-Droga! Eu queria o papel principal... Não o papel da vilã...

     -Do que está reclamando, Kikyou? - pergunta Sango - O seu papel combina certinho com você!

     -Ora! O que está insinuando?

     -Que você é um pato! Estou falando que você é e continuará sendo um vilã! Hello, baby!

     -Como ousa?!

     -Huaauahuauha!

     -Não sei como tem coragem de rir como uma louca no meio das pessoas. Como você é inferior!

     -REPITA ISSO!

     -Você é inferior, inferior, inferior, inferior.

     -Quer morrer, garota?

     -Vamos ver quem morre primeiro.

     -NINGUÉM VAI MORRER! - vociferou o professor - Ou vocês param agora ou...

     -Desculpe. - disseram ambas.

     -Tudo bem, agora vamos nos esforçar para que esta peça seja um sucesso!

     -Pode ser...

     -Tanto faz...

     -O QUÊ?!

     -SIM, VAMOS NOS ESFORÇAR! - gritaram as duas e depois saíram correndo.

     Ai, ai, Sango só se mete em confusão. Por que eu tinha que pegar o papel principal? Que saco. Pelo menos InuYasha vai ser o príncipe.

     -Kagomeeee~! Vamos almoçar, meu amor.

     -Já estou indo, InuYasha! – corri até ele e peguei sua mão.

     -O que vamos almoçar hoje?

     -Sei lá. Vamos roubar alguma coisa da cantina.

     -INUYASHA!

     -Brincadeira. Eu pago seu almoço.

     -Namorado dedicado, né?

     -Claro.

     [...]

     -Bem feito para ela.

     -Sango, deixe-a em paz. Não está fazendo nada.

     -Kagome, eu nunca te contei mas, eu tenho poderes de V-I-D-E-N-T-A.

     -Videnta?

     -Sim, isso mesmo. Eu tenho poderes de videntA.

     -Sango! Falei para você não beber antes de vir para a escola!

     -Eu não bebi, Kagome.

     -Ui! Ficou irritadinha, miga?

     -É melhor você parar.

     -Ok, ok. Eu paro.

     -Mas, Sango?

     -O que foi?

     -Já percebeu que a Branca de Neve tem cabelos curtos?

     -Não.

     -...

     -...

     -ENTÃO PERCEBA LOGO, SUA ANTA!

     -O que faremos agora?

     -Eu vou saber?

     -Claro. Hum, Kagome?

     -O QUE É?

     -Vamos para um lugar depois da escola?

     -Por quê?

     -Porque eu preciso fazer umas compras.

     -Ok, ok.

     -Hu, hu, hu.

     Tudo bem. A Sango é meio estranha desde criança, mas essa me assustou. Ah, tanto faz.

     [...]

     -InuYasha, pode ir.

     -Hum? Por quê? Vai para algum lugar?

     -Vou. Com a Sango. Ela disse que ia fazer umas compras e me chamou.

     -Hum... Tem dinheiro?

     -Tenho sim. Não se preocupe. – beijei de leve seus lábios e sai – Tchau~

     -Tchau.

     [...]

     -VOCÊ DISSE QUE QUERIA FAZER COMPRAS! COMPRAS NÃO TEM NADA A VER COM ISSO!

     -Eu menti. Hu, hu, hu.

     -SANGO! SE VOCÊ PENSA NA NOSSA AMIZADE, É MELHOR ME SOLTAR!

     -Posso sobreviver sem ela. Ora, Kagome! É só uma cortadinha! Não vai nem fazer diferença!

     -CLARO QUE VAI!

     -Tanto faz. Pode cortar, Pierre.

     Não! Meu lindo cabelo... Tudo culpa da Sango! Ela me arrastou até o shopping, entrou em uma loja estranha, me fez sentar em uma cadeira e de repente, dois caras grandões apareceram e me amarraram na cadeira. Então, um cara magro feito uma lombriga aparece dizendo que cortará meu cabelo.

     A vida não pode ser mais injusta. Ver meu cabelo, que demorou anos para crescer, caindo aos poucos no piso branco e frio dessa saleta... Pior que beijar um NERD.

     -Obrigado, Pierre.

     -Por nada, senhorita. Venha mais vezes. Adorarei cortar seu cabelo também.

     -Claro, claro.

     -Até mais!

     -Não faça essa carinha, Kagome. Você está linda.

     -Claro, claro. – disse imitando-a.

     -Kagome, o que foi? Seu cabelo vai crescer novamente.

     -Até lá, eles estarão grisalhos!

     -Não exagere. Cinco anos no máximo.

     -Não posso esperar cinco anos para tê-lo novamente.

     -Fiuu, fiuu! – assobiou um garoto de cabelo castanho -  Vem pro meu castelo, princesa!

     -Sango – sussurrei – Ele está falando conosco?

     -Não. Está falando com você.

     -Comigo? InuYasha vai matá-lo.

     -Minha querida amiga lerda e problemática, você ainda não percebeu? Você é linda.

     Senti minhas bochechas arderem. Estava corada, e bem, não é pra menos, não é? A maioria dos garotos nos olhava de boca aberta, babando.

     [...]

     -Meu Deus! - foi a única coisa que InuYasha disse quando me viu.

     -Você... Não gostou, InuYasha?

     -Não! Claro que não. Quero dizer, você está linda Kagome! Magnífica, estupenda, maravilhosa. Uma gata!

     -Er... Obrigado. – corei.

     -Está muito gostosa, Kagome. – disse Miroku.

     -Obrigado.

     -O QUE FOI QUE VOCÊ DISSE?! – gritaram InuYasha e Sango ao mesmo tempo.

     -Nada! Hehehe!

     -Hunf. – os dois de novo.

     [...]

     -Você está muito linda, Ka-chan!

     Ok, eu acho que com esse, já foram uns 958 elogios? A escola toda reparou no meu cabelo. Por que será? Vai ver, é porque Sango mandou o Senhor Lombriga cortar mais da metade, e agora, está um pouco acima da altura dos meus ombros.

     Mas, voltando à realidade... Os ensaios estão indo e indo e indo. Nunca vindo. Pelo menos, Kikyou não brigou nem disse nada sarcástico para mim, nem para Sango, que alega “Ela ficou com medo dos meus poderes de videnta. Por isso parou de nos atazanar.”, mas eu acho que não foi bem isso que aconteceu.

    [...]

     Era o dia da apresentação, faltava umas seis ou sete horas, mas todos já estavam desesperados. As fantasias ainda não tinham chegado, o cenário ainda não estava pronto e a coordenadora-chefa da peça sumiu. Eu estava pintando a pedra. Há, há, há. Seria a pedra mais linda de todo o mundo. Estava tão concentrada, mas então...

     -Kagome, você soube o que aconteceu? – perguntou Eris, com a voz rouca.

     -Não. O que aconteceu? - disse, preocupada.

     -O pai da Kikyou sofreu um acidente e faleceu há pouco.

     -O-O que? – o pai de quem?

     -Kikyou sumiu. Nem sua mãe nem ninguém sabem onde ela está.

     -Meu Deus! Temos que cancelar a peça. Kikyou era a madrasta invejosa da Branca de Neve, sem ela, não temos como fazer a peça!

     -Não podemos cancelar.

     -O dinheiro arrecadado com a venda dos ingressos, é para pagar a dívida que a escola tem. Se não apresentarmos, a escola será vendida.

     -Eu vou procurar Kikyou. - isso é horrível, mas se for pelo bem da escola...

     Entenderei perfeitamente se ela não quiser se apresentar. Além disso, podemos arrumar uma substituta. Mas, se ela quiser fazer...

     -Não seja fraca. Você nunca desistiu.

     -Sempre há uma primeira vez para tudo, Naraku.

     -Kikyou, não seja idiota.

     -Eu? Idiota? Só percebeu agora?

     -Ora, Kikyou! Pelo amor de Deus!

     -O QUE QUER QUE EU FAÇA?

     -Que vá lá e se apresente.

     -Mas...

      -Mas nada. Seu pai, ele sempre te apoiou, sempre foi a todas as suas peças. E é assim que você faz? Só porque ele não vai estar sentado na platéia, não quer dizer que ele não estará te vendo. Ele sempre estará com você. -  disse ele – Bem aqui. -  e apontou para o coração de Kikyou.

     -Por isso, não fique choramingando e vá fazer o que você deve fazer. Entendeu?

     -Entendi. – então Naraku a abraçou.

     Kikyou... Se eu estivesse em seu lugar, ainda estaria chorando.

     [...]

     A peça foi um sucesso. E Kikyou estava muito bem. Que bom que tudo terminou bem.

     Estava no carro com InuYasha, íamos para sua casa agora. Mas então, de repente, um carro apareceu. InuYasha tirou o cinto e ficou sobre mim. Será que esse seria nosso fim?