Dois Caminhos, Um Só Destino escrita por LEvans, Cella Black


Capítulo 7
Capítulo 6 - Além De Um Olhar


Notas iniciais do capítulo

Sim, estamos vivas. E não. Não desistimos da fic. Miil desculpas pela demora, pessoal, mas o vestibular está cada vez mais próximo, e quem já passou por isso sabe como é... Espero que entendam. Bom, sem mais...
Boa leitura a todos!



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Saudade é amar um passado que ainda não passou. É recusar um presente que nos machuca. É não ver o futuro que nos convida.

Pablo Neruda

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–Sua família é realmente maravilhosa, Gina. –Disse Viviane, arrumando suas roupas em uma das gavetas do guarda-roupa que a amiga lhe cedera.

Estavam no quarto de Gina fazia poucos minutos, onde essa apenas observava Viviane se acomodar. Podia-se ouvir gritos e gargalhadas vindo da janela que dava para os arredores d’A Toca, onde um animado jogo de Quadribol acontecia.

–Obrigado... Eles são incríveis mesmo. –Falou Gina, ajeitando o travesseiro melhor de baixo de sua cabeça. Estava deitada na cama de solteiro onde Viviane dormiria nos próximos dias. – E então, deu o recado a David?

–Ah sim, eu dei!- A morena sentou de frente a amiga na cama. –Você é terrível, ruiva. Não deveria ter feito isso!

–Eu sei... –Gina mordeu o lábio inferior – Mas quantas vezes já deixamos de nos ver por causa do trabalho dele? Sabe, não aceito ser trocada por um... hospital. –Ela franziu a testa com o que acabara de dizer. Soara mais egoísta do que esperava, mas era a verdade.

Viviane riu com a careta que a amiga fizera.

–Bom, se isso te alegra, ele disse que sente a sua falta e que logo estaria aqui.

–É o que eu mais quero. –Completou Gina, abraçando um travesseiro.

Não sentia tanta falta do namorado como gostaria de admitir. De alguma maneira, os momentos que se encontrava com David eram tão raros que até se acostumara com a ausência do medibruxo em certos momentos. No entanto, os poucos momentos que passavam juntos eram tão bons e alegres que ela acabava o perdoando no final. Sentia-se feliz ao lado de David, mas também queria se sentir completa.

–Porque não me contou na carta que Harry Potter estava aqui? – A pergunta feita por Viviane interrompeu os pensamentos de Gina.

–Ah, isso... –Gina deixou escapar um meio sorriso, do qual se arrependeu no mesmo instante que o fez. Não queria que a amiga pensasse que ainda nutria algum sentimento por ele. – Não sei ao certo porque não contei. Mas isso não mudaria em nada, mudaria?

–Fala sério, ruiva! É claro que mudaria! Ele é o seu antigo namorado ou seja lá como você chama o que tiveram no passado, mas... –Viviane suspirou. –Esqueceu porque você decidiu entrar para as Harpias?

–Isso é passado. – Respondeu a ruiva, revirando os olhos. –Eu não sabia que ele passaria as férias aqui n’A Toca, acredite! Foi uma surpresa vê-lo aqui tanto como foi pra você. –Gina se sentou na cama. –Ele está diferente...

–Lindo, você quer dizer, né? – Falou a morena, que levantara da cama e passara a observar Harry pela janela, jogando Quadribol.

–Não foi isso o que eu quis dizer... –Gina corou. Apesar de tudo, não podia negar que Harry Potter se tornara um homem muito atraente. Mais atraente do que ela gostaria de admitir.

– É, mas não me diga que não reparou... Ele é lindo... educado, gentil e divertido... Diferente daquele loiro! – Completou a morena.

Gina riu ao ver onde a amiga queria chegar.

–Soube que ele está solteiro!

Viviane virou-se para a amiga com um olhar debochado.

–Não, obrigada. Namorar o grande salvador do mundo bruxo não está em meus planos! – Retrucou ela, sabendo exatamente que a amiga não estava se referindo a Harry.

Ambas riram.

–Mas e então... não vai me dizer o que há entre você e John? Vi como vocês se olharam ainda há pouco. –Pela cara que a amiga fizera, Gina soube que havia tocado em um assunto não muito “legal” para Viviane.

–Ah, eu cai em cima dele quando cheguei... – Falou Viviane, fazendo uma careta. Sua tentativa de parecer indiferente não funcionou diante de Gina.

– Uou... Mal se conheceram e já estão nas preliminares? – Brincou a ruiva, antes de receber um olhar raivoso da amiga. – Tudo bem, parei. Mas ele parece gostar de você...

– Ah, qual é? Ele mal me conhece! – Viviane realmente se irritou com a possibilidade. – Ele é mais um safado que nunca soube ver um rabo de saia que já sai correndo.

– Os safados também podem se apaixonar...

– Mérlin, então que não seja por mim!

Riram juntas mais uma vez naquela noite, enquanto da janela observavam o jogo. Os olhos de Viviane estavam fixos em John. Ele podia ser o maior mulherengo que ela já vira, mas não podia negar que também era um dos homens mais atraentes que já conhecera. E, apesar de tudo, as crianças gostavam dele, e se tinha uma coisa que amolecia o coração de Viviane, era a relação entre adultos e crianças. Mas, sua experiência com homens parecidos com John não eram nem um pouco boas. Suspirando, voltou-se para a amiga ruiva.

– Bom... Quando você começa no novo trabalho? – Perguntou ela, sentando-se na cama e colocando um travesseiro por cima de suas pernas.

– Daqui a três semanas. – Respondeu Gina, vendo Rony pegar uma Goles. – Ficarei por conta da coluna de Quadribol do Profeta...

– Nossa, estou orgulhosa de você, embora eu preferisse que você continuasse no time. Mas... tenho certeza que você se sairá bem.

Viviane era contra a saída de Gina do time. A ruiva ser tornara uma grande amiga, quase uma irmã para ela, e não queria sentir-se sozinha novamente. Não que as outras jogadoras das Harpias fossem ruins, mas Gina era diferente das demais.

Gina saiu de perto da janela e sentou-se de frente para a amiga em sua cama.

– Eu amei cada segundo que passei no time, mas... tenho a minha família. E saiba que você também faz parte dela, Srta. Viviane Keller.

– E o David? – Viviane perguntou, fazendo com que o sorriso de Gina sumisse. – Ele vai ficar em Gales...

– Eu sei. – Respondeu a ruiva, suspirando ao mesmo tempo em que brincava com os fios de seu cabelo. – Eu não sei muito bem como vai ficar a nossa relação. Bom, é claro que eu poderei passar alguns dias em Gales, assim como ele também poderá vir aqui, mas... Se mesmo morando perto um do outro não nos víamos muito, não sei como vai ser agora que voltei pra casa.

Viviane notou que Gina parecia chateada. David vivia sempre muito ocupado, sempre colocando o trabalho acima de tudo, fazendo com que muitas vezes Gina saísse somente com as colegas do time.

– Bom, daqui a alguns dias, o bonitão estará aqui, e vocês se resolvem. – A morena levantou-se da cama e olhou mais uma vez pela janela. – Acho que seus irmãos se cansaram... E eu estou morrendo de fome.

Gina riu do jeito divertido da amiga, fazendo com que seus pensamentos se afastassem de David.

– Então vamos descer. Prepare-se para finalmente provar da famosa comida de Molly Weasley!

Rindo, as duas se encaminharam para a cozinha, onde deliciosos pratos as esperavam.


XXXXX


– Por favor, pai. Vamos ficar só mais um pouquinho... – Choramingou Dominique. – O Teddy vai ficar!

Já passava das oito da noite quando Gui e Fleur, Jorge e Angelina decidiram se despedir da família para voltarem para suas casas. As crianças haviam brincado bastante ao lado dos tios durante toda a tarde, e estavam exaustos, mesmo que tentassem dizer o contrário.

– Não dá, minha querida. Seu irmão está querendo dormir. Veja! – Gui apontou para Fleur, que segurava o recém-nascido Louis nos braços.

Dominique pareceu entender. Esfregou os olhos em um singelo sinal de sono e deixou com que o pai a carregasse.

Freddy também já dormia no colo de Jorge, que segurava a mão de Angelina com seu enorme barrigão. Estava grávida de 7 meses, mas sua barriga era tão grande quanto a barriga de Arthur.

–Vão com cuidado, meus filhos. –Disse o Sr. Wealey, dando um beijo na testa de cada neto já adormecido.

O único que ainda morava com os pais, tirando Gina, era Percy. Molly e a maioria da família achavam que o fato de Percy ainda morar lá era como se ele tentasse recuperar os anos que passara longe deles. O Sr. e a Sra. Weasley não reclamavam, é claro. Sentiam falta dos filhos morando sobre o mesmo teto que eles, mas pelo menos ainda tinham Gina e Percy para “cuidar”, por mais que esses já tivessem idade suficiente para cuidarem do seu próprio nariz.

–E então... soube que vai ficar durantes algum tempo aqui. É verdade?- Viviane, que assistia a cena de longe, se assustou ao ouvir a voz de John bem ao seu lado.

–Você quer me matar de susto? –Perguntou ela, nem um pouco educada, no que ele riu.

–Estou devolvendo o “presente” de hoje mais cedo.

–Preferia ter caído em cima de um bando de gnomos do que em cima de você! –Ela transpirava raiva, não olhando nenhuma vez na direção do loiro. Mas sua resposta de nada adiantou. O sorriso lindo e irritante continuava a brotar dos lábios dele. Era incrível como ele conseguia irritá-la com um simples sorriso.

–Não minta pintinha, você adorou cair em cima de mim!

–Eu não... Hã... o que? Que nome ridículo foi esse de que você me chamou? –Perguntou Viviane, virando-se para ele e o fuzilando com o olhar.

–Pintinha. Gostou? Seu novo apelido, eu mesmo que inventei. – Respondeu John, adorando ver a morena irritada.

–Não! Odiei! Não ouse me chamar assim outra vez ou não respondo pelos meus atos!

–Tudo bem... –Ele chegou mais perto dela e sussurrou em seu ouvido. -... Pintinha!

Viviane rosnou de raiva e, o empurrando para longe de si, e saiu batendo os pés o mais longe dele possível. O loiro ficou rindo, observando-a subir as escadas, e não pôde deixar de olhar para seu traseiro.

– Você não presta, John. – Disse Harry, chegando perto do amigo.

– Uhuum... Você deixou uma ruiva daquelas ir embora e depois eu que não presto? – Retrucou John, olhando sínico para o amigo.

– Não tenho como discordar de você dessa vez, colega... – Murmurou ele, olhando para Gina, que estava em uma conversa animada com Hermione enquanto ajudavam Molly com a louça.

John reparou, pelo olhar do amigo, como o seu comentário o afetara.

–Ela é linda.

–Quem? A Viviane? –Perguntou Harry.

–Bom... é, mas estou me referindo a Gina...

Harry deu uma gargalhada, atraindo os olhares das pessoas presentes na cozinha, mas logo essas voltaram sua atenção para o que estavam fazendo.

–Pode tirar o cavalinho da chuva. Gina não é pra você. –Disse ele, em um tom sério demais.

–Não estou interessado nela... Estou de olho em outra pessoa, mas... aposto que a Jean não iria gostar de saber que você ainda é apaixonado pela ruiva ali... –Jonh falara aquilo de uma forma tão calma que Harry se espantou.

–E-eu não sou apaixonado por ela.

–Uhuum, e eu sou gay. –Harry reprimiu a vontade de dar outra gargalhada. Não era apaixonado por Gina, era? Se a alguns anos atrás alguém o tivesse feito aquela mesma pergunta, ele teria dito que sim. Mas naquele momento, Harry realmente não soube a resposta e se considerou um homem de sorte por Rony não estar participando daquela conversa.

Demorou mais alguns minutos até eles voltarem a conversar, mudando o assunto da conversa.

–Como anda as coisas no Ministério? –Perguntou Harry.

A expressão de John mudara completamente diante da pergunta. Suas sobrancelhas se uniram e a resposta demorou mais que o normal para sair de sua boca.

–Nada demais... –Ele deu de ombros, tentando parecer o mais normal possível. –Já com saudades do trabalho?

–Não. – Harry percebeu que havia algo de errado, mas não poderia ser nada grave. Se afastara do Ministério em menos de uma semana, não era possível que algum louco tenha fugido de Azkaban ou outro grande problema viesse a ocorrer, era?

A verdade é que as suspeitas de Harry estavam certas. Dois dias depois que ele e Rony tiraram férias, John recebera uma carta anônima, mas não deu importância, embora o conteúdo na carta não fosse nada amigável. Depois da Guerra, de vez em quando o Departamento de Aurores recebia uma carta, a maioria delas sem endereço de remetente, dizendo que os fies seguidores do Lord das Trevas vingariam sua morte, e esse retornaria. Mas tanto John quanto Harry sabiam que aquilo era impossível. No final, as cartas serviam mais como motivos de risos do que para medo.

Com certeza não era nada, pensou o moreno.

Mais tarde daquela noite, Harry se despediu do amigo e aproveitou para ir tomar um banho enquanto Teddy brincava na sala. Aproveitou os minutos de baixo da água morna para pensar sobre os últimos dias. Ele tinha que admitir que as coisas entre ele e Gina estavam estranhas. Ora, o que ele queria? Gina tinha um namorado, e ele prometera dar chances ao relacionamento dele junto a Jean. Ele não sabia se seus sentimentos pela ruiva Weasley eram de amizade, embora nunca tivesse tido vontade de beijar Hermione –que era sua amiga a anos- como sentia de beijar Gina.

Depois do banho, vestiu-se e desceu as escadas em busca do afilhado, e o encontrou dormindo no sofá, com a cabeça apoiada nas pernas da caçula dos Weasley, ao mesmo tempo em que ela acariciava seus cabelos que, naquela noite, estavam castanhos.

Não soube quanto tempo ficou parado diante da escada, admirando-a. Naquele momento, queria mais do que nunca ser Teddy, só para aproveitar o carinho que muitas vezes ela fizera nele mesmo, na época em que namoravam em Hogwarts.

– Eu sinto muito, eu sei que ele deveria ter colocado o pijama antes, mas ele estava com tanto sono... – Falou a ruiva, quando o avistou, fazendo com que Harry sorrisse e caminhasse até ela, sentando-se ao seu lado no sofá.

– Não tem problema... – Respondeu ele, olhando-a.

– Ele e Victoire brigam bastante, não? – Gina riu baixo, para não acordar o menino.

– Oh, sim... Muitas vezes eles me fazem lembrar de Rony e Hermione.

Não havia ninguém na sala a não serem os três. Gina estava com um casaco por cima da camisola. Seus cabelos caiam para um só lado de seu ombro, e seu perfume parecia mais forte naquela noite.

Harry se manteve um pouco afastado dela, embora seu íntimo quisesse exatamente o contrário. Aquele momento o fez lembrar das palavras de John: “Aposto que Jean não iria gostar de saber que você ainda é apaixonado pela ruiva ali...”

– Bom, posso levá-lo até o quarto... – Começou Gina, mas ele não deixou que ela terminasse.

– Não precisa Gina. Eu o levo. Esse garoto é pesado, por mais que não pareça. – Ele levantou-se e se aproximou de Teddy. Ela o ajudou, levantando a cabeça do menino, enquanto Harry o levantava do sofá. – Pronto. Acho que ele vai até amanhã.

– É... Ele é um menino maravilhoso, assim como você é um ótimo padrinho. – Gina havia se levantado, e encarava Harry. Não estavam muito longe um do outro, já que ele não lhe dera espaço. Parecia uma força que os fazia se aproximar e ele não pôde deixar de pensar que, se não fosse o afilhado em seu colo, com toda a certeza já teria a beijado.

– Obrigado... Eu não sei o que seria de mim sem Teddy. – Falou ele. O monstro em seu peito rugiu de felicidade com o elogio que ela lhe dera. Ela tem namorado... ela tem namorado! Pensou ele.

Ela sorriu, e ele também, mas nenhum dos dois se afastou. Teddy dormia nos braços do padrinho, mas esse estava com toda sua atenção para os lábios de Gina.

Ela definitivamente entrara em uma emboscada. Não deveria estar tão perto assim. Sua respiração já começava a se alterar, junto com seus pensamentos que lhe ordenavam para que fugisse dali, mas seu corpo não lhe obedecia.

Olhavam um para os lábios do outro, lembrando-se do maravilhoso gosto que ambos tinham. Será que continuavam os mesmos? Ele queria, ela também. Harry esqueceu-se completamente de Teddy, e aos poucos, sentiu seu rosto ir de encontro ao de Gina.

Não, não, não e não” pensava ela, mas não se afastou nem um milímetro. Já podia sentir a respiração dele bater contra sua face, e seus olhos começaram a se fechar lentamente...

– Harry? – Chamou Hermione, do andar de cima, e Harry e Gina se sobressaltaram fazendo com que Teddy se movesse no colo de seu padrinho. – Quer ajuda com Teddy?

– Hã... – Harry olhou para Gina, que havia se sentado novamente no sofá. Mais uma vez, Hermione o interrompera. Afinal, desde quando ele precisava de ajuda com Teddy?

A ruiva evitava olhar para Harry, incapaz de acreditar no que quase acontecera.

– Vou levá-lo para o quarto. – Falou Harry, e Gina assentiu. – Boa noite, Gina. E obrigado por fazer o Teddy dormir...

– Boa noite... – Respondeu ela, vendo-o subir as escadas. Assim que ele desapareceu, escondeu o rosto com as mãos, agradecendo a Mérlin por eles não terem se beijado.

Gina mudou-se para Gales, afastou-se da família, e acima de tudo, tentou tirar Harry Potter de sua cabeça e principalmente do seu coração. E agora, há exatamente alguns minutos atrás, ela estava prestes a beijá-lo. Era isso o que realmente queria? Iria fazer com que 6 anos não valessem nada? Não poderia simplesmente estragar tudo com um beijo! O que Harry queria? Iria beijá-la de fato? Gina estava tão confusa. Não queria ter que pensar naquilo novamente, como há anos o fez. Machucava demais. Não sentia mais nada por Harry Potter, certo? Então porque seu coração pareceu bater mais rápido quando ele se aproximou? Os anos que passara em Gales não valeram de nada? Não, não e não! Ela estava decidida a não deixar aquilo acontecer. Ela e Harry eram só amigos agora, e é assim que deveriam seguir.

Apesar da decisão, naquela noite, a ruiva demorou a pegar no sono.

XXXXXXX


Gina observava as pessoas andarem apressadamente pela rua. Sentada em uma mesa de um restaurante trouxa, ela brincava com as pontas de seu cabelo ruivo enquanto pensava nos acontecimentos dos dias anteriores.

Harry não lhe tratara de modo diferente naquela manhã, durante o café na mesa d’A Toca, muito embora ela ainda estivesse “abalada” por quase terem se beijado. Não podia negar que Harry se tornara um homem muito atraente, mas ela não era como aquelas mulheres que somente se importavam com a beleza exterior. Gina Weasley dava muita importância aos sentimentos, mesmo que não estivesse muito certa dos seus naquele momento.

Prometeu-se que evitaria chegar muito próximo a Harry nos dias em que ele ainda passaria n’A Toca, e torcia para que seu namorado, David, se desocupasse o quanto antes do trabalho para poder vir a Londres, junto a ela. Não se falavam havia mais de uma semana, mas passara tantos momentos junto com sua família que nem teve tempo de sentir muita saudade até aquele momento.

– Isso está muito bom. – Disse Viviane, sentando-se ao lado de Gina, com um sorvete nas mãos. – Obrigada, Hermione.

– Ora, de nada. Sempre passo aqui no intervalo do trabalho. – Respondeu ela, sorrindo-lhe. – Bom, vamos então. A entrada para o Ministério é logo ali.

Gina, Viviane e Hermione saíram do restaurante e caminharam até a entrada para visitantes no Ministério da Magia, fazendo a ruiva se lembrar da última vez que estivera ali.

As três haviam acordado cedo para acompanharem a caçula dos Weasley até o Profeta Diário, onde trabalharia dali a algumas semanas, e estava um tanto ansiosa com o novo trabalho. Ela sempre amara Quadribol, e escrever sobre o assunto deveria ser tão divertido quanto ler uma coluna sobre um jogo.

Quando chegaram ao Profeta, Gina logo foi conversar com o editor chefe do jornal, para saber tudo antes de começar no novo trabalho. Viviane e Hermione ficaram esperando a amiga do lado de fora, já que Ane estava admirando o lugar.

– É sempre tão cheio de gente assim? – Perguntou a morena, para logo depois abocanhar a última parte de sua casquinha do sorvete.

– Uhuum... Você é de onde, Viviane? – Perguntou Hermione, curiosa.

– Rússia, mas meus pais são ingleses. Depois da escola, fiz teste para as Harpias e entrei no time. Meus pais continuam lá, nos comunicamos por cartas. – Respondeu a batedora, limpando as mãos em um lencinho.

– Eu nunca conheci ninguém da Rússia. – Comentou a morena, sorrindo-lhe, e logo se lembrou de algo que notara desde o café. – Ah, Viviane, você notou algo de diferente... na Gina, hoje?

– Ela está bem pensativa, não é? – As duas olharam em direção a ruiva, que conversava com um homem baixo, que usava óculos. – De qualquer modo, eu não sei de nada, mas acho que tem a ver com o... Harry.

– Oh... Eu pensei isso.

Viviane sabia o quanto Hermione e Gina eram amigas, então ela sabia que não era como se ela estivesse traindo a confiança da ruiva contando aquilo para a morena.

As duas mudaram de assunto, e Hermione começou a explicar os departamentos do Ministério, já que o da Rússia, segundo Viviane, eram bem diferente daquele em que se encontravam. Às vezes alguém as interrompia, para falar e cumprimentar Hermione, que tinha um importante cargo dentro do departamento de Execução das Leis da Magia.

Viviane ouvia tudo o que ela falava, até algo lhe chamar a atenção atrás de Hermione. Arregalou os olhos ao avistar um homem de costas, com o cabelo castanho e liso que estava caminhando, e sentiu suas mãos começarem a tremer com as lembranças que evitava pensar em todos esses anos... Ele não podia estar ali, podia?

– Viviane? Você está bem? – Perguntou Hermione, fazendo com que a morena voltasse a atenção para si. – Você parece... assustada.

– Oh... E-está tudo ótimo, Hermione. – Mentiu a batedora, olhando novamente para onde avistara o homem que jurava conhecer, mas ele não estava mais lá. Havia sumido.

– Pronto, já está tudo resolvido. – Informou Gina, assim que se juntou as amigas novamente, mas preocupou-se ao se virar para Viviane. – Por que você está pálida? Aconteceu alguma coisa?

– Não. Não aconteceu nada. – Respondeu ela, sabendo muito bem que não estava convencendo ninguém . – Hã... Podemos ir embora, agora?

– Claro. Já resolvi tudo... Tem certeza que não aconteceu nada? – Perguntou a ruiva mais uma vez, visivelmente preocupada com a amiga.

– Tenho. Não se preocupe... Deve ser coisa da minha cabeça. – E ela realmente torcia para que fosse. Havia anos que ela não o via, e não queria encontrá-lo logo agora. Na verdade, esperava não encontraá-lo nunca mais.

Sairam do Ministério e aparataram de volta A Toca. O cheiro do almoço de Molly Weasley invadiu Viviane, fazendo-a esquecer por alguns minutos o que acontecera.

Ao entrarem na sala, encontraram um Teddy tristonho, se despedindo do padrinho junto com a avó.

– Oh, Teddy, não fique assim. Seu padrinho tem que aproveitar as férias. – Dizia Andrômeda Tonks.

– Até mais, Teddy. – Disse Hermione, o abraçando. – E não coma muitos doces, você não vai querer engordar até o meu casamento, não é?

– Tudo bem, tia Hermione. – Falou o garoto, rindo e virando-se para Gina. – Na próxima vez que o meu padrinho for me buscar, a gente poderia jogar uma partida de Quadribol juntos, não é? Ele me disse que você é muito boa.

– Podemos sim, Teddy. – Respondeu Gina, rindo e abraçando o garoto, para logo depois sussurrar no ouvido dele: - Vamos ganhar do seu padrinho e de Rony.

O menino sorriu-lhe, ansioso. Abraçou Viviane e voltou-se novamente para o padrinho.

– Prometo ir te buscar o mais breve possível. – Disse Harry, carregando o menino. – Obedeça a sua avó, ok?

Teddy assentiu e abraçou Harry mais uma vez.

– Eu te amo, padrinho. – Ele saiu do colo do padrinho e pegou a mãe da avó.

– Eu também, campeão.

Andrômeda, depois de abraçar Gina, entrou na lareira junto ao neto e sumiu logo em seguida. A ruiva lamentou a partida do pequeno, já que ela se afeiçoara a ele. Sorriu mais uma vez e virou-se, encontrando o olhar de Harry.

Por um momento, pensou em desviar, mas não o fez. Não queria se mostrar incomodada com o fato de eles quase terem se beijado na noite anterior, e retribui o sorriso que ele lhe dera, antes de sua mãe entrar na sala e anunciar que o almoço estava pronto.

Gina contou de como seria seu trabalho no jornal, e que teria uma coluna somente dela. Não tinha dúvidas de que todos estavam orgulhosos de si, e se sentia satisfeita com isso, por mais que não pudesse negar que sentiria falta de Gales.

Harry estava sentado ao seu lado, e ela fazia de tudo para não encostar seu braço no dele. Pensou em David mais uma vez naquele dia, e por mais que ela quase tivesse beijado Harry, se sentia culpada tanto como o tivesse feito. Não podia pensar daquele jeito. Com David ali, ela esperava esquecer um pouco da presença de Harry, e convencer a si mesma, e ao coração - que parecia dar pulos toda vez que seu olhar encontrava o dele - de que ambos não sentiam mais nada um pelo o outro.

Mais tarde, seus pensamentos foram interrompidos por Viviane, entrando em seu quarto.

– Pode ir me contando, ruiva. O que aconteceu entre você e o grande herói do mundo bruxo? – Indagou a morena, sentando-se ao lado da amiga.

– Nossa, você não poderia ser um pouco menos... direta? – Perguntou Gina, mas depois suspirou ao ver o olhar da amiga.

– Você e ele estão estranhos hoje. Vocês... Vocês se beijaram?

– Por Mérlin, Ane! Mas é claro que não, ou por acaso você esqueceu de David? – Respondeu a ruiva, um pouco desajeitada. – Não aconteceu nada, mas...

– Mas... ? – Viviane a instigava, estava visivelmente curiosa.

– ... mas quase. – Revelou ela, por fim, fazendo a amiga arregalar os olhos. – Ta, eu sei, tenho namorado. Eu não esqueci de David, se você quer saber, mas parece que ele que esqueceu de mim. O que aconteceu ontem não foi nada. Não sinto mais nada por Harry Potter.

– Se você diz... Mas acho bom David vir logo. – A morena se levantou da cama e olhou a paisagem pela janela.

– O que quer dizer com isso?

– Bem... Você diz que não sente mais nada pelo Potter, mas e ele? Ele não pode sentir mais nada por você?

Aquilo pegou Gina de surpresa.

– Ah... Acho que não. Ele não fez nada quando fui embora. – Respondeu a ruiva. – O que aconteceu entre nós não importa mais. E mesmo que ele sentisse... Não vou deixar David por isso.

– Ei, calminha aí, ruiva. Não precisa ficar com raiva, ok? – Viviane a olhou, enquanto brincava com seus cabelos.

– Não estou com raiva. – Gina deitou-se na cama, e ficou olhando para o teto por alguns minutos antes de se lembrar de algo. – Ane? Não aconteceu nada hoje de manhã, no Ministério?

A batedora suspirou. Sabia que a amiga iria lhe perguntar sobre aquilo a qualquer momento.

– Me desculpe por aquilo... Não foi nada, Gina. Só... Só pensei que tinha visto alguém conhecido, mas me enganei. – Informou-lhe.

Gina notou que Viviane escondia alguma coisa. Em todos esses anos que ela a conhecia, a batedora nunca gostou de falar muito sobre sua vida, a não ser da família e de alguns casinhos que teve com alguns homens, mas Gina sabia que havia algo no passado da amiga que lhe pertubava, da qual ela evitava falar.

Nenhuma das duas voltou a perguntar mais nada para a outra. Ambas estavam ocupadas demais com os próprios pensamentos.




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Notas finais do capítulo

Agradecemos a cada leitor por estar acompanhando a fic e principalmente aqueles que deixam uma review. Isso nos anima muito, sabia?
Sobre esse capítulo, queríamos que vocês soubessem um pouco mais sobre a Viviane, e acho que vocês preceberam que ela esconde algo, né? hehe Sabemos que a fic está um tanto monótona, mas não queríamos que acontecesse tudo muito rápido. Mas no próximo capítulo, as coisas começam a ficar mais interessantes...
Merecemos reviews? Críticas? Recomendações? Alguma coisa? Vamos ficar esperando, hein!!
Próximo capítulo sem previsão para ser postado. Um enorme beijo das Gêmeas!! =*