-Estimados alunos do clube de teatro, a fama de suas peças chegou aos ouvidos de várias outras escolas. Por isso, eu tomei a liberdade de marcar mais uma apresentação. Um famoso crítico de peças escolar estará lá, e por informações de meus contatos, descobrimos que ele tem uma peça favorita. E sendo assim, apresentaremos essa mesma peça que é “Bambi”.

 

     [...]

 

     -Sentem-se logo! Sango começará a informar seus papéis!

 

     -Já estamos sentados! Feh!

 

     -InuYasha, que mau humor é esse?

 

     -Ah, Kagome. Já estou até vendo. “E o papel principal, que é o papel do Bambi será de InuYasha Taisho e blá blá blá...”.

 

     -Está imitando Sango, amor? Não seja tolo, depois de você ter quase matado Miroku, tenho certeza de que eles não terão coragem de colocá-lo no papel principal.

 

     -Vendo por este lado, tem razão... Mas se estiver errada, você terá de me recompensar depois.

 

     -E se eu estiver certa?

 

     -Você terá de me recompensar do mesmo jeito. – Eu te amo Kagome...

 

     -Eternamente. – ela sorriu para mim e eu beijei-a.

 

     -OU, VAMOS PARAR COM O AGARRAMENTO AÍ, INUYASHA E KAGOME?! – gritou Sango do palco pelo microfone.

 

     -Desculpa Sango-chan!

 

     -Bem, agora vou começar a informar os papéis... E o papel principal, que é o papel do Bambi... – está acontecendo como na minha imitação. – será de Kouga e...

 

     -YES! EU NÃO VOU SER O GAY DA PEÇA!

 

     -InuYasha... O que está fazendo?

 

     -Você tinha razão! Eu não vou ser o Bambi! O Kouga é o cara certo pra fazer isso, já que ele é gay e eu não! Viva! Viva o Tiozinho-do-Coco-Ralado!

 

     -Quem é esse cara? - Kagome me olhava boquiaberta.

 

     -Ah, é que outro dia eu estava andando por aí. E precisava descontar minha raiva em alguma coisa e quebrei a barraquinha do Tiozinho-do-Coco-Ralad...

 

     -SENTE-SE AÍ, INUYASHA! NÃO SE ANIME! VOCÊ SERÁ O PRÍNCIPE DOS VEADOS!

 

     -Pri-Príncipe? Dos... Veados?

 

     -ISSO MESMO! E A KAGOME VAI SER A COELHINHA! AGORA TODO MUNDO SENTA E ROLA! MUAHAHAHAHA!

 

     -Inu... Amor, você está bem? Está um pouco pálido...

 

     -Eu... Não posso ser o Príncipe dos Veados... Eu não sou um veado.

 

     -Claro que você não é. Então fica calmo, está tudo bem. - não está nada bem. - Vem aqui.

 

     Ela estava de braços abertos, esperando que eu a abraçasse. Sorria doce e ingenuamente. Ela é tão fofa, tão angelical... Eu quero afundar meu rosto em seus seios.

 

     -Miroku, você será a mãe do Bambi. - hã? Miroku vai ser a mãe do Bambi? Ha ha ha!

 

     -InuYasha, é impressão minha ou você está aproveitando para ficar encostado nos meus seios?

 

     -É só impressão sua. Faz carinho em mim, Kagome?

 

     -Hã?

 

     -Eu estou carente. Você me deixa eu te beijar?

 

     -Você sabe que eu não vou dizer não...

 

     Ela corou. Minha namorada é uma gracinha, não? E o seu beijo é mágico.

 

     [...]

 

     -Venha logo, Kagome. Não tenha vergonha! Você está uma gracinha!

 

     -Mas Sango... Acho isso um pouco indecente...

 

     -Que nada! Vê está muito apresentável! Vem logo!

 

     Do que Sango está falando? E por que Kagome não aparece logo? O que a Sango está tramando?

 

     -HEY, ELA NÃO ESTÁ UMA GRACINHA?

 

     Kagome que estava atrás das cortinas, andou a passos lentos até onde Sango se encontrava, no meio do palco. Não acredito no que acabo de ver. Devo estar com a boca escancarada, mas não me importo.

 

     Sango é uma idiota. Por que fez Kagome se vestir assim? Não está vendo em seu rosto o constrangimento? E esses garotos daqui... QUE RAIVA! PAREM DE ASSOVIAR PARA ELA! ELA É MINHA!

 

     -Kagome...

 

     Ela está constrangida demais. Não está nem se movendo. Eu preciso salvá-la. Não posso deixá-la ali. Corri o máximo que pude e peguei-a nos braços. Por causa da minha velocidade de hanyou, tenho certeza de que ninguém viu o que aconteceu.

 

     -InuYasha?

 

     -Sou eu sim. Vou te tirar daqui.

 

     Ela se agarrou em mim e afundou seu rosto em meu peito. Começou a chorar silenciosamente, então parei quando chegamos ao telhado da escola.

 

     -Não precisa chorar, Kagome. E, aliás, você está uma gracinha.

 

     -Não diga issoo~.

 

     -Mas é verdade...

 

     -Eu aqui chorando desesperada pensando que você me odiaria por aparecer desse jeito na frente de todos e você me diz que estou uma gracinha?

 

     -Não posso evitar... –eu sou hanyou, mas também tenho meu lado de homem...

 

     Além disso, ela está vestida de coelhinha... Mas não é qualquer fantasia de R$ 1,99, é um vestido branco tomara-que-caia justo e colado com um decote em V (?) um pouco arredondado e com um laço rosa no lado direito. Tinha até rabinho de algodão... E Kagome estava com uma tiara de orelhas de coelho. E sandálias brancas para combinar com o resto. Estava uma gracinha e sexy. Se estivéssemos em um quarto sozinhos e ela vestida daquele jeito adoraria ser o caçador malvado com a arma potente...

 

     -InuYasha... No que estava pensando?! Em nada indecente, certo?

 

     -O que? Ah, claro que não! – sorri para ela com a maior inocência do mundo.

 

     -Então tá, mas o que faremos agora?

 

     -Vamos para minha casa. Devem ter algumas roupas suas lá.

 

     [...]

 

     -Desculpe-me Kagome. É que você estava tão fofa e meus impulsos falam mais alto...

 

     -Não se preocupe Sango.

 

     -Mas o que me preocupa é que o orçamento da escola é baixo, então não sei como vamos comprar outra fantasia de coelho para você.

 

     -Eu conversei com InuYasha e ele me disse que tudo bem se diminuímos o decote e aumentarmos a altura do vestido.

 

     -Verdade? Que bom! Então vou pedir para a Eri-chan modificar o vestido!

 

     -Ok.

 

     -Er... Kagome, eu tenho um favor para te pedir. É em relação ao InuYasha...

 

     [...] (N/A: Na verdade, cinco minutos depois...)

 

     -NUNCA! VOCÊ QUER QUE EU ME HUMILHE DESTE JEITO?! – gritei. Isso é um absurdo!

 

     -ISSO É VERDADE! SANGO-CHAN, EU SOU SEU NAMORADO E TAL, MAS EU ESTOU DO LADO DO INUYASHA!

 

     -EU TAMBÉM! ONDE NOSSA DIGNIDADE VAI PARAR SE FIZERMOS ISSO?! – vociferou Kouga, mas até parece que ele tem alguma dignidade. Gay.

 

      -Miroku, eu sei que você é meu namorado. Mas se você não colocar esses chifres de cervo e ficar de quatro como um cervo normal, eu não serei mais sua namorada.

 

     -Sango-chan, você não acha que partir para a chantagem já não é um pouco demais?

 

     -Claro que não, Kagome. Como serei eu quem dirigirá esta peça, se ela sair ruim, ou o crítico não gostar, a culpa recairá totalmente sobre mim!

 

     -Então isso é um ato de pura auto-proteção?

 

     -Isso mesmo.

 

     -Sango... VOCÊ DEVE ESTAR DE BRINCADEIRA, CERTO? VOCÊ VAI NOS FAZER PAGAR UM MICO QUE MARCARÁ A NOSSA VIDA SÓ PORQUE NÃO QUER OUVIR A DIRETORAZINHA DAR UM SERMÃO EM VOCÊ?! – gritei mostrando toda a minha raiva.

 

     -Sango, meu amor, eu também acho que você não deveria fazer isso. – apoiou Miroku com uma voz suave e calma.

 

     -OLHA AQUI, EU SOU HOMEM! KOUGA NÃO VAI FICAR DE QUATRO NEM COM CHIFRE NA CABEÇA!

 

     -... – Sango ficou em silêncio. Deve estar cedendo. É só falar mais um pouco e...

 

     -Sango?

 

     -VOCÊS DEVEM ESTAR BRINCANDO COMIGO!? SE NÃO QUEREM QUE EU OS CASTRE AGORA MESMO, É MELHOR VOCÊS FICAREM DE QUATRO E COLOCAR ESSE CHIFRES, SEUS IDIOTAS ORGULHOSOS E REPRODUTORES! – que medo da Sango.

 

     -Eu vou desmaiar... – sussurrou Miroku antes de cair de cara no chão.

 

     Kouga estava tremendo de medo. Acho que a voz assustadora de Sango deixou-o com muito medo... Ou será que foi o leão que apareceu atrás dela? Ou então foi quando os olhos de Sango se tornaram vermelhos...

 

     -Kouga e InuYasha – começou Sango - se vocês não ficarem de quatro agora, eu vou tirar de vocês com uma só mão os seus preciosos “filhotinhos”.

 

     Fizemos o que ela mandou sem nem respirar, nem um único som foi produzido. Ela sorriu e saiu do palco. Foi um dia bem longo e de muitas traumatizações.

 

     [...]

 

     As duas semanas que tínhamos passaram muito rápido. Os treinos acabavam cedo, pois, já que tínhamos muito medo da Sango, não reclamávamos, não chegávamos atrasados, não brigávamos, não respirávamos...

 

     O dia chegou, era de manhã e teria um almoço para conhecermos o famoso crítico de peças escolares. Estávamos sentados na mesa de seis eu, Kagome, Sango, Miroku, Kouga e Ayame quando a diretora começou a falar com aquela voz de prostituta rouca com problemas na garganta para aplaudirmos o tal do crítico.

 

     Foi melhor que o show do Michael Jackson, mesmo eu nunca tendo visto ao show dele. Fumaças de gelo seco, luzes de milhares de cores, dançarinas seminuas, banda marcial e cantoras estavam presentes.

 

     -...e aqui está o senhor I’mgay Loveman!

 

     Depois de ter ouvido esse nome, eu cuspi todo o refrigerante que estava em minha boca no Kouga. Ele não ficou bravo, estava ocupado demais tentando respirar entre as risadas de louco que dava, assim como todos os outros garotos presentes. Algumas garotas também riam feito loucas, mas a maioria tentava segurar, porém, foi por pouco tempo.

 

     A fumaça se dissipou e finalmente vimos o tal de I’mgay. O silêncio tomou a sala, nem um mínimo ruído foi produzido nem ouvido, estávamos chocados demais. O tal de I’mgay não tinha nada de similar com seu nome, era o contrário. Um homem moreno, alto, com uns músculos maiores do que a cintura da Kagome, careca, com umas sobrancelhas grossas e expressivas, e uma cara de “pode vir, eu mato todos”.

 

     O almoço foi silencioso, tirando as risadas estrondosas e sonoras do I’mgay. Foi mais uma tarde traumática na minha vida e na de todos os outros.

 

     [...]

 

     A peça foi feita. Minha mãe tirou várias fotos minhas e da Kagome. A crítica seria posta no jornal no dia seguinte. E foi a seguinte:

 

     “A peça da escola Sakurairo foi bem feita e me surpreendeu. O figurino estava ótimo, e na minha opinião, a fantasia de coelho era a melhor. Os papéis do Bambi e do Príncipe dos Veados não poderiam ter sido de outros alunos. Esta foi uma das melhores versões de Bambi que eu já vi em todos esses anos.”

 

     Ele gostou da Kagome... Mas ela é só minha. Não é?

 

     -Kagome, não se esqueça de que você tem que me recompensar.

 

     -Eu sei Inu. Onde você quer ser recompensado? Opção 1 – no cemitério. Opção 2 – numa floresta. Opção 3 – na praça. Qual vai querer?

 

     -Numa floresta. Mas você tem que ser a coelhinha, tá bom?

 

     -Só se você for o meu caçador.

 

     -Tudo bem.

 

     Huhu, eu sou um caçador malvado. Eu vou comer coelho hoje à noite.