Odeio Amar Você escrita por Narcissa


Capítulo 28
Vingt huit


Notas iniciais do capítulo

Desculpem a demorinha, culpa do cursinho.
P.s: Um dos meus professores de geografia é A CARA IGUAL o Fred da Lana. Gente, é hilário, eles são muito parecidos.
Enfim, boa leitura.



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P.O.V Regina

Tudo era muito branco.

E gelado.

Nevava.

Tudo era neve. O chão, todo o ambiente ao meu redor. Situando-me, parecia uma enorme clareira sem fim, cercada de neve extremamente branca. Mas, apesar de toda a neve, não estava tão frio.

Olhei para mim mesma, eu usava uma camisola de seda branca e meus cabelos longos caíam sobre meu busto.

Cabelos longos?

Olhei em volta, totalmente perdida. Foi quando vi um ponto mais adiante e esse ponto parecia ficar maior conforme se mexia e se aproximava. Só então percebi que esse ponto era uma pessoa.

– Regina!

E que essa pessoa era o meu pai.

– Pai?

Reconheci sua face bondosa, exatamente igual a última vez que eu o havia visto.

E matado.

– Papai – disse já começando a chorar – me desculpe, eu sinto muito.

Ele estava calmo e benevolente.

– Está tudo bem, minha querida – ele se aproximou e me abraçou.

Ele realmente estava ali, de carne e osso.

– Eu morri? – perguntei.

Ele me olhou com olhos úmidos.

– Isso é você quem decide, meu amor.

Essa frase atingiu meu subconsciente e eu virei o rosto, amargurada. Eu merecia estar morta e a prova disso estava ali, a minha frente. Que ser humano mata o próprio pai? Arranca-lhe o coração?

Eu era um monstro.

Você não é um monstro, minha filha – ele disse como se lesse em meu rosto tudo que eu estava pensando – olhe além de tudo que você pensa e verá que o amor dentro de si é maior do que imagina.

Amor.

Sim, eu amava meu filho como nunca havia amado ninguém antes.

Então eu não era um monstro, eu era de fato capaz de amar?

Porém, outra coisa martelava em minha cabeça. Tudo que havia acontecido no acidente se passou por minha cabeça em flashes.

– Emma – disse em voz alta.

Não.

– Amor não é uma fraqueza, Regina. É poder. Você sabe disso e você viu isso.

Sim, eu havia sentido todo o poder que Emma havia me passado. Mas que conclusão isso me traria?

– Eu estou confusa – disse frustrada. Aquilo estava me desnorteando, muitos conflitos de ideologias, sentimentos... Isso tudo me deixava enjoada por me deixar desarmada. Tudo havia mudado em relação a ela, meu ódio extremo havia se mostrado ser apenas meu sistema de defesa, um jeito do meu corpo se fechar, como se ele já tivesse sido machucado antes.

E havia sido por Daniel.

Eu sentia tanto de Daniel em Emma que chegava a doer, eles tinham algumas coisas em comum. De um jeito estranho, era como se eu já conhecesse Emma e isso era um sinal claro de que eu havia alguém para quem voltar.

– Emma... Ela está viva? – perguntei para meu pai, com medo da resposta.

– Você a ajudou muito na recuperação.

Como?

– Eu? – perguntei confusa.

– Emma sente muito sua falta. Ela está se esforçando para ficar bem e você a motivou. E ela precisa de você. Você não está mais sozinha.

Eu estava ligeiramente atônita, mas lá no fundo eu sabia que era verdade. Eu precisava voltar para meu filho e para Emma.

Porque eu a amava.

– Eu sinto que nós estamos mais relacionadas do que eu sei, como se houvesse algo faltando, uma peça fora do lugar.

Meu pai apertou minha mão e sorriu.

– Você vai descobrir suas próprias respostas, filha. Vá, e se permita ser feliz.

Abracei-o com força.

– Obrigada, papai. Eu te amo.

Sem olhar para trás, saí correndo em direção ao nada. Eu não sabia aonde ir, só sabia que precisava correr e correr rápido. Voltar. Corri, sorrindo.Eu estava de volta.

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BIP

BIP

BIP

Tudo doía demais. A cabeça, os braços e, mais ainda, o peito. Eu ouvia um chiado, e, mais tarde, percebi ser minha respiração. Eu nem me movia, mas me sentia cansada. Tudo era terrível.

– Você vai voltar para mim, Regina?

A voz dela estava tão perto que um arrepio subiu por minha espinha.

Era a voz de Emma. Sim, eu estava de volta e Emma estava ali. Só então senti que a mão dela segurava a minha, tão tenra e tão quente.

Abri os olhos de supetão e suspirei como se tivesse acabado de sair da água, tossindo e engasgando com o tubo respiratório. Emma deu um pulo na cama.

Em meio segundo, uma equipe médica entrou correndo no quarto. Foi tudo muito rápido, eles se amontoaram em cima de mim. A mão quente de Emma fugiu bruscamente da minha e ela e eu virei os olhos a tempo de vê-la sendo empurrada e resmungando com a mão esticada.

Eles tiraram o tubo da minha garganta e me arrumaram na cama, foi um processo doloroso.

– Regina, meu Deus! – Dr. Whale entrou no quarto quando todos saíram e fez uma série de exames em mim – você voltou! Isso... Eu não acredito. C- como?

Emma ainda estava resmungando, com o corpo esticado na minha direção. Com esforço, estiquei meu braço esquerdo em direção a ela. O médico olhou para nós duas e trouxe a cama de Emma de volta para o lado da minha.

Ela parecia ótima. Tão linda, tão delicada, tão simples. Uma cicatriz em sua cabeça era coberta por curativos e eu percebi que ela tinha o braço direito enfaixado.

Mas tudo isso sumiu quando ela se virou por cima de mim, delicadamente, sem se apoiar, e passou a mão esquerda nos meus cabelos, ternamente. Foi um gesto tão carinhoso. Ela então pressionou os lábios nos meus, igualmente carinhosa. Foi só um toque que me aqueceu o corpo todo, irradiou um poder que nenhum remédio forneceria. Foi um beijo incrível, apenas um carinho de lábios. Eu ficaria assim para sempre.

– Rum-rum – pigarreou o médico.

Emma estava sorrindo, olhando absortamente para mim com os olhos verdes brilhando.

– Hmgin – ela disse com dificuldade.

Arqueei a sobrancelha.

– Regina – ela disse com mais convicção.

Assenti minimamente.

– Eu voltei para você, Emma – disse num fôlego só. As palavras saíram roucas e fracas, porém sem dificuldade, o que foi uma surpresa.

– Regina, veja como você está ótima – Dr. Whale parecia bastante constrangido em meio aquele momento íntimo, mas pela primeira vez eu não dava a mínima ao que os outros poderiam falar.

– Regina – repetiu Emma.

Então nós três rimos, rimos de verdade. Havia esperança, havia otimismo.

E a mão de Emma não soltaria mais a minha.


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Notas finais do capítulo

AEEEEE, FINALMENTE FINAL FELIZ HAHAHA por enquanto.
Bom, o "beijo" não foi suficiente para quebrar a maldição, vocês vão descobrir por que depois. Elas precisam de mais uma coisa, uma coisa chave, para de fato se lembrarem de tudo.
E vocês vão saber.
Até mais.



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