Dois Caminhos, Um Só Destino escrita por LEvans, Cella Black


Capítulo 8
Capítulo 7 - Perdidos


Notas iniciais do capítulo

Heeey, desculpem-nos pela demora e boa leitura =)



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“Somos donos dos nossos atos, mas não somos donos dos nossos sentimentos. Somos culpados pelo que fazemos, mas não somos culpados pelo que sentimos. Podemos prometer atos, mas não podemos prometer sentimentos… Atos são pássaros engaiolados; sentimentos são pássaros em voo.”

Mario Quintana

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–Droga!

Era a terceira vez que a pena caia de sua mão. Ele não sabia o porquê, mas acordara com um péssimo humor naquela manhã, e considerando o fato de que sua mesa estava repleta de papéis dos quais ele era obrigado a analisar, o trabalho não estava o ajudando nem um pouco.

Fazia um pouco mais de 2 meses que ele partira na última missão. No geral, as missões de auror eram cansativas. Na maioria das vezes, ele tinha que usar outro nome e, portanto, mudar um pouco a sua aparência para manter tudo em vigilância e sem erros. Fora por isso que ele escolhera aquela profissão. Adorava “combater o mal”, duelar e, por fim, completar o seu objetivo levando o psicopata da vez para Azkaban com um largo sorriso no rosto. Era uma aventura, na qual ele era o herói que salvava a mocinha onde essa por sua vez, lhe presenteava com uma bela noite de prazer. John adorava aventuras.

Mas ali, diante daquela pilha de papeis, a aventura da qual tão esperava estava tão longe de acontecer quanto uma boa companhia feminina.

–Irritado, chefinho? – Perguntou um cara da qual a voz John seria de reconhecer em qualquer lugar.

–Não sou seu chefe. – Falou ele, sem encará-lo. A pilha de papeis parecia bem mais interessante naquele momento.

–Nossa... Porque o mau humor? –John fechou os olhos e suspirou. Aquele cara sabia como o tirar do sério!

Largou a pena e finalmente o encarou.

– O que quer, Ryron?

–Nada. Vim avisar que já estou de saída. Achei que gostaria de saber. –Disse Ryron, dando um meio sorriso e saindo da sala.

John se segurou para não sair correndo atrás dele e lhe dar um belo soco na cara. Era óbvio que Ryron só fizera aquilo para irritá-lo, vendo que “estar de saída” era o que loiro mais queria naquele momento.

–Ainda não entendo porque vocês não se dão bem. –Disse Allef, um outro companheiro de trabalho de John, bem mais simpático e amigável do que Ryron, com o qual quase dera de cara quando entrara na sala.

–Esse cara me irrita, mas não me pergunte o motivo. Há algo nele que me incomoda. –Revelou John. Allef apenas deu de ombros, parecendo se conformar com a resposta. – Veio avisar que está de saída também?

Allef riu.

–Ainda não. – Disse ele. Ergueu a mão com um envelope preto e o auror pôde ver o semblante de John enrijecer.

–Outra carta dos nossos “amiguinhos”?

–Sim, acabou de chegar. –Allef cruzou a sala e entregou a carta à John. –Esses estão sendo um pouco mais insistentes que os outros, não acha?

John abriu a carta e a leu. Era quase igual a que recebera dias antes, embora essa tenha parecido bem mais assustadora para ele do que imaginara. Geralmente o misterioso remetente mandava a carta apenas uma vez e, vendo que os aurores do Ministério não se abalavam com a pequena brincadeira, desistira com a ameaça. Era sempre assim, eles sempre desistiam. No entanto, aquela carta parecia diferente das demais. John franziu a testa.

–É uma ameaça, como as outras. – Falou o loiro, e Allef arregalou os olhos.

–Não acha melhor avisar ao Harry?

–Não, ainda não. Harry está curtindo as férias e não estou a fim de estragar tudo com uma simples ameaça. Vamos deixar como está. Caso esse cara resolva nos perturbar mandando outro bilhetinho, vamos ver o que fazemos para lhe responder pessoalmente o “carinhoso” recado.

–Tudo bem. –Concordou Allef.

–Vou ficar com a carta.

Depois de guardar o envelope no meio de suas coisas, John voltou ao trabalho. Era incrível como seus dias pareciam tão diferentes um do outro. Há três dias, ele estava feliz n’A Toca, e agora ele estava ali, cercado de papeis com mais uma carta anônima que ameaçava invadir o Ministério. Talvez ele estivesse errado. Ele não era um cara de sorte.

Foi a terceira vez naquele dia que John pensou em Viviane. Com certeza ela despertara algo nele, com aqueles cabelos pretos e o corpo que mexia com ele de uma forma até então desconhecida pelo loiro. Ela era diferente. Todas que ele estava acostumado a “dar em cima” caiam a seus pés facilmente, mas Viviane parecia ser exatamente o contrário. Ela o desafiava e suas palavras pareciam de nada mexer com ela, de modo que John se via tentado a provocá-la.

Suspirou. Queria que a sorte que possuía no dia em que a conhecera estivesse com ele novamente. O que menos queria era atrapalhar Harry, mas parecia que o tal remetente misterioso não iria desistir. Seus dias de trabalho estavam bem mais estressantes do que a irritante Romilda Vane, ou qualquer brincadeira de Rony. Ele precisava de um “descanso”, mesmo tendo tirado férias não havia muito tempo. E, além de tudo, precisava de uma companhia, mas ele sabia exatamente quem poderia lhe acompanhar.

Passou a mão nos cabelos e sorriu. Seus planos de visitar A Toca nos próximos dias já haviam sido formados em sua cabeça, e nenhuma delas se tratava da tal carta. Sua pintinha teria uma surpresa.


XXXXXX


Harry estava terminando de vestir a camisa quando Rony adentrou o quarto, depois de dar duas batidinhas na porta.

– Hey, aonde você vai? – Indagou-lhe o ruivo. Seus cabelos pareciam ainda mais vermelhos, molhados devido ao recente banho.

– Pegar Almofadinhas, que a sua noiva seqüestrou. – Respondeu Harry, sentando-se na antiga cama de Carlinhos para colocar os sapatos.

– Você sabe muito bem como Hermione é. Além do mais, Almofadinhas estava precisando de um banho. – Declarou Rony, mas ambos sabiam que o ruivo não tivera nenhuma paciência para cuidar do cachorro, em especial lavá-lo.

Harry levantou-se da cama e pegou seu casaco em cima da penteadeira. Ele gostava muito do cachorro para deixá-lo preso por dias em um local trouxa e, sabendo que a Sra. Weasley não se importaria, resolveu ir buscá-lo, tendo a plena certeza de que Sirius, onde quer que estivesse, não gostaria muito da ideia de manter um animal – especialmente os cachorros – preso.

Ambos saíram do quarto e desceram as escadas, encontrando Hermione folheando uma revista trouxa, ao lado da mãe e de Molly, vendo modelo de vestidos de casamento.

– Ainda não acabaram? – Perguntou Rony, parecendo incrédulo.

– Rony, querido, você sabe o quanto um vestido de casamento é especial para a noiva? – Falou Molly, não tirando os olhos da revista, maravilhando-se com a moda trouxa.

– Para falar a verdade, não! – Harry tinha que concordar com o amigo. Claro que, se um dia fosse se casar, gostaria que sua esposa estivesse linda e feliz com seu vestido, mas para que exagerar se no final a roupa seria esquecida?

– É claro que o meu querido irmão não saberia. – Disse Gina, descendo as escadas com Viviane ao seu lado.

Harry sentiu seu coração dá um solavanco.

Desde que quase se beijaram, ele não sabia dizer ao certo se era seguro manter-se perto de Gina Weasley. Não era pelo fato de ela ter um namorado ou por ela ter irmãos extremamente ciumentos, mas sim porque não sabia ao certo o que sentia. E ainda tinha Jean.

– Bom, eu volto um pouco antes do jantar, Sra. Weasley. – Declarou ele, saindo da sala e, assim, livrando-se do maravilhoso cheiro floral que o cercava cada vez que Gina entrava no mesmo cômodo que ele.

Aparatou direto para uma esquina de um bairro trouxa. A rua estava pouco movimentada e mesmo que fosse um pouco longe de onde Almofadinhas estava, não se importou. Harry gostava de andar pelas ruas de Londres, pelo meio dos trouxas. Não que não gostasse do mundo bruxo, mas passear sem que ninguém o reconhecesse era uma espécie de alívio. Além do mais, queria pensar.

As coisas ficaram confusas nos últimos dias, principalmente dentro de si. Gina chegara tão de repente e inesperadamente que ele mal teve tempo de se acostumar e muito menos se preparar. Não sabia o que estava pensando quando quase a beijara na sala d’A Toca, mas sabia que aquilo não deveria acontecer novamente. Se perguntou como teria sido se Hermione não tivesse os interrompido e ele terem se beijado.

Harry sabia exatamente que não deveria estar pensando naquilo, mas lembrou-se da maravilhosa sensação de ter os lábios da ruiva sobre os seus. Lembrou-se também de que Hermione não tinha o hábito de se meter em sua vida amorosa, no entanto, ela parecia bem interessada em saber de seus rolos com Jean e de interromper suas conversas com Gina. Seria impressão sua?

Almofadinhas latiu, e veio correndo ao seu encontro assim que ele apareceu para pegá-lo. Harry agachou-se e fez carinho no animal que balançava o rabo e tentava lamber sua cara freneticamente.

– E aí, garotão? Também senti sua falta. – Disse Harry, enquanto se levantava e ouvia os latidos do cão.

Colocou a coleira no pescoço de Almofadinhas e saíram novamente pelas ruas de Londres. Pensou em levá-lo para uma praça que ele sempre gostava de ir. O cachorro gostava de correr atrás dos pássaros enquanto o dono o observava.

Muitas vezes, Harry fora para aquela praça com Jean, embora ela não gostasse muito. Passeavam por de baixo das árvores, e as vezes paravam para tomar sorvete para logo depois irem para apartamento onde passavam a noite juntos. Ele não podia negar que gostava, mas sempre sentia que faltava algo. Divertia-se com a loura, mas ela, de certo modo, o afastava dos amigos. Ela era possessiva, sempre o querendo somente para si, fato que causou muitas brigas entre eles.

Ficou vendo Almofadinhas correr atrás de pombos por vários minutos antes de resolver sentar-se em um banco e ligar para a loura que, como previsto, não demorou muito para atender.

– Onde você estava? Pensei que não ligaria mais. – Falou ela, parecendo feliz com a ligação dele.

– Me desculpe, andei um pouco... distraído. Estou aqui na praça, com Almofadinhas. Quer vir aqui? – Indagou ele, mesmo não tendo certeza de que queria aquilo.

– Praça?Hum... Não poderei ir. Gostaria de estar de férias também. – Informou Jean, e ele lembrou de que ela ficara no ministério, junto a John, enquanto ele e Rony ganharam a folga merecida.

– Hum... Como estão as coisas por aí?

Harry ouviu Jean suspirar, como se estivesse entediada com o que estava fazendo.

– Como sempre. Apesar de que andamos recebendo um grande número de cartas dos seus “amiguinhos” ultimamente. – Harry franziu o cenho. Fazia semanas que não recebiam cartas ameaçando-os. Perguntou-se se era somente por que ele e Rony estavam ausentes. O fato de John não ter comentado nada com ele também o incomodava.

– John cuidou delas? – Ele ouviu ela lhe confirmar. – Tudo bem, então. Guarde-as. Eu e Rony daremos uma olhada nelas quando voltarmos. Isto já está me dando nos nervos. – Harry passou a mão pelos cabelos enquanto via Almofadinhas, com a língua de fora, vir em sua direção e descansar a cabeça em seu joelho.

– Ora, não se preocupe. – Jean falou, com uma voz manhosa. Almofadinha o olhava enquanto ele coçava os pelos atrás de sua orelha. – Cuidarei de tudo pra você, viu chefinho?

Harry deveria ter sorrido com o jeito dela, mas não o fez. Aquilo poderia seduzir qualquer homem, mas ele era diferente. Não tinha culpa se, enquanto conversava no telefone com uma loura, seus pensamentos estavam em uma ruiva.

– Que tal eu me encontrar com você hoje a noite? – Perguntou-lhe ela, e ele pensou em considerar a ideia.

– Acho melhor não, Jean. Me desculpe. E, além do mais, estou n’A Toca junto com os Weasley. – Ele ouviu ela suspirar novamente e, mesmo que não estivesse vendo-a, sabia exatamente de que ela revirou os olhos naquele momento. – Já vou desligar. Não quero atrapalhar o seu trabalho.

– Não seja burro, você é meu chefe, e não está atrapalhando coisa nenhuma. – Insistiu ela. – Estou com saudades...

– Nos veremos em breve. – Harry fechou os olhos. Queria sentir falta de Jean tanto quanto ela sentia a dele.

Quando ele desligou, o sol já estava se pondo. Voltou caminhando para a mesma esquina que aparatara com Almofadinhas em sua frente.

Nos últimos seis anos, não acontecera nada demais em sua vida, apesar de ele não esperar se tornar chefe do departamento de Aurores tão cedo. Lembrava-se muito bem do dia em que conhecera Jean, e que de imediato a achara uma mulher atraente e bonita, no entanto, a iniciativa de um convite para almoçarem juntos veio dela. Mas não fora somente a loira com quem teve encontros. No dia em que se tornara Chefe dos Aurores, conhecera uma bruxa cujos pais eram trouxas, amiga de Hermione. Não tiveram algo duradouro se relacionado ao que tivera com Jean. Não passou de uma noite com alguns copos de Uísque de Fogo a mais e uns amassos em uma sala vazia do Ministério.

Não sabia o porquê de o seu relacionamento com Jean ter durado mais que os outros. Talvez, fosse pelo fato de que eles trabalhassem juntos ou por Jean parecer gostar tanto dele que, em certos momentos, chegava a sufocá-lo.

Ao chegar à esquina, Harry pegou Almofadinhas e aparatou de volta para a’ Toca, sabendo de que assim que encontrasse Gina, a puxada em seu umbigo seria muito mais violenta.

XXXXXX


Gina desceu as escadas rapidamente e encontrou Viviane, Hermione e Carlinhos em uma divertida conversa naquele fim de tarde. A manhã havia sido divertida, embora ela tenha sentido falta da companhia de Harry. Sua mãe e Hermione, depois de horas foliando as revista trouxas, pareceram entrar em acordo quanto ao modelo do vestido para o casamento, o que animava ainda mais a matriarca Weasley, dizendo que ainda faltava muitas outras coisas a serem escolhidas.

–Se eu soubesse que casamento me traria toda essa bagunça... –Falara Rony, quando avistou naquela mesma manhã a cama do quarto que dividia com Hermione repleta de revistas trouxas. Essa o fuzilou com o olhar.

–É melhor não completar essa frase, Ronald Weasley! –Dissera ela.

Por fim, o almoço acabou sendo o mais divertido desde que Gina voltara A Toca, já que ela e Viviane saltavam várias gargalhadas com a notável empolgação de Hermione e as reclamações de Rony, que rendiam pequenas “briguinhas” entre o casal. Mas, apesar de estar se divertindo, o fato de Harry não estar ali a incomodou. Se acostumara com a companhia dele, com os sorrisos e os olhares trocados... Suspirou. Desde o “quase” beijo algumas coisas haviam mudado, ela só não sabia se eram coisas boas ou ruins.

Um latido vindo do lado de fora d’A Toca fez com que Gina interrompesse os seus pensamentos. Olhou mais uma vez em direção onde o irmão, a amiga e a cunhada conversavam e saiu andando para os fundos da casa. Assim que chegou a porta, a ruiva sorriu.

Lá estava Harry, no meio do campo improvisado de Quadribol, jogando uma pequena bola para que um cachorro – que Gina reconheceu como sendo Almofadinhas – corresse atrás dela e devolvesse o brinquedo de volta a ele, para que assim voltasse a jogá-la novamente. Parecia divertido, pensou ela, já que Harry esboçava um lindo sorriso no rosto. Antes mesmo que se desse conta do que estava fazendo, ela andou em direção a ele.

–Esse é o famoso Almofadinhas? –Perguntou Gina, olhando o cachorro correr atrás da bolinha que Harry acabara de lançar pelo ar.

Ele pareceu feliz em vê-la ali.

–Sim. –Respondeu ele, voltando a olhar para o cachorro que agora corria de volta ao seu encontro.

–Ele é lindo. – Falou ela, se agachando para acariciar a cabeça do pequeno animal. Almofadinhas, depois de cheirar a dona das mãos que o acariciavam, latiu, como se quisesse dizer que adorou o carinho.

Harry estranhou. Eram poucas as pessoas com quem Almofadinhas “aprendia” a gostar logo de cara. No começo, o cachorro se apegara a ele e a Rony, e demorou a aceitar os carinhos dos demais Weasley, principalmente de Hermione, já que o cão sentia o cheiro de Bichento cada vez que chegava perto dela. Com Jean não foi diferente. Almofadinhas sempre deixara claro que não gostava da loira. Sempre que a auror dormia com Harry, o cachorro mal chegava perto de seu dono até essa ir embora e ele garantir de que não mais voltaria.

No entanto, vendo-o agora, dando voltas ao redor de Gina e latindo, Harry sorriu. Ele gostara de Gina. Cachorro esperto, pensou ele.

–E-ele gostou de você.

–Eu também gostei de você, seu fofão. –Falou Gina para Almofadinhas, se sentindo mais a vontade em acariciar o animal depois da revelação de Harry.

Ela agora estava de joelhos na grama fofa, e ele não pôde notar o quão linda ela estava daquela maneira. Vestia um short jeans que iam até a metade de suas coxas, e uma blusa fina de manga curta na cor azul. Parecia a Gina que conhecera a anos atrás. A sua Gina. Somente naquele momento Harry se deu conta do quanto sentira falta dela ao longo daqueles 6 anos.

–Posso tentar? –Perguntou Gina, interrompendo seus pensamentos. Ela levantara, e batera as mãos nos joelhos para tirar a terra que continha ali. Almofadinhas ainda a olhava, com a língua de fora e mexendo o rabo. Demorou um pouco mais que alguns segundos para Harry entender a pergunta de Gina.

–Ah, claro... –Ele então entregou a pequena bolinha para Gina para logo depois vê-la lançar o brinquedo para longe. Almofadinhas saiu correndo atrás da bola quase no mesmo instante.

A ruiva gargalhou divertida ao ver o “desespero” do cachorro ao ir atrás do pequeno brinquedo, ele até chegou a se esfregar no chão e dá voltas atrás de si mesmo. Assim que ele abocanhou a bola, veio correndo em direção a Gina com tamanho entusiasmo que chegava a arrancar pequenos pedaços de grama do chão. Harry notou muito tarde o que estava para acontecer.

Almofadinha pulou em cima de Gina, fazendo-a cair para trás. Se não fosse pela grama fofa, ela teria ganhado um belo de um machucado na cabeça. O cachorro depositou a bolinha no chão ao lado da ruiva e voltou a correr ao seu redor feliz, como se derrubar uma mulher fosse a coisa mais legal do mundo.

Harry arregalou os olhos diante da cena. Se fosse Jean naquela situação, ela provavelmente já estaria gritando com ele, ou tentando matar Almofadinhas por tê-la derrubado no chão e assim sujado seu cabelo de terra e grama. A loira já não gostava tanto do animal, se fosse derrubada por ele então... Harry se arrepiou só com o pensamento.

Felizmente, a mulher caída no chão era bem diferente de Jean, já que ao contrário de começar a fazer um escândalo, Gina ria. Parecia uma criança! Havia acabado de ser “atacada” por um cachorro e tudo o que ela fazia era ri. Harry a achou ainda mais linda. Era incrível como ele nunca sabia o que esperar dela.

–...me-me ajude... – Disse ela, em meio as gargalhadas. A cena realmente havia sido engraçada, mas somente agora Harry começara a ri.

Ele pegou as mãos estendidas de Gina e a puxou para cima, fazendo com que o corpo dela se chocasse contra o seu, mas nenhum dos dois pareceu se importar. Ali, próximos um ao outro e com Almofadinhas correndo ao seu redor, Harry e Gina somente foram reparar da proximidade entre eles depois que a vontade de ri cessara. Estavam perdidos.

Harry passou um dos braços pela cintura da ruiva, impedindo-a de se afastar. Não havia outra pessoa ali. Não pensava em nada naquele momento. Não olhava para nenhum lugar além daqueles olhos castanhos. Tudo era ela. Podia sentir a respiração dela bater contra o seu pescoço, enquanto seu coração parecia bater 10 vezes mais rápido. Mesmo tendo terra e grama nos cabelos, Gina estava linda.

As mãos dela estavam esparramadas em seu peito, de modo que a ruiva podia sentir o quão rápido ele respirava naquele momento. Seus olhos eram incapazes de desviar daquelas órbitas verdes. Gina nem tentou - como da primeira vez em que se reencontraram - evitar se afundar naqueles olhos. Não havia mais volta. Já estava perdida neles. Sentiu quando ele, cuidadosamente, retirou uma mecha de seus cabelos de seu rosto, colocando-o atrás de sua orelha. Logo depois, ela sentiu aquela mesma mão descer por sua bochecha e se posicionar atrás de seu pescoço. Aquilo a fez se arrepiar.

Harry não pensou nas conseqüências quando encostou seus lábios nos de Gina, muito menos se lembrou de Jean ou que ela tinha um namorado a esperando. Nada mais importava, só a sensação de seus lábios nos dela.

O primeiro beijo foi como um teste. Harry sugou o lábio inferior de Gina lentamente, com medo que ela se afastasse, mas ela não o fez. Se certificando de que ela não rejeitaria, ele se permitiu beijá-la mais demoradamente, provando novamente seu gosto. Canela, exatamente como se lembrava. Mas, antes que ele aprofundasse o beijo, Gina o interrompeu. Acabara tão rápido quanto começara.

Gina empurrou o peito de Harry para longe de si, e arregalou os olhos. O que ele havia feito!? Ela, definitivamente, estava perdida. Virou-se de costa e andou em passos largos de volta A Toca, era realmente uma sorte ninguém tê-los vistos.

Harry correu até ela e a impediu de continuar a andar.

–Precisamos conversar. –Disse ele, com a respiração irregular.

–Vo-você não deveria ter feito isso! – Responde Gina, puxando seu braço com força para longe das mãos dele.

–Não fale como se eu fosse o único culpado!

–Foi você quem me beijou! Você! –Embora estivesse com raiva, ela não gritava. Já bastava o que tinha acontecido, ter a família presenciando sua briga com Harry só pioraria as coisas. – Você estragou tudo!

–Estraguei? –Harry passou as mãos nos cabelos, indignado. Almofadinhas não mais corria em volta deles. –Olha, eu realmente não devia ter te beijado, mas não pude impedir.

–Não seja ridículo. É claro que você podia! E-eu estava tentado ser sua amiga! Mas você estragou tudo! Como acha que a minha família reagiria se alguém tivesse visto o que aconteceu? Eu tenho namorado!

–EU SEI! – Harry gritou, mas voltou a falar baixo logo depois. – Eu sei que você tem uma droga de namorado! Eu sei que você e eu não temos nada... Eu sei que a sua família me mataria se soubessem o que eu acabei de fazer... mas eu não me arrependo!

Gina pensou que explodiria.

–Como se atreve?

–Estou com vontade de te beijar desde o dia em que te vi descendo aquela maldita escada! – As palavras saiam de sua boca sem que ele pudesse segurá-las. – Eu tentei, juro que tentei impedir... mas desde que quase nos beijamos naquela noite eu...

–Não termine! – Ela o interrompeu. – Não quero saber. Só quero que saiba que não temos nada! Eu queria ser sua amiga, mas você acabou de arruinar as chances disso acontecer! Não ouse mais me beijar e não abra a boca pra falar sobre isso pra ninguém! Não arruíne a minha vida mais do que você já arruinou!

Dizendo aquilo, Gina entrou n’A Toca e não olhou para trás, deixando Harry ali, parado e ainda fitando o lugar por onde ela havia sumido de sua vista. Não arruíne a minha vida mais do que você já arruinou! Aquelas palavras não paravam de soar na cabeça dele. Foram claras. Dolorosas.

Havia a havia perdido há 6 anos, quando a deixara partir para Gales. Agora, havia acabado de beijá-la. Era verdade, ele não se arrependera. Fora bom sentir as sensações que só ela o fazia sentir. Fora bom provar novamente do gosto de seus lábios e sentir suas mãos em seu peito. Fora bom tê-la em seus braços novamente. Por mais que as palavras dela o machucassem, ele não se abalaria. Naquele momento, ele havia tido sua Gina de volta, mesmo que depois ela tenha virado as costas para ele. Fora rápido, breve, mas tão especial quanto à primeira vez que carregara Teddy no colo.

Naquele momento Harry soube o que estava sentindo nos últimos dias. Seus sentimentos em relação à Gina estavam claros novamente para si. Já tinha a perdido uma vez, mas não deixaria que isso acontecesse de novo. Ele não desistiria.


XXXXXX


Gina passou pela sala feito um furacão, assustando a todos que ali estavam. Subiu as escadas pisando forte, não se importando de que os degraus sofressem com aquilo. Viviane e Hermione se entreolharam.

– Mérlin, o que será que deu nela? – Indagou Viviane, levantando-se do sofá. Hermione não respondeu, e deixando Carlinhos para trás, foi atrás da ruiva com Viviane ao seu alcance.

– Gina? – Deram duas batidinhas na porta antes de entrar e encontrar a amiga sentada na cama, com a cabeça entre as mãos pousadas em seus joelhos.

Ela estava chorando? Não. Definitivamente não. Hermione e Viviane a conheciam muito bem para saber que não a encontrariam a beira de lágrimas. No entanto, Gina se encontrava tão vermelha quanto seu cabelo.

– O que houve? – Perguntou Viviane, fechando a porta e sentando-se ao lado de Gina.

– Oh, Merlin... – Exclamou Hermione, que estava em pé de frente a janela, da onde podia-se ver um Harry perturbado passando as mãos pelos cabelos ao mesmo tempo em que chutava a grama. Almofadinhas apenas o observava, parecendo confuso.

Não havia necessidade de perguntar algo à Gina. Hermione apenas confirmou o que já suspeitava desde o momento em que vira a ruiva passar por ela na sala.

– O que aconteceu? – Perguntou Viviane novamente, não suportando parecer retardada naquele momento. – Foi o Harry, não foi?

– Ele me beijou! – Disse Gina, bastante claro para que as duas ouvissem. – E... Ele não deveria ter feito isso. Ele não podia!

Viviane trocou olhares com Hermione, como se estivesse pedindo socorro. Ela definitivamente não sabia o que dizer naquele momento.

Apesar de ter chegado apenas em poucos dias, Viviane notou que Harry e Gina se tratavam de um modo diferente, como se eles se evitassem, mas ao mesmo tempo quisessem ter a presença um do outro. Mesmo se ela não soubesse que os dois já haviam tido algo no passado, descobriria facilmente.

– E eu não fiz nada para impedir. – Revelou Gina, levantando o roto, parecendo chateada consigo mesmo. – Eu deveria ter feito alguma coisa. David vai chegar em poucos dias, com que cara eu vou recebê-lo?

– Oh, Gina... Isso realmente não deveria ter acontecido. – Disse Hermione, agachando-se na frente da ruiva, segurando suas mãos.

– Olha só, ruiva. Não adianta ficar assim, se lamentando. – Gina e Hermione olharam para Viviane, incrédulas, parecendo não acreditar no que ela estava dizendo. – O que foi? Já aconteceu! Não há nada que possamos fazer agora. Por Mérlin, parece que somos adolescentes!

– Não é tão fácil assim, Viviane. – Falou Gina, colocando uma mecha de seus cabelos para trás. – Harry me beijou, mesmo sabendo que tenho um namorado, e eu não o impedi! David não merece isso.

– David é um idiota. Ele sempre coloca o trabalho como prioridade, e você sabe disso. Se ele estivesse aqui, nada disso teria acontecido. – Viviane não estava nem um pouco se importando com o olhar reprovador de Hermione.

– Não acho que isso teria mudado alguma coisa. – Hermione falou aquilo mais para si do que para elas. – Viviane tem razão, Gina. Não tem como voltar atrás.

Gina suspirou. Pensou em um vira-tempo, mas de nada adiantaria, e duvidava que Hermione ainda tivesse um.

Encontrar Harry nos próximos dias estava fora de seus planos, mas sabia que não daria certo. Não com ele n’A Toca e, ainda por cima, dormindo no quarto bem ao lado do seu. Mas ela era Gina Weasley. Mostraria que aquele beijo não mexera nem um pouco com ela, mesmo que suas pernas ainda estivessem bambas. E por mais que tivesse ficado com raiva, não deixou de pensar em como o peito dele se movimentava em baixo de suas mãos, e de como seus lábios se moviam tão carinhosamente contra os seus. Harry era perigoso para qualquer mulher. E ainda mais ameaçador para ela.

Riu ao pensar de quando teria um dia normal. É claro que esse dia não chegaria. Estava n’A Toca, afinal.

Não temeria encontrá-lo. Seu orgulho falava mais alto que seu medo de se deixar levar novamente por aqueles olhos verdes.

Hermione e Viviane não ficaram muito tempo no quarto junto com ela. Queria ficar sozinha e organizar os pensamentos, mas só o que vinha em sua mente era ele. Definitivamente, estava perdida.



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Notas finais do capítulo

Heeey, quanto tempo, não? Ficamos trsites, pois de todos os sites em que postamos a fic, esse é o que menos recebemos reviews! Mas, apesar disso, ficamos muuuito gratas com quem deixou um comentário! Isso ajuda bastante!
Comentem, critiquem, recomendem... Não nos deixem sem nada, ok? Vocês não sabem o carinho que temos em escrever a fic, e o quanto amamos isso. Enfim, o próximo capítulo talvez não demore tanto. Um enorme beijo das Gêmeas =)