A bruxa sempre perde ou morre nas histórias. Por que será? Ah, quem liga? O importante é que o mocinho fique com a mocinha e tudo acabe com um final feliz, certo? Mas, a bruxa vai sofrer e se machucar. Ela não queria fazer mal à mocinha, ela só queria ser amada pelo mocinho e ser feliz. Só isso.

     E no meu caso, eu sou a bruxa. E Kagome a mocinha. Amo InuYasha desde a minha infância, mas ele nunca olhou para mim. E agora, parece ter encontrado a felicidade junto à Kagome.

     Em triângulos amorosos, alguém sempre perde, e essa pessoa sou eu. Nunca poderei ganhar de Kagome, porque o amor entre os dois, é algo perfeito, as brigas, mágoas, são só pedrinhas em seu caminho e meu amor não é nada.

     Será que algum dia, eu vou conseguir ser amada como ela é? Tenho tanta inveja de Kagome... Não por ela ter InuYasha, mas por ela ser feliz, diferente de mim.

     -Hey, Kikyou! O que está fazendo? Pensando no cachorro novamente?

     -E se eu estiver?

     -Argh, que mau humor é esse?

     -Vá cuidar de sua vida, Naraku!

     -Ha ha ha!

     Esse idiota. Por que não me deixa em paz com a minha melancolia? Naraku é o ganharão da escola. Já ficou com mais da metade das garotas da escola. Mas terminou com todas, e quando perguntam o por que, ele diz “Achei que te amava, mas percebi que você não é boa o suficiente...”, sempre frio e grosso.

      No fim, ele vai acabar sozinho. Ficar escolhendo, escolhendo. Que imbecil. Fui para o salão principal da escola direto ao mural. Sango, aquela songa monga acéfala, pendurou a escalação para a próxima peça, que será “A Pequena Sereia”. Eu queria ser a protagonista, mas InuYasha não está na escola... Tudo culpa daquela papa-anjos desdentada e sem volume da Kagome. Deve tê-lo seqüestrado.

     Aaaaaah, mas, isso não importa... Deixe-me ver a lista...

     A Pequena Sereia

     Pequena Sereia – Kikyou Yamamoto

     Príncipe – Naraku Shouji

     Bruxa – Nami Kawagura

     ...

     O quê? Eu vou ser a protagonista? NÃO! EU NÃO QUERO! PRINCIPALMENTE PORQUE O NARAKU SERÁ O PRÍNCIPE! NÃO QUER...

     -Kikyou!

     -Hã? Ah, Kagura, é você?

     -Não, é o Michael Jackson mulher! É claro que sim! Mas, deixando isso de lado, eu tenho que te contar uma coisa!

     -O que é?

     -InuYasha sofreu um acidente, por isso não estava vindo à escola. Só fiquei sabendo disso agora e... – o que?

     -Onde ele esta?

     -No hospital particular de Tókio.

     -Eu vou para lá.

     -Espere Kikyou...

     [...]

     -Com licença – disse à enfermeira – Onde é o quarto do senhor InuYasha Taisho?

     -Hum... InuYasha Taisho... Quarto número 54. Não se preocupe, ele está bem. A namorada dele, a senhorita Higurashi, mesmo também se machucado no acidente, não saiu do lado dele, e até cuida melhor que nós.

     O quê? Kagome estava junto? Ela também se machucou?

     Cheguei ao quarto. A porta estava meio aberta e não havia ninguém no corredor. O que eu deveria fazer? Se o que a enfermeira disse for verdade, Kagome deve estar com ele. Eu não posso entrar lá se ela estiver com ele. É melhor eu checar...

     Fui silenciosamente até a porta, e colei contra a parede. De onde eu estava, eles não poderiam me ver, então eu virei meu rosto para a porta, e vi. Estava dormindo tranquilamente, as ataduras ainda manchadas de sangue, deviam estar doendo muito, mas mesmo assim, ele sorria, estava calmo.

     Tudo isso, porque ela estava com ele. Sim, Kagome estava com ele. Sua face, que antes era perfeita, tinha hematomas, cortes e algumas ataduras. Ela estava acordada, olhando fixamente para o rosto adormecido e calmo de InuYasha. Segurava com força sua mão, além de acariciar seu rosto levemente com a costa de sua mão.

     Eu não consigo nem chegar aos pés da Kagome.

     -InuYasha? – sussurrou Kagome quando os olhos dele começaram a tremer – Eu estou aqui, por isso, abra os olhos.

     E ele abriu sem falta, seus olhos, mostrando os belos orbes âmbares. Foi aí que me toquei. Nunca amaria InuYasha como Kagome, e nunca seria amada por ele.

     -O que... O que aconteceu?

     -Nós batemos contra aquele carro quando estávamos voltando da peça, lembra?

     -Seu rosto... Você está bem? – gritou ele. A preocupação era evidente, seus olhos estavam abertos e as sobrancelhas curvadas.

     -Fique calmo, InuYasha. Foram só alguns cortes, nada mais. Cuidado. Seus machucados vão abrir...

     -Desculpe-me, Kagome. Foi tudo culpa minha. Eu devia ter pedido ao Seshomaru que fosse...

     -Shh. Não foi culpa sua, InuYasha. Poderia ter acontecido com qualquer um.

     -Me perdoa mesmo?

     -Claro. Mas...

     -Mas?

     -Mas só se você me beijar.

     -Hu hu. Só isso?

     -Não seja tarado InuYasha! Além do mais nós estamos em um hospital...

     Saí dali e me sentei em uma cadeira na recepção do hospital. A enfermeira foi muito gentil e me disse que poderia ficar o tempo que quisesse. Achei que entraria em uma profunda depressão, mas estava bem. Não me sentia mal, não faltava “nada” em mim. Acho que me senti assim, pois já me acostumara com a idéia de que nunca ficaria com InuYasha há tempos.

     -Kikyou?

     -Hã? – me virei.

     -O que está fazendo aqui? Quebrou a unha?

     -Não seja idiota, Naraku.

     -Huhu.

     -Deixe-me sozinha. Acabei de ter uma desilusão amorosa.

     -Hã? Como assim?

     -Não é nada.

     -Espere aqui, sim?

     -Por...

     Ele já foi... Será que eu devo esperar? Se ele voltar e eu não estiver mais aqui, ele ficará chateado comigo... É melhor eu esperar.

     [...]

     -Kikyou!

     -Ah, oi Kagura!

     -É verdade o que me contaram?

     -O que?

     -Que você e o Naraku estavam no hospital juntos?

     -Bem, eu fui ver o InuYasha, e encontrei o Naraku porque o pai dele trabalha lá...

     -Mas... A Miki disse que vocês tiveram um encontro! ! 

     -Nós só tomamos chá...

     -Mas isso conta! E fala sério! InuYasha já era! Naraku é o próximo! Você ta caidinha!

     -Claro que não!

     -Claro que sim!

     -Vou embora.

     -ESPERAAAA!

     [...]

     -Ok, então, Kikyou, esta é a parte mais importante. O beijo do casamento.

     -Hum...

     -Não é um beijo de novela, sabe? Não precisa tocar as línguas, nem precisa de nada disso.

     -Não precisa disso!

     -Sim, precisa.

     -Então um beijo na bochecha ou sei lá.

     -Na bochecha parece que vocês não se amam, então não. E dá pra se beijarem logo?!

     -Grrr!

     -Relaxa Kikyou. – disse Naraku – Eu sei que você está doidinha para me beijar.

     -Cala boca e vamos logo com isso!

    Naraku abraçou-me com seus braços longos e musculosos. Passou os braços pela minha cintura e sorriu. Aproximou a face lentamente da minha e encostou os lábios frios nos meus. Eu gemi. Ele sorria maliciosamente enquanto abria com sua língua os meus lábios. Eu já não agüentava mais, então cedi. Só senti a língua dele explorando a minha boca, o resto derreteu junto com a respiração de Naraku.

     [...]

     -Kikyou? Amiga!

     -Hã?

     -Está pensando em que?

     -Nada importante...

     -Sei... É no seu amado Naraku!

     -Claro que não!

     -Não minta!

     -Você é tão patética, Miki...

     -Hey, Miki!

     -Hã? Na-Naraku?

     -Você poderia me deixar sozinho com Kikyou?

     -Cla-Claro! – disse ela enquanto se distanciava, mas sussurrou um – Boa sorte.

     -Hey, Kikyou!

     -O que você quer?

     -Não estava tão agressiva ontem, enquanto eu te beijava...

     -...

     Senti meu rosto arder, droga, estava corada. Desviei o olhar e fitei uma árvore. Tão linda, nunca vira uma árvore tão verde e marrom na minha vida!

     -Eu te amo. – senti o hálito fresco de Naraku em meu pescoço.

     Os pêlos da minha nuca eriçaram, senti uma vertigem e suspirei. Seus lábios roçaram na linha do meu maxilar, beijando fervorosamente, seguindo sua direção, até alcançar meus lábios.

     O gosto doce que provinha de sua boca era viciante, assim como uma droga.

    [...]

    -Mas... Eu não quero ir.

     -Ora, Kikyou! Venha logo! Está linda. – o que? Sango disse que estou linda? Eu sei que já nasci linda e...

     -PARE DE SE AUTOGLORIFICAR E VENHA LOGO!

     -Ok,ok.

    Sai de trás das cortinas e fui para o canto direito do palco. Sentia os olhares sobre mim, olhando para o meu corpo. E para minha fantasia de sereia. Acho que aquela fantasia foi usada por alguma artista para fazer uma seção para uma revista pornô e tals, mas tudo bem.

     A maior parte dos meus seios estava à mostra e a cauda era quase transparente.

     -Nossa... – disse Rihito, um garoto mais novo que eu.

     As coisas só estavam começando a piorar...

     [...] Dia da apresentação. . .

     A apresentação iria começar, eu estava super nervosa. Se eu errasse, a peça estaria perdida. Não quero mais ser a protagonista.

     [...] 17min e 23seg depois...

     Era a parte do casamento entre a Pequena Sereia e seu Príncipe... O vestido que eu vestia era lindo, e Naraku também estava lindo em seu smoking. De repente, uma felicidade inesperada adentrou meu coração. Aquele momento, aquela pessoa, aquela situação... Será que dessa vez, a bruxa se daria bem?

     (   )Sim, Kikyou viveu feliz para sempre com Naraku, sem nunca mais olhar para InuYasha, que se recuperou e vive feliz com Kagome.

     (   )Não, Kikyou foi traída por Naraku, que estava com uma quarentona milionária, então entrou em depressão e engordou até ficar com 98.5kg. InuYasha se recuperou e vive feliz com Kagome.

     (   )Outro. Explique.