Sparks Fly escrita por Nathália


Capítulo 3
Capítulo 02 - Perfume.




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– Precisamos conversar com você. – Escutei a voz dura de Charlie – meu pai – e logo em seguida e porta sendo fechada com força. A cara dos dois não era nem um pouco boa e com certeza essa não seria uma conversa calma.

Capítulo 02 – Perfume.

Quanta intensidade cabe num ser de pouco mais de um metro e meio? Quanta dor pode caber em um coração que mal cabe na palma da mão? Quanta solidão cabe em uma alma que só implora por amor? Quantas vezes posso morrer em uma noite e ainda assim acordar na manhã seguinte? Quantas pilhas de cartas serão necessárias para que alguém note que tudo que eu escrevo trata-se sobre não ter você e só ter esse incansável vazio? Quantas perguntas redondamente retóricas terei que fazer para que você perceba que cada passo nesse mar de escuridão é na procura por uma misera faísca de luz, toda caminhada é uma busca incessante por você. - Hélida Carvalho.

* * * 

Olhei para os dois por alguns segundos e balancei a cabeça negativamente. Não queria conversar com eles agora, e não iria. Por mais que ainda não soubesse o assunto tinha certeza que íamos acabar discutindo, era sempre assim. Tinha tido uma manhã estressante na escola e tudo o que eu queria nesse momento era comer, dormir e só acordar no dia seguinte. Meus pais não entenderiam como sempreentão nem perderia meu tempo tentando explicar.

Peguei meu tênis e minha bolsa que estavam jogados ao lado do sofá e subi as escadas, não demorou muito e já escutei os protestos deles no andar de baixo. Entrei em meu quarto e percebi que estava a mesma bagunça de antes minha mãe provavelmente tinha proibido Judith de arrumá-lo. Coloquei minhas coisas de qualquer jeito no chão e joguei-me na cama. Só iria comer quando eles voltassem para o trabalho, porque de qualquer forma até o apetite eu tinha perdido.

Melanie! Abra essa porta agora, nós temos que conversar com você sua mal educada! Minha mãe disse gritando e batendo na porta do quarto escandalosamente, revirei os olhos e afundei meu rosto no travesseiro.

Mel, por favor, só temos uma coisa para te contar. Dessa vez meu pai disse com a voz mais contida tentando me convencer. Eles realmente não me conheciam.

Não estou me sentindo muito bem, de noite nós conversamos. – Eles tentaram argumentar por mais um tempo, mas depois desistiram.

Fechei meus olhos tentando me desligar do mundo por pelo menos algumas horas, mas aquilo andava sendo impossível ultimamente. Todas as lembranças que tinha dos momentos que passei com Justin estavam vindo à tona, eu mal podia fechar meus olhos que seu sorriso aparecia na minha frente e quando achava que nada podia piorar conseguia me lembrar perfeitamente do cheiro do seu perfume. Qualquer pessoa sã que me escutasse falando aquilo diria que eu estava ficando louca, e talvez eu realmente estivesse.

[...]

"O que está fazendo aqui sozinha?" Escutei sua voz atrás de mim e em seguida uma lufada de ar passou no local trazendo o cheiro inebriante de Justin para perto de mim.

"Nada, só não queria ir para casa, ainda está cedo." Disse indiferente e continuei a olhar para o céu. Era noite de lua cheia e eu não ia ficar em casa, trancada no meu quarto enquanto podia ficar aqui.

"São onze horas da noite, claro que já está tarde! Sua mãe está louca atrás de você e além do mais ficar aqui no píer de noite não é muito seguro." Qualquer um que escutasse ele falando comigo daquele jeito acharia que ele fosse meu irmão mais velho, ou alguém da minha família. O que não seria errado, afinal, até pouco tempo atrás eu o considerava como um irmão mais velho mesmo.

"Tudo bem papai, agora sente aqui comigo e cale a boca." Disse batendo no espaço que tinha ao meu lado e Justin bufou.

"Você é muito teimosa e irritante às vezes." Lamentou se sentando e apenas ri dizendo que aquilo não tinha como negar.

"Fiquei sabendo que vai passar duas semanas na casa dos seus avôs no Canadá." Falei meio desapontada sem desviar o olhar do céu e ele suspirou.

"É, era sobre isso que queria conversar com você. Sei que já tínhamos combinados de ir acampar juntos nesse verão, mas você sabe como minha mãe é ela sempre acaba decidindo as coisas de última hora. Mas quando eu voltar nós podemos ir ainda, se você quiser, é claro." Disse e sorri, por mais idiota que Justin fosse as vezes ele sempre fazia tudo para me ver feliz.

"Tudo bem Justin, eu entendo." Apoiei minha cabeça em seu ombro e ele envolveu minha cintura com seus braços. "Vou sentir sua falta, seu babaca." Disse rindo e ele gargalhou enquanto passava a mão nos meus cabelos e os enrolavas nas pontas, teria muito trabalho quando chegasse em cassa para desfazer os nós que provavelmente ficariam isso se ele já não estivesse fazendo de proposito.

"Eu também vou, sua peste." Parou de rir aos poucos e encostou sua cabeça na minha enquanto suspirava lentamente tentando recuperar o fôlego por causa da risada. "Quando minha ausência doer muito, olhe para o céu e eu estarei lá, na estrela mais brilhante, brilhando por você."

[...]

Minhas lágrimas já caiam sem controle nenhum molhando todo meu travesseiro, quando eu disse que já não era mais aquela garotinha bobinha apaixonada e que tinha aprendido a lutar contra os meus sentimentos, não era mentira, mas Justin era uma exceção. Ele provavelmente nem lembrava mais da minha existência, afinal, quando meus pais pediram para ele se afastar de mim ele nem se quer pensou duas vezes antes de aceitar. E eu continuava aqui, chorando por uma pessoa que nem com a própria vida se importava mais.

Depois que meus pais foram embora Judith fez questão de trazer meu almoço até o quarto, ela estava preocupada comigo por ter dito que não estava muito bem, mas mesmo assim me repreendeu por ter agido com meus pais daquela forma. Depois de comer me joguei na cama novamente e só sai dela por volta das sete horas da noite com a porta sendo socada por Judith que avisava que já estava indo embora.

Peguei meu celular dentro da bolsa e vi que tinha duas chamadas não atendidas e três mensagens de Andrew – ele era um garoto da minha escola tínhamos aulas de Literatura e Física juntos, ficamos algumas vezes, mas nada mais do que isso.

“Eu sei que você provavelmente vai negar, mas quer sair comigo essa noite?” Li a mensagem rapidamente e revirei os olhos, não falava com Andrew a mais de um mês e mesmo assim o garoto tentava me animar, ele era idêntico ao Justin nesse quesito e isso me incomodava muito as vezes.

“Tudo bem, passe aqui em casa às nove.” Mandei e guardei meu celular de qualquer jeito na bolsa de novo.

Minha mãe com certeza iria brigar comigo por estar saindo à noite em plena quarta feira sendo que teria aula de manhã no dia seguinte, mas eu realmente não estava mais me importando, na verdade eu não me importava com mais nada desde que ele foi embora.



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Notas finais do capítulo

Quero reviews amores, pfvr! :c