Emma abriu os olhos lentamente. Alguns raios de sol despontavam no horizonte, anunciando o inicio da manhã. Apoiou-se nos cotovelos e olhou em volta. O quarto estava bem iluminado, percebeu sua roupa jogada pelo chão e a cama coberta de penas. Coçou os olhos e espreguiçou-se, tirando algumas penas grudadas em seus braços.

Onde estava sua rainha?

Enrolou-se em um lençol vermelho e se levantou. O aposento ao lado era a enorme sala, onde o fogo não mais crepitava na lareira. Estava imaculadamente arrumada, um contraste curioso em relação ao quarto.

– Bom dia, princesa – ouviu uma voz vinda de trás dela. Rapidamente virou-se, encarando a mulher mais bela do universo. Ela usava a camisa de Emma, que ficava pequena e justa nela, o que era uma visão certamente privilegiada, e segurava duas canecas nas mãos, sorrindo lindamente.

– Bom dia – disse Emma pegando uma das canecas e depositando um leve beijo em seus lábios.

– Vejo que parece recuperada da, hum... Noite.

Emma sentiu o rosto esquentar, lembrava-se, certamente, dos momentos vividos dentro do quarto ao lado na noite anterior. Nunca esqueceria aquela noite.

– Sim, acho que sim – ela respondeu parando em frente ao enorme espelho na parede da sala. Só então notou as enormes marcas em seu corpo. Seu pescoço estava avermelhado, com marcas de mordidas e chupões. Deixou o lençol cair, ficando nua para poder ver as marcas que cobriam seu busto, barriga e coxas – Ou não – disse pensando melhor.

– Não se preocupe – Emma estava tão concentrada olhando-se no espelho que não percebeu a aproximação de Regina, que beijou sua nuca – Eu dou um jeito nisso, ok?

– Eu adoraria mantê-las, mas... Você sabe.

– Sem problemas. Eu vou dar um jeito, olhe.

Ela então postou-se na frente de Emma. Fechou os olhos e uma fumaça roxa preencheu um pequeno ambiente entre elas. Ela sugou essa “fumaça” e aproximou os lábios do pescoço de Emma, que manteve-se estática a muito custo.

– Não se mexa. E não se preocupe, não vai doer.

Onde os lábios macios da rainha tocavam a fumaça fazia cócegas e as marcas iam desaparecendo lentamente, uma a uma.

Ela ajoelhou-se de frente pra Emma e começou a beijar de leve suas coxas, para tirar as marcas de lá. Essa foi a parte mais torturante para Emma, que havia fechado os olhos para deleitar-se com esse momento.

– Eu acho... Está bom. Melhor... Parar – grunhiu Emma.

A Rainha levantou-se e se afastou um pouco para olhar melhor toda a extensão do corpo da garota.

– Pronto, desapareceram.

Emma olhou a si mesma, sua pele estava imaculada, como se nada tivesse acontecido. Não pode evitar ficar um pouco chateada.

– Não se preocupe, minha princesa – Regina disse, notando o aborrecimento da outra – Eu manterei as minhas.

Ela ficou de costas e tirou a camisa que a cobria. As marcas no corpo de Emma não eram nada perto dessas. Suas costas estavam completamente arranhadas e vermelhas, a carne parecia sensível. Seu ombro guardava marcas de mordidas. Ela virou-se e Emma viu que seu colo e também pescoço estavam com marcas roxas de chupões.

– Desculpe – disse olhando para o chão com vergonha.

Regina sorriu e levantou o rosto dela.

– Não ligue para isso, são marcas físicas do que você sentiu ontem, de como eu te deixei. São marcas que concretizam a mágica que fizemos.

Emma sorriu com a lembrança. Fora tudo tão perfeito.

Olhou pela janela, vendo o sol nascer. Com um sobressalto se deu conta de que supostamente não deveria estar ali, que supostamente deveria estar caçando.

Ontem.

Saiu para “caçar” ontem. Hoje já despontava um novo dia. Havia dormido fora de casa. Mal sabia que explicação dar para os pais. Isso se eles já não estivessem atrás dela.

Ofegou só de pensar.

– O que foi? – perguntou a Rainha notando o desconforto da menina.

– Eu tenho que ir – respondeu Emma relutante – meus pais... eles não sabem, acham que...

– Esta caçando – completou Regina – Mas você falou com sua amiga Red, não falou? Ela vai te acobertar não se preocupe. Além do mais, se alguma coisa tivesse acontecido, eu saberia.

Emma respirou fundo.

– Preciso voltar – ela disse catando sua blusa e voltando para o quarto.

Achou sua calcinha e sutiã e por fim sua calça. Vestiu-se rapidamente e olhou em volta. Tudo que havia passado ali fora único e inesquecível, e guardaria isso para sempre dentro de si. A magica que elas haviam criado.

Regina também se vestiu e virou-se para Emma.

– Então vamos?

– Mas e o quarto?

– Não se preocupe querida. Ele estará arrumado quando nós voltarmos.

Emma sentiu seu estomago revirar. Aquilo fora um convite de volta, insinuava que elas voltariam lá, que fariam amor inúmeras vezes, até que saciassem o desejo estarrecedor que culminava dentro delas.

Juntas então voltaram do mesmo jeito que vieram. A sensação não era muito boa e Emma apertou os olhos firmemente, segurando a mãos de sua Rainha. Porém quando Emma abriu os olhos, aterrissando em chão firme, não estava no palácio ao lado dela. Estava de volta a floresta, atrás do mesmo arbusto do começo de tudo, como se tudo tivesse sido um sonho. O fantasma da força do aperto da mão de Regina na dela de segundos atrás ainda se manifestava. Sentiu um vazio dentro de si enquanto fazia o caminho em direção a casa da Red, agora com o sol quase todo para fora do horizonte. Não haviam se despedido, não haviam dado um beijo de adeus, nem mesmo havia abraçado o corpo de sua Rainha. Por quê? Por que ela não havia se despedido? Isso ficou martelando na cabeça de Emma enquanto caminhava. Além do mais, teria que se explicar para com seus pais.

Torceu para que Red tivesse conseguido ludibria-los. Odiava pensar assim, mas devido a atual situação, seria melhor que não soubessem de nada.

Por quanto tempo conseguiria esconder isso? Não tinha a mínima ideia. Porém, algo dizia que tudo isso estava longe de “acabar”. Que tudo isso que havia vivido com a rainha era só o começo de algo grande. Como ela mesma havia dito, elas faziam mágica.