de uma cor de chocolate derretido, ambos expressando a mesma emoção.

Amor e ternura.

– Henry! – exclamou Emma – Venha aqui, querido. Dê as boas vindas à sua mãe.

Henry olhou surpreso para Emma.

– Vo-você está falando de novo?!

Emma assentiu. Então olhou para Regina com ternura, movimento que não passou despercebido pelo garoto.

– Henry – Regina disse com a voz rouca. Um doce som que Henry nunca pensou que fosse ouvir novamente.

Com esforço para conter a emoção, Henry foi até a mãe adotiva e a abraçou devagar. Ela sempre cheirava tão bem, como isso era possível?

– Senti sua falta.

– Eu também.

Emma repousou a mão no ombro do garoto e deixou se envolver por aquele momento, seriam eles uma família agora, como Emma sonhara? Será que as coisas iriam se suceder como ela havia imaginado? Regina a amava como Emma amava?

Eram tantas perguntas agora.

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Henry passou a tarde toda com as mães, conversando e relatando como foram os dias sem elas, que ele havia ficado na casa de Mary Margaret e que sentia a falta das mães a toda hora. Regina tentava assimilar as coisas a sua volta, parecia que haviam se passados décadas, parecia que tudo havia mudado. Olhando pela janela ela percebeu que não nevava mais e que o verão já havia chegado, aquecendo Storybrooke.

Infelizmente, o garoto teve que ir embora, as mães precisavam descansar. Depois de se despedir, ele saiu sorrindo, coisa que não fazia havia um bom tempo.

– Ele é uma criança, esperta. Você o criou bem.

Regina olhou para ela, sem expressão.

– É um grande avanço ouvir isso de você.

Emma franziu a testa.

– Como?

Regina se arrumou na cama para se deitar.

– Acho que estou cansada.

Depois que ela havia se virado, Emma continuou na mesma posição, com a mesma expressão. Sem entender nada, ela também se deitou e fechou os olhos. Muitas coisas se passaram em sua cabeça antes de conseguir pega no sono.

Parecia que as coisas não iam ser tão fáceis como imaginava.

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Na manha seguinte, Emma finalmente tirou a tala do braço, que parecia novo em folha. O médico havia dito que ela poderia fazer quase todos os movimentos como antes, mas que alguns seriam limitados devido aos pinos. Ela ficou muito agradecida e feliz de ter o braço de volta. Com a onda de melhoras, ela também já foi liberada do oxigênio e podia respirar completamente sozinha agora. Pela conta, receberia alta em até 4 dias. Isso é que era boa notícia!

– Sinto que posso correr uma maratona! – exclamou enquanto comia seu pudim matinal.

Regina revirou os olhos enquanto mastigava sua gelatina. Por que eles insistiam em fazer gelatina azul? Quem gosta de gelatina azul?

– Nos dois primeiros minutos, já estaria pedindo por oxigênio.

Milagrosamente, ela não soou maldosa.

– Que seja – Emma estava de muito bom humor e não estava entendo esse comportamento da morena. Antigamente, sim, seria normal, Regina de gelo, fria, mal humorada etc. Mas depois de tudo que havia acontecido, Emma sabia que ela tinha mudado, e muito.

Emma a observou, que, com uma expressão determinada, cutucava o que parecia ser um pedaço de bolo. Não pode deixar de rir.

– Regina, querida, você deve comer o bolo. Você está achando o que, que ele está envenenado?

No instante em que disse isso, a morena pareceu ter levado um susto e bateu sem querer a mão na bandeja.

– Opa, calma ai – disse Emma – está tudo bem?

Regina olhou para ela com uma expressão estranha, quase como medo, mas, em um segundo, voltou a sua expressão normal, ou seja, nenhuma.

– C-claro, eu me distraí.

Mas, na verdade, Regina estava quase em pânico. Seria Emma capaz de amá-la quando soubesse de tudo que ela, Regina, havia feito? Oh, droga, sua vida seria para sempre construída sobre mentiras? E se ela descobrisse a verdade?

Deveria Regina contar a verdade?

Eram tantas perguntas...

– Regina, posso te perguntar uma coisa?

Desta vez, a morena de fato levou um susto. É isso, estava perdida.

– C-claro – gaguejou.

– Quando voltar a reger a cidade, você poderia mudar algumas regras aqui no hospital? Não que eu esteja reclamando, mas eles poderiam servir uma coisinha melhor aos pacientes, você não acha? Acho que não aguento nem mais uma garfada disso que eles chamam de “comida”.

Pela primeira vez no dia Regina riu. Riu mesmo, gargalhou, o que doía um pouco devido às complicações que tivera com os pulmões. Essa era Emma. Reclamando da comida enquanto Regina tinha tanta coisa em mente... Essa era mesmo Emma.

E ela parecia seriamente confusa.

– Por que está rindo, não é engraçado – disse, embora ela mesma tenha começado a rir – não aguento mais isso, quero ovos e bacon! Quero café!

– Oh, sim, por favor, café – disse Regina em meio ao riso.

Em meio a isso, elas mal notaram a enfermeira que havia entrado no quarto.

– Bom dia. Vejo que estão bem felizes hoje.

– Não deveria tô com fome – murmurou Emma.

A enfermeira prosseguiu.

– Está na hora de vocês darem uma passeada, para relaxar.

Uma ou duas vezes por dia, as duas saíam do quarto para andar pelo hospital, esticar as pernas e caminhar um pouco. Ficar trancafiada no quarto não era muito saudável.

A enfermeira ajudou ambas a se levantarem. Emma parecia bem disposta, pelo menos mais do que Regina. Regina se apoiou na enfermeira e ficou de pé.

– Sabe, acho que eu me sinto bem disposta hoje – disse Emma – será que eu poderia levar Regina?

A enfermeira considerou a ideia.

– Não sei...

– Ah, por favor. Acho que ela vai se sentir um pouco mais confortável – e então olhou para Regina sugestivamente – não é?

A morena entendeu o recado.

– Ah, sim, é verdade. Acho que, como prefeita dessa cidade, posso decidir o que fazer, não é mesmo?

Apenas com uma entonação diferente, a enfermeira entendeu o recado.

– Sim, senhora prefeita. Só peço que não deixem o Dr. Whale ver vocês, ele me mataria.

Emma sorriu empolgada.

– Claro. Venha, Regina, eu te ajudo.

Regina andou até Emma. Ela não tinha muita dificuldade em se mover, só era um pouco doloroso fazer esforços. Empurrando o pequeno recipiente do oxigênio de Regina em um "carrinho", as duas seguiram para o corredor, andando juntas, o que era bem esquisito com aquelas camisolas de hospital. Seria cômico se não fosse trágico.

– E então, qual seu plano? – perguntou Regina – porque eu sei que você tem um plano.

– Ficou tão na cara assim? – perguntou Emma olhando para os lados.

Regina assentiu.

– Ok, tenho um plano. Você tem cinco dólares aí?

Regina olhou para ela com cara de “o que você acha?”.

– Certo, vou tomar isso como um não. Venha, vamos por aqui.

Elas seguiram pelos corredores até a sala de espera, onde ficavam os familiares.

– Espere aqui – disse Emma olhando para os lados, como se estivesse em um filme de ação.

Regina observou ela ir em direção a um homem de meia idade e falar alguma coisa com ele, com uma expressão de sofrimento. Uau, essa merecia um Oscar. Depois de alguns minutos, ela viu o homem, com um semblante preocupado, entregar a ela um nota de 5 dólares. Ela agradeceu e voltou, sorrindo dissimuladamente em direção a Regina.

– Que pilantra! – exclamou a morena.

– Anda, vamos logo – disse a loura andando rápido em direção a outro corredor.

Elas chegaram então a um corredor meio deserto e os olhos de Emma brilharam ao ver o que queria; uma máquina de doces.

– Bingo! Regina fique de vigia, se alguém vier você disfarça, se esconde. Entendeu?

Regina olhava para ela, meio divertida.

– Entendeu?

– Sim, claro, chefe.

Emma semicerrou os olhos, mas não disse nada. Em passos rápidos, ela chegou a máquina. Regina viu alguém se aproximar no corredor e fez um barulho com a boca. Emma entendeu o recado e se escondeu ao lado da máquina, enquanto Regina entrou atrás de uma coluna. Um enfermeiro passou reto, desatento. Emma espiou e, ao ver a barra limpa, voltou a fazer o que estava fazendo. Pareceu uma eternidade, mas Regina só teve tempo de ver uma Emma hilária, quase correndo, meio curvada segurando algumas coisas escondidas enroladas na camisola. Mais alguém vinha no corredor.

–Emma, rápido! – disse Regina tentando não rir. A loura chegou a ela, mas não tinham onde se esconder. Milagrosamente, uma porta – a qual Regina não havia notado antes – apareceu e elas entraram de supetão. De dentro elas ouviram passos do lado de fora.

Essa foi por pouco.

Depois, olharam em volta para ver onde estavam. Parecia ser um tipo de armário onde o hospital mantinha seu estoque. Emma sentou-se em uma cadeira de rodas, ofegante.

– Você estava certa, eu não conseguiria correr uma maratona.

Regina riu e se sentou sobre uma pilha do que parecia ser roupa de cama. Arrumou o tubo do seu oxigênio no rosto.

– Você não faz ideia de como isso foi engraçado.

Emma fechou a cara para ela, toda corada e linda. Então fez uma expressão travessa enquanto “desembrulhava” o que havia trago.

– Olhe só o que eu consegui! – e despejou no colo algumas barras de chocolate e doces diversos – muito açúcar!

– Oh, que delicia como eu senti falta disso – exclamou a morena enquanto mordia o chocolate. Essa uma situação quase orgástica. Só o que se ouviu foram gemidos de satisfação. Santo chocolate.

Emma comeu os chocolates na velocidade da luz.

– Isso – ela disse – é o paraíso.

Pela quarta ou quinta vez no dia, Regina riu, riu com gosto. Emma tinha marcas de chocolate na boca, parecia uma criança de 5 anos quando come um ovo de páscoa.

– O que foi dessa vez? – perguntou Emma frustrada.

– Vem aqui – disse Regina rindo.

Emma foi até ela com a cadeira, ficando na altura dos olhos dela. Sim, os olhos de chocolate. O chocolate que ela tanto gostava.

– Você – a morena disse – tem chocolate no rosto inteiro.

Emma enrubesceu e levantou a mão para se limpar. Que droga Emma, seja elegante pelo menos uma vez na vida!

– Não, não – disse Regina calmamente parando a mão dela – pode deixar que eu limpo para você.

Antes que Emma pudesse sequer pensar, a morena se inclinou na direção dela e passou os lábios na lateral de sua boca. Emma sentiu a língua dela deslizar pelo local, quente e determinada.

– Tem razão – sussurrou Regina no ouvido dela – chocolate é mesmo o paraíso.

Oh God.

Emma, lerda como era, estava boquiaberta, sem reação, meio entorpecida. Ignorando a posição não muito confortável em que estavam, ela virou o rosto para a morena e, como todo macho Alfa, tomou a atitude.

Emma percebeu que o braço recém-curado não doía quando ela o usou para envolver o rosto da morena. Depois de tanto tempo querendo fazer isso, Emma estava BEM empolgada. Sim, isso estava acontecendo, ela estava beijando Regina.

Foi uma sensação inefável quando o calor convidativo da boca da morena estava sobre a boca de Emma, quando a língua dela se passava sobre a de Emma, e mais, quando a mão dela se embrenhava nos cabelos de Emma.

Ai nossa, como elas queriam isso. O perigo de serem pegas deixava tudo ainda melhor. Regina se afastou e virou o rosto, bem ofegante.

– Eu. Acho. Que. Não. Consigo. Res.Pirar.

Emma quase havia se esquecido de que a morena ainda recebia oxigênio e que devia pegar leve. Mas, era impossível “pegar leve” com Regina. Além do mais, Regina não era mulher de se satisfazer “pegando leve”, tinha que “pegar pesado” mesmo!

Emma levantou-se da cadeira de rodas, assim como Regina. Emma olhou com ternura para ela e passou a mão em seus cabelos.

– Está tudo bem, você não deve fazer esforço.

Regina cruzou os braços e fez um biquinho.

– Isso é frustrante.

Emma depositou em um beijo suave nos lábios dela.

– Vamos, acho que já “passeamos” tempo demais. A enfermeira deve estar nos procurando.

Regina assentiu de cabeça baixa. Emma esticou o braço para virar a maçaneta.

– Espera! – exclamou Regina.

Emma se virou surpresa. Regina estava mesmo respirando fundo.

– Eu consigo – disse antes de empurrar Emma contra a porta.

Ok, Emma não estava esperando por isso. Definitivamente.

Regina estava mesmo determinada, o que era uma coisa boa. Muuuito boa. Ela beijava Emma com uma intensidade que fazia as pernas da loura fraquejarem. Ela mordeu o lábio inferior dela, coisa que Emma adorava, e depois, sorrindo levemente, perpassou a língua suavemente. Ok, as pernas de Emma estavam mesmo fraquejando.

– Dificuldades em se manter em pé, xerife? – perguntou Regina totalmente sensual.

Emma nem tentou proferir um resposta, apenas aproximou Regina mais para si e tomou seus lábios veementemente. Estava na hora de por o macho Alfa em ação. Ela queria ser delicada, para não exigir de mais e machucar a morena, mas isso exigia um autocontrole que ela duvidava que tivesse, principalmente quando se tratava de Regina Mills. A cada vez que elas intensificavam o beijo – que já estava bem intenso – as coisas ficavam mais perigosas. Chega um momento do beijo em que você não consegue ficar só nisso, tem que ter algo mais, é tipo uma regra.

Enquanto Regina respirava fundo e ofegante, Emma subiu a mão esquerda, que estava na cintura dela, um pouco mais para cima, bem na cara de pau mesmo.

– Emma, eu acho... – a frase morreu nos lábios dela quando uma Emma bem determinada e entorpecida, tocou onde queria.

– Você ia dizer alguma coisa? – Emma sussurrou no ouvido dela, sendo bem filha da puta mesmo.

Ela fechou os dedos sobre o seio direito da morena, sentindo ela se eriçar sob seu toque.

Em resposta, Regina voltou a beijá-la, subindo a perna que estava entre as pernas de Emma. Oh God. As pernas de Emma pareciam ter virado gelatina, e ela deslizou um pouco pela porta. Como apoio, lá estava a perna de Regina, estrategicamente no ponto onde NÃO deveria estar.

Oh God.

– A gente precisa voltar – disse Regina colocando pressão na perna.

– Hum – respondeu Emma meio fora de dimensão.

Cada vez que a língua dela encontrava a da morena, ela sentia tudo ao seu redor sumir, todas as dores e preocupações desaparecerem. Era tão bom.

Quando as coisas estavam saindo de controle (isso definia a “mão boba” de Emma e a “perna boba” de Regina) elas ouviram vozes do lado de fora, quebrando com aquele momento. Elas se olharam por alguns instantes, refletindo o que havia acabado de acontecer, divididas entre a vontade de continuar ou morrer. Nenhuma parecia sensata.

– Acho que chega de aventuras por hoje – disse Emma corando levemente.

Regina assentiu.

– É... Temos que voltar.

E se seguiu aquele momento em que ninguém se mexe.

Emma balançou a cabeça e abriu levemente a porta, espiando.

– Acho que podemos ir.

Como se nada tivesse acontecido, elas voltaram andando devagar para o quarto.

– Mal chegamos no almoço e você já estava com a mão no pote de biscoitos – disse Regina olhando para Emma. E então acrescentou: - No MEU pote de biscoitos.

Querendo morrer de vergonha pela metáfora, Emma deu os ombros e disse o que veio a cabeça.

– Você tem um lindo biscoito.

Não muito certa se queria bater ou beijar a loura, Regina só balançou a cabeça e seguiu, sorrindo internamente. Emma também tinha um lindo biscoito.


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Notas finais do capítulo

GENTE, EU AMO BISCOITO.
Ta hahahahaha espero que tenham gostado. Reviews!
Até mais.