Tudo ficou em câmera lenta.

A correria que tomou o palácio parecia estar se decorrendo em câmera lenta na visão de Emma. Ela olhava para os lados, aturdida, presa em outra dimensão.

– Emma!

Isso não estava acontecendo.

Alguém começou a sacudi-la pelos ombros.

– Emma!

Seus olhos demoraram a focalizar o rosto tomado pelo terror de sua mãe. Havia chegado a hora.

Agora ela podia ouvir os gritos e a correria.

Seguiu sua mãe pelos corredores do castelo, ainda correndo meio zonza. Como Regina seria capaz de fazer isso?

– Eu- eu achei que ela tivesse desistido da maldição – balbuciou Emma.

– Regina é um ser sem piedade e sem coração. Ela não voltaria com sua palavra, era apenas uma questão de tempo, eu sabia.

Sim, ela era uma vadia sem coração.

Elas então chegaram aos aposentos dos pais, onde seu pai estava conversando com alguns guardas. No momento em que elas entraram, ele os dispensou e as abraçou.

– Emma, me escute – disse sua mãe com as mãos no rosto dela – você não precisa fazer isso. Entenda que a maldição pode acabar conosco, mas acabaremos juntos.

Realmente, desde que esse assunto havia sido discutido, Emma havia pensando seriamente se queria ir de fato no guarda-roupa e ser mandada para sabe-se lá onde. Queria ficar com os pais, os quais tanto amava. Porém, por outro lado, ela era a Salvadora. Devia pensar não somente nela, mas em todos os habitantes do reino. Ela podia salvar a todos, não podia?

Pensou em si mesma com essa responsabilidade.

Não.

Ai Deus, o que fazer?

Olhou para os rostos dos pais. Teria que deixa-los. Para um bem maior. Para impedir o triunfo Dela.

– Eu vou, mamãe – ela disse com os olhos úmidos – mas eu volto, eu prometo. Eu vou salvar a todos.

De repente, um tremor tomou conta do castelo e se intensificava cada vez mais. Vozes eram ouvidas do lado de fora.

O casal e a filha se abraçaram, chorando.

– Eu amo vocês.

Nesse momento, quatro guardas da Rainha entraram no quarto. James, de prontidão, desembainhou a espada e foi para cima deles.

Era agora.

Emma abriu a porta do guarda-roupa encantado, era um espaço pequeno, mas serviria se ela se encolhesse um pouco. Com um ultimo olhar a mãe, ela entrou.

Foi nesse exato momento que Ela entrou no quarto. Por um instante, um pequeno e infeliz instante, seus olhos foram diretamente a cena mais adiante e seu olhar cruzou com o da princesa. Foi como queimar uma cicatriz recente. O olhar dela era tão... Gelado, mas Emma notou um resquício de dor ali, tinha certeza. Bastou um instante para criar um campo de terror e dor. Então tudo ficou escuro quando Snow bateu a porta e trancou Emma para o lado de dentro. De morou alguns segundos para uma sensação desconfortável atingir Emma. Ela sentiu como se estivesse se esvaindo aos poucos, como se estivesse virando pó. No momento em que sua consciência já era quase inexistente, fechou os olhos e ouviu um som fraco vindo de fora do guarda-roupa. Era uma voz que dizia:

– Porque esse é o MEU final feliz.

E tudo sumiu.