Os dias se passaram com cada vez mais surpresas para Emma. Pegou-se tendo sonhos cada vez mais frequentes. Sonhos peculiares, digamos assim. Sim, sonhos com Ela. E o mais estranho de tudo; sentia-se observada. Não que saísse e se sentisse observada fisicamente, isso acontecia sempre, seus pais sempre colocavam guardas atrás dela, como forma de proteção, mas um significado distinto à palavra “observada”. No castelo, no reino, na floresta e, principalmente, em seus sonhos. Era como se alguém estivesse constantemente entrando em sua mente, uma espécie de... Conexão! E essa “conexão” estava ficando cada vez mais forte, Emma percebia isso. Mas o que a nutria ainda era um mistério, tudo ainda era um mistério.

Era um lindo sábado quando Emma acordou decidida. Estava com medo, confusa, temerosa, com raiva? Sim, estava. Mas agora era hora de tomar uma atitude. De se arriscar, errar, mas deixar tudo claro, pois essa ambiguidade estava-a afligindo. Desde o encontro com a Rainha e desde o primeiro sonho, sentia que tudo na sua vida havia mudado. E o que ela achava que sabia, não fazia a menos ideia.

Precisava agir. Era o que as pessoas corajosas faziam.

E ela era corajosa.

Bom, pelo menos achava que era.

Mas, precisava de um plano. Suspirou derrotada. Estratégia nunca havia sido seu ponto forte, afinal nunca havia precisado mentir para ninguém, nem mesmo gostava de fazer isso. Porém, atitudes desesperadas de almas desesperadas requerem medidas desesperadas. Precisava de um cúmplice. Precisava de um álibi. Precisava de uma desculpa. E, acima de tudo, precisava saber o que fazer. Mesmo sabendo que qualquer coisa que planejasse nada valeria em frente ao que estava prestes a encarar.

Tomando nota de levar uma faca consigo dessa vez, Emma foi em direção aos aposentos dos pais, onde provavelmente estariam a essa hora da manhã, tomando seu café da manhã rotineiro.

- Bom Dia – disse, tentando sorrir, ao adentrar ao recinto. Teve vontade de desistir quando olhou as faces sorridentes dos pais. Eles confiavam tanto nela, e ela iria traí-los.

- Bom dia, minha filha. Venha, junte-se a nós – disse seu pai sorrindo.

- Eu... Eu adoraria, mas... – disse com a voz trêmula. Droga! Precisava parecer convincente – ...mas eu não posso. Eu vou... Caçar na floresta.

- Mas hoje está um dia tão lindo para ficar conosco, minha filha – disse Snow, desapontada.

Emma não suportou sustentar seu olhar.

   - É que a temporada está ótima e o dia está perfeito. É que eu já me planejei – “Por favor, não insistam mais”, Emma suplicou em pensamento, “Não me façam me sentir mais culpada”.

- Sabe de que não gostamos de ter ver enfurnada na floresta. É perigoso - disse Charming – Vou mandar um guarda com você.

Opa!

- Não! – Emma quase gritou. Se xingou mentalmente. “Mantenha a calma” – Quero dizer, pai, você sabe bem que ele só vai me atrapalhar, eles distraem a caça. Eu ficaria extremamente irritada e acertaria a flecha na testa dele.

Depois de minutos apreensivos em que os dois se debateram mentalmente se isso era uma boa ideia, concluíram que não havia nada de mal em deixar sua filha caçar um pouco. Ela gostava tanto, e eles nunca bloqueariam sua felicidade. Além do mais, confiavam nela, com todo seu coração.

- Está bem minha filha. Por favor, tome cuidado, você é a coisa mais valiosa que nós temos.

- Eu tomarei – disse já se virando para sair, antes que falhasse.

- E filha, você está com seu colar?

Emma apertou o colar que ganhara em seu pescoço. Sempre estava com ele, era seu “amuleto”.

- Sim, estou. Eu sempre estou.

Seu pai sorriu.

- Ótimo. Boa caça filha, e não volte muito tarde.

- Bom... – estava ai outro problema. Não sabia quanto tempo levaria para achar o castelo da rainha, nem mesmo sabia se o acharia. E, se porventura o encontrasse, não sabia se entraria e muito menos se sairia dela. Estava arriscando de mais...  – É que a caça boa só aparece a tarde, então eu não sei se vou poder voltar pra casa tão cedo. Mas, eu vou ficar na casa da Granny, com a Red. Se não for muito tarde, eu volto para casa.

- Emma, tem certeza?

“NÃO!” sua alma gritou.

- Sim – ela disse – Eu prometo que vou me cuidar. Tchau.

- Tchau filha, amamos você.

Emma saiu com passos firmes, secando a lágrima que rolara em seu rosto. Ser forte e corajosa era tudo que contava agora. E é claro, pedir a ajuda de uma certa Little Red.