Após deixar Quinn em casa, Santana seguiu para a sua. Brittany estava sentada no banco do passageiro e o silencio reinava dentro do automóvel até a loira se manifestar.

-Você acha que eu deva fazer o que a Quinn disse? –perguntou Brittany brincando com os dedos da mão que repousavam em seu colo.

-Fazer o que? –perguntou a morena parando em um semáforo e desviando o olhar para a loira.

-Ela disse que eu deveria fazer o teste para líder de torcida, mas eu não tenho certeza de que coseguiria. –disse Brittany parando de brincar com os dedos e olhando para a morena.

-Bom você disse que sabe dançar, certo? Então já é um grande passo. Significa que você é flexível e isso é uma coisa importante para fazer as acrobacias. –respondeu Santana, voltando a pisar no acelerador.

-É você tem razão, mas eu não sei se sou uma boa dançarina. O único público que eu já tive até hoje foram meus pais e meus irmãos. –respondeu Brittany.

-Quando chegarmos em casa você vai dançar para mim. –disse Santana, corando ao perceber como havia dito aquilo de maneira autoritária. –Quer dizer, assim eu vou poder ver suas habilidades. –concluiu rápido.

-Não sei... –disse Brittany.

-Ah que isso, não me diga que você é tímida. –disse Santana, desviando os olhos da estrada por um segundo para olhar para a loira.

-Não sou, apenas, não sei se devo... Meu irmão costumava dizer que eu mudo quando danço. Mas ele nunca disse se é para melhor ou pior. –respondeu Brittany. Santana soltou uma risada abafada.

-Agora você me deixou curiosa. –disse Santana entrando na garagem de sua casa. –Vamos, só uma dançinha. Prometo ser sincera no final, e dizer que mudança é essa que você sofre. –pediu a morena olhando para a loira.

-Ta bom, mas seja totalmente sincera. –disse tirando o cinto de segurança e abrindo a porta.

-Serei! –disse a morena, fazendo o mesmo.

Ao entrarem em casa, encontraram Ian, o irmão mais velho de Santana, sentado no sofá assistindo a um filme.

-Finalmente chegaram. –disse ele. –Mamãe está na cozinha. Provavelmente você levará uma bronca por ter perdido o jantar, Santana. –continuou ele com um sorriso no rosto.

A morena não deu atenção ao irmão, apenas seguiu direto para a cozinha. Ao entrar no cômodo deu de cara com sua mãe que parecia estar indo para o quarto se deitar.

-Porque demoraram tanto? –perguntou Meryl, olhando para a filha que se encaminhara para o bebedouro.

-Esbarramos com Quinn no shopping, e eu dei carona para ela. –disse a morena.

-Fazendo sua prima e você mesma perderem o jantar por causa daquela filha dos Fabray. –respondeu Meryl.

-Mãe, eu já pedi para a senhora parar de implicar com a Quinn. Ela não tem nada a ver com a sua briga com Judy. –respondeu Santana.  A mulher apenas lançou um olhar mortal para a filha e se virou para Brittany, que estava no canto, apenas observando tudo.

-E então Brittany, como foi o passeio? Gostou da cidade? –perguntou Meryl com um sorriso no rosto. Brittany levantou uma sobrancelha, surpresa e assustada pela mudança repentina no olhar de sua tia.

-Foi legal. A cidade parece ser um lugar bem sossegado. –disse retribuindo o sorriso.

-Bom, amanhã vocês poderão descansar o dia inteiro. Já que é o ultimo dia de férias, mas nada de sair e chegar tarde. Teram que ir para a cama cedo, entenderam? –disse olhando, tanto para Santana quanto para Brittany. A loira assentiu, enquanto Santana apenas olhava para sua mãe. Às vezes ela ficava se perguntando, quando que 21h da noite era tarde para um adolescente, e porque de sua mãe lhe tratar feito criança. Mãe e filha ficaram se encarando por mais um tempo até que enfim, Meryl disse, enquanto saia da cozinha.

-Boa Noite garotas.

-Boa Noite, tia Meryl. –respondeu Brittany.

-Boa Noite. –disse Santana ainda com cara de poucos amigos.

Brittany meio que agradeceu internamente por aquela ‘’briga’’ entre Santana e sua mãe, pelo menos assim a morena esqueceria a dança que ela teria que fazer.

-Você ta com fome? –perguntou Santana fazendo Brittany despertar de seus pensamentos.

-Não, aquele sorvete estragou com meu apetite. –disse sorrindo.

-Com o meu também. –respondeu a morena indo em direção a escada. –Vamos, você ainda tem que me provar que sabe dançar. –disse ela, sorrindo ao ver o suspiro que a loira deu.

As meninas subiram para o quarto, deixaram as sacolas em um canto, decidiram que iriam arrumar as coisas quando acordassem. A loira foi em direção a uma pilha de CDs que havia em uma prateleira. Ficou um tempo procurando, não sabia o que deveria escolher, até que finalmente decidiu por uma música da Miley Cyrus, ‘’Who Owns My Heart’’. Virou-se de costas para a latina, que havia se sentado na ponta de sua cama, e apertou o play. Movendo o ombro direito junto com a batida, e quando a menina começou a cantar, ela virou-se e continuou os movimentos com o resto do corpo, acompanhando a letra da musica.

Creation shows me what to do

I'm dancing on the floor with you

And when you touch my hand

I go crazy, yeah

The music tells me what to feel

I like you now

But is it real by the time we say goodnight

I don't know if this is right

Ela movia-se de maneira sensual e aos poucos ia chegando cada vez mais perto de Santana.

And I feel you, coming through my veins.

Am I into you, or is it music to blame?

Who owns my heart?

Is it love or is it art

Cause the way you got your body movin' got me confusin'

And I can't tell if it's the beat or sparks

A morena acompanhava cada movimento que a loira fazia. Ela já poderia pedir para que ela parasse por ali, porque era mais do que óbvio que Brittany tinha talento para dança, mas ela não o fez. Não conseguia, estava hipnotizada.

Who owns my heart?

Is it love or is it art

You know I wanna believe that we're a masterpiece

But sometimes it's hard to tell in the dark

Who owns my heart?

Brittany estava a centímetros de distancia da morena agora, e continuava dançando e cantando.  Santana sentia uma necessidade incontrolável de agarrar a loira. Suas mãos estavam inquietas, subindo e descendo em suas coxas, na esperança de conter seu desejo.

The room is full

But all I see is the way

Your eyes just blaze through me

Like fire in the dark

We're like living art

And it hits me

Like a tidal wave

Are you feeling me?

Or is the music to blame

Brittany se deixava levar pelo ritmo da música, e movia-se com facilidade pelo quarto.

Who owns my heart?

Is it love or is it art

'Cause the way you got your body movin' got me confusin'

And I can't tell if it's the beat or sparks

Who owns my heart?

Is it love or is it art

You know I wanna believe that we're a masterpiece

But sometimes it's hard to tell in the dark

Who owns my heart?

Brittany, ainda de frente para a morena, colocou uma perna ao lado do seu corpo, em cima da cama. Ela estava apenas com um short jeans curto, o que deixava suas pernas, quase que totalmente, expostas. E assim que a próxima parte começou, ela cantou e dançou com mais desejo.

So come on, baby

Keep on provoking me

Keep on rubbing me

Like a rodeo

Baby, pull me close

Come on

Here we go, here we go, here we go!

Ela dançava e rebolava perto do corpo de Santana, e depois começou a provocar a morena ainda mais, passando a mão por seu rosto, tórax e barriga, enquanto cantava. A morena sentiu que não conseguia mais se segurar.  Agarrou Brittany pela cintura tomado do lhe os lábios, não pensou na possibilidade de ser rejeitada, não pensou o que aconteceria depois, não pensou, apenas fez. E para a surpresa de Santana, Brittany não se afastou, pelo contrário, a puxou para mais perto. O beijo se intensificava mais e mais, e as línguas das duas dançavam como se aquela não fosse a primeira vez que se beijavam.

Brittany empurrou de leve Santana para deitar-se na cama, deitando em cima dela. Começou então uma sequência de beijos no pescoço da latina, enquanto a mesma percorria a mão por suas costas. De repente Brittany se dá conta do que estava fazendo, e levanta a cabeça, passando a encarar a morena. Santana ao sentir que os beijos pararam, abriu os olhos, e deparou-se com as íris azuis lhe fitando. Ela pôde ver que eles estavam cheios de desejo e espanto.

Santana não sabia o que fazer, e estava com medo da reação que a loira teria após sair daquele transe de culpa. Ela tomou consciência do que estavam fazendo quando olhou nos olhos da outra, e não se arrependia. Santana era lésbica. Sua mãe –que apesar de demorar a aceitar- sabia, seu pai sabia e seu irmão também.

Ficaram se encarando pelo que pareceu, uma eternidade, até a loira levantar-se com rapidez de cima de Santana. Ela olhou para ela mais uma vez e foi para o banheiro. Santana sentou-se na cama, ela entendera muito bem que tipo de mudança a loira sofria enquanto dançava. Ela ficava provocativa, cheia de desejos. Não carregava um ar de inocência, não era apropriado chama-la de fofa enquanto dançava, o certo seria chama-la de sexy.

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Brittany apoiou as mãos na pia do banheiro e olhou para o espelho a sua frente, ela estava ofegante. Aconteceu o que ela temia, ela estava se sentindo atraída por sua prima. Ela achava aquilo errado. Sempre que alguma de suas amigas na Holanda lhe contava que haviam ficado com um primo, a loira as repreendia, falava que era errado apenas o fato de sentir-se atraído por um parente. E olha só onde ela foi parar.

A loira não queria voltar para o quarto, não queria encarar a morena. Tinha medo do que ela poderia querer falar. Ficou mais alguns minutos ali dentro, apenas esperando que a latina estivesse cansada demais para querer falar qualquer coisa quando ela saísse.

Do outro lado da porta, a latina continuava sentada. Ela queria falar com Brittany, mas decidiu deixar para o dia seguinte. Provavelmente o acontecido causara mais impacto na loira do que nela mesma. ‘’Provavelmente Santana Lopez? Provavelmente?Ela saiu correndo pro banheiro. É claro que causou mais impacto nela do que em você que continuou calma sentada na cama!’’ Disse Santana para si mesma. Ela deitou, talvez se Brittany pensasse que ela estava dormindo poderia sair do banheiro.

Depois de alguns minutos, a latina ouve o ranger da porta. Ela abriu um pouco os olhos, e conseguiu ver Brittany se deitar em sua cama, e se cobrir completamente com a coberta. Ela suspirou baixo, pressentia que não seria fácil conversar com a loira no dia seguinte.