– Vladimir!

– Sim, minha Rainha?

– Prepare a carruagem. Tenho negócios a terminar.

– - - -

Emma sabia do plano dos pais; manda-la através do guarda-roupa caso algo acontecesse. O fato era, o guarda-roupa mágico só seria capaz de transportar uma pessoa e Emma estava ciente de que estaria sozinha e que era sua responsabilidade quebrar a maldição e salvar a todos. Seria simples.

Se não fosse o elemento surpresa que ninguém exceto o criador da maldição e a Rainha Regina sabia; a partir do momento em que Emma fosse mandada pelo guarda roupa, tudo seria como antes. E não haveria Emma. Não haveria nenhuma salvadora.

Estavam condenados.

– - - - -

– Emma, minha filha, você nem sequer tocou na comida.

Emma encarava seu prato de almoço, sem expressão. "Sem expressão" era o que definia sua vida. Não sentia vontade de comer, de falar e nem de sair. Seus pais estavam preocupados, ela estava diferente.

– Estou sem fome – ela sempre respondia.

Snow e Charming trocaram um olhar preocupado.

– Quem sabe se você não for ver a Red você fique melhor? Já faz um bom tempo desde que você não sai mais para vê-la.

Emma achou que fosse recomeçar a chorar ali mesmo. Que droga! Por que tudo no mundo a fazia se lembrar Dela? Já fazia uma semana e Emma estava sucumbindo cada vez mais a enorme mão negra que a afundava. Recusou-se a olhar para os pais, pois, conhecendo a mãe como conhecia, ela saberia na hora que alguma coisa estava muito errada.

Emma limitou-se a balançar a cabeça em sinal negativo.

Snow suspirou.

– Filha, vamos ser sinceras, aconteceu alguma coisa entre você e Red? Desde que você parou de ir visita-la alguma coisa mudou, você parece triste e me mata a sensação de te ver desfalecendo sob meus olhos.

Emma levantou a cabeça de seu prato levemente e notou que o pai já não estava mais lá, mal havia notado sua saída.

– O que você quer dizer com isso? – Sua voz saiu rouca e baixa, quase irreconhecível.

Snow pigarreou como se tivesse passado essa conversa mentalmente.

– Não sei, querida. Quero dizer, eu já tive um coração partido uma vez e sei como se parece. Filha, você não come, não dorme direito, vive com os olhos vermelhos, parou de caçar, de lutar e de fazer as coisas que eu sei que você gosta.

Emma sentiu o rosto esquentar e voltou a encarar o prato.

– Eu só queria que se sentisse livre para me contar o que quer que tenha se passado, você sabe que e sou compreensiva.

Não, mamãe, pensou Emma, nesse caso você não pode ser compreensiva.

Emma suspirou, teria que inventar alguma coisa para dizer à mãe para que ela não ficasse mais preocupada do que já estava.

– Nada aconteceu entre mim e Red.

Seu tom deixava claro de que ela desejava que a conversa acabasse ali.

Snow pegou a mão magra de Emma que repousava na mesa.

– Você está apaixonada por ela?

Emma engasgou-se com a própria saliva. Jesus Cristo.

Ela olhou para mãe, que exibe um olhar complacente.

– Porque se for, preciso que entenda que eu estou bem com isso, ok? Amor é amor.

– Mãe, não, não é nada disso. Eu só... Preciso de um tempo. Sozinha. Ok?

Relutante, Snow acena com a cabeça, era o melhor a se fazer. Quando Emma estivesse pronta, iria vir falar com ela.

– Vou para meu quarto – disse sem emoção. Isso estava ficando doloroso e constrangedor.

No exato momento em que estava se levantando, alguém irrompeu pela porta. Demorou alguns segundos para Emma identificar quem era que estava parado ali, com as mãos apoiadas nos joelhos, ofegante.

– Grumpy? O que houve? - perguntou Snow alarmada.

Ele então mostrou o rosto tomado pelo desespero.

– A maldição. Ela está vindo.