– Eu... Eu acho que vou te beijar Mel. – Sua voz rouca soou em meus ouvidos e seu nariz fez uma pequena caricia no meu enquanto me inebriava com seu delicioso hálito de menta, eu estava errada, ainda existiam milhões de maneiras para aquele garoto mostrar o quão carinhoso conseguia ser.

Capítulo 10 – Raptada I

We may only have tonight, but till the morning sun you're mine, all mine. Play the Music low and sway to the rhythm of love. My heart beats like a drum, a guitar string to the strum, a beautiful song to be sung. She's got blue eyes deep like the sea. That roll back when she's laughing at me, she rises up like the tide the moment her lips meet mine.
(Rhythm of Love – Plain White T's)

Menta fresca. Esse era o delicioso sabor dos lábios de Justin Bieber.

Passei grande parte da minha infância e da minha adolescência sonhando com o dia que finalmente sentiria seus lábios junto aos meus e pode até parecer clichê demais, mas nada do que eu havia sonhado chegava aos pés da realidade.

No momento em que nos beijamos metade do céu desapareceu, as estrelas não brilhavam mais diante da explosão que acontecia dentro de mim, a terra não girava mais em torno do seu próprio eixo e pouco me importava se meus pulmões precisavam de ar para que meu coração continuasse batendo. Eu estava com ele, só com ele e nada podia estragar aquele momento.

As leis básicas da Física não faziam mais sentido algum naquele momento e Isaac Newton que me perdoe, mas Justin estava fazendo um ótimo trabalho mostrando que dois corpos conseguiam sim ocupar o mesmo lugar no espaço.

Aquilo era melhor que qualquer comédia romântica, melhor que cheiro de livro novo ou até mesmo cheiro de café fresco feito pela manhã, melhor que qualquer verão, sol da meia-noite e crepúsculo, eu... Eu simplesmente não conseguia achar uma comparação boa o bastante para descrever aquele momento, era bom demais para ser verdade.

Às vezes a magia é real. Não é isso que Nicholas Sparks diz em um dos seus livros? E só agora aquela frase começava a fazer sentido para mim.

Fechei meus olhos e passei meu dedo indicador delicadamente sobre meus lábios, não sabia se era coisa da minha cabeça, mas ainda conseguia sentir perfeitamente o gosto dos seus lábios.

– O café está pronto. – Escutei Judith dizer depois de bater duas vezes na porta do quarto.

– Tudo bem, só vou me trocar. – Respondi jogando minhas cobertas para os pés da cama e fui me arrumar.

Tomei um banho rápido, mas refrescante, escovei meus dentes e finalmente troquei de roupa.

Comi uma fatia do bolo de chocolate que Judith havia feito no dia anterior com uma caneca de leite no café da manhã e logo me despedi de meus pais para poder ir á escola.

[...]

– Melanie, pare de sonhar acordada garota! – Annie cutucou meu braço e a olhei meio atordoada. – Você perdeu praticamente a aula inteira de Química, não sei como à senhora Brooks não te mandou para fora.

– Hum, me desculpe Ann, ela passou alguma coisa importante? – Perguntei e a mesma negou com a cabeça, mas logo um sorriso faceiro brotou em seus lábios.

– Sem querer ser chata ou intrometida, mas esse seu comportamento tem a ver com a volta do tão famoso Justin Bieber? – Perguntou meio receosa e senti minhas bochechas esquentarem me entregando totalmente. – Eu sabia! – Deu um gritinho, mas logo tapou sua boca com as mãos e olhou para o quadro negro fingindo que estava prestando atenção na aula, o que me fez rir e senhora Brooks revirar os olhos.

– Ele me chamou para ir ao parque ontem de noite e quando nós estávamos na roda-gigante ele... Bem, ele me beijou. – Disse enquanto rabiscava as folhas do meu caderno e Ann suspirou. Aquela cena era no mínimo cômica e estranha, nunca havia conversado com Annie assuntos como esse, na verdade nós só conversávamos sobre Química, mas estava me sentindo tão leve que não me importava de compartilhar os acontecimentos da noite mais perfeita da minha vida com ela, minha parceira de Química, quase uma estranha.

– Isso merece algumas exceções meio drásticas. – Ann disse e a encarei sem entender direito o que queria dizer, mas a mesma continuou em seguida. – Quis dizer que isso merece uma comemoração, uma tarde tomando potes de sorvete, comendo chocolate, assistindo filmes e você me contando como foi essa sua noite incrível, topa? – O sorriso que ela tinha no rosto era tão animado que não tive como negar, Annie teria sorte se no final eu não quisesse mais voltar para casa, me apego fácil demais às pessoas ainda mais quando elas são tão dóceis comigo.

Liguei para o ateliê de minha mãe no final da aula e avisei que iria dormir na casa de uma amiga, mas antes passaria em casa para pegar algumas roupas. Ela concordou prontamente e ficou ainda mais feliz quando soube que essa amiga não era Caitlin, que estava voltando a me “socializar” com outras pessoas.

Peguei um pijama e uma roupa para o dia seguinte assim como o material que iria precisar usar na escola, coloquei tudo dentro de uma bolsa e depois de almoçar fui para casa de Annie.

Fizemos exatamente o que ela disse, nos entupimos de guloseimas e assistimos filmes até de madrugada, mas sempre com uma pausa para contar os detalhes da noite que passei com Justin.

Ann me contou que sempre teve uma queda por um dos amigos de Justin na época em que eles ainda estudavam na nossa escola, e sempre que tinha treino de basquete ela se escondia debaixo da arquibancada para poder ficar o olhando jogar, mas como era muito nova na época o garoto nem ao menos olhava diretamente para Ann e foi assim até ele se formar, e agora, ela apenas o encontrava em algumas festas nos finais de semana, mas mesmo assim nunca teve coragem de conversar com ele.

No final acabei descobrindo que esse “garoto” na verdade era Chaz e em meio as minhas gargalhadas ela me fez prometer que não contaria a ninguém, nem mesmo a ele.

Mãe de Annie pediu pizza para o jantar e tinha certeza que quando tentasse colocar minhas roupas no dia seguinte elas não entrariam em mim, teria dois quilos – no mínimo – a mais para a coleção, assim como bateria meu próprio record de quantas vezes conseguia assistir Vanilla Sky em uma só noite.

[...]

– Mel... – Escutei a voz de Annie e em seguida a senti apertando meu braço levemente, como sempre fazia quando me via dormindo nas aulas da senhora Brooks. – É melhor você acordar agora ou nós vamos nos atrasar. – Disse assim que abri os olhos e assenti esfregando os mesmo.

Andei cambaleando até minha bolsa que estava em cima da sua escrivaninha e peguei a roupa que tinha separado para ir à escola, esperei Annie tomar seu banho e fui me arrumar rapidamente. Comemos algumas torradas com suco de laranja no café e fomos andando até o colégio já que eram apenas quatro quadras de sua casa.

– Você mencionou alguma coisa sobre Justin ter um Fisker, não é? – Annie perguntou assim que nos aproximamos da entrada do colégio.

– Sim, um Fisker, por quê? – Devolvi a pergunta e Annie apontou para um carro parado do outro lado da rua. Sorri assim que encontrei Justin encostado no capo do mesmo e vi que ele segurava uma rosa vermelha em uma das mãos.

– Eu já vou entrar. – Annie sussurrou e apenas balancei a cabeça concordando.

Justin prendeu seu olhar em mim por alguns segundos e logo um sorriso gigantesco ganhou espaço em seu rosto, atravessei a rua desviando da multidão de alunos que tentavam entrar na escola e assim que parei na sua frente Justin envolveu minha cintura com seus braços e me apertou contra seu peito.

– Você sumiu ontem. – Suspirou e passei meus braços em volta do seu pescoço.

– Fui dormir na casa de Annie e ela me fez prometer que não atenderia ligações ou respondesse mensagens. – Dei de ombros e Justin sorriu.

– Ah, isso é para você. – Disse descruzando seus braços da minha cintura e me entregou a rosa em seguida, sorri enquanto cheirava a mesma e Justin acariciou meu rosto. O sinal da escola bateu e me virei vendo que não tinha mais ninguém na rua a não ser nós dois.

– Acho que vou ter que entrar agora. – Suspirei pesadamente e Justin me envolveu novamente em seus braços.

– Esse é exatamente um dos motivos que me trouxeram aqui hoje. – Justin disse e o encarei meio confusa. – Você acaba de ser raptada Melanie Smith e nem tente me impedir. – Sussurrou em meu ouvido e instantaneamente senti meu corpo inteiro entrar em combustão, odiava me sentir tão fraca nas mãos dele.

– Eu nem ousaria. – Sussurrei de volta e Justin apertou-me ainda mais contra seu corpo antes de encaixar perfeitamente seus lábios junto aos meus.